Pastor Professor : Carlos Alberto C da Silva Mestre em psicologia, Psicanalise, Bacharel em Teologia, Graduado em Filosofia, Graduado em História, Graduado em Pedagogia, Pós graduado em Docência do Ensino Superior, Pós graduado em Gestão e Administração Escolar ABD...
ASSEMBLEIA DE DEUS 2010
Para todos aqueles que sentem a necessidade de ampliar o conhecimento na palavra de Deus, podendo ser homens ou mulheres e membros, cooperadores, diáconos, presbíteros, evangelistas ou pastores, independente da igreja.
Além disso, é fundamental gostar de leituras, ter respeito, humanismo, ética e olhar crítico também são importantes na formação de um Aluno na teologia basico médio ou Bacharel.
Ideal para dar os primeiros passos na teologia, iniciando uma jornada de conhecimento para discernimento da palavra de Deus e capacitação para o exercício das funções ministeriais.
Ao iniciar esse curso de teologia básico, você conseguira atender as exigências teológicas e também um nível cultural e espiritual indiscutível.
Podendo atender demandas sociais no ambiente ministerial em diferentes contextos.
Todos os alunos que concluem o curso de básico em teologia, poderão atuar ministerialmente pregando, ensinando, palestrando em igreja e eventos ou evangelizando bairros, cidades e outras regiões.
Além disso, também poderão ajudar em ações de:
- Liderança eclesiástica e ministerial em igrejas e comunidades religiosas;
- Capelania e aconselhamento religioso em hospitais, empresas, escolas, bases militares ou policiais, penitenciárias e plataformas marítimas, entre outros
Não é tarde para você aprender mais da palavra de Deus e crescer na graça e no conhecimento.
Comece hoje! Estude Teologia e deixe Deus cumpri o proposito Dele em sua vida.
1-
Introdução
2-
O que chamamos de Bíblia
3-
A Bíblia
4-
O que é a Bíblia
5-
Os manuscritos
6-
Os manuscritos Hebraicos
7-
Para entender a Bíblia
8-
A linguagem da Bíblia
9-
A Bíblia e seus autores
10-
A profecia
11-
A história Judaica entre - novo e o velho testamento
12-
Últimos grandes impérios
13-
Traduções
14-
A divisão dos livros
15-
O Canon das escrituras
16-
A divisão da nossa Bíblia
17-
Os livros Apócrifos
I N T R O D U Ç ÃO
Como o povo de
Deus tem uma tarefa a cumprir neste mundo e consequentemente a necessidade de
conhecermos cada vez mais a nossa Bíblia,
o seu mundo e a sua origem. Através da história vemos que o povo teve a mais
variadas lutas com os mais diversos inimigos. Uma introdução à Bíblia nos capacitará melhor, para
sabermos como lidar com o inimigo e como desenvolver de forma aprimorada o
nosso chamado.
A nossa Bíblia nos dá como ponto de partida o
Gênesis, que é o livro dos inícios, não apenas relatando a origem do “kosmos” físico (mundo), como o começo da
raça humana, o pecado e a redenção. Mas também inclui o surgimento de todas as
introduções e relações sociais humanas, concluindo com o Apocalipse, que emerge
no meio das perseguições, mostrando assim uma atitude mais relativa contra
Roma, do que com o resto dos povos do novo testamento.
Sabemos o
início e o fim da Bíblia, como
também sabemos, que não se pode desvincular o velho do novo testamento. Para
nós, isso é possível, os ambos testamentos são inspirados por Deus e merecem
nossa igual atenção.
Quando falamos de Bíblia,
falamos de uma coleção de livros.
Uma biblioteca, era o que bíblia
representava para os Judeus. Essa biblioteca foi escrita primeiramente em pedra.
(as pedras da Lei), depois em papiro (papiro é uma espécie de papel
rudimetário, feito de folha extraída do rio Nilo, uma vez prensada servia como
folha). Mais tarde, esta técnica do papiro se aprimora e aparecem os rolos de
papiro. Depois disto, no século terceiro e quarto d.C., aparece o pergaminho
(que era feito de couro de animal curtido até ficar bem macio e era deixado
numa espécie de cal para que ficasse branco, servindo como papel). Media uns 7
metros de comprimento; quando colocados ou costurados chegava a medir 20
metros.
A Bíblia como livro escrito aparece tardiamente na História, porém
como livro oral é muito antigo. Oral (foi a forma muito usada pelos israelitas
nos seus primeiros séculos de existência como nação, a palavra era muito
significativa e se tornara posteriormente o que chamamos de livro hoje). Com
Moisés se inicia na lei escrita, porém a oral, que já existia, continuou, ainda
no tempo de Moisés. Antes de Moisés não exisitia registro de
livros inspirados e sim registros orais inspirados. Com isto, queremos
dizer que existiram homens ungidos por Deus, homens que tinham andado de acordo
com a sua vontade. Exemplo destes foram: Enoque, Noé, Abraão, Jacó,
etc., os quais segundo a bíblia tinham constantemente
encontros com Deus, porém não foram inspirados a escreverem a Palavra de
Deus.
1.- O QUE
CHAMAMOS “BÍBLIA”
A Palavra Bíblia passou por grandes mudanças. “Bíblos”,
era um nome de uma antiga cidade Finícia, famosa pela exportação de
papiros.
Deste nome se originou a palavra “Bíblon”, (livros), mais
“tarde TA
BÍBLIA”, os livros por excelência. O plural grego que
determinava bíblia, transformou-se no latim posterior em nome feminino,
singular, “Bíblia”, o livro, e neste sentido foi transmitido para todas as
línguas modernas.
Mas o conceito vem do Hebraico ”SFARAIM”, empregado pela
primeira vez em Dn.9:2 “...Eu Daniel, entendi pelos livros...”, os judeus que
falavam em grego, traduziam” TA BÍBLIA “, designando com este termo os livros
canonizados como escritos sagrados do povo Judeu, depois foi a igreja que chama
tanto o Novo como o Antigo Testamento da” TA BÍBLIA “.” Por volta do século segundo II d.C., os cristãos usavam a palavra
“bíblos” para designar seus escritos sagrados.”
(Introdução Bíblica – Editora Vida – pág. 5
– Norman Geisler e William Nix).
2.- A BÍ B L I A
O ser humano
conduzido apenas
pela
consciência,
ainda que foi por muito tempo, não houve muito avanço na sua redenção. Porém,
Deus não parou por ali com o seu plano de redimir a humanidade, procurou outro
meio para conduzir o homem, agora lhe entregava a lei. Neste novo caminho com a
lei de Deus, o primeiro ato foi chamar um homem, que através dele iniciaria o
plano de redenção, este foi Abraão (Gn.12:1-13), também foi mudado o seu nome
(Gn.12:5), constituindo-o, Deus, como líder sobre o seu povo e das gerações
futuras.
Desde Abraão passaram
várias gerações (aproximadamente de 500 anos) até que a lei
propriamente dita viesse a ser iniciada, e foi com Moisés no Monte Sinai, no
recebimento das Tábuas da Lei escritas
por Deus. O povo que foi crescendo e passou a viver separado dos outros
povos que existiam na Terra (não se misturaram), pois tinham um só Deus, que
estaria com eles em todo os momentos.
Os
primeiros escritos da Bíblia
foram os 10 mandamentos (as pedras da lei), logo temos as leis Humanitárias e
sanitárias (código de Leis) e posteriormente os relatos da criação, promessas e
profecias, tudo isto, com exceção dos 10 mandamentos que foram principalmente
escritos oralmente. Porém, de acordo com a tradição, o autor dos cinco
primeiros livros, a dizer, o Pentateuco foi Moisés, já que ele recebeu uma
extraordinária preparação acadêmica no Egito (Atos 7.22/Hebreus 11:24). Quem
melhor, já que Moisés era uma pessoa com maior instrução em todos os sentidos,
que daria início ao novo rumo do povo de Israel (que era viver na lei). Num
primeiro momento, o próprio Deus dá a ordem para que fique registrado
(Ex.17:24), este registro logo se tornou em algo maior (Lei), tornando-se um
livro, que iria dirigir as futuras gerações e que não só terminaria na Lei,
porém, continuaria com outros escritos até tornar-se um livro mais complexo e
completo, contendo vários assuntos que jamais passariam ou deixariam de ser a
palavra inspirada por Deus (Lc.21:33/II Pe.1.20,21).
3.- O QUE É
A BÍBLIA?
A Bíblia
é um conjunto de Livros – uma biblioteca,
Escritos Sagrados que chegaram até nós atravessando os séculos, e foi por meio
do povo Judeu. A Bíblia, As Escrituras, A Palavra de Deus, etc., são alguns nomes dados pelos cristãos ao Livro
Santo, além de outros nomes que são atribuidos à Bíblia, figuradamente, tais
como: “Mel” (Sal.119.103);
“Lâmpada” (Sal.119.105); “Martelo” (Jr.23.29) etc...etc....
A palavra Bíblia é derivada do Grego “Biblós” que significa livros. Este
título não é errado pois a Bíblia tem 66 livros sendo (completo na sua
totalidade).
A palavra
Escrituras, deriva do latim e quer dizer escritos, em Dn.10:21 temos a
expressão: “...escritos de verdade...” em 2 Rs.17:37 também se vê: “...que nos
escreveu...”.
A palavra de
Deus, este título que se lhe dá a Bíblia é correto porque nos dá a noção de que
se trata de um livro diferente dos outros e, é realmente importante.
Hoje e muitas
vezes se fala da Espada com referência a Bíblia, extraída talvez de Ef.6:17 ou
de Hb.4:12, este título parece fazer referência ao aspecto cortante, fazendo
alusão ao cortar o pecado.
4.- OS MANUSCRITOS
Manuscritos Existentes
No referente aos
manuscritos
originais, aliás se trata de algo muito falado, quando existem
controvérsias textuais. Porém, temos que dizer que há hoje milhares de
manuscritos Hebraicos e Gregos, os quais foram copiados dos antigos manuscritos
por escribas judeus, de seu tempo; geralmente esses são os documentos
referidos, quando os “originais” são mencionados.
Não é possível
dizer quantos existem, enquanto eles estão principalmente preservados nas
grandes bibliotecas na Europa, e muitos são propriedades particulares de
pessoas.
Os manuscritos existentes podem ser divididos
assim:
1. Manuscritos hebraicos do Velho Testamento. Os
mais antigos destes tem data do primeiro século antes de Cristo (100-150),
encontrados nas cavernas de “Qumram”, nas proximidades do lado oeste do “mar
morto” em Israel (também conhecidos como os rolos do mar
morto) no ano de 1947 por um jovem pastor árabe (Muhammad adh
Dhib) e que trouxe grande testemunho para os escritos Bíblicos.
2. Manuscritos Gregos do Novo testamento. O mais
antigo tem data do século da era cristã.
3. Manuscritos Gregos do velho testamento.
(conhecidos como a septuaginta – a chamada tradução dos setenta)
Traduzidos do hebraico cerca de 277 a .c Também datados do quarto século.
4. Antigas traduções da Bíblia, em parte, em
Siriaco, Latim, Alemão e outros idiomas, de várias datas.
5.- MANUSCRITOS
HEBRAICOS
Não se pode
exagerar a dívida que nós devemos aos judeus pelo cuidado deles em extremo, na
preparação e preservação dos manuscritos do velho testamento, nem das regras
que eles que eles exigem de cada
escriba, algumas das quais são estas: O pergaminho tinha que ser feito da pele
dos animais limpos. Os judeus, fazendo cópias dos manuscritos hebraicos que são
a herança da Igreja, fizeram com o máximo cuidado, contando não somente as
palavras, mas cada letra, e destruindo no mesmo momento a folha, se um erro
fosse achado.
Cada cópia precisava ser feita de um manuscrito autêntico, escrito com tinta negra, preparada por uma receita
especial. Era necessário que os escribas pronunciassem
cada palavra em voz alta antes de escrever; em caso nenhum poderiam escrever de
memória. Os escribas precisavam limpar suas canetas antes de escrever o nome de
Deus e banhar o corpo inteiro antes de escrever o nome de “JEOVÁ”.
Em
vista desse cuidado extremo da parte dos judeus, para preservar perfeitas as
Escrituras Sagradas, podem ter plena confiança de que Deus tem guardado Sua palavra, durante os
séculos desde 1500 a C. quando Moisés escreveu as primeiras páginas (Ex. 24:4)
até o último trabalho de João, cerca de 100 d. C.
, e também durante todos os séculos desta
dispensacão de graça.
No tempo de
Cristo, os judeus tinham a mesma reverência para com o livro deles, e o Senhor
pôs seu selo sobre as três divisões, Luc.24:47-44/ Jo.10:35;12:14/1Cor.2:12,14. Colocamos nossa fé na inspiração e
autoridade da Bíblia, tanto o
Velho como o
Novo Testamento, porque estão baseados em
Nosso Senhor Jesus
Cristo.
A reverência dos judeus pode ser ilustrada pelas palavras de um
ancião rabino a um jovem escriba: “Tem cuidado com o trabalho, porque a tua obra é uma obra
celestial. Cuidado de não omitir e nem,aumentar uma
só letra do teu manuscrito, fazendo isto,
tu serás um destruidor do mundo.”
Os
manuscritos do Novo Testamento também foram copiados, com muito cuidado, pelos
Cristãos dos primeiros séculos.
6.- Para entender a Bíblia
Desde Adão até
Noé a coisa não ia muita bem, o mundo parecia estar debaixo da influência do
maligno, a palavra de Deus diz que o mundo jaz no maligno, que após a morte da
raça humana no dilúvio, ficou apenas Noé e sua família. Porém, a malignidade já
era algo presente na geração de Noé. Vemos no texto bíblico que Noé se
embriagou e o seu filho Cão, ao invés de cobrir o erro: o expõe. Deus, vendo
isto, não chamou a todos a serem povo dele, e sim, um homem de geração de Sem,
filho de Noé, este homem é Abraão. Para termos uma visão mais ampla dos
descendentes de Noé, tem na “Bíblia
Pentecostal” uma amostragem sobre o
tema.
Igualmente
é oportuno trazer também para essa discussão, de como “entender a Bíblia”, um quadro contido no livro “Ler
e Compreender a Bíblia” de J.H.Alexander, da Editora Ação Bíblia do
Brasil, página 10, sobre a “Simetria
dos dois Testamentos”.
8 – A
Linguagem da Bíblia (Línguas)
“O
Velho Testamento”
O Velho
Testamento na sua totalidade foi escrito originalmente em Hebraico somente as partes de (Esd.4:7;
6:18/7.12-26 e Dn.2:24; 7:28) em
Aramaico, as linguas Hebraica e Aramaico
pertencem ao grupo de língua semítica.
Porém o Hebraico e o Árabe são muito semelhantes ou
próximo, como por exemplo temos a palavra Deus = Árabe (ALLAM) – Hebraico
(ELOAH), conhecido no plural como (ELOAH). Outra palavra é (PAZ- FELICIDADE) –
Árabe (SALAM) – Hebraico (SHALOM) existindo muita semelhança.
O
texto em Aramaico foi escrito quando os Judeus voltaram do exílio e passaram a
usar a língua aramaica como língua popular, isto durou até o tempo de Jesus.
Segundo Norman Geisler e William
Nixem seu Livro “INTODUCAO BIBLICA” (Editora Vida), pg.125 assevera: “Durante o
século VI a C. O aramaico se tornou a língua geral de todo o Oriente próximo.
Seu uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblico de
Esdras 4.7- 6.18;7.12-26 e Daniel 2.4 – 7.28”. No entanto a língua hebraica jamais perdeu seu
uso, sempre foi tida como língua especial, língua do culto, da sinagoga, língua
pela qual Deus falou para os judeus.
“O Novo
Testamento”
O Novo
Testamento escrito em grego, é o que
menos dificuldade apresenta, poderia reconhecer as palavras com pouco esforço,
e todo Novo Testamento foi escrito em Grego, sendo este na sua maioria Grego
Koine (língua popular – grego popular).
Frise –se
que, o Novo Testamento também foi escrito em algumas partes usando língua
semítica, ou seja, aramaico: “...Eli, Eli, lema “sabactâni.”Mt.27.46. Diga – se
também que, Jesus e seus discípulos falavam pelo menos três idiomas: O
Hebraico, o aramaico e o grego”
Koine ““.
Ao
consultarmos uma Bíblia em Hebraico ou Grego, nem sequer conseguiremos ler o
que esta diante de nós, por serem línguas diferentes da nossa. Daí se faz
necessário estudarmos estas línguas, aliás, o que todo cristão compromissado
com a Bíblia deveria fazer.
A Bíblia, pelas suas particulares de
escrituração e lingüísticas, mostra – se um livro em suas narrativas e temas,
plenamente conclusivo.
9 – A Bíblia e Seus Autores
A Bíblia é o livro dos livros por
excelência. Fora escrita por
“inspiração do Espírito Santo”, (ll Pe. 1.21) através do
“theopneusto” (do grego, que significa: sopro divino) por 40
(quarenta) autores, com mais variadas origens e profissões, tais como: Reis,
Legisladores, Tribunos, Profetas,Estadistas, Pescadores, Médicos,
Pecuaristas, Pastores, etc.etc. Talvez seja por isso (sua inspiração e os seus escritos) que a torna tão atraente e
maravilhosa.
Hoje nas
nossas Bíblias, aparece o autor já
no começo de cada livro, e nos dá certeza de que o autor que aí aparece foi
quem escreveu, algumas vezes o autor usa outro nome para não ser identificado
ou permanecer anônimo, mesmo assim o livro aparece com um único autor, aquele que
escreveu o livro por completo.
Quando se
trata dos livros do Velho Testamento temos que Ter cuidado com algumas
afirmações, pois são poucos os livros do
Pentaleuco onde a tradição disse que são de autoria de Moisés. Já no Novo Testamento temos maior
certeza dos autores, porém existem algumas dúvidas, exemplo o livro de
Hebreus.
10 – A Profecia
A época
dos primeiros profetas abrange aproximadamente 300 anos,
entre 1050 – 780 a . C. e se estuda desde Samuel até Eliseu, os principais
expoentes, Samuel – Elias. A época dos últimos profetas abrange outros três
séculos seguintes (750 – 450 a . C.) e vai de Amós até Malaquias. Os primeiros
profetas eram homens do povo e falavam sobre Deus como sendo o Deus de Israel;
os últimos profetas porém, de nível mais elevado, concebiam Deus sob dimensão
Universal, o Deus de todos os povos e de todos os tempos, o Eterno. Os livros
atribuidos aos primeiros profetas foram (Josué, Juizes, Samuel e Reis), relatam
essencialmente fatos históricos e foram escritos em estilos prosaicos
(relativo a prosa- uma forma especial de falar e escreves sem muita
sublimidade); as obras dos últimos
profetas, por sua vez, são obras de
elevado valor moral, escrita em estilo poético (relativo à poesia), razão pela quais estes são chamados de
Profetas – Escritores (Isaías, Jeremias, Ezequiel o doze).
Devido a sua
forca, e com ajuda de Deus, a mensagem dos profetas, tornou –se de monodolatria
(idolatria que adora um só Deus) em monoteísmo (religião que exalta um
só Deus). O nacionalismo mudo para
Universalismo e a religião em problema de justiça, e ordem moral, muito mais do
que mera prática de ritual e culto formal.
Entre os profetas existiam os chamados
sábios “Hachamim” que escreveram (Provérbios, Jô, Eclisiastes), pertenciam à
literatura da sabedoria.
Os sábios eram geralmente os conselheiros do povo e junto com os
profetas, os maiores moralistas de Israel, lutaram lado a lado pela moralidade
e pela instauração de uma ordem de justiça e direito.
A comunhão de idéias entre
os sábios e os profetas derivava de uma
fonte em comum, a Tora, a lei de
Moisés, a qual inspirava os profetas.
A distinção entre sábios e profetas é que
o profeta
falava por Deus e o sábio pela humanidade; o Profeta falava a
justiça de Deus o sábio para a razão
humana, o profeta era dominado por caloroso sentimento da presença divina e
suas ordens, o sábio era impulsionado por uma grande preocupação com a
sociedade. É esta a diferença que dá o colorido todo, os seus diferentes
discursos: o Profeta estava cheio de vida, de paixão, de fogo, no instante que
o sábio é o realista que olha para a vida de maneira prática, é talvez
desapaixonado, calmo e frio. O profeta esta cheio de idealismo, é o realista.
As palavras de um profeta são com muita eloqüência, o conselho de um sábio é o
de um professor sensato. A tarefa do profeta era espalhar o conhecimento de
Deus. O sábio mostra como esse conhecimento é aplicável na vida diária. O
Profeta ataca o problema moral de cima; a sua atenção dirigese para os chefes
dirigentes, o sábio ataca o problema de forma diferente, o seu interesse,estava
no homem da rua, que ele conhecia como fonte de o desenvolvimento.
11 – A
História Judaica entre o Velho e o Novo Testamento
O último profeta da nossa Bíblia é Malaquias, que pôs o selo sobre as profecias
do Velho Testamento, completou seu livro no início do séc.IV a . C. , e até o advento do Profeta João
Batista (Mt. 11. 11), provavelmente estes séculos foram uma época de silêncio
quanto à voz de Deus por meio de seus profetas. Durante este intervalo os
judeus da Palestina tiveram grandes mudanças no governo, sofreram perseguições
de toda a espécie, temos que dizer também, que nesta época foi onde aparece
grande literatura judaica, escritos antigos que foram reescritos, narrações
orais também tomaram forma de Livros que foram apreciados na formação do
chamado “cânon
judaico”. Acrescentese que , apareceram nesse período, também
chamado de inter – bíblico (do profeta
Malaquias até João Batista), vários escritos considerados “apócrifos”.
Porém, tem que se dar destaque, que nestes períodos os judeus não voltaram a
Ter ídolo. Parece que o cativeiro na Babilônia lhes havia tirado a raiz da
tendência à idolatria, porém, algumas vezes se esqueceram de Deus, apesar dos
sacerdotes darem espaços, as nações inteiras cai no formalismo.
Houve sempre
um remanescente fiel que levava a lâmpada da verdade, ainda que nos tempos de
grande apostasia, porém quanto a maior
parte da nação judaica. O período entre o Velho e o Novo Testamento, foi um
tempo de decadência espiritual generalizada. O Velho Testamento parece ter
concluído sob o império Persa, porém, é uma certeza que o Pentateuco já tinha
sido concluído no Tempo de Neemias. Os
Persas foram generosos com os judeus, pois neste império Neemias foi governador
de Judá no período de Artexerxes, que
concedeu autorização para reedificar antigos muros de Jerusalém,
aproximadamente no ano 445 a . C.. Depois da morte de Neemias,
Judá é incluído para a província da Síria, e ficou sob o
comando deste governo.
O período em
que estiveram dirigidos pelos sírios houvera para os judeus certa tranqüilidade
e até foram prósperos, porém só durou até 341 a . C. , quando o rei da persa
chamado Ochos, castigou severamente um
levante (rebelião) na Síria, marchou
contra Judá e levou muitos cativos, uma parte dele mandou para o Egito e
levaram outros para países vizinhos. Outros Judeus ao verem parentes levados para
o Egito, imigraram para lá também, e pelo ano 120 a . C. , achavam-se uma
colônia de Judeus numa província egípcia chamado Alexandria.
O império
Persa foi vencido por Alexandre o Magno, que começou a estabelecer o Reino
Universal dos Gregos no ano de 334 a . C. , depois do 1o ano de seu
reinado, marchou contra Judá, por não lhes ter ajudado no momento quando
pretendiam atacar a cidade de Tiro. O
Sumo Sacerdote juntou toda a nação para suplicar a Deus, pedindo-lhe
socorro e proteção contra a ira furiosa
do imperador. O Sumo Sacerdote então teve um sonho, e em obediência ao qual
vestiu –se esplendorosamente de linho branco, e deixando as portas de Jerusalém
abertas, a procissão solene marchou até
um monte, não muito longe, donde viram muito claramente o Templo e toda a
cidade.
Ao chegar
Alexandre e Magno, com seu grande exército, veio o sacerdote venerável e
saudou-o com a reverência. Quando seus generais se surpreenderam ao vê-lo, o
Imperador lhes disse que não renderiam homenagem ao sacerdote mesmo, senão a
Seu Deus. Então lhes contou que quando ainda estava no país da Grécia, este
mesmo personagem venerável, com os mesmos vestidos brilhantes, havia lhe
aparecido em Sonhos, prometendo lhes o trono dos persas. Assim abraçou o ancião
Jadua com grande carinho, entrou pacificamente em Jerusalém, e ofereceu
sacrifícios a Jeová no templo.
Jadua
ensinou a profecia de Daniel, que profetizou que um rei grego iria vencer o
Império dos Persas. Saiu pois ele, de
Jerusalém, em paz, havendo concedido liberdade religiosa aos judeus e isenção
aos tributos no sétimo ano. Depois disto Alexandre subjugou completamente o
domínio Persa em 33 a .C..
No ano 323 a . C. aconteceu à morte de Alexandre, e seu reino foi
dividido entre seus quatro Generais, Cassando, tomou a
Grécia, Lisímaco e a Bitinha, Selêuco a Síria, e Ptolomeu,
o Egito. Os reinos mais poderosos tornaram a ser Síria e o Egito, entre os
quais se achou Judá, como a bigorna e o martelo.
Assim foi
envolvido nas guerras e intrigas dos reis do norte (Síria) como foi profetizado no cap. 11 de
Daniel. Judá foi conquistada, às vezes
pela Síria e às vezes pelo Egito, sendo o domínio destes, em geral
moderado e benigno.
Durante o
reinado de Ptolomeu Filadelfo do Egito, cerca de 280 a . C. foi principiada em
Alexandria a versão dos Setenta (LXX) ou a tradução do Velho Testamento em
grego. Durante aquele tempo os gregos estavam disseminando sua influência sobre
todos os países, e a linguagem grega foi o idioma dos países e instrumento de
todo o mundo conhecido.
Assim a
tradução do V . T., nesse idioma universal fez muito para disseminar o
conhecimento de Jeová e Suas Santas Escrituras, e ao mesmo tempo abrir caminho
ao N. T.. É a revelação mais completa do que havia de vir.
Os Judeus de
Alexandria aceitaram os costumes, os modos e a ciência dos gregos; porém os
judeus da Palestina recusavam em tudo faze-lo. Assim surgiu uma igreja entre as
classes de judeus, que persistiram ainda na igreja cristã. Em At. 6:1
menciona-se a murmuração dos heletistas ( os judeus gregos (romanistas) que
haviam sido influenciados pelos gregos no Egito e outros países ) e todos
hebreus ( os judeus da Palestina, que estavam sempre resistindo à influência
grega ), suas viúvas estavam sendo descuidadas com a administração diária, por
que os administradores eram judeus da
Palestina.
Durante as
guerras da Síria com o Egito, a província de Judá, governada pelo sumo
sacerdote, uns sendo partidários de um país e outros de outro país, houve
intrigas e contendas, sem contar também os conflitos entre os hebreus e os
heletistas, para conseguir o ofício do sumo sacerdote. Em 175 a.C., foi
cumprida a profecia de Daniel 11:21, quando Antíoco Epifânio, o homem
“desprezível”, tornou-se o rei da Síria. A ele não havia dado a honra do reino,
mas que entrou por meio de segurança, e se apoderou por meio de afagos.
Naquele tempo
havia um sumo sacerdote muito piedoso chamado
Onias, o qual Antíoco despejou e vendeu o ofício para o
irmão de Onias, que era chamado Jasen, um homem malvado que prometeu pagar-lhe
368 talentos por ano. Depois despejou este, e vendeu o ofício, outra vez, a
Menelão (outro irmão de Onias) por 600 talentos.
Nisto se vê
quão desprezível e imoral era o rei. Foi ao Egito e o conquistou. Quando estava
ali, circulou um rumor falso, de que o rei Antíoco estava morto; imediatamente
levantou Jason com mil homens para pelejar contra Menelão. Tomou a cidade de
Jerusalém, fechou seu irmão na torre e matou os que lhe eram oposto.
Quando o rei
Antíoco ouviu desta revolução, voltou às pressas para o Egito, supondo que toda
Judá havia rebelado. Disseram-lhe que Jerusalém havia se regozijado grandemente
ao ouvir sua morte; ardendo em ira lançou-se furiosamente sobre a cidade, e a
conquistou. Matou 4.000 pessoas, levou em cativeiro outro tanto, roubou todos
os tesouros do Templo, entrou no lugar Santíssimo, sacrificou um porco sobre o
altar do holocausto, espalhou seu sangue em todas as partes do Templo, para
profaná-lo. Depois regressou à sua capital que era Antioquia, Menelão como
sacerdote malvado e muito cruel, chamou Felipe, para Governar Judá.
Poucos meses
depois, o tirano fez outro estrago em Jerusalém, enviando milhares de soldados
a matar todos os judeus congregados para o seu culto do dia de Sábado. Saqueou
a cidade e suas riquezas, derrubou as casas, queimou muitas a fogo e demoliu os
muros. Então fez um sacerdote para que todos os seus súditos observassem a
religião idólatra dos gregos.
Quando os
judeus recusavam fazê-lo, ele os matava com torturas horríveis. Profanou outra
vez o templo, queimou todas as cópias das Escrituras que encontrou, dedicou o
templo ao culto de Júpiter, ergueu uma estátua de si mesmo sobre o altar do
holocausto, e matou a faca todos os que lhe haviam resistido.
Neste
tempo de angústia (168 a.C.)
Deus levantou socorro para os judeus, na família piedosa
dos Macabeus (martelos), o sumo sacerdote, com seus cinco filhos retiraram-se
para o deserto, chamou todos os judeus que temiam Jeová a juntar-se com
Eles. Depois de muitas guerras, os Macabeus recobraram o
templo e o purificaram, e estabeleceram o culto a Jeová, em todo o país de
Judá. A festa de Dedicação foi inaugurada por eles em 165 a.C., Jo. 10:22; em
164 a.C. Antíoco morreu com tormentos inexplicáveis de uma úlcera na entranhas.
Depois da morte de todos os filhos de Matias, surgiram contendas e divisões
entre os judeus, e se levantaram as seitas dos Fariseus e Saduceus; e no fim, o
país foi conquistado pelos romanos em 63 a.C.. Quando Cristo nasceu, Cezar
Augusto era o imperador de Roma; Cirineu governador da Síria, e Herodes Magno
(um idumeu) rei de Judá, Tributários dos romanos.
O PERÍODO ENTRE MALAQUIAS E JOÃO BATISTA
ENTRE O
VELHO E O NOVO
TESTAMENTO
12. – Últimos
Grandes Impérios
A. – Império Persa
Ocupando a
região Sul do Planalto do Irã, a Pérsia foi primitivamente dominada e governada
pelos medos, povo da mesma raça que vivia no norte. Mas Ciro, reconhecido como
fundador do Império Persa, atacou e derrotou Astáges, rei da Média. Apesar de
dominar os medas, Ciro sempre os tratou como irmãos, pois os achava mais
adiantados. Notando que seus costumes se corrompiam, propagou a religião de Zoroastro (personagem lendária a quem na antiguidade se atribuía à fundação do
Masdeísmo, que é a religião de Masda, o deus supremo dos povos iranianos, na
qual se admitem dois princípios – o do bem e do mal – e se adora o fogo),
que era de moral muito serena. Assim foi a união dos medas e persas, Ciro
partiu para a conquista da Ásia. Os reis da Babilônia e da Lídia e o Faraó
Amásis, assustados com o seu poderio, uniram-se contra ele. Mesmo assim, Ciro aumentou o
território persa com a conquista de Lídia e das colônias gregas da costa do Mar
Egeu. Voltouse depois para a Babilônia, deu liberdade aos hebreus, cativos
desde o reinado de Nabucodonosor, permitindo que voltassem à pátria. Pouco tempo depois morria Ciro
Combateu no Oriente, mas tornou-se conhecido pelo respeito que tinha pelos
povos vencidos. Foi ótimo administrador e citado como modelo pelo gregos à sua
mocidade. Sucedeu-se seu filho
Camibises, que com receio de ter seu trono usurpado pelo seu irmão antes de
seguir para o Egito, mandou assassiná-lo. Lutando contra o Faraó Psamético,
derrotou-o na batalha de Pelusa (525 a.C.), apoderando-se desta forma do Egito.
Pretendia invadir Cartago mas teve de retroceder antes da tempestade de areia
que destruía o seu exército. Morreu, Cambises, antes de sufocar uma revolta na
Pérsia.
Sucedeu-se
Dario, o maior soberano Persa, que os gregos chamaram de “Grande Rei”. Tentando
administrar melhor o seu reino, dividiu-se em províncias que chamou
“satrapias”. Para ficar inteirado do que acontecia nas províncias, nomeou junto
a uns dois funcionários dependentes da corte que lhe comunicava tudo o que
ocorria (Dn. 6:1-
3).
Querendo
unificar seu vasto império, abriu estradas que uniam as mais remotas regiões.
Estabeleceu, também, um serviço; regulou as finanças e criou uma moeda chamada
“Dário” com o intuito de facilitar as transações.
Foi vencido em
Maratona (490 a.C.), quando guerreava contra os gregos (Dn. 10:20-21). Faleceu
ao preparar-se para a desforra.
Dário III, último rei persa, foi derrotado por Alexandre Magno (330
a.C.).
B. – Império Grego
IMPÉRIO GREGO DE ALEXANDRE (336 – 323
a.C.) – Com as conquistas de Alexandre Magno, houve a expansão do helenismo (conjunto
das idéias e costumes da Grécia; Helenísticos – diz-se do período histórico que
vai das conquistas de Alexandre à conquista romana) no séc. IV a.C.. Em
333 a.C., Alexandre apoderouse da Ásia Menor e da Síria. Conquistadas as
cidades de Tiro e Gaza, em 332 a.C., invadiu e ocupou o Egito, onde fundou a
Alexandria. Logo após, tendo isolado Dario III do mundo helênico, pela
conquista de todas as costas do Império Persa, atravessou o Eufrates e o tigre,
derrotando o novo e poderoso exército de Dario na batalha de Gaumela, perto de
Nínive; em 331 a.C., depois de conquistar a Babilônia e Susã, entrou em
Persépolis, que foi saqueada e incendiada em 330 a.C., invadiu a Índia, onde
derrotou Poro às margens do Hidaspes.
Em Hifaso, seus soldador obrigaram-no
a parar, recusando-se a percorrer os terrenos do Rio Indo, cansados das guerras
e desconfortados. Em 325 a.C., reentrou triunfante em Susã, depois de
atravessar os desertos de Gedrósia, Beluquistão e a região de Carmônia. Pouco
tempo depois, indo para a Babilônia, foi vítima de breve doença, quando então
faleceu, com apenas 32 anos de idade um reinado de doze anos e oito meses, sem
ter podido consolidar o vasto império que conquistara.
ESTADOS ALIADOS E INDEPENDENTES – Não
se pode dar com precisão os limites do Império Alexandrino. Os territórios
foram divididos entre os generais que eram quatro: Antígono, Lisímaco, Seleuco
e Ptolomeu. Dos mesmos só dois reinos perturbaram até as conquistas romanas. Um
foi o dos selêucidas, na Ásia Ocidental (Síria, Mesopotâmia, Pérsia e Armênia),
o outro foi o dos ptolomeus, no Egito. A Monarquia selênica não conseguiu
manter a sua autoridade na parte oriental de seus domínios. Formou-se então no
Irã o reino dos Partas e a Leste surgiu outra monarquia grega, a bactriana, que
ocupava as partes médias e inferior da bacia do Indo. Na parte ocidental do
Império de Alexandre, poucos sobreviveram, os reinos da Macedônia, Trácia, da
Bitínia, do Ponto e da Persa foram dominados uma a uma.
A MORTE
DE ALEXANDRE – Lendo a história
sobre Alexandre o
Grande, vemos que ninguém teve tanto poder e tanta autoridade sobre o mundo de
sua época. Com 30 anos começou sua conquista e com 32 derrotou o mundo desde a
Grécia até a Índia.
Porém como se “alguém” tivesse um outro propósito para o
mundo, nós vemos que Alexandre vem morrer na Babilônia, vítima de uma doença
febril desconhecida que se originou em Susã. Porém morreu sem consolidar seu
Império, e por isso foi mais fácil para o Império Romano conquistar o mundo, e
principalmente chegar a Palestina pouco antes do nascimento de Cristo. Vemos
curiosamente que Herodes, com a cobertura de Roma, manda matar o Messias, recém
nascido, por “coincidência”, logo
depois matam a Cristo, porém, surgiram os Cristãos, e como veremos a
frente, sem uma razão plausível, começaram a perseguir e a matar os cristãos.
C. – Império Romano
Após ter
sido sucessivamente conhecido à Itália e o Mediterrâneo, Roma estabeleceu o seu
império sobre a parte do mundo conhecido, situado entre os três continentes, do
qual marcavam limites naturais os rios Danúbio e Reno. Este Império
constitui-se tendo como centro a cidade de Roma, e exerceu papel decisivo em
toda a História do mundo antigo. Os primeiros imperadores chamavam-se os Doze
Césares.
Foi Júlio César que criou as bases do regime
imperial.
TERRITÓRIOS
CONQUISTADOS – das guerras de 200 a 146 a.C., resultaram a anexação da
Macedônia, a subjugação da Grécia e a conquista de Cartago, Pérgamo foi
entregue a Roma em 133 a.C., o Egito também permaneceu por muito tempo como
protetorado dos romanos, sendo anexado formalmente em 30 a.C.
EXTENSÃO DO
IMPÉRIO NO INÍCIO DA ERA CRISTÃ – O princípio do Cristianismo não constitui uma
ameaça ao poderio imperial de Roma. O Império continuava em sua extensão
territorial. A conquista das Gálias por Júlio César foi aumentada pela anexação
da Britânia no reinado de Cláudio do ano 43. A conquista da Espanha, iniciada
com a 2ª Guerra Púnica, foi completamente por Augusto. Anexou-se todo o Norte
da África. Na Europa, a fronteira setentrional do Império era marcada pela
linha Reno-Danúbio até a conquista da Dácia no séc. II.
CONQUISTA NO
SÉC. I DA ERA CRISTÃ – O Império era dividido em províncias, que no tempo de
Augusto foram trinta e no tempo de Trajano quarenta e seis. A Itália
compreendia onze regiões. As províncias eram de tamanhos diferentes, porém a
maior parte era de grande extensão, como a Lugdunesa, a Tarraconesa e o Egito.
No séc. III da nossa era, o Império que envolve o Mar mediterrâneo na sua
totalidade. Os imperadores deixam de pensar em ocupar outros territórios que só
viriam mais difícil a defesa.
CONQUISTAS ULTERIORES
(TRAJANO, SEVERO, DIOCLECIANO) – Trajano foi um dos maiores imperadores
romanos; diminuiu os impostos, construiu pontes, estradas e templos. Foi um
grande general, venceu os dácios, conquistandolhes o país, atual Romênia.
Durante o seu reinado os cristãos foram perseguidos. Severo foi um bom
imperador, combateu e venceu os persas, era governante justo e sábio.
Diocleciano reprimiu os bárbaros, reabilitou o Império, que estava em
decadência, compreendeu que a causa de todas desordens era a enorme extensão
dos domínios romanos. Podemos notar no mapa à parte da Britânia romana, em que
são traçados as estradas que do Sul para o Norte penetravam na Ilha. Os nomes
são dados segundo a nomenclatura inglesa, pela qual são atualmente conhecidas.
Na parte na Roma e seus arredores, acham-se indicados os trechos iniciais da
Via Ápia, da Via Latina, da Via Flamínia, da Via Aurélia.
13 – TRADUÇÕES
Em 1859 fez
outra visita, esta vez comissionado pelo Imperador da Rússia, e parece que sua
viagem outra vez havia sido infrutuosa. Porém quando eles estavam saindo, muito
cedo de manhã, o mordomo lhe disse que tinha um exemplar da Versão dos Setenta, e levou o professor
ao seu quadro. Ali ele tirou um pacote envolto num pano vermelho. Ao abri-lo se
revelaram, aos olhos do visitante encantado, não somente os pergaminhos do
Velho Testamento, que havia visto 15 anos antes, como também o Novo Testamento
completo.
Ao Dr.
Tischendorf foi permitido ficar mais uma noite no mosteiro, e levou os
manuscritos ao seu quarto para vê-los, ele sentiu que a ocasião toda era
demasiadamente sagrada para dormir, pois passou toda à noite copiando tudo o
que podia dos tesouros que havia encontrada.
Depois
todo o manuscrito ou código, foi emprestado ao Imperador da Rússia, e no fim de
1859 ele o conseguiu dos monges e foi posto na grande biblioteca Russa, como
propriedades do governo e da Igreja Ortodoxa do Oriente.
Na revolução de
1917, caiu no poder dos bolcheviques ateus, porém eles eram muito astutos em
calcular seu valor monetário. Os protestantes da Inglaterra o compraram, por
fim, para depositá-lo no museu Britânico de Londres e tiveram de pagar
1.000.000 libras esterlinas (cerca de 510.000 dólares ou seja, a importância de
1.377.000 hoje em dia, que foi a maior compra literária já registrada).
Este código foi
escrito num belo estilo e muito cuidadosamente, sobre o couro de cem antílopes.
O Novo Testamento é perfeito; nem uma folha está faltando. É dito ser o segundo
mais velho documento existente (350 d.C.).
O Código Alexandrino – A data deste manuscrito é
450 d.C.. Estão faltando 10 folhas do Velho Testamento. Está no museu Britânico
de
Londres. Foi dito que foi escrito por “Tecla – o Mártir”.
Provavelmente foi escrito em Alexandria no Egito. Em 1621, foi levado a
Constantinopla e em 1624 foi presenteado ao Embaixador Britânico na Turquia,
para ser obsequiado ao Rei Jaime I, da Inglaterra. Esse foi o mesmo Jaime que
autorizou a Versão de toda a Bíblia em Inglês, que foi completada em 1611; que
depois foi aceita por Carlos I em 1627, e colocada na Biblioteca real.
Finalmente em 1757, o Rei Jorge II presenteou essa Biblioteca à Nação Britânica
e ao Museu o código famoso. Este foi o primeiro manuscrito inicial para ser
usado pelos Tradutores Bíblicos.
A VERSÃO
“VULGATA”
No 2º. séc. da
era cristã, o latim substituiu o grego, e ficou por muitos anos a linguagem
diplomática da Europa. Nesse tempo foi feita no Norte da África uma tradução da
Septuaginta, versão do Velho
Testamento traduzindo “hebraico para o Grego”, e do Novo
Testamento, do grego original, para que todo o povo que
falasse latim, pudesse ler a Palavra de Deus. É conhecida como “Vulgata”,
palavra latina que tem como significado “para
fazer comum
ou público”. A Versão Vulgata foi usada pelas igrejas
da Europa à África até o Tempo da reforma, quando começaram a fazer e usar
versões em seus próprios idiomas.
No século IV
quando foi feita uma revisão da Vulgata por Jerônimo, um estudante santificado,
que tinha acesso aos antigos manuscritos hebraicos; esta revisão de Jerônimo
foi tão importante que, igual a Septuaginta, influiu em todas traduções
futuras. Por mil anos esta foi a Bíblia da Igreja Católica.
VERSÕES BÍBLICAS
EM INGLÊS
1. A versão de
João Wycliffe, 1383: Ele era um dos mais eruditos de seu século, e tem
sido chamado “o primeiro protestante”,
porque pregou por muitos anos, proclamando as verdades Bíblicas e protestantes
contra Roma, que então governava as igrejas da Inglaterra. Muitos poucos sabiam
ler o Latim, e Wycliffe defendeu o direito de cada homem ler a Bíblia para si
mesmo; e ele resolveu dar aos ingleses uma versão no seu próprio idioma. Ele
foi muitas vezes preso, perseguindo e vituperado, porém, com a milagrosa de
Deus, conseguiu seu intento, e fez uma versão da Bíblia inteira, da Vulgata,
em inglês.
Naquele tempo,
um escriba levava 10 meses para copiá-lo, e às vezes um exemplo custava 100
dólares.
Wycliffe morreu
em sua cama, apesar da ira e fúria dos seus inimigos romanos. Quarenta anos
depois da sua morte, por ordem do papa, seu túmulo foi aberto, o caixão e o
esqueleto foram queimados publicamente, e as cinzas atiradas no rio Swift. Um
pregador cristão
(Tons Fuller) escreveu depois: “O Swift as levou ao Avon à
Sabrina e aos mares estreitos, e estes ao grande oceano”. Assim as cinzas de
Wycliffe são símbolos de sua doutrina, que agora tem espalhado em todas as
partes do mundo.
2. Chegamos
agora ao tempo da invasão da imprensa, por Gutemberg na Alemanha, 1454 d.C.,
esta foi uma ajuda tremenda para espalhar a Palavra de Deus. Notaremos a versão de William (Guilherme)
Tyndale,
a primeira do Novo Testamento, do Grego Original, que foi à imprensa da
Alemanha, em 1536. Ele completou uma versão do Pentateuco em hebraico em 1530, e seguiu traduzindo os demais
livros do Velho Testamento, antes de seu martírio, em 1536, deixando seu amigo
João Rodgers para completar a obra. A Bíblia inteira foi em impressa em inglês
em 1537.
3. A
Versão
autorizada, tradução dos idiomas
originais por 47 eruditos ingleses sob o auspícios de Jaime I, em 1611. Esta é
a versão mais usada até o dia de hoje.
4. A
Versão
revisada, uma revisão anterior, feita
por dois comitês: Um na Inglaterra e outro nos EUA o Novo Testamento foi
publicado em 1881 e o Velho Testamento em 1885.
5. Versão revisada Normalizada
(Standard), tradução do hebraico e Grego, à luz dos Manuscritos mais
recentes em 1952.
A BÍBLIA EM
PORTUGUÊS
As primeiras
porções da Bíblia em português, datam de 1495, quando D. Leonor, esposa do Rei
D. João II, fez publicar Lisboa uma tradução da vida de Cristo, a qual incluía
o Evangelho de Mateus. Em 1505, pela mesma rainha, foram publicados os Atos dos
Apóstolos e as Epístolas de Tiago e Judas. O primeiro Novo Testamento traduzido
por João Ferreira de Almeida foi publicado em 1680, na cidade de Amsterdã,
Holanda.
João Ferreira de
Almeida traduziu também quase todo o A. Testamento, isto é desde o Livro de
Gêneses até Ezequiel cap. 18 vers. 21. Sendo o restante completado por um grupo
de Missionários. O Velho Testamento, tradução Almeida, foi publicado no ano de
1753.
No ano de 1778, foi publicado o Novo Testamento, traduzido
pelo Pe.
Antonio de Figueiredo. No ano de
1783, do mesmo tradutor, foi iniciada a publicação do
Velho
Testamento, publicação esta que só se completou em 1790.
Em 1819, na Inglaterra, foi publicada a Bíblia completa, isto é, N.T. junto com
a Versão Almeida.
Em 1821, foi
publicada, também em um só volume, a Versão de Figueiredo. A mais recente data
de 1917, é a versão brasileira, publicada sob os auspícios da Sociedade Bíblica
Americana e Britânica. Há ainda outras traduções menos conhecidas, sem a mesma
aceitação entre o povo.
Em
1946, a versão do padre Matos
Soares (Tradução da Vulgata de 1592) em 4 volumes. O Novo
Testamento sistema Braille, para os cegos, em 7 grandes volumes, e esta obra
que acaba de ser pela Sociedade Bíblica Americana.
A Primeira
Bíblica impressa no Brasil impressa no Brasil é a Edição “Revista e corrigida” da Bíblia de Almeida,
publicada pela imprensa Bíblica Brasileira, em 1952. (A Bíblia no mundo, por
Pastor Frederico Vitole).
14 – A
Divisão dos Livros
CAPÍTULOS -
VERSÍCULO - PARÁGRAFOS
A divisão das
Sagradas Escrituras, em Livros, Capítulos, Versículos e Parágrafos, nada tem
haver com a inspiração e não é de tempos remotos.
Os Livros da Bíblias – Há 39 livros no Velho
Testamento e
27 livros no Novo Testamento, 66 livros
ao todo. Estes livros não se encontram arranjados em forma ou ordem
cronológica, nem na ordem em que eles tinham nas Escrituras Originais
Hebraicas, mas são arranjados segundo a ordem, primeiro adotada na Septuagina.
O
reajustamento da ordem dos vários
Livros, e os títulos dados àqueles livros, parece Ter sido de origem
humana. Contudo, ambas parecem Ter seguido em quase todas as traduções de
então.
OS CÁPITULOS DA BÍBLIA – Em
1250, a bíblia foi dividida em capítulos pelo Cardeal Hugo, isto ele fez com o propósito de uma concordância
latina. As divisões, embora muito convincentes para as referências, às vezes
estão longe de serem bem arranjadas. Todavia em versículos não foi feita até
300 anos depois.
A DIVISÃO DA BIBLIA EM VERSÍCULOS
Em 1560, uma edição importante da Bíblia apareceu como a
Bíblia de Genebra. Porque foi preparada pelos reformadores de Genebra, para
onde eles fugiam por causa da perseguição sob a rainha Mary (Maria). Esta foi a
primeira Bíblia na qual foram usadas letras itálicas para indicar palavras que
não estão no Original. Também foi a primeira Bíblia inteiramente dividida em
versículos; e foi a primeira a omitir os
livros
apócrifos, desde a introdução deles na
Septuaginta, cerca do quarto século.
A DIVISÃO
DA BÍBLIA EM PARÁGRAFOS
Em 1885, uma revisão da Versão Autorizada (Inglês) foi
publicada e os revisores adotaram o sistema de parágrafos, o qual foi muito
útil, exceto com os livros poéticos. Levou quinze anos para fazer-se esta
revisão. Quase cem homens dos mais eruditos de várias denominações da
Inglaterra e América do Norte foram empenhados nesta obra.
15 – O
Cânon das Escrituras
O novo “Cânon” é a forma grega, da palavra “cané” e significa método ou
regra. É usada pela igreja Cristã no sentido de ser a regra, o estatuto ou
regulamento inspirados e aceitos como autoridade pela igreja Universal.
A palavra acha-se em três passagens no Novo Testamento Gal. 6:16/ Fil.
3:16/ 2 Cor.10:13-17. Foi Atanásio, de Alexandria, cerca de 300 d.C., quem
primeiro aplicou a palavra cânon ao catálogo de livros inspirados da
Bíblia.
O Cânon das
Escrituras do Antigo Testamento foi encerrado por
Esdras e seus companheiros piedosos, que formaram a Grande
Sinagoga, cerca de 400 d.C. dividiram-se em três:
1. A
lei de Moisés
2. Os
profetas
3. Os
Salmos
16 – Divisão
da Nossa Bíblia
Velho
Testamento – 5 divisões – 39 livros
1. Lei – Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números, Deuteronômio. (5).
2. Históricos – (12) Josué, Juizes, Rute,
1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
3. Poéticos – (5) Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes e Cantares.
4. Profetas Maiores – (5) Isaías,
Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel.
5. Profetas Menores – (12) Oséias, Joel,
Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias,
Malaquias.
Novo Testamento – 4 divisões – 27 livros.
Históricos
5
1. Os Evangelhos – (4) Mateus, Marcos,
Lucas, João e (1) Atos dos Apóstolos. Doutrinários
2. Epístolas Paulinas – (13) Romanos, 1 e
2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
1 e 2 Timóteo, Tito e Filemon.
3. Epístolas Gerais – (8) Hebreus, Tiago,
1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas.
4. O Profético – Apocalipse.
O Cânon do
Novo Testamento
estabeleceu-se pouco a pouco pela igreja cristã durante os primeiros dois
séculos d.C.. Desde o princípio, os 4 Evangelhos, os Atos, as 13 Epístolas de
Paulo, 1 Pedro, e 1 João, eram aceitas como canônicas por todas as Igrejas e
não tinham dúvidas acerca da inspiração nem da sua autoridade. Acerca de
Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse havia um pouco de
dúvida em algumas igrejas. Podemos ver aqui o cuidado e investigação minuciosa
da igreja primitiva. Este sete livros foram ultimamente aceitos como livros do
Novo Testamento, confirmado pelo Concílio de Cartago, em 397 d.C.
Para formar
um cânon é preciso ter o seguinte:
1) Livros existentes;
2) Vários
livros de um caráter semelhante, não podendo ter um cânon de livros
cujas histórias e doutrinas são distintas e contraditórias.
3) Uma religião
comum. Não se pode proclamar duas religiões distintas no mesmo
cânon.
4) Uma nação ou
um poço unido e ligado por duas instituições religiosas e políticas.
5) Uma
Literatura Sagrada nacional.
6) Um sistema de
fé e
conduta
nacional. Não se faz um cânon de crenças em superstições verbais.
7) Um idioma
comum.
8) A arte prática
de escrever.
Alguns
perguntam: Por que é necessário ter um cânon das
Escrituras Sagradas? Podemos constatar:
1 –
Para termos uma revelação completa de Deus. A bíblia é (em um sentido) um
livro, todo inspirado por Deus, explicando ao homem pecador o plano de salvação
e a vontade do Senhor para a sua vida. Porém cada livro sendo separado tem seu
lugar, e a revelação não se completa sem a totalidade.
2 –
É necessário termos a revelação escrita. Quando os apóstolos e os profetas
viviam, eles ensinaram seus discípulos a mensagem de Deus que ia espalhando-se
oralmente. Porém depois que eles morreram e a inspiração cessou, era necessário
que as gerações seguintes tivessem a mensagem uma forma permanente para ser
preservada. Em 302 d.C. o Imperador
Diocleciano mandou destruir todos os livros e documentos cristãos. Pois quão
necessário era que todos os crentes soubessem quais eram os livros inspirados
para entendê-los e para protegê-los.
3 –
A terceira razão pela qual necessitamos de um cânon, das Escrituras é para
excluir os muitos espúrios (Falsificados), que foram escritos nos séculos
depois de Cristo, porém por decreto de toda a igreja não tinham a inspiração do
Espírito Santo. Em 330 d.C., o Imperador Cristão Constantino mandou fazer 50
cópias das Escrituras para serem colocadas nas igrejas de Constantinopla, e por
essa ordem foi claramente estabelecido que, foram os 66 livros que consistiam o
cânon do Velho Testamento e Novo Testamento.
Agora vamos dar
algumas notas acerca do tempo quando foi encerrado o cânon do Velho
Testamento.
1. A
nação judaica foi levada cativa para Babilônia. Quando o povo voltou para o seu
país, voltou com grande respeito pelas
Escrituras Sagradas e pelos seus líderes: Zorobabel, Esdras, Neemias, Ageu,
Zacarias e Malaquias. (Leia com cuidado
todo o livro de Neemias, notando como o povo apreciava a Palavra de Deus, e o
espírito arrependido e contradição que manifestaram no cap. 9. Apesar de que
alguns haviam transgredido os mandamentos de Deus contraindo matrimônio com
mulheres pagãs).
2. Uma
coisa muito importante é que sempre nos acordamos pela obra do Espírito Santo Deus. Ele não
somente inspirou aos escritores dos livros da Bíblia mas também guiou os que
arranjaram o cânon e o encerraram.
3. Esdras,
o líder da segunda seção da volta do cativeiro, não somente era uma sacerdote, mas também hábil
escriba, fundador do grêmio de escribas
que se conhecem entre os judeus
como: Advogados, Mestres, Juizes.
Escritores e Copiadores das Escrituras, até o tempo de Cristo, Esdras
7:6, 11, 12, 21/ Neemias 8:1, 4, 8, 13; 12:26, 36.
4. Os
últimos escritores do Velho Testamento foram Neemias e malaquias. Todos os 39 livros do Velho Testamento foram
escritos antes dos 430 anos a.C.. Desde então, como o historiador Josefo
testifica, não foi nada acrescentado no cânon do Velho Testamento.
Depois da ascensão
de Cristo, quando todos os apóstolos estavam
no mundo. Sua mensagem espalhava-se verbalmente aonde quer que os
cristãos viajassem. Para eles a Bíblia consistia de cânon do Velho Testamento
redigido por Esdras e garantido por Jesus Cristo muitas vezes durante seu
ministério. Mas pouco a pouco aparecem novos livros relatando a vida e os
ensinos de Jesus, e quanto mais se estendida à igreja cristã (Primitiva) mais
necessidade havia destes livros.
Podemos
notar três
razões para
um cânon
autorizado:
1. O
desejo dos cristãos de ter em um volume o relato da vida e ministério de Seu
Salvador.
2. A
existência de livros espúrios que saíram à luz ainda no século segundo d.C.
ensinando doutrinas falsas.
3. A
tradução dos livros em outros idiomas. Quão importantes,
pois,
para que todos soubessem quais eram os livros
canônicos para excluir todos os demais.
Das
Escrituras dos pais da igreja primitiva, podemos notar as seguintes provas
que usavam para declarar um livro
canônico
ou não:
1. Se foi escrito
por um apóstolo ou por uma autoridade; 2.
Se era lido em todas as igrejas e aceito como inspirados;
3. Se
tinha ajuda a edificação para as necessidades espirituais dos homens;
4. Se
toda a igreja tinha o testemunho do Espírito Santo que era autorizado.
Assim, segundo
esta aprovação, os 27 livros que agora temos no Novo Testamento foram aceitos
por todas as igrejas, e todos os demais livros repelidos.
17 – Os
Livros Apócrifos
A palavra apócrifo,
que significa, secreto, escondido ou oculto,
muitas vezes é usada para indicar as escrituras secretas de algumas seitas que
não revelam seus mais profundos ensinos à não ser para os seus adeptos. Na
igreja primitiva as Escrituras apocalípticas tinham um significado difícil para
se compreender. Em uma palavra, os livros apócrifos são os que tem sido
julgados não
Canônicos, ou apócrifos pelos judeus (falando do V.T.) e a Igreja
Cristã (Primitiva). Os livros falsos eram denominados de “pseudepígrafos” – literalmente – “falsos escritos”.
Os livros apócrifos do Velho Testamento
existentes todos em grego são 14. 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria de
Salomão, Eclesiástico, Baruque, Epístola e Jeremias, Cântico dos três jovens,
História de Susana, Bel e o Dragão, Oração de Manasses e 1 e 2 Macabeus.
Este 14 livros
a igreja Romana diz que são 11 Canônicos, este foram inseridos em sua Bíblia,
omitindo a oração de Manasses e os dois livros de Esdras.
Nos Manuscritos
mais antigos do N.T., havia alguns livros apócrifos, porém não todos, e alguns
depois do N.T. como livros úteis para a história, mas não canônica. Destes, os
mais importantes são os livros de Macabeus, que nos dão uma história clara e
compreensível das guerras na Palestina, que tiveram lugar durante o período de
400 anos entre o V. e o N. Testamento, mas geralmente falando, consistiam de
aspectos lendários, com alguns graves erros históricos. Eles nunca foram
realmente reconhecidos pelos judeus ortodoxos ou pela igreja cristão como sendo
canônicos, inspirados ou como autoridade.
É um fato
significante que desde os tempos mais antigos até o cativeiro, nenhum livro a
não ser aqueles reconhecidos, jamais foram falados como tendo lugar no Cânon
sagrado. Em verdade, foi muito tempo depois do cativeiro que se teve à ousadia
de misturar este espúrios livros; entre eles, não sabemos com certeza quais
eram os autores dos livros apócrifos. Porém é provável que eles foram escritos
por judeus em Alexandria, com exceção dos livros Macabeus e Eclesiásticos,
cujos autores foram judeus da Palestina mesmo. A maior parte dos eruditos crêem
que foram escritos entre 200 a.C a 100 d.C.
Embora este
livros não tenham a autoridade divina nem foram aceitos como inspirados pela
igreja protestante, todavia eles são de muito interesse para nós como uma parte
da literatura antiga dos judeus, eles contêm muitas coisas errôneas e
contraditórias; contudo, nos descrevem uma época na história judaica, quando não havia revelação divina,
e nos revelam muito acerca da nação escolhida, suas esperanças e temores, suas
guerras e histórias, suas filosofias e pensamentos durante aquela época.
Outra coisa
digna de mencionar é a influência destes livros sobre os escritores do Novo
Testamento. Nenhum destes os teria como inspirados nem os inclui no cânon,
porém, é certo que eles os leram, é provável que em Heb. 11:34-38, Paulo se
referia aos mártires da guerra dos Macabeus. Os judeus em todo o mundo aceitam
o mesmo cânon do V.T. que os protestantes, e nenhum dos livros apócrifos foram
incluídos se não, que a LXX, era uma tradução em Grego do Hebraico, somente dos
trinta e nove livros que nós temos no V.T.
Porém, mais do
que isto, há evidência de que a primeira introdução destes livros espúrios
entre o cânon sagrado, devia ter tomado lugar centenas de anos mais tarde;
porque Cyrilo de Jerusalém, que nasceu cerca de 315 a.C. referiuse à tradução
Septuaginta dos seus dias, e incidentemente mostrou que, mesmo até ao seu tempo
a Versão Septuaginta tinha somente 22 livros sagrados. Suas palavras são: “Lê
as Escrituras divinas, isto é, os 22 livros do A. Testamento que os setenta e
dois intérpretes traduziram” (a tradução Septuaginta). Mas ainda há dois fatores importantes para guardar na mente antes de deixarmos este
assunto:
1. Quanto
mais as Escrituras são estudadas, mais somos convencidos de que elas são
encerradas em si mesmas e absolutamente completas, revelando um piano perfeito
do começo ao fim, e não tende superficialidade ou falta.
2. O
que é mais significativo, é que a Bíblia contêm três advertências solenes
contra qualquer tentativa em acrescentar as palavras do livro inspirado por
Deus; esta significação é grandemente acentuada pelo fato de que a primeira
advertência foi escrita de todos os escritores das Escrituras, a Segunda
advertência é achada muito perto do meio da Bíblia, enquanto que a terceira foi
escrita pelo último dos escritores.
Moisés que teve a visão dada pelo Espírito, do passado descendentes,
escreveu a primeira: Deut. 4:2.
Salomão, o homem
mais sábio que viveu, escreveu a segunda: Prov.
30:6.
João, para quem foi
dado tão maravilhosas revelações do futuro, escreveu a terceira: Apoc.
22:18,19.
Assim, nós vemos,
como o Espírito Santo tem antecipado em mais de um meio este mesma questão e
tem colocado três sentinelas como se
fosse para guardar de qualquer obra não inspirada, incluía entre elas. Agora, tendo considerado a questão dos
livros apócrifos, e tendo mostrado conclusivamente que eles não foram incluídos
em nenhuma parte do cânon das Escrituras, nós temos de enfrentar uma questão
noutra forma. Nós temos agora, realmente, o CÂNON completo em nossa possessão?
Porque sem dúvida existiam outros livros, alguns deles escritos por profetas,
contando relatos judaicos, etc., de mais ou menos valor, que são atualmente
referidos na Bíblia, mas que foram perdidos há muito tempo. Esse são:
1. “No
Livro de Guerras do Senhor” Num. 21:18
2. “O
Livro do justos” Js. 10:13 / 2 Sam. 1:18
3. “As
Crônicas do Profeta Nata” 1 Crôn. 29:29
4. “As
Crônicas fé Gade, o Vidente” Crôn. 29:29
5. “As
profecias de Aias, o Silonita” 2 Crôn. 9:29
6. “As
visões de Ido, o Vidente” 2 Crôn. 9:29
Com o
conhecimento desses livros perdidos,
a pergunta naturalmente feita é: como podemos assegurar a
nós mesmos pela inteireza da Bíblia como agora nós temos, ou satisfazer a nós
mesmos que nela nós temos a inteira Vontade de Deus revelada? Desta pergunta
naturalmente surgem mais duas:
1. Qual
foi à natureza real e significativa daqueles livros perdidos?
2. Como
o Cânon da Bíblia foi determinado?
Com respeito à
primeira pergunta, parece clara, das referências muito breves achadas nas
Escrituras, que haviam certos escritos por profetas e outros que não tem achado
lugar no Cânon das Escrituras.
Atualmente
não nos foram ditos o objetivo deles, nem porque não foram preservados;
enquanto outros livros do Cânon e mais velhos do que eles tem-nos sido. Parece
contudo, seguro para dizer-lhe local e limitada, incluindo matérias, por
exemplo relatando certas experiências das vagueações dos Israelitas. Num.
21:24, e incidentes na vida de Josué. Josué 10:13, Davi, 1 Crôn. 29:29,
Salomão, 2 Crôn. 9:29, etc. que não foram necessários e nem desejáveis de não
terem sido incluídos nos escritores permanentes das Escrituras; deve ser
lembrado que nós não temos todos os detalhes da vida e afazeres dos Hebreus,
mas um divinamente resumido sumário daqueles afazeres, somente aquelas coisas
serviam para repreensão, para a correção, para a educação na Justiça”.
E tudo mesmo na
vida do povo de Deus que não serviu para este grande propósito foi omitido, não
obstante muitas matérias de detalhes bastantes interessantes em si mesmos, bem
podia ter sido recordado em livros contemporâneos não inspirados.
Então quando nós
lemos uma expressão como – “Quanto aos mais atos de Salomão, assim os primeiros
como os últimos por ventura não estão escritos nos livros da história de Natã,
o profeta, e na profecia de Aias, e nas visões de ido, o Vidente” 2 Crôn. 9:29,
é uma simples declaração de fatos recordados pelo Espírito Santo, que em adição
aos outros registros inspirados foram possivelmente mais repletos da vida
daquele homem singular e maravilhoso; enquanto as próprias palavras parecem
claramente inferior ao registro que as Escrituras contêm, que é tudo que Deus
quis para preservar para nossa advertência, etc... (1 Cor.
10:11).
Porém
seria tão absurda para supor que
aqueles livros perdidos uma vez formaram uma parte do
Cânon Sagrado, meramente por que eles são referidos nas Escrituras, como seria
para dizer que alguns escritos dos poetas pagãos têm de ser considerados como
uma parte da Bíblia, meramente porque Paulo falando ao povo de
Atenas, fez uma citação deles quando ele disse: “Como
alguns dos vossos poetas têm dito: Porque deles também somos geração” At.
17:28.
Quanto à Segunda
pergunta como Cânon da Bíblia foi determinado pode ser interessante de
mencionar aqui, que enquanto não é possível marcar qualquer data exata mesmo
assim parece claro que o Cânon do V. Testamento, foi geralmente conhecido como
encerrado entre dos dias de Esdras e Cristo. Segundo a
Cronologia da Bíblia por Jacó (Jacob Bilbe
Cronology),
Esdras arranjou todos os livros do V. Testamento (com
exceção de Neemias, Malaquias) cujas profecias foram escritas mais tarde.
Josefo e outros historiadores são testemunhas deste fato.
O arranjo do N.
Testamento não parece ter sido completamente encerrado até dois ou três séculos
depois de Cristo. Em todo caso, em 397 d.C. o Concílio de Cartago publicou uma
lista dos livros que foram reconhecidos como genuínos. Aquele lista contendo
todos os escritores do Novo Testamento sem exceção, como nós temos agora,
apesar de muitos desses livros serem reconhecidos como canônicos muito antes
desta Dara.
Alguns dos livros, especialmente o
Pentateuco – os cinco livros escritos por Moisés (Gênesis
à Deuteronômio), desde o princípio foram reconhecidos pelos judeus como a
verdadeira expressão vocal de Jeová: a origem e autoria deles nunca em qualquer
tempo tem sido duvidosa. Em verdade, estes livros de Moisés, até hoje tomam um
lugar mais alto nas mentes dos judeus, do que qualquer outra parte das
Escrituras; tanto que, em cada sinagoga judaica, pelo mundo afora, existem pelo
menos de duas as três cópias do Pentateuco, apesar de em muitos casos eles
possuírem qualquer ou parte do V.T.. os Samaritanos rejeitaram tudo, menos o
Pentateuco.
Como alguns dos
outros livros, contudo estavam diferentes, quer dizer que seu caráter de uma
vez não foram discernidos. Todos, no entanto, no curso do tempo, foram
ultimamente reconhecidos como tendo vindo de Deus, e, apesar deles terem sido
colecionados e arranjados na sua forma presente pelas mãos humanas; a seleção
deles não foi deixada para o capricho de qualquer homem ou grupo de homens,
quer a igreja ou concílio. Em verdade, este foi o erro fatal feito no concílio
de Trento
(1546
d.C.) que, consequentemente, foi praticamente um concílio católico
romano, sendo presidido e controlado pelo Papa, quando eles decidiram que os 14
livros apócrifos não inspirados deviam ser incluídos no Cânon das Escrituras.
Porém qualquer criança pode ver que aquela decisão não pode realmente modificar
o verdadeiro caráter daqueles livros não inspirados, que foram escritos quase
dois mil anos anteriormente.
Como
Lutero verdadeiramente disse: “A
Igreja não pode dar
mais força ou autoridade a um livro do que ele tem em si mesmo. Um
concílio não pode fazer aquilo ser Escritura que na sua própria natureza não é Escritura”.
Como é então,
que esta questão tão importante é determinada? Foi decidido pelo testemunho
interno e valor intrínseco do próprios escritores. Parece ter sido costumes
para os escritores inspirados entregarem seus escritos aos sacerdotes e serem
colocados ao lado da lei para serem guardados Deut. 31:9 Josefo nos conta que
este hábito sempre foi seguido, sendo feito cópias para uso de reis e outro.
Deut. 11:11. Mas e no início, quando estas expressões sagradas foram colocadas
na escrita, elas foram a alguns casos somente reconhecidas como a Palavra do
Senhor”, pelos “pobre do rebanho” Zac. 11:11, enquanto pelos outros foram
muitas vezes indignados, repudiados e os próprios escritores encarcerados e
assassinados, Jer. 36:5,23,24.
Mas, mais cedo ou mais tarde a árvore foi conhecida pelos seus frutos: e
aqueles mesmos escritores que no principio foram rejeitados, tornaram-se, no
curso do tempo, honrados e reverenciados, até cada parte da verdadeira Palavra
de Deus, que é declarada ser “ viva e eficaz “, Heb. 4:12 afirmou sua própria
autoridade. Embora escrita por homens, tornou-se reconhecida como a voz de
Deus: e desde então tem sido considerado como tal: no caso do V. Testamento,
pelos judeus, e no caso do N.T. pela igreja Cristã inteira.
É o mesmo fato
que aqueles outros livros passaram, é prova suficiente em si mesma, que eles
nunca foram entendidos para unidos ao Cânon das Escrituras Sagradas; porque se
eles tivessem formado uma parte da verdadeira Palavra do Senhor, eles
precisariam, em sua própria natureza, ter ficado até o dia de hoje, desde que
está escrito: “A
PALAVRA DE DEUS: A QUAL VIVE E É PERMANENTE”... “A
PALAVRA do Senhor, porém, permanece eternamente”. 1Pe.
1:23,25.
ANOTAÇÕES
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A história do Antigo Testamento contada na
Bíblia
O Antigo Testamento foi escrito em sua maior parte em
hebraico, e em algumas poucas passagens
em aramaico.
Possui 39 livros,
que podem ser classificados didaticamente desta forma: Livros
da Lei: O Pentateuco – 5: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Livros Históricos: 12: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I
e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e
Ester.
Livros Poéticos: 5 - Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e
Cantares.
Livros Proféticos: Profetas Maiores - 5 -
Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel - Profetas Menores - 13 -
Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias e Malaquias.
Embora a história contada na Bíblia, seja
basicamente a de um povo (Israel) e esteja em seqüência cronológica correta, no
entanto, alguns fatores tornam difíceis, para a maioria dos cristãos, o
conhecimento e a memorização completa e simultânea dos eventos desta
história.
A questão cronológica
Trataremos aqui da escritura dos livros isoladamente e não
de sua compilação ou comunicação oficial.
Moisés é o escritor
dos primeiros livros da Bíblia, e está vivendo entre os anos 1500 -1400
a.C. João é o autor do último livro da Bíblia e o escreve por volta do ano 95
a.D. A conclusão é a de que a Bíblia foi escrita durante um período aproximado
de 1600 anos, por cerca de 40 escritores, e compreende o período histórico de
1500 a.C. a 95 d.C.
Entretanto a conclusão acima não é totalmente exata por
algumas razões:
a)
Embora Moisés esteja, vivendo entre 1500 -1400
a.C, seu primeiro livro, o Gênesis, faz um flash-back retornando à criação do
mundo e do homem (sem datas precisas), daí rapidamente ele chega à Abraão (2166
a .C.) e então percorre os fatos principais da história dos primeiros
patriarcas até alcançar os seus dias em Êxodo 2.
b)
Malaquias (450-400 a.C.) é o último autor do V,
T., e o N.T. abre suas páginas falando de Jesus (5 a .C.). Há, portanto, um
intervalo histórico de 400 anos de grande ebulição político-social, mas de
silêncio profético, e silêncio Bíblico.
c)
Os primeiros livros do N.T. a serem escritos
foram algumas epístolas e o evangelho de Marcos, por volta de 50-60 a.D. Este
evangelho também faz um flash-back de aproximadamente 50 anos.
d)
João ao registrar a profecia do Apocalipse, vive
situações reais nos anos
80 - 90
a.D., mas revela eventos futuros que
alcançam séculos e milênios até o fim de
nossa história.
A
questão histórica
A
Bíblia é o que podemos chamar de um livro que possui princípio, meio e fim. Ela vai do Éden (Gn 2.8 e 9) ao Éden (Ap,
22.1 e 2). Começa no princípio do
mundo e termina contando o fim de todas as coisas criadas, acenando-nos,
contudo, com a esperança da vida nova, em novos céus e terra. São, sobretudo,
páginas de vida e esperança.
É um livro universal em sua mensagem e objetivos, trata de
questões de abrangência e interesse geral como são a criação do mundo e da
humanidade, o evangelho do "ide por todo o mundo" "A todas as
criaturas", e o destino futuro do mundo,
Deus serve-se de recursos especiais para alcançar seus
objetivos. Toda a história e enredo vivido e apresentado na Bíblia poderia ser
sintetizado em três palavras: Israel, Cristo e Igreja.
A Bíblia é a Palavra de Deus para os homens, é a Revelação
de Deus, sua vontade, seu querer, seu caráter, seus atributos e qualidades,
tendo como objetivo primeiro e maior restaurar e facilitar um relacionamento
completo, amplo, sadio e verdadeiro d'Ele conosco.
A introdução deste "livro" é feita com a
introdução da história, a criação de todas as coisas trazendo o foco principal
sobre a criação do homem.
Deus escolhe então um homem para dele levantar uma nação e
valer-se dela, de sua história, a fim de reveIar-se a todo o mundo (Rm 4.1; 3.1
e 2; Dt 14.2). Israel, no A. T., é o
povo de Deus no mundo. Suas leis, festas, ritos, ética, falam de Jeová. Suas
relações com outras nações (e são assim que as nações contemporâneas aparecem
no A.T.), seus fracassos e vitórias, o juízo que tantas vezes lhe foi imposto e
os milagres de que foi alvo, em tudo se ouve a voz de Deus.
Os profetas de Deus, altissonantes, de Israel faziam ecoar
suas vozes direta ou indiretamente a todo o mundo. (ver Isaías 11 a 25).
Através da história de Israel, Deus prepara o mundo para o
ponto máximo e culminante de sua revelação, a vinda e vida pessoal de Deus
entre os homens, Jesus. (Jo. 1.29; Fp. 2:5-8; GL. 4.4; Cl. 1.15), Aqui passamos
ao relato do N. T., cuja introdução é feita na presença visível a palpável do
Jesus dos Evangelhos. A partir de Atos dos apóstolos, Jesus delega ao povo (a
Igreja) a continuidade de seu ministério e revelação. (Ef. 1:22 e 23; II Co.
5.18-20).
Tal como é claro em Israel no A.T., Deus não é exclusivista
ou propriedade particular de ninguém. Na mensagem do N. T. a Igreja não se toma
gueto, retiro ou esconderijo, mas “luz no velador", "sal na
massa", enviada a todo o mundo para dar continuidade ao mesmo e único
plano revelado desde as primeiras páginas do Gênesis e desenvolvido até o final
do Apocalipse, (Ap. 7.9 e 10),
Temática Principal
O principal tema de toda a Bíblia e o amor de Deus pelos
homens manifestado através de Cristo como caminho de reconciliação e
salvação.
Cristo está no Velho Testamento preparado, prefigurado e
profetizado. Cristo está na criação como o "por quem" e "para
quem" tudo foi criado. (Cl 1.16
e Jo. 1:1-3).
Cristo está na lei, revelando seu caráter santo e
apontando-nos o único caminho possível de obediência para nós, pela graça. A
lei nos conduz a Cristo. (Gl 3.24, 3.l9; Rm 10.4).
Cristo está sendo revelado nos sacrifícios, tipos, ritos e
festas de Israel (l Co 5.7).
Cristo é o Messias prometido pelos profetas, a esperança da
restauração de
Israel.
A história da criação
Por volta do ano 1500 a.C., Moisés é chamado por Deus e
orientado a escrever o que Deus haveria de lhe revelar.
Além de possuir formação nobre e culta, e ter acesso à
história mundial nos registros palacianos egípcios, ele era um homem de
profunda comunhão com Deus.
Em seu relato, Moisés começa pela gênese do mundo e da
humanidade. A pergunta que se poderia fazer de como conheceria ele tantos
detalhes, pode ser respondido das seguintes formas:
1)
Deus, através do Espírito Santo, era o criador e
condutor da história, ao mesmo tempo inspirador do registro e o maior
interessado na fidelidade deste. Revela-se Moisés por vias naturais (fontes
orais e escritas) e sobrenaturais (sonhos, visões e comunicação direta) At.
7.38.
2)
Enquanto Deus não ditava Sua Palavra para ser
escrita, fez de homens, livros vivos, A assim chamada tradição oral.
Adão viveu 930 anos e trouxe toda história da criação e
queda até Lameque, pai de Noé, de quem foi contemporâneo por 56 anos. Lameque
foi contemporâneo de seu neto Sem, por mais de 90 anos e por sua vez Noé e
família foram contemporâneos de sete gerações antediluvianas e onze
pósdiluvianas. Noé viveu até os primeiros 58 anos da vida de Abraão.
Não podemos afirmar com certeza, mas é provável que num
tempo sem livros, todos os fatos importantes da história preservada, por Deus
tenham sido contados por Abraão ao seu neto Jacó. Jacó deve ter relatado ao seu
neto Coate todas as histórias emocionantes da criação, Babel, do dilúvio e as
suas próprias.
Coate as reproduziria ao seu filho Anrão e este por sua vez
a Moisés um filho preservado por Deus e separado para uma grande obra,
Por sete homens de Deus (Adão, Lameque, Noé, Abraão, Jacó,
Coate, Anrão) a serviço deste, guardados e usados por Ele, não seria difícil
preservar a história que Deus tornaria registrada infalivelmente no livro de
Gênesis.
O mundo é criado em 6 dias (períodos de tempo) e é no 6°
que o homem e a mulher foram feitos.
Junto à bênção e à ordem de procriação foi entregue a Adão e Eva o domínio
sobre toda a criação. Um pacto foi feito. A promessa foi vida eterna, a
condição era obediência sob a pena de, em caso de falha, lhes sobrevir a morte.
O pecado da desobediência, materializado na fruta da árvore
do bem e do mal, afastou o homem de Deus, trazendo-no a decadência física,
moral e espiritual. É nesta condição que toda a humanidade foi gerada (Gn
5.1-3).
Em relação ao pacto quebrado, criou-se um grave problema
Jurídico. Deus é um juiz santo, justo e amoroso. Sua santidade o impede de
viver e comungar com o pecado. Sua justiça o impele a punir a falta cobrando a
pena de morte, mas seu amor e compaixão produzem um plano de redenção.
Seu projeto para a humanidade era (e é) maravilhoso e Deus
não abriu mão dele, da vida plena, comunhão real, do paraíso edênico.
O plano de redenção necessitava da alguém
que:
1
- Cumprisse o pacto, obedecendo a Deus sem
falhas, como Adão não conseguira.
2
-
Pagasse a dívida (pena de morte) que todo homem tem para com
Deus.
3
- Reaproximasse a humanidade de Deus,
restabelecendo a comunhão e ensinando-os o querer de Deus.
4
-
Destruísse o inimigo de Deus, mentor da rebelião e queda.
Este alguém obviamente precisava ser muito
especial, necessitando cumprir alguns requisitos como:
1
- Ser forte o suficiente para realizar todos os
objetivos listados acima.
2
- Ser humano, para identificar-se conosco,
sofrer nossas lutas e dificuldades, vencendoas e superando a falha de
Adão.
3
- Não
herdar a "Imagem e semelhança” decaída de Adão como todo ser gerado
humano.
4
- Ao
final de um ministério impecável, morrer, inocente, pagando como fiador, a
culpa que pesava sobre toda humanidade e satisfazendo legalmente a justiça de
Deus.
Jesus é o Deus que se fez homem, na concepção virginal de
Maria pelo Espírito Santo, sendo o caminho encontrado pelo Pai para solucionar
tudo isto, e Sua vinda e vitória foi prometida e preparada desde Adão e por
todo o A.T (Gn 3.15; Rm 5.12, 18 e 19; I Co 15.22; Ap. 13.8 e I Pe. 1.19 e 20).
O cumprimento da promessa inicia-se na descendência de Adão. São 2 os filhos:
Caim e Abel. Abel é o escolhido, porém assassinado, é substituído por Sete, e
aqui encontramos a origem da árvore genealógica de onde Jesus virá, na
plenitude dos tempos.
Os homens vivendo muitos anos e multiplicando-se, povoaram
grande parte da terra, no entanto o pecado e a corrupção cada vez mais os
distanciava de Deus, (Gn. 6:5, 11 e 12), até que este decidiu “limpar” a terra
desta geração má e encontrou apenas uma família a Ele temente, a de Noé.
Descendente de Sete (Gn 5), sendo preservado, Noé preservaria Seus planos, a
humanidade, as promessas e a linhagem escolhida.
O dilúvio é a manifestação do juízo de Deus.
Noé tem 3 filhos, mas Sem é o abençoado (Gn 9.20-27). De
Cão descendem os cananitas, babilônios egípcios e fenícios; de Jafé os medos,
persas e gregos; e de Sem os hebreus, assírios e sírios. Todos falavam a
princípio a mesma língua e viviam juntos, até que na presunçosa e soberba
tentativa de alcançarem o céu e igualarem-se a Deus, foram confundidos em
variadas línguas e separaram-se (Gn 11); espalhando-se pela terra.
Entre os capítulos 11 e 12 de Gênesis há um grande e
desconhecido lapso de tempo e a história até aqui de abrangência universal,
particulariza-se no tema que doravante ocupará todo o V.T.
A história de Israel
Em Torno do ano 2.200 a.C., um semita habitante da cidade
de Ur (na Caldéia) é chamado pelo Deus a quem temia, para sair de casa na
companhia de sua esposa e dirigir-se pela fé, ao desconhecido, a uma terra que
lhe era prometida. São Abrão e Sarai, e Canaã é esta terra. Deles Deus
suscitaria uma descendência incontável e abençoada, um povo que lhe seria
particular (Gn 12.1-3).
Abrão e Sarai obedecem, e na ansiedade da esterilidade
dela, Abrão quer cumprir a promessa de Deus através de uma escrava, vindo a
gerar Ismael. O milagre da promessa de
Deus, no entanto cumprir-se-ia aos 100 anos de Abrão, através do filho
Isaque.
Isaque adulto, dá a Abraão 2 netos gêmeos, Esaú e Jacó, os
quais lutaram, desde o ventre materno, até o futuro distante através de seus
povos descendentes. O "suplantador" Jacó mete-se em confusões e
falcatruas até que, já adulto, casado e com filhos, tem um encontro definitivo
e transformador com Deus no Vale de Jaboque. Ali o seu nome é mudado para
Israel, e seus 12 filhos dão início à história das 12 tribos do povo que toma o
nome do pai. Embora José, o 11° filho de
Jacó seja precioso instrumento nas mãos de Deus e sua história ocupe belas
páginas do A.T., no entanto é de Judá, o 4º filho de Jacó que Deus dará
continuidade à linhagem escolhida do Messias. (Gn 49.8-
12).
Por causa da fome que reinava em todo o mundo, a família de
Jacó (agora povo de Israel) desce ao Egito, onde José era o vice-rei, para
buscar alimentos. Deixa para trás sua terra e acomoda-se em terras egípcias,
porém permanece ali mais do que convinha, até que, após sucessivas mudanças em
dinastias faraônicas (1805-1446 a.C.), torna-se escrava (Gn 15.13).
O povo de Deus não nasceu para escravidão e numa bela
tipologia bíblica, Deus lhes suscita um libertador, Moisés, que os levaria de
volta à terra de Canaã. Esta libertação é marcada pelas 10 pragas e pela Páscoa
onde o sangue inocente tingindo as umbreiras das portas, salvaria o povo da
morte. São 600 mil homens com suas
famílias que voltam à Canaã após peregrinarem 430 anos em terra estranha, e
antes de retomarem à terra prometida precisavam tomar-se verdadeiramente uma
nação. Eram um povo e tinham uma terra, mas faltava-lhes a noção de governo e
obediência, a organização política, social e espiritual. Deus faz com eles um
pacto baseado em obediência, vida santa e muitas belas promessas. O pacto
inclui o decálogo, as leis sociais, rituais, civis, o sacerdócio, a construção
do tabernáculo e a instituição das festas. (Todo este conteúdo é apresentado em
Êxodo, Levítico e Números). O pacto e as
leis, mais do que revelarem o caráter santo de Deus, expunhalhes seus próprios
falhos caráteres e a necessidade da graça e misericórdia de Deus para serem
aceitos.
Aquela geração adulta, de judeus que ali estava foi
caracteriza por desânimo e saudosismo do Egito, o que os levou a caminhar
durante 40 anos no deserto sem tomar posse da promessa de reentrada e só seus
filhos, também em número de 600 mil homens sobreviveram chegando à Canaã (esta
história de êxodo e de números se encontra nos livros dos mesmos nomes). Há um
detalhe, a nova geração se distanciara cerca 40 anos do pacto, das leis e das
promessas que Deus fizera a seus pais e é fundamental que sejam relembradas
antes que pisem a nova terra (Deuteronômio).
O libertador Moisés morre (1.406 a.C.), e o jovem
conquistador Josué é quem dirige a retomada de Canaã e a luta contra os povos
inimigos os quais vieram a possuir a terra que fora abandonada nestes 430 anos.
A terra reconquistada é dividida entre as 12 tribos.
Por mais de 20 anos Josué lidera o povo, porém, ao
aproximar-de sua morte, reúne todo Israel e exorta-os a perseverar na
fidelidade e obediência à teocracia (Js 23 e 24, ver Js 24.14-25). Nesta
ocasião nem todos os inimigos haviam sido desalojados de Canaã; e a ordem de
Deus era para que tal fato ocorresse. Entretanto a ausência de liderança e da
fidelidade recém-reafirmada a Deus, levou o povo de Israel a acomoda-se na
proximidade dos inimigos com a perspectiva de que eles seriam submetidos e
escravizados e, assim, não precisariam ser expulsos (Jz 1.28).
Não se pode desobedecer a Deus sem que conseqüências
nefastas surjam; não se pode conviver pacificamente com inimigos de Deus como
se tivéssemos sobre eles eterno domínio, e Israel desobedeceu e falhou (Jz
2.2,3 e 20-23). Tal perigosa vizinhança induziu o povo a costumes pagãos, a
enfraquecimento moral, espiritual, político e conseqüentemente a cativeiros,
ainda que habitando sua própria terra (Jz 17.6).
São 410 anos onde alternam-se 7 cativeiros (111 anos) e
libertações (299 anos), estas sempre promovidas por Deus em momentos de
contrição e arrependimento do povo. Deus lhes suscitava homens e mulheres fiéis
e piedosos para não somente os libertar como para os Julgar até que nova queda
e pecado lhes sobrevinham e então novo cativeiro. Estas histórias estão
registradas no livro dos Juizes e, dentre estes, conhecemos bem Gideão e
Sansão.
Rute está vivendo no tempo dos Juízes (Rt 1.1) e sua
história é destacada em um livro do cânon, dentre outros motivos, porque Deus
está revelando que há graça no A.T. alcançando os gentios, e fazendo de uma
moabita alguém participante do pacto, e antecessora de Davi e Jesus ( Mt
1.5).
Samuel e seus filhos são os últimos Juízes de Israel, pois
o povo distante de Deus invejava as nações ao redor, as quais possuíam reis,
exércitos, etc. Assim, pedem a Samuel a indicação de um rei, trocando a
teocracia pela monarquia ( I Sm 8.4-9 e 19-22).
A história dos
reis
Saul é o 1º Rei, e vem da tribo de Benjamim.
Era de bela aparência, mas seu coração apressou-se a desobedecer ao Senhor,
sendo, por isto, desprezado.
Seu
sucessor vem da descendência de Jessé, da tribo de Judá, sem aparência ou
formosura, sendo por isso desprezado.
Davi é o
2º. Rei, um homem segundo o coração de Deus, jovem músico e compositor. Deus
lhe promete manter eternamente seu trono (II Sm 7.16) – confirmação feita a
Adão e Jacó e antevisão do ministério do Rei Jesus. Salomão, filho de Davi e Bate-seba é o 3º
Rei de Israel. Piedoso e sábio, constrói o templo em Jerusalém e é o escritor
de Cantares, Provérbios e Eclesiastes.
Até a morte de Salomão, Israel reunia 12 tribos. Ao morrer
Salomão, seu filho Roboão é quem o sucede, porém Jeroboão, um servo efrateu de
Salomão, levanta-se contra Roboão, sendo seguido nesta rebelião por 10 tribos
de Israel. Ainda que Roboão fosse um mau rei, o povo rejeitando-o, rejeitava a
direção que Deus indicara para o governo de seu povo. Ver I Rs 11.26-40 e
12.16-20. O trono de Davi (Judá) foi
mantido em Roboão, governando sobre Judá e Benjamim, na cidade de Jerusalém,
chamando-se reino do Sul ou Reino de Judá. O trono rebelde de Jeroboão governou
sobre as demais 10 tribos, com capital em Siquém e mais tarde Samaria, sob o
nome de Reino do Norte ou Reino de Israel. Esta divisão acontece no ano de 931
a.C.
A história passa a ser contada de agora em diante nos
livros de Reis e Crônicas com a sucessão dos reis no Norte e no Sul. Este
período é o de maior ênfase no ministério profético já que, ao deterem o poder,
os maus reis, em sua maioria, corrompiam também os sacerdotes e preservaram o
pecado e a idolatria do próprio povo. Deus suscitava-lhes profetas como fiéis
mensageiros seus visando corrigir-lhes e exortar-lhes, preservando suas
mensagens de importância universal e transtemporal através de registros inspirados.
O Reino do Norte sobreviveu de 931 a 722 a.C. até que foi
invadido e dizimado pelo império Assírio, como forma de juízo ao obstinado
comportamento pecaminoso. Foram 19 reis de 4 dinastias diferentes e são seus
profetas mais conhecidos Elias (875-850), Eliseu (850-800), Jonas (790-770) e
Oséias (760720).
O Reino do Sul alternou bons e maus reis, de 931 a 586
a.C., intensivamente advertidos pelos profetas a respeito do pecado e idolatria
(Joel, Amós, Miquéias, Isaias, Sofonias, Naum, Jeremias Habacuque, Daniel,
Ezequiel e Obadias), até que o império Babilônico os levou cativos (II Reis
25), A Babilônia havia assumido a supremacia mundial no ano 612 a,C.,
destruindo Nínive a capital da Assíria.
O Juízo veio por mãos de Nabucodonosor, mas não foi de
extinção do Reino do Sul, como faria o Império Assírio, já que isso destruiria
todo o plano desenvolvido por Deus durante milênios. Judá é preservado e levado
cativo na tentativa de serem induzidos ao arrependimento e à conversão, neste
sentido o babilônico Nabucodosor é servo de Deus (Jr 25.9).
O profeta Jeremias previu 70 anos para este cativeiro (Jr
25) e próximo de cumprirse este tempo, a Babilônia é invadida e tomada pelo
novo império emergente, o medopersa, fruto da aliança entre Ciro e Dario (Dn.
5), Estes acontecimentos também, foram profetizados por Jeremias (Cap. 50 e 51)
e Isaías (Cap. 44 e 45),
Numa releitura
da profecia de Jeremias (Dn 9. l e 2), Daniel descobre que o tempo do cativeiro
havia se cumprido e começa a implorar a Deus seu perdão e libertação, (Dn.
9).
Ao final de 537 a,C, Ciro decreta a libertação dos Judeus e
estes começam a retornar em levas à Jerusalém, dando início à reconstrução da
cidade, do templo e de um novo período sócio-político, o qual ocupará as
últimas páginas ao A.T. O registro desta história de retorno e reconstrução
aparece em Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A 1a leva de Judeus volta sob o comando de
Zorobabel e começa a reconstruir o templo de Jerusalém (Esdras 1-4). Os
samaritanos impedem o prosseguimento da obra por um tempo, até que Darío o
Grande, em 520 a.C., permite o final da obra (Esdras 4-6). Em 486 a.C. Morre
Dario o Grande, e o persa Xerxes (ou Assuero) assume o trono, sendo durante seu
reinado que se dá a história de Ester (485-465 a.C.).
A 2ª. leva de judeus só retorna 80 anos depois, em 457
a.C., sob a liderança do escriba Esdras (Ed, 7-10), mas é com Neemias, copeiro
do rei Artaxerxes (sucessor de Xerxes), em 444 a.C. que a 3a e
última leva de judeus volta à sua terra natal, o templo já estava pronto, mas
os muros da cidade ainda não, e assim, em 52 dias, sob a liderança de Neemias,
esta obra viria a ser concluída (ver Neemias),
O A,T, encerra-se aqui, com a palavra profética de
Malaquias (450-400 a.C.) prenunciando o nascimento do Sol da Justiça. O Messias
tão esperado (Ml 3.1 e 4.2).
O
Pentateuco
No GREGO a
palavra PENTATEUCO significa "5
volumes", porém os judeus chamam a essa primeira porção da Bíblia, TORAH ou "a Lei”. Compreende os
livros de Gênesis, Êxodo, Levítico. Números e Deuteronômio.
Foi este o primeiro grupo de livros da Bíblia a ser
canonizado e está presente em todas as traduções da Bíblia, ou seja, aquelas
dos mais diversos cânones (Hebreus, Grego. Samaritano, etc.).
No cânon Judaico, o Pentateuco era provavelmente um livro
com cinco grandes volumes; cada volume iniciava com um título o qual nada mais
era que a sua primeira ou primeiras palavras. Assim: 1º volume "Bereshit:" (''no
princípio") – 2º Volume: "Welleh Shemoth'' (e estes são os nomes),
etc. Os nomes que possuímos hoje como: Pentateuco, Gênesis, Êxodo, e outros são
de origem grega, dados quando da tradução da Septuaginta, a mais disseminada
tradução da Antigüidade.
AUTORIA
Até o século XVIII d.C. a Igreja acatou fielmente as
declarações bíblicas do ser Moisés o autor do Pentateuco, porém um grupo de
céticos estudiosos, por volta do Século XIX, baseando-se na chamada alta
crítica (crítica e análise da autoria e da integridade dos textos), afirmou não
ser Moisés o autor e sim, alguém vivendo em torno do 8 º ou 9° século a.C., o
qual estaria fazendo um relato retrospectivo das origens de tudo e do povo de
Israel.
Entretanto, tal crítica não foi aceita pela imensa maioria
da Igreja e listamos abaixo algumas das razões que comprovam e evidenciam a
autoria mosaica.
1
- O Pentateuco testemunha que seu autor é Moisés
– Ex 17.14; 24.4; Nm 33.2; Dt
3l.9.
2
- O Novo Testamento dá o mesmo testemunho - Mt
19.8; Jo 1.l7; 5.46 e 47; 7.19; At. 3.22; Rm 10.5 e 19.
3
- Todas as tradições pagãs e judaicas o
reconhecem como autor, inclusive Maomé - Js 1.7 e 8; II Rs 14.6; Ne 13.1; Ml
4.4.
4
- A unidade de estilo, de lingüística e de
arrumação entre os cinco livros, apontam para um único autor, o qual além de
ser hebreu, conhecendo bem os costumes Judeus, também possuía alta cultura
egípcia - Nm 13.22; Gn 13.10.
5
- O autor fora participante direto dos eventos,
tal a riqueza de detalhes em seus relatos. Ex l5.27; Nm 11.7 e 8.
6
- O estilo de vida de cada livro do Pentateuco
corresponde às circunstâncias ocasionais da vida de Moisés, relatados nestes
mesmos livros. 7 - Há no livro de Gênesis
referências a costumes arcaicos (gerar filhos de servos – Gn 16.3; testamento
oral no leito de morte - Gn. 27, etc.), só presentes no 2º milênio antes de
Cristo. Também arcaísmos lingüísticos do Pentateuco só são contemporâneos a Moisés.
Para aqueles que argumentam ser Moisés incapaz de compor
tais literaturas, a história aponta os escritos e gravuras deixados pelos
escravos semíticos nas paredes das minas egípcias, nos tempos do rei Hamurabi
(ou Anrafel de Gn l4.l), o qual fora escritor e autor de complexo e conhecido
código legal. A autoria mosaica, por nós
defendida, não exclui a possibilidade provável da presença no Pentateuco de
elementos pré-mosaicos e pós-mosaicos.
Veja porque:
a)
Um historiador como Moisés, ao compor a sua
obra, serve-se de relatos e registros anteriores aos mesmos fatos historiados.
Há documentos dos Patriarcas, há tradições orais, aos quais certamente Deus
conduziu Moisés para complementar e aperfeiçoar o seu relato. Isto é compatível
com a inspiração divina – Lc 1.1-3.
b)
Os escritos produzidos no deserto, certamente
foram revistos depois, talvez por Esdras, após o cativeiro, e isto deduzimos
dos seguintes textos: Gn
36.31; Ex 16.35; Gn
14.14 e Js 19.47; Lv 18.28,
CONTEÚDO, AMBIENTE, HISTÓRIA
O Pentateuco contém a história de milhares de anos, mais do
que todos os anos de história dos demais livros da Bíblia juntos. Se
considerarmos que trata da Criação em seus primeiros capítulos, então seu
conteúdo alcança milhões de anos.
Trata a princípio dos temas de interesse universal: criação
do mundo, criação do homem, a queda, o dilúvio, a disseminação de homens, raças
e línguas pelas terras. Isto em seus primeiros 11 capítulos, até que, a partir
do 12º. capítulo do livro de Gênesis, trata do surgimento do povo de Israel,
história esta que tomará todo o resto do Antigo Testamento.
É seu conteúdo ainda: os Patriarcas, o cativeiro egípcio e
sua libertação, a caminhada de 40 anos no deserto terminando com a chegada, às
portas de Canaã, onde as leis do Senhor são relembradas e Moisés é levado por
Deus, O ambiente do Pentateuco é sempre
o Oriente Médio, pois há viagens constantes dos personagens da Mesopotâmia à
Palestina e vice-versa, com uma estada de 430 anos no Egito.
O esquecimento, a inobservância e a perda da lei,
conduziram o povo de Israel a um grave período de decadência moral e espiritual
(período dos juizes e dos reis) até que, durante o reinado do rei Josias, o
reencontro do Pentateuco gerou um reavivamento espiritual (II Rs 22.3-20).
Gênesis – O livro dos
começos
Gênesis narra as primeiras origens do mundo, do gênero
humano, do povo hebreu, tudo relacionado com Deus, com sua revelação, com seu
culto. Deus cria o universo, revela-se aos primeiros homens, Deus escolhe uma
família (Abraão e sua descendência), para no seio dela conservar e desenvolver
os germes da primitiva revelação e a verdadeira religião, no intuito de
preparar a solene revelação do Sinai, narrada no Êxodo.
A criação do céu e da terra é como que o prólogo do
grandioso drama, que se divide em duas partes, e tem por protagonistas os cinco
grandes patriarcas:
Adão e Noé, patriarcas do gênero humano; Abraão, Isaac e
Jacó, patriarcas do povo hebreu.
O todo é enquadrado pelo autor sagrado em dez tábuas
genealógicas (Gn 4, 5.1, 6.9, 10.1, 11.10, 11.27, 25.12, 25.19, 36.1, 37.2)
dispostas de tal modo que, após ter registrado os ramos secundários da
propagação humana, volta a narrar difusamente os destinos do ramo patriarcal,
isto é, da descendência eleita, portadora da revelação divina e da verdadeira
religião.
Do nascimento de Abraão à descida dos israelitas ao Egito
são 290 anos
NOME - No
hebraico seu nome é "Bereshith" ("no princípio"), e no
grego "GÊNESIS" que quer dizer "origem",
AUTOR -Moisés
DATA DA ESCRITA:
Aproximadamente 1445 a.C., provavelmente na 1ª. fase da caminhada pelo deserto
do Sinai.
TEMPO DA AÇÃO - Abrange desde a criação do mundo
(9000 a.C.?, 6000 a.C.? 4000 a.C.
?) até a morte de José (1805 a,C,).
VERSO-CHAVE - É
o 1:1 - "No princípio criou Deus os céus e a terra"
TEMA - OS
PRINCÍPIOS
Seu nome em grego e hebraico, bem como seu verso-chave
antecipa o tema de Gênesis.
Princípios dos céus, da Terra, do homem, do pecado, do
evangelho (3.15), dos povos, línguas, nações, Israel e etc.
CONTEÚDO
Como já dissemos, Gênesis é o livro que relata o princípio
de todas as coisas. Moisés faz uma retrospectiva conduzindo-nos as origens de
tudo e concentrando-se numa verdade absoluta: "Deus criou",
Não é, portanto, um livro que tenha preocupações
científicas, até porque se as tivesse não poderia ser um livro transtemporal,
sua preocupação é afirmar o poder e a soberania criativa de Deus,
Gênesis ó também um livro de genealogias, onde a
expressão:..."filho de", garante a historicidade dos fatos ali
relatados.
Em seus primeiros 11 capítulos, Gênesis trata de temas
universais, tendo como pano de fundo o Oriente Médio (antiga Mesopotâmia).
Quase sempre as histórias deste trecho resumem-se na seqüência: Rebeldia -
Soberba - Condenação,
A partir do capítulo 12, o foco central da história
volta-se para Israel, tendo como palco a Palestina. Israel começa em um homem
(Abraão), cresce em uma família (Isaque) e recebe seu nome (Jacó). É, portanto,
a história de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus de Israel é o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. A terceira e última parte
do livro nos mostram como a providência de Deus intervém na história para fazer
cumprir os seus propósitos, levando-nos sempre aos melhores fins propostos por
Ele. A maioria da maldade dos irmãos de José, vendendo-o ao Egito, será usada
para preservação do povo de Deus, em meio à grave fome então reinante na
terra.
DIVISÃO - O
livro de Gênesis pode ser dividido em três grandes blocos de assuntos. Todos
mnemonicamente iniciados pela letra P:
a)
Os Primórdios de tudo. Caps. 1 ao 11.
b)
Os Patriarcas, caps. 12 ao 35.
c)
A Providência manifestada na descida ao Egito e
na preservação do povo durante o período
da fome. Caps. 36 aos 50.
COMENTÁRIOS
l - A importância de confirmarmos Moisés como autor do
Gênesis, bem como de todo o Pentateuco está, entre outras coisas, no fato de
que este Livro nos revela a existência de Deus, Sua ação criadora em todas as
coisas, Seu poder e soberania, a origem, do pecado, a as conseqüências das
rebeliões do homem contra Deus e a apresentação primeira do Evangelho da
salvação de Jesus
Cristo.
Se Satanás conseguisse negar o Testemunho que a Bíblia dá a
respeito de sua autoria, tudo o mais poderia estar sob dúvidas e suspeitas, até
mesmo a própria inspiração e autoria divina das Escrituras.
2 - A
respeito da criarão relatada em Gn 1, gostaríamos de dizer:
a) A criação foi feita em 6 dias, e isto pode
significar:
-
seis dias de 24 horas mesmo.
-
Deus teria dado a Moisés uma revelação
visionária em seis dias, sem preocupação cronológica. Seriam seis etapas, seis
períodos.
b) A seqüência criativa de Gênesis se coaduna com a
geológica: caos - separação de vapor em nuvens e águas - baixa o nível da água
e aparece a terra -vegetais peixes - anfíbios - aves - homem.
C) Sol e Lua aparecem, eles não foram criados aí, mas por
causa da dissipação das nuvens, eles tormam-se visíveis e são então
estabelecidos para regulamentação de ciclos e tempos. (1.14)
3
- O primeiro anúncio do Evangelho está em Gn.
3:15. Da mulher nasceria aquele que esmagaria Satanás, ainda que este ferisse o
calcanhar do Salvador. Compare com Jo 3.16; 12.31 e 32 e Ap 12.9.
4
- Há em Gênesis alguns textos que são
fundamentais para todo o Velho Testamento, bem como a Bíblia inteira. São os
seguintes:
a)
Gn 1. 1-3 - Deus faz uma promessa a Abraão, como
resposta e solução para todo o caos da humanidade contado de Gn. 1 a 11;
dar-lhe-ia uma terra, dele faria uma nação, e de sua descendência suscitaria
Aquele que abençoaria todas as nações.
b)
Esta promessa foi reafirmada a Isaque - 26:2-5,
e confirmada a Jacó – Gn
28.13-15.
São, portanto os pais da Aliança: Abraão, Isaque e Jacó.
Deus é o Deus da Aliança, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
A Bíblia é o desenvolvimento e o cumprimento desta
salvação, de resposta, remédio caos da humanidade.
c) Gn. 49 é profecia no Pentateuco, onde Jacó anuncia a
linhagem messiânica dentre seus 12
filhos, das 12 tribos Israel, Leia os versos 8-12.
Compare com os textos: Ap. 5:5; Mc. 11.1-11. Gn.
49.10 nos responde porque o Reino do Norte (o Reino de Israel com suas 10
tribos) foi arrasado pela Assíria. Ele arredara seu trono da tribo de Judá, o
Reino de Judá, fiel à profecia, foi preservado no cativeiro babilônico,
5 – Cristo está
abundantemente presente no livro de Gênesis:
a)
É o "dizer" criativo de Deus, é a
“Palavra” de Deus, por quem e para quem todas as coisas foram criadas.
"Disse Deus: Haja...” – Jo. 1.1 a 3.
b)
É o descendente da mulher que esmagará a cabeça
da serpente Gn. 3.15.
c)
É o descendente de Abraão que abençoará todas as
nações: Gn.12.1-3.
d)
Foi tipificado em Adão (I Co, 15.21 e 22), Abel
(Hb. 11.4), Melquisedeque (Hb. 7:
l -3), Isaque (um sacrifício inocente), e em José, o mais
rico de todos os tipos (santidade, sendo traído, em sofrimento inocente,
redimindo seus irmãos, assumindo o trono),
6 -
O livro de Gênesis Termina com as palavras, "num caixão no Egito”, e
simbolicamente é assim que vamos encontrar o povo ao encerrarmos a história do
Gênesis e iniciarmos o Êxodo, Um povo que havia descido da terra prometida para
o Egito apenas por um tempo, até saciar a sua fome; no entanto, acabou
acomodando-se e residindo ali numa terra que não era a sua e não lhe fora
prometida.
Sobre a questão da queda (cap. 3) –
observe:
1.
A
possibilidade de tentação. A árvore da ciência do bem e do mal foi posta a
fim de que o homem fosse experimentado e aprendesse a servir a Deus por sua
livre vontade.
2.
O autor
da tentação. A serpente representa “a grande serpente, o diabo” e é também
um agente seu.
3.
A
sutileza da tentação. A serpente conseguiu pôr uma dúvida na mente de
Eva.
4.
Êxito da
tentação. Adão e Eva desobedeceram a Deus e tornaram-se conscientes da
culpa.
5.
O
Primeiro juízo:
a)
Sobre a serpente: degradação.
b)
Sobre a mulher: dor e submissão ao homem.
c)
Sobre o homem: trabalho árduo até a sua morte,
num solo cheio de espinhos.
d)
Sobre o homem e seus descendentes: exclusão da
árvore da vida no Paraíso de Deus.
Êxodo – O livro da saída
O segundo livro
do Pentateuco toma o nome de Êxodo da saída dos hebreus do Egito, onde, depois
dos bons tempos de José, passaram a sofrer a mais dura escravidão. Esse
acontecimento, porém, nada mais foi do que o prelúdio de fatos muito mais
importantes na vida dos filhos de Israel, os quais, de um conglomerado de
famílias que eram, recuperando a liberdade, conquistaram verdadeira unidade de
nação independente e receberam uma legislação especial, uma forma de vida moral
e religiosa, pelas quais se distinguiram de todos os outros povos da
terra.
Com toda facilidade compreender-se-á a importância deste
livro, sobretudo em se pensando que, se a história civil das nações, mormente
as antigas, acha-se intimamente vinculada à religião e essa à moral, isto
jamais foi tão verídico como a respeito dos hebreus. As leis contidas no Êxodo
formam a essência da vida civil e religiosa do povo eleito.
Pelas razões citadas, os acontecimentos narrados no Êxodo
tiveram um eco enorme na memória das tribos israelitas. Em quase todas as
páginas do Antigo Testamento são recordadas a libertação da escravidão do
Egito, a prodigiosa passagem do mar Vermelho, os golpes tremendos com os quais
foi dominada a tenaz oposição do opressor egípcio, as grandiosas manifestações
divinas no Sinai, o sustento milagroso de povo tão numeroso no deserto. Daí
Israel deduzia os motivos mais fortes para ser grato e fiel a Deus, e conservar
uma confiança inabalável na sua providência soberana e nos seus próprios
destinos.
A cronologia do Êxodo, ou seja, o ano em que os hebreus
saíram do Egito, está naturalmente ligada à história desse país. Mas, já que a
Bíblia não fornece os nomes dos dois faraós, o da opressão (1.8, 2.23) e o da
saída (14.5), duas opiniões diversas se equilibraram entre os doutos, com
autoridade e número de defensores quase iguais. Para uns, o opressor seria
TotmésIII (1500-1450) e o outro Amênofis II (1447-1420), da XVIII dinastia;
para outros, no entanto, Ramsés II (1292-1225), da XIX dinastia, teria oprimido
ns hebreus, e seu sucessor, Menefta (1225-1215); tê-los-ia libertado. A segunda
opinião, que estabelece o século XIII a.C. para o Êxodo, parece-nos mais
condizente com o texto (1.11) e mais coerente com outros dados da história
sagrada e profana.
NOME - No
hebraico seu nome é "We’elleh Shemoth" ("e estes são os
nomes"), enquanto no grego, ÊXODO quer dizer "saída".
AUTOR - Moisés.
Neste livro ele é o protagonista de tudo, o personagem principal do
relato.
DATA DA ESCRITA -
Aproximadamente 1445 a.C., provavelmente na 1ª fase da caminhada pelo deserto
do Sinai,
TEMPO DA AÇÃO -
Relata desde o nascimento de Moisés (1526 a.C.) até o início da caminhada no
deserto do Sinai (1445 a-C.).
VERSO-CHAVE - É
o verso 10 do capítulo 3: - "Vem agora e eu te enviarei a Faraó para que
tires o meu povo, os filhos de Israel do Egito".
TEMA -
Libertação pelo sangue
É um livro de libertação, de redenção; e o caminho, o meio
sempre apontado aqui é o sangue. Neste Êxodo, libertação virá sempre através do
Sangue, e será seu tema e anúncio profético da obra de Jesus,
CONTEÚDO
A família de Jacó descera ao Egito para fugir da fome
reinante na terra, e isto foi providência Divina, através de José. Após
saciarem sua fome, contudo, não voltaram à sua terra, fruto da promessa de
Deus.
Acomodaram-se em terra alheia por terem sido bem tratados
pelo Faraó egípcio cuja dinastia era contemporânea a José.
Estar no lugar errado, no tempo errado, fora dos propósitos
de Deus sempre traz conseqüências nefastas aos servos de Deus, As dinastias que
se sucederam no trono egípcio não eram tão simpáticas ao povo de Israel e os
subjugaram, e os escravizaram ali no Egito. Foram 400 anos de cativeiro,
segundo a palavra, de Deus a Abraão (Gn 15.13), Este é o tempo que separa o
último verso do livro de Gênesis, do primeiro verso do livro do Êxodo.
Deus não os abandonara, embora desobedientes, Deus é
misericordioso e tem um plano para a humanidade através de seu povo Israel. Ali
no cativeiro não estavam mais apenas 70 homens da família de Jacó, mas 600.000
homens de um povo, o povo de Deus. Deus levanta um redentor, um libertador, com
sinais e prodígios, com poder, e através do sinal do sangue os salva do
cativeiro, É necessário atravessar o
deserto do Sinai para voltar à terra de Canaã, e este tempo de caminhada é
fundamental para que Deus forjasse neles algo novo e imprescindível, O povo
precisava ser transformado em nação, escravos precisavam ser preparados para a
liberdade da iniciativa, careciam de parâmetros básicos sobre a vontade de Deus
e da importância de submeteremse a ela. Deus precisava ser visto como seu Rei e
Governador, Por isto tudo vem a Lei no Monte Sinai.
DIVISÃO -Tal
como Gênesis, o livro do Êxodo pode também ser dividido em três grandes blocos
de assuntos, todos mnemonicamente iniciados pela letra L:
a)
A Libertação do povo de seu cativeiro Egípcio –
caps. 1 ao 12.
b)
A Locomoção através do deserto, caps. 13 ao
18.
c)
A Legislação recebida ao pé do Monte Sinai,
caps. 19 ao 40.
COMENTÁRIOS
A vida de Moisés pode ser dividida em três períodos iguais
de 40 anos, ver At 7.23, 30 e 36; Hb
11.23-29.
Na primeira fase até completar 40 anos de idade, ele estava
na corte egípcia preparando-se, sendo educado como um príncipe. Segundo Moody
neste tempo: ''ele pensava que era alguém",
Na segunda fase, dos 40 aos 80 anos de idade, após matar um
egípcio precisou refugiar-se no deserto, apascentando rebanhos. Foi conhecer
metro a metro o deserto por onda viria a peregrinar. Moody diz: “ele aprendeu
que não era ninguém”.
Sua terceira e última fase, dos 80 aos 120 anos, é o tempo
em que volta ao Egito, liberta o povo e peregrina pelo deserto. É o tempo do
seu ministério. Moody afirma que ele "descobriu o que Deus pode fazer com
um ninguém". Deus o preparou por 80 anos para usá-lo por 40 anos, O
contraste é belo, os seus primeiros 80 anos ocupam apenas os dois primeiros
capítulos do Êxodo, Enquanto seus últimos 40 anos ocupam todo o
Pentateuco,
2 - Poderíamos dizer que três grandes eventos marcam o
livro do Êxodo, como respostas de Deus às necessidades do povo de Israel:
a)
A libertação do Egito - Através do sangue
derramado, de um cordeiro inocente e sem mácula, passado sobre a verga da
porta, Deus os libertara do cativeiro egípcio,
b)
A entrega da lei - Após serem libertos,
precisavam conhecer melhor o seu Deus a fim de obedecê-lo e servi-lo, Assim, no
Sinai, Deus lhes provê a sua lei, c) A construção do Tabernáculo -
Conhecida a lei, tornava-se necessário um local para adoração e purificação dos
pecados. Deus lhes dá o tabernáculo.
3
- O povo se prepara para deixar o Egito durante
aproximadamente um ano, tempo em que Moisés negocia através das pragas com
Faraó. Ao deixar o Egito, caminham por 3 meses até o monte Sinai, e ao pé do
monte permanecem 11 meses, recebendo as leis e construindo o tabernáculo
(capítulos 19 ao 40),
4
- Nada é mais importante no livro do Êxodo do
que a Páscoa, ela tornouse festa anual. Ela comemorava a libertação do
cativeiro, a preservação dos primogênitos, lembrava a necessidade do sacrifício
de sangue para remissão de pecados e antecipadamente tipificava o sacrifício
nosso Cordeiro Pascal (Jo 1.29 e I Co 5.7).
5
- A aliança da Lei
Muitos pensam que com a vinda de Cristo, com o Novo
Testamento, deixa de fazer sentido a Lei do Antigo Testamento. É preciso que
aclaremos esta questão. A Lei teve pelo
menos três objetivos fundamentais:
a)
revelar aos homens o caráter e a vontade de
Deus, e não um caminho de salvação.
Deus espera que seu povo assim como Ele seja santo.
(Mt 5.l7).
b)
ser um teste de obediência, pois além de
motivá-los à santidade, Deus saberia se eles estavam dispostos a tê-lo como
Senhor e Rei através da obediência às Leis.
c)
revelar nosso caráter decaído e nossa
impossibilidade de obedecer a Lei por nós mesmos, e desta forma sermos
conduzidos ao reconhecimento da absoluta necessidade da graça de Deus para
nossa aceitação diante dele. (Gl 3.24).
6 -O tabernáculo é a
provisão de Deus para um meio de culto, adoração, comunhão e remissão de
pecados pelo sacrifício de sangue.
Ele é um tipo de Cristo, e cada parte, elemento ou mobília
simbolizam aspectos da vida, obra e morte do Senhor Jesus.
Levítico – Um compêndio das leis de
Israel
Este livro traz
o nome de Levítico, por tratar quase exclusivamente dos deveres sacerdotais.
Poder-se-ia compará-lo a um ritual.
Com exceção de dois trechos históricos (8.10, 24.10-23),
compõe-se inteiramente de leis que visam à santificação individual e nacional.
Santificação, de per si ritual e exterior, que, porém, simboliza e promove
certa santidade interior e moral. Toda a matéria pode ser dividida em cinco
partes:
1a Leis
relativas aos sacrifícios (1.7):
Os sacrifícios são de cinco espécies; duas séries de leis: l a série
- o rito de cada sacrifício (1.5), holocausto (1), oblação de vegetais (2),
sacrifício salutar (3), sacrifício expiatório (4), sacrifício de reparação (5).
2a série -direitos e deveres dos sacerdotes em cada espécie de
sacrifícios (6-7).
2a Consagração
dos sacerdotes (8.9): Nadab e
Abiú são punidos por terem usurpado um ofício sagrado (10.1-7). Várias
prescrições para os sacerdotes (10.8-20).
3a Leis
sobre a pureza legal (11.16):
dos alimentos (11), da puérpera (12), da lepra nas pessoas (13.1-46, 14:1-32),
nas vestes (13.47-59) e casas (14.33-57); sobre a gonorréia (15). Rito para o
dia solene de expiação (16).
4a Leis
sobre a santidade (17.23): a) do povo (17.20); matança dos animais, uso do
sangue, unicidade do santuário (17); prescrições que regulam os atos sexuais
(18); várias prescrições religiosas e morais (19); punição para os
transgressores (20); b) dos sacerdotes: núpcias e luto (21.1-15);
irregularidades (21.16-24); impureza cerimonial (22.1-16; qualidades das
vítimas (22.17-30); conclusão (22.31-33); c) dos dias festivos: solenidades
anuais e o sábado (23).
5a Determinações
diversas: lâmpadas no santuário e pães da apresentação (24.1-9); pena para
o blasfemador (24.10-23); prescrições para o ano sabático e jubileu (25);
promessas e ameaças relativas a observância da lei (26); votos e dízimos
(27).
O sacrifício, o ato mais sagrado, da religião, isto é,
oferecer a Deus vítimas, animais ou vegetais, não foi instituído por Moisés,
mas remonta às próprias origens da humanidade (Gn 4.3-4). Moisés encontrou o
seu uso estabelecido e arraigado entre todos os povos. Nas tabuinhas
recentemente descobertas em Ras Shamra (antiga Ugarit), na Fenícia
setentrional, anteriores alguns séculos a Moisés, são mencionadas espécies
idênticas de sacrifícios, até mesmo com nomes iguais (afinidade das duas
línguas) aos do Pentateuco. Moisés, com suas leis, só regulamentou e consagrou
ao culto do verdadeiro Deus um cerimonial já praticado, deixando ainda toda
essa legislação dos sacrifícios separada das condições essenciais do pacto
celebrado entre Deus e o seu povo (Ex 19.23).
NOME - No
hebraico seu nome é “Wayyiqra" ("E chamou o Senhor”) que são como já
vimos anteriormente as primeiras palavras deste livro.
No grego, "LEVÍTICO"
significa "Leis dos levitas".
Por excelência este é na verdade um livro onde o Senhor nos
chama e nos fala
–
(4. l; 6.1,8; 8.1, etc,)
AUTOR -
Moisés
DATA DA ESCRITA -
Aproximadamente 1445 a.C. - provavelmente fase da caminhada pelo deserto do
Sinai,
TEMPO DA AÇÃO -
Em 1445 a.C., nas últimas semanas do povo ao pé do Monte Sinai, enquanto
recebiam as leis.
VERSO-CHAVE –
19.2 ou 20.26 - "Ser-me-eis santos, porque eu o Senhor sou
santo."
TEMA
- SANTIDADE
Este livro é um manual de leis para os levitas e sacerdotes
regerem suas vidas e ministrarem ao povo, com princípios morais, espirituais,
éticos, Litúrgicos e cerimoniais, visando a santidade do povo.
CONTEÚDO
Após caminharem três meses pelo deserto do Sinai, o povo de
Israel chega ao pé do Monte Sinai. Depois de experimentarem a libertação, eles
precisavam conhecer o caráter, a vontade, as leis do seu Deus, seu Senhor, a
fim de segui-
Lo, obedecê-Lo e agradá-Lo,
Permanecem 11 meses parados recebendo estas orientações.
Desde Êxodo 19, e por todo o livro do Levítico, encontramos Deus comunicando-se
com eles, através de Moisés. São leis morais, espirituais, comportamentais,
cerimoniais etc, Deus quer se envolver com tudo o que nos diz respeito como
pessoas, como indivíduos,
Em Gênesis conhecemos o Deus Todo Poderoso, Criador,
Soberano; em Êxodo descobrimos o Deus Libertador e Salvador; agora em Levítico
conhecemos o Deus Santificador, o Deus que deseja conduzir-nos ao que há de
mais aceitável no culto, na saúde, no relacionamento interpessoal, além disto
tudo, há significados típicos messiânicos nos costumes, festas, ritos; e leis,
os quais encontraram completo cumprimento e compreensão em Cristo (Hb
10.1). Deus separa a tribo de Levi para
o serviço no tabernáculo, e Arão e sua descendência para o sacerdócio. E o
pacto Levítico em Lv 8,9 e Nm 8.
DIVISÃO -
Podemos dividir o livro em cinco blocos de assuntos, todos mnemonicamente
iniciados com a letra “S”.
a)
Sacrifício - caps. l
ao 7
b)
Sacerdócio caps. 8 ao 10 caps.
c)
Saúde 11 ao 15 caps.
16
d)
Separação ao 22 caps. 23
e)Solenidades ao 27
COMENTÁRIOS
1
- No último capitulo de Êxodo, Moisés terminou a
construção do tabernáculo e Deus está presente ali, No primeiro capítulo de
Levítico, Deus está chamando Moisés e começando a ditar-lhe dali, leis para o
povo. Após os dez mandamentos e o
tabernáculo, o povo precisava aprender a forma correta de cultuar, adorar e
consagrar-se.
Também em nossas vidas esta é a ordem dos acontecimentos, À
libertação do cativeiro do pecado e do mundo, seguem-se: o conhecimento da
Vontade de Deus, encontrar-se o seu lugar de culto e seu povo, então a
adoração, o louvor, o serviço e a consagração.
2
- As palavras oU expressões que mais aparecem
neste livro são bem sugestivas:
a)
"Disse o Senhor a Moisés'' - 56 vezes -
Enfatiza a autoria mosaica e o fato de ser
o próprio Deus aquele que lhe ditava as leis.
b)
"Expiação" - 51 vezes - A expiação do
pecado é o pagamento do preço, é o cumprimento do rito sacrificial, é a
substituição do pecado pela oferta que paga em seu lugar. A expiação é a
provisão do Deus justo e misericordioso para com Ele mesmo, um Deus santo que
não pode conviver com o pecado.
c)
“Sangue” – 93 vezes. É o sangue que fará
expiação” Lv.17.11 e Hb.9.12. Vida pagando por vida, sangue inocente
substituindo o sangue culpado, é uma lição simbólica apresentada por Deus desde
o Éden, quando após o pecado de Adão e Eva eles precisaram cobrir-se com pele
de um animal pela primeira vez sacrificado por mãos humanas.
Só quem entende esta mensagem enfática de Levítico,
entenderá o sacrifício de Jesus no Calvário. Seu sangue derramado reúne o
significado de todas as ofertas do Antigo Testamento.
d)
''Santo" - 93 vezes - santo significa
"separado", Levítico fala de leis para adoração, vida e serviço de um homem separado
para Deus. A ênfase da palavra revelanos antecipadamente a mensagem de toda a
Bíblia: o Deus Santo
só espera santidade daqueles que O adoram e O
servem, Santidade é neste livro, tema,
palavra enfática e verso-chave.
3
- "As instruções quanto à santidade, dadas
pelo Senhor em Levítico, não foram dadas como se apontando um caminho de
salvação, mas de aproximação de Deus, A redenção foi tipificada no cordeiro de
Páscoa no Êxodo".
4
- Há cinco tipos de ofertas apresentadas no
Livro de Levítico, e eles ocupam os seis primeiros capítulos do livro.
a)
Os holocaustos - eram sacrifícios de
consagração, oferecidos diariamente, Pela manhã e à tarde, o animal macho, sem
sua pele, era completamente queimado. Lv. 1.
b)
Oferta de manjares ou de cereais - é uma oferta
de comunhão e ações de graça. Lv, 2. Feita com farinha e azeite, Representava a
oferta de uma dádiva ao Senhor de tudo em reconhecimento de sua bondade.
c)
Oferta pacífica - é também uma oferta de
comunhão com Deus e de ações de graça. Lv. 3. Esta, contudo, era realizada com
um animal macho ou fêmea sacrificado e queimado ao Senhor.
d)
Oferta pelos pecados - Lv 4 e 5 - é oferta para
expiação pecados. Se nas primeiras ofertas, o ofertante apresentava-se como um
adorador, agora ele é um convicto pecador em falta com Deus. O sangue do animal
derramado reconhece que sua vida, a do ofertante, é que deveria estar sendo
entregue, mas Deus em sua misericórdia propôs este sacrifício substitutivo, o
qual prenuncia o sacrifício vicário de Cristo.
e)
Oferta pela culpa – Lv 5.14-6.7 e Lv.7: 1-10. É
a oferta pela expiação de pecados contra Deus ou homens, que admitiam
compensação. Também compreendia derramamento de sangue animal inocente e mais
restituição do que fora extorquido ou furtado mais um quinto, ao ofendido (Lv.
6.4 e 5),
5 - As festas dos judeus (Lv 23)
com suas datas, ritos e significados típicos são:
a)
Semanais
- o sábado. O sétimo dia da semana era separado para o descanso e todo homem
devia abster-se de qualquer trabalho. Os sacerdotes faziam oferta em dobro e
traziam novos pães da proposição ao tabernáculo.
Tipificava o crente descansando na obra concluída por
Jesus. 4.1-10,
b)
Mensais
- a lua nova. Realizava-se no dia da lua nova e anunciada ao som de trombetas.
Não era proibido o trabalho, mas sacrifícios em dobro eram oferecidos, A Lua
nova do sétimo mês em outubro indicava o começo do ano civil e a festa do Ano
Novo judaico recebia o nome de Festa das trombetas. Esta era de completo
descanso e as trombetas tocavam bem mais fortes e demoradamente.
Tipificava a reunião do povo de Israel.
c)
Anuais
- Páscoa e pães asmos - A páscoa era
comemorada no dia 14 de abril (mês de Abibe) e lembrava a libertação do
cativeiro egípcio. Tipificava a crucificação de Cristo e a nossa conseqüente
libertação do pecado (l Co 5.7). A Festa
dos pães asmos ia de 15 a 22 de abril, como continuação da Páscoa, comemorando
as dificuldades da fuga apressada e tipificando a necessidade de uma vida limpa
do fermento do pecado.
Pentecostes - Também chamada festa das semanas, era
comemorada 49 dias
(7
semanas) após a oferta das primícias. Tinha como objetivo agradecer pela
colheita da cevada e dedicar a próxima colheita do trigo, Tipificava a descida
do Espírito Santo.
Festa dos Tabernáculos
- de 15 a 22 de Tisri (outubro). Comemorava a peregrinação de Israel pelo
deserto e o cuidado de Deus por eles. Regozijavase pela complementação das
colheitas. Enquanto celebravam a festa, moravam em tendas de ramos.
Tipificava a paz e a prosperidade do milênio, Zc 14.16. Era
a última festa do ano.
Dia da expiação - Em 10
de Tisri (outubro) - Expiavam todos os pecados do ano todo, que não haviam ainda sido expiados.
Neste dia o Sumo-Sacerdote oferecia um novilho por si mesmo e então entrava no
Santo dos Santos. Apenas nesta data ele assim fazia.
Dois bodes eram levados à cerimônia, a sorte era lançada
sobre eles. Um era sacrificado e o outro era enviado para o deserto, carregando
toda a culpa que sobre ele o sumo-sacerdote colocava. Era o emissário ou
expiatório, Ambos os bodes tiveram
significado em Cristo, que foi sacrificado na cruz, assim como morreu fora da
porta (Hb 13.12) carregando nossas culpas.
Números – O livro dos censos de Israel
O quarto livro
do Pentateuco recebeu o nome de Números (em grego Arithmoi, que aqui tem o
sentido de "recenseamentos") por causa dos
"recenseamentos",que são próprios deste livro e
que lhe dão a sua feição particular. Contém, além disso, alguns fatos que se
ligam imediatamente aos acontecimentos narrados no Êxodo, e leis semelhantes às
do Levítico. Pode ser dividido facilmente, de acordo com os lugares e tempos,
em três partes: no Sinai (1.1-10.10);
viagens através do deserto (10.11;
21.35); na margem oriental do Jordão
(22.36).
1a parte. No Sinai:
disposições para a partida: 20 dias. Recenseamento das tribos e respectivas
posições no acampamento (1.2). Os levitas: seu destino e recenseamento; divisão
por famílias e por ofícios. Leis: banimento dos impuros, restituições, ciúmes,
nazireato, bênção litúrgica. Últimos fatos: donativos dos chefes das tribos ao
santuário, consagração dos levitas, segunda Páscoa (9.114), sinais para a
partida e para a parada, as trombetas (9.15-10.10).
2a parte. Viagem
através do deserto: Do Sinai a Cades: partida e ordem de marcha (10.1136),
murmuração do povo, as codornizes, a lepra de Maria, irmã de Moisés. Parada em
Cades: missão dos doze exploradores e queixas do povo; leis sobre as oblações e
primícias, sobre o sábado e os filactérios; sedição de Coré, Datan e Abirão, e
sua punição e confirmação do sacerdócio na família de Arão; relações entre
sacerdotes e levitas, emolumentos de uns e de outros; a água lustral; sedição
do povo por falta de água (20.113). De Cades ao Jordão: os edomitas negam
passagem pelas suas terras; morte de Arão (20.14-29); queixas do povo e
castigo, a serpente de bronze (21.1-9); vitória sobre os amorreus e conquista
de Basan (21.10-35).
3a parte. Na margem oriental do Jordão: cerca de
cinco meses. A matéria desta parte, mais por ordem lógica do que por ordem do
texto, pode ser assim agrupada: últimos encontros com os povos da
Transjordânia; Balaão e seus vaticínios (22.24); prostituição a Beelfegor (25);
guerra santa contra os madianitas e leis sobre a divisão dos despojos (31);
lista das etapas (33). Grupo de leis: herança (27.1-11), festas e sacrifícios
(28.29), votos (30). Disposições para a ocupação da terra prometida. Segundo
recenseamento (26); nomeação de Josué (27.12-23). Distribuição da Transjordânia
(32); normas para a ocupação e distribuição da Cisjordânia (33.50-34.12);
designação das cidades levíticas e de refúgio (35); disposições para manter
inalterada a primitiva distribuição (36).
A julgar pelo resumo, o presente livro compreende um
período de cerca de trinta e oito anos e meio. Sobre a maior parte desse
período (os trinta e oito anos no deserto) narra-nos apenas uns poucos fatos,
mas muito notáveis pelo significado religioso, como a serpente de bronze, a
sedição de Coré, os vaticínios de Balaão, a água brotada da rocha.
No centro do drama acham-se dois fatos semelhantes entre
si, duas sedições do povo contra Moisés, executor das ordens divinas; a
primeira (14), originada pela repugnância em empreender a conquista da
Palestina; a segunda (20), por falta de água. Conseqüência ou punição da
primeira foi a longa demora da nação inteira no deserto da península sinaítica;
a segunda envolvendo o próprio Moisés, que por um instante duvidou da clemência
divina e por isso teve de deixar a outros o remate de sua obra, a conquista de Canaã.
NOME - No
hebraico chama-se "Bemidbarth” pois "no deserto" são suas
primeiras palavras.
No grego, "NÚMEROS"
é o seu nome, pois há dois censos registrados nos capítulos 1 e 26,
AUTOR - Moisés
(Nm 33.2)
DATA DA ESCRITA -
Em tomo de 1406 a.C., ao final de sua caminhada pelo deserto.
TEMPO DA AÇÃO -
O conteúdo deste livro refere-se aproximadamente 39 anos, que é o período da
caminhada do povo de Israel desde o pé Monte Sinai até a chegada definitiva à
entrada de Canaã. Compreende de 1445 a 1406 a.C.
VERSO-CHAVE - 33.1 – “São estas as caminhadas dos filhos de
Israel que saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, sob as ordens
de Moisés e Arão."
TEMA - PEREGRINAÇÃO
Enquanto o povo esteve parado aos pés do Sinai, recebendo
as leis, 11 meses se passaram (o relato deste período está desde Êxodo 20 até o
final do livro do Levítico). Agora o povo se levanta para caminhar e o faz
durante 39 anos. Seus acontecimentos, sucessos e fracassos descritos no livro
de Números,
CONTEÚDO
Este livro começa com o povo preparando-se para a jornada à
terra prometida. O plano de Deus era que em poucas semanas eles chegaressem à
Canaã.
Moisés por ordem de Deus os conta (600 mil homens), e os
organiza.
Espias são mandados à terra prometida e em 40 dias
retornaram com o relatório. Havia
gigantes na terra, povos que ali proliferaram durante aqueles 400 anos que
Israel permaneceu no Egito. O povo se esqueceu do poder e do cuidado de Deus,
não deram ouvidos a Josué e Calebe, e murmuraram contra Deus.
Incredulidade!
Como castigo, Deus os faz peregrinarem em torno de Cades
por mais 39 anos, caminhando sem chegar a lugar nenhum (Nm 33). Até que aquela
geração adulta, incrédula morresse, e seus filhos numa nova geração entrassem
na posse da terra de Canaã. Aí então um novo senso é feito. Mantinha-se o
numero de 600 mil homens, (Nm 26.63-66).
Os censos são mais do que lições de ordem e disciplina de
Deus, são demonstração de sua fidelidade e cuidado, pois mesmo castigando com a
morte a primeira geração incrédula, Deus preservou o número que tomariam posse
da promessa.
Números é um livro de peregrinação, de números, mas é
também um livro de murmuração e rebeliões.
DIVISÃO - O
relato das caminhadas do povo de Israel pelo deserto pode ser feito
dividindo-se segundo três marcadas Etapas;
a)
No Sinai - caps. 1 a 10.10
É a preparação para a saída. Há um censo, purificação e
consagração. Aqui, 20 dias são gastos.
b)
De Sinai a Cades - caps. 10. 11 a 20
Inicia-se com o envio dos espias a Canaã, cuja viagem de
ida e volta leva 40 dias. Por causa da incredulidade, peregrinam mais 39 anos
em tomo de Cades até chegarem novamente à entrada de Canaã.
c)
De Cades a Moabe - caps. 21 a 36
Os cinco últimos meses do deserto, e a chegada à entrada de
Canaã.
COMENTÁRIOS
1 - Os títulos dos livros do Pentateuco em muito nos ajudam
à lembrança de seu conteúdo, Números é um livro de peregrinação, pois o povo
aqui (ao contrário de Levítico onde o povo está parado) está sempre andando,
mas é sobretudo um livro de números pois:
a) Há
dois censos realizados, um ao início da caminhada ( Nm.1) e outro ao
final, 38 anos depois, (Nm. 26),
Por que o povo foi contado? (1.3) / Em preparação de que?
(13.30) / qual foi uma das razões? Por que era necessário que a distinção entre
as tribos (1.2,4) fosse conservada em Israel (Hb 7.14), também a distinção
entre as famílias? (Lc.1.27). Que tribo não foi contada com as outras? (1.49) /
Por quê? (1.50)/ Quem deveria dirigir a marcha? (2.3; 10.14) / Por quê?
(Gn.49.14) / Qual foi o total do censo? (2.32) / Qual foi o número dos levitas?
(3.39). b) A palavra "números" aparece 125 vezes no
livro.
2 - Deus os guiava e cuidava com todo amor e poder:
a)
De dia eram guiados por uma nuvem e à noite por
uma coluna de fogo. Não sabiam para onde e nem por onde iam, seguiam a nuvem.
Onde ela parava, eles paravam, (Nm.
9 15 – 23).
b)
Seus sapatos nunca se gastavam e as roupas não
envelheciam (Dt.29:5).
c)
O maná caia do céu diariamente, porção
suficiente para um dia apenas.
Eles estavam no deserto, sem estradas, sem parâmetros, sem
fontes, sem armazéns, e no dia a dia, passo a passo, eram guardados e guiados
por Deus.
Uma lição cotidiana de confiança, entrega e descanso.
3
- O povo, contudo deixou que a beleza e a
sublimidade de toda aquela sobrenaturalidade se transformasse em algo comum e
monótono. Bocejou, resmungou, rebelou-se e murmurou, tendo saudades dos alhos e
cebolas dos tempos do cativeiro egípcio, Nós também algumas vezes não agimos
assim? Acostumando-nos com o sublime, com o sobrenatural de Deus,
banalizando-o, monotonizamos a graça multiforme de Deus. Sempre que assim o
fazemos, vem a saudade dos alhos que comíamos quando escravos do mundo!
4
- Houve ciúmes e competição por liderança, por
fama e reconhecimento, no coração de Miriã e Arão, em relação a Moisés. Deus
irou-se com isso (Nm 12.9). Deus só teve complacência dos invejosos pela
intercessão de Moisés (Nm 12.13).
5
- Moisés não entrou na terra prometida porque em
sua ira contra o povo que murmurava mais uma vez, desobedeceu a Deus. Feriu a
rocha pela segunda vez quando apenas deveria falar a ela, para que a água
jorrasse (Nm, 20), Veja que na primeira
vez Deus mandou ferir a rocha e esta jorrou água (Ex 17.6), Agora devia apenas
falar a ela, mas ele desobedeceu.
Em Números 20.11, Deus lhes deu água, mas castigou a
Moisés. Cristo era a rocha simbolicamente (l Co 10.4) e para que a égua da vida
fluísse em nossa direção ele precisava ser ferido na cruz apenas uma vez, por
todas. (Hb 9. 28; 10. 12 e 14).
6
- São tipos de Cristo no livro de Números:
a)
A rocha que não podia ser ferida duas
vezes.
b)
A vara florescida de Arão - Nm. 17
A autoridade sacerdotal de Arão foi confirmada quando a sua
foi a única vara que, das mãos dos outros pretensos líderes, da morte
floresceu.
Jesus é o único líder que ressuscitou. Entre todos os
pretensos sacerdotes do mundo, Ele é o único em quem brotou vida, da
morte. c) As serpentes abrasadoras - Nm.
21
O povo murmurador era mordido e envenenado por serpentes. A
única saída, o único caminho de salvação era contemplarem com fé uma serpente
de bronze levantada numa haste.
Da mesma forma Cristo (Jo 3.14) identificou-se conosco,
fazendo-se culpado por nós, e sendo levantado na cruz, para que ao olharmos seu
sacrifício com fé, nele nos vendo, sejamos salvos.
Deuteronômio – A repetição da lei
O quinto e
último livro do Pentateuco foi chamado Deuteronômio, isto é, "segunda
lei." O livro não é uma simples repetição da legislação contida nos livros
precedentes, mas além de leis novas, oferece complementos, esclarecimentos e
modificações às primeiras. É, de certo modo, uma segunda lei, promulgada no fim
da longa peregrinação dos israelitas, paralela à lei dada no Sinai e destinada
a regular mais de perto a vida do povo escolhido, no solo da Terra Prometida à
qual eles estavam para chegar e dela tomar posse definitiva. Não é, porém,
simples enumeração de leis e determinações; o que caracteriza esse livro, o que
lhe constitui a alma, é um ardente sabor oratório.
Percebe-se um Moisés que exorta, encoraja, invectiva;
inculca à observância das leis, a começar dos grandes princípios morais; apela
para os mais poderosos motivos, evoca a glória do passado, a missão histórica
de Israel, os triunfos do porvir. Na mente do autor sagrado temos o testamento
definitivo, que o grande guia e legislador deixa ao povo de Deus às vésperas da
sua morte. Pelo estilo, o Deuteronômio é um discurso, ou melhor, vários
discursos, dirigidos por Moisés aos israelitas. Deduz-se daí a divisão do livro
em quatro partes:
1a parte: 1° discurso
(1.4): olhar retrospectivo aos fatos acontecidos desde a partida do Horeb
até às últimas conquistas da Transjordânia; exortação geral à observância da
lei (4.1-40).
2a parte: 2°
discurso: renovação da lei (4.44-26.19). Princípios gerais: o Decálogo (5),
o culto e o amor ao único Deus verdadeiro (6), guerra à idolatria (7),
benefícios de Deus, censura da infidelidade anterior de Israel, promessas e
ameaças (8.11).
Leis especiais:
Deveres religiosos. Unicidade do santuário e disposições relativas (12.128);
contra a apostasia (12.29-13.18); alimentos e dízimos (14); ano da remissão
(15); as três grandes solenidades anuais (16.1-17).
Direito público:
Juizes (16.18-17:13), rei (17.14-20), sacerdotes (18.18),.profetas (18.9-22);
homicídio involuntário (19), guerra (20), homicídio por mão desconhecida
(21.1-9). 3) Direito familiar e privado. Grande variedade; os pontos principais
são: matrimônio (21.10-14, 22.13-23,) e filhos (21.15-20), o divórcio (20.1-4),
levirato (25.5-10), deveres de humanidade (22.1-12, 23.16-20, 24.6-25,
honestidade (25.11-19), votos (23.22-24), primícias e dízimos (26).
3a parte: 3° e 4°
discursos: ordem de promulgar a lei em Siquém, maldições para os
transgressores (27), ameaças e promessas (28). Exortação à observância da lei,
com a recordação dos fatos históricos, das promessas e das ameaças
(29:30).
4a parte. Apêndice
histórico: últimas disposições de Moisés, nomeação de Josué, seu sucessor
(31); cântico de Moisés (32), bênção das doze tribos (33), morte de Moisés
(34).
Amor de Deus, beneficência, alegria no cumprimento do
dever, eis as principais características do Deuteronômio, princípios inculcados
e repetidos com solicitude incansável. Por isso, perpassa-o um sopro ardente de
sincera e profunda piedade para com Deus e uma ternura simpática pelo homem,
que edifica e comove. Há páginas que se aproximam da sublimidade divina dos
ensinamentos evangélicos, mais do que quaisquer outras.
NOME - As
primeiras palavras do livro em hebraico são: "estas são as palavras",
por isto seu título em hebraico é "Elleh haddebharim".
No grego, "DEUTERONÔMIO"
significa "segunda lei".
AUTOR - Moisés,
o qual refere-se a si mesmo 38 vezes neste livro (31.9 e 2426)
DATA DA ESCRITA - 1406 a,C, nos últimos dias de vida de
Moisés.
TEMPO DA AÇÃO –
É o registro de discursos e cânticos de Moisés durante seus dois últimos meses
de vida, talvez fevereiro e março de 1406 (Dt 1.3).
VERSO-CHAVE - É
o 12.1 - "São estes os estatutos e os juízos que cuidareis de cumprir na
terra que vos deu o Senhor, Deus de vossos pais, para a possuirdes todos os
dias que viverdes sobra a terra".
TEMA - OBEDIÊNCIA
Moisés, à entrada de Canaã, faz uma retrospectiva de toda
história do povo no deserto, sob um apelo à nova etapa a ser vivida enfim na
terra prometida,
CONTEÚDO
Após 40 anos de caminhada no deserto enfim aproximava-se o
momento de entrarem novamente na posse da terra de Canaã.
Chegam às campinas de Moabe e de lá avistam a terra que
mana leite e mel. Já estiveram ali os doze espias, e por causa de seu relatório
infamante, aliado à incredulidade do povo, tiveram, que andar mais 39 anos pelo
deserto.
Morreu a primeira geração, a geração incrédula, a geração
que atravessou o Mar Vermelho, que recebeu os dez mandamentos e as demais leis
do Sinai, que viu muitos sinais e prodígios. Chega às portas de Canaã uma nova
geração e é por isto, antes de entrarem na posse e gozo desta terra prometida,
que Moisés gasta com eles longo tempo em lembranças, especialmente das leis do
Senhor, para que tudo na nova terra, "te vá bem".
Deuteronômio é um livro de cânticos e de discursos de
recordações da lei e das peregrinações, de advertências, de bênçãos (se
obedecerem) e de maldições (se desobedecerem).
DIVISÃO - Moisés
faz quatro discursos em Deuteronômio, e poderíamos dividir o livro,
didaticamente desta forma:
a)
Recorda! - 1° discurso - caps, l ao 4
b)
Obedece! - 2° discurso - caps, 5 ao 26
c)
Cuidado! - 3° e 4º discursos – caps. 27 ao
34.
Ou ainda como sugere Henrietta Mears, um seu livro “Estudo
Panorâmico da Bíblia" - Ed. VIDA:
a)
Olhando para trás – l° discurso – caps. 1 ao
4
b)
Olhando para o alto - 2° discurso - caps. 5 ao
26
c)
Olhando para a frente - 3° e 4º discursos -
caps. 27 ao 34
COMENTÁRIOS
1
- Os títulos dos livros do Pentateuco, no
hebraico, são as suas primeiras palavras, e no grego são a idéia predominante
no livro, ajudando assim, a memorizar seus conteúdos, Gênesis - trata dos
princípios, origens.
Êxodo - Trata da saída, caminhada.
Levítico - trata das leis.
Números - trata da contagem do povo, dos censos, das
jornadas. Deuteronômio - trata da segunda lei, repetida ao povo.
2
- Deuteronômio é considerado por muitos
estudiosos o livro mais importante do Antigo Testamento pois:
a)
É o livro preferido e mais citado por Jesus,
inclusive no diálogo com Satanás. Dt
8.3; 6.16; 6.13 e 10.20; Lc 4.4, 8, 12
b)
Contém 259 referências aos demais livros do
Pentateuco, é citado 356 vezes
pelos outros livros do Antigo Testamento e mais de 190
vezes no Novo
Testamento,
c)
Contém toda a súmula da teologia do Velho
Testamento e é o livro que mais trata de
questões do relacionamento humano em toda a Bíblia.
3 - Porque repetir muitos dos
textos de Êxodo e Números em Deuteronômio?
Porque o objetivo do Deuteronômio era preparar a nova
geração de Israel para a posse da terra de Canaã através da recordação de
muitos fatos aos quais eles não estiveram presentes e eram fundamentais ao
aprendizado,
Porque há pequenas diferenças entre as leis do Êxodo e as
mesmas leis quando aparecem no Deuteronômio?
Porque as circunstâncias no deserto eram diferentes
circunstâncias e condições de Canaã. Moisés que fora o mesmo instrumento de
Deus nas duas ocasiões, agora reapresentava as leis numa perspectiva nova,
Há mais ênfase no amor de Deus e ao próximo, há mais ênfase
no relacionamento humano, fala mais ao coração e à consciência que ao
intelecto, enfatiza de forma inevitável a relação que há entre obediência –
bênção, desobediência - maldição.
4
- É bom lembrar que a Terra de Canaã, prometida
a Abraão e sua
descendência já fora posse da família de Abraão e até de
toda a família de Jacó. Enquanto Jacó
desceu ao Egito, durante o período de grande fome no mundo, e lá contra a
vontade de Deus permaneceu (até que caiu cativo por 430 anos), neste intervalo
de tempo outros povos alojaram-se ali e a ocuparam,
Estes povos pagãos e idólatras é que precisavam ser
exterminados, para a retomada da terra, o que foi feito sob o comando de
Josué.
5
- Há uma profecia messiânica em Deuteronômio 18.
18 e 19. O povo
passou a esperar um profeta semelhante a
Moisés, Veja Lc 9.19 ; At 3.22 ; At.
7.37; Jo 1.20 e 21
6
- Moisés morre aos 120 anos e seu corpo nunca
foi encontrado enterrado por Deus,
Ele entoa um cântico antes de morrer Dt 32 (Já havia
entoado outro na libertação do cativeiro: Ex 15 e o conhecido Sl 90).
Livros Históricos
Introdução
Na continuação do
Pentateuco encontram-se os livros históricos.
No cânon da
Bíblia Hebraica, os seis livros de Josué, Juízes, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis e
2Reis formam um conjunto que é denominado genericamente de Profetas
anteriores.
Esse título vem
de uma antiga tradição, segundo a qual esses livros foram compostos por alguns
dos profetas de Israel. Quanto ao qualificativo "anteriores", parece
deverem-se ao lugar que lhes foi reservado no cânon hebraico, para
diferenciá-los dos "Profetas posteriores": Isaías, Jeremias, Ezequiel
e os doze Profetas Menores.
A fé do povo
israelita descobriu nesses livros os vínculos estreitos que existem entre a
história narrada e a mensagem profética que nela se proclama. Personagens como
Josué, Samuel, Débora, Gideão, Saul, Davi e Salomão, principais protagonistas
dos fatos registrados nesses livros, fazem parte do plano de salvação disposto
por Deus em favor do ser humano. Todos eles, homens e mulheres pertencentes a
diferentes etapas da vida de Israel, foram contemplados no Judaísmo desde a
dupla perspectiva da sua realidade histórica e do fato de terem sido escolhidos
como instrumentos para cumprir um desígnio divino de salvação. Nessa dupla
perspectiva se estriba a consideração deles como profetas. Por isso, junto com
eles enquanto pessoas, os textos a eles atribuídos foram reconhecidos também
como de caráter profético.
Atualmente, se
costuma chamar o conjunto dos Profetas anteriores de História Deuteronomista.
Essa denominação
se deve à influência exercida sobre a interpretação da história pela teologia
do Deuteronômio, influência que é perceptível de modo especial na avaliação dos
comportamentos humanos, considerados tanto no âmbito individual como no coletivo
(cf., p. ex., Dt 12.2-3 2Rs 17.10-12).
Josué
Autor: Incerto
(Josué)
Data: Cerca de
1400—1375 a.C.
Autor
O autor do Livro
de Josué não pode ser determinado pelas Escrituras. O uso do pronome “nós” e
“nos” (como em 5.6) sustenta a teoria de que o autor deve ter sido testemunha
de alguns acontecimentos que ocorreram durante este período. Js 24.26 sugere
que o autor de pelo menos grandes seções foi o próprio Josué.
Outras passagens,
entretanto, não poderiam ter sido escrita por Josué. Sua morte é registrada no
capítulo final (24.29-32). Vários outros acontecimentos que ocorreram após a
sua morte são mencionados: A conquista de Hebrom por Calebe (14.6-15); a
vitória de Otniel (15.13-17); e a migração para Dã (19.47). Passagens paralelas
em Jz 1.10-16 e Jz 18 confirmam que esses acontecimentos ocorreram após a morte
de Josué.
É mais provável
que o livro tenha sido composto em sua forma final por um escriba ou editor
posterior, mas foi baseado em documentos escritos por Josué.
Data
O Livro de Js
cobre cerca de vinte anos da história de Israel sob a liderança de Josué,
assistente e sucessor de Moisés.
A data comumente
aceita da morte de Josué é por volta de 1375 aC. Portanto, o livro engloba a
história de Israel entre 1400 AC e 1375 AC e é provável que tenha sido
compilado pouco tempo depois.
Contexto
Histórico
O livro começa
nas vésperas da entrada de Israel em Canaã. Politicamente, Canaã se dividia em
várias cidades-estados, cada uma com seu governo autocrático e todas hostis
umas com as outras. Moralmente, as pessoas eram depravadas; a anarquia e a
brutalidade eram comuns. A religião Cananéia enfatizava a fertilidade e o sexo,
adoração da serpente e o sacrifício de crianças. O cenário estava estabelecido
e a terra propícia para a conquista.
Em contrapartida,
o povo de Israel estava sem pátria havia mais de quatrocentos anos (Gn 15.13).
Eles tinham vivido em servidão aos Faraós egípcios e depois ficaram
perambulando sem rumo no deserto por mais de quarenta anos. Entretanto, embora
imperfeitamente, continuavam fiéis ao único e verdadeiro Deus e se apegavam à
promessa que ele tinha feito ao antepassado deles, Abraão. Séculos antes, Deus
havia prometido transformar Abraão e seus descendentes em uma grande nação e
dar-lhes Canaã como pátria sob a condição de que eles continuassem fiéis e
obedientes a ele (Gn 17). Agora, eles estavam prestes a vivenciar o cumprimento
dessa promessa.
Conteúdo
O Livro de Josué
é o sexto do AT e o primeiro de um grupo de livros chamado os Profetas
Anteriores.
Coletivamente, esses livros traçam o desenvolvimento do Reino de Deus na Terra
Prometida até o cativeiro da Babilônia— Um período de cerca de novecentos anos.
Josué narra o período da entrada de Israel em Canaã através da conquista,
divisão e estabelecimento da Terra Prometida.
Cristo Revelado
Cristo é revelado
no Livro de Js de três maneiras; por revelação direta, por modelos e por
aspectos iluminantes de sua natureza.
Em 5.13-15, o
Deus Trino apareceu a Josué como o “príncipe do exercito do SENHOR”. Através de
sua aparição, Josué teve certeza de que o próprio Deus era o responsável. Era
tarefa de Josué, bem como nossa, seguir os planos do príncipe, além de conhecer
o príncipe.
Um modelo é um
símbolo, uma lição objetiva. Podem-se encontrar tipos em uma pessoa, em um
ritual religioso e mesmo em um acontecimento histórico. O próprio Josué era um
modelo de Cristo. Se nome, que significa ”Jeová é Salvação”, é um equivalente
hebraico do grego “Jesus”. Josué guiou os israelitas até a possessão de sua
herança prometida, bem como cristo nos leva à possessão da vida eterna.
O cordão de fio
de escarlata na janela de Raabe (2.18,21) ilustra a obra de redenção de Cristo
na cruz. O Pano cor de sangue pendurado na janela salvou Raabe e sua família da
morte. Assim, Cristo também derramou seu sangue e foi pendurado na cruz para nos
salvar da morte.
Um dos aspectos
da natureza de Cristo revelada em Josué é o da promessa cumprida. No final de
sua vida, Josué testemunhou: “nem uma só promessa caiu de todas as boas
palavras que falou de vós o SENHOR, vosso Deus” (23.14). Deus, em sua graça e
fidelidade, sustentou e preservou seu povo tirando-os do deserto e levando-o à
Terra Prometida. Ele fará o mesmo por nós através de Cristo, que é a Promessa.
O Espírito Santo
em Ação
Uma tendência
constante da obra do ES flui através do Livro de Js. Inicialmente, sua presença
surge em 1.5, quando Deus conhecendo a esmagadora tarefa de comandar a nação de
Israel, forneceu a Josué a promessa de seu Espírito sempre presente.
O trabalho do
Espírito Santo era o mesmo antes de agora: ele atrai as pessoas a um
relacionamento de salvação com Cristo e realiza os propósitos do Pai. Seu
objetivo em Josué, bem como no AT, era a salvação de Israel, pois, foi através
dessa nação que Deus escolheu salvar o mundo (Is 63.7-9)
Várias
características sobre a maneira como o Espírito opera podem ser vistas em
Josué. A obra do Espírito Santo é contínua: “Não te deixarei nem te
desampararei” (1.5). O Espírito Santo está comprometido a realizar a tarefa,
independentemente de quanto tempo demore. Sua presença contínua é necessária
para o sucesso do plano de Deus na vida dos homens. A obra do Espírito Santo é
mútua: “Tão somente sê forte e mui corajoso para teres cuidado de fazer segundo
toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a
direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que
andares” (1.7). Foi dito: “Sem ele, não podemos; sem nos ele não quer”. A
cooperação com o Espírito Santo é essencial à vitória. Ele nos habilita a cumprir
nosso chamado e a completar a tarefa ao nosso alcance. A obra do Espírito Santo
é sobrenatural. A queda de Jericó foi obtida mediante a destruição milagrosa de
seus muros (6.20). A vitória foi alcançada em Gibeão, quando o Espírito deteve
o sol (10.12,13). Nenhuma obra de Deus, seja a libertação da servidão ou
possessão da bênção, é realizada sem ajuda do Espírito.
Juízes
Autor:
Desconhecido
Data: Entre 1050
e 1000 AC
Autor
O autor de Juízes
é desconhecido. O Talmude atribui o livro de Juízes a Samuel. Este bem pode ter
escrito partes do Livro, já que se afirma que era um escritor (1Sm 10.25).
Data
O Livro de Juízes
cobre o período entre a morte de Josué e a instituição da monarquia. A data
real da composição do livro é desconhecida. No entanto, evidências internas
indicam que ele foi escrito durante o período inicial da monarquia que se
seguiu à coroação de Saul. Porém antes da conquista de Jerusalém por Davi,
cerca de 1050 a 1000 aC. Esta data tem o apoio de dois fatos: 1) As palavras
“naqueles dias, não havia rei em Israel” (17.6) foram escritas num período em
que Israel tinha um rei. 2) A declaração de que “os jubuseus habitaram com os
filhos de Benjamim em Jerusalém até ao dia de hoje” (1.21) aponta para um
período anterior à conquista da cidade por Davi (2Sm 5.6,7).
Contexto
Histórico
Juízes cobre um
período caótico na história de Israel: cerca de 1380 a 1050 aC. Sob a liderança
de Josué, Israel conquistou e ocupou de forma geral a terra de Canaã, mas
grandes áreas ainda permaneceram por ser conquistadas pelas tribos
individualmente. Israel praticava continuamente o que era mau aos olhos do
Senhor e “não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos
seus olhos” (21.25). Ao servirem de forma deliberada a deuses estranhos, o povo
de Israel quebrava a sua aliança com o Senhor. Em conseqüência, o Senhor os
entregava nas mãos dos opressores. Cada vez que o povo clamava ao Senhor, este,
com fidelidade, levantavam um juiz a fim de prover libertação ao seu povo.
Estes juízes, a quem o Senhor escolheu e ungiu com o seu Espírito, eram
militares e civis. O Livro de Juízes não olha apenas retroativamente para a
conquista de Canaã, liderada por Josué, registrando as condições em Canaã
durante o período dos juízes, mas também antecipa o estabelecimento da
monarquia em Israel.
Conteúdo
O Livro de Juízes
está dividido em três seções principais: 1) Prólogo (1.1-3.6) 2) narrativas
(3.716.31); e 3) epílogo (17.1-21.25). A primeira parte do prólogo (1.1-2.5)
estabelece o cenário histórico para as narrativas que seguem. Ali é descrita a
conquista incompleta da Terra Prometida (1.1-36) e a reprimenda do Senhor pela
infidelidade do povo à sua aliança (2.1-5). A segunda parte do prólogo
(2.6-3.6) oferece uma visão geral do corpo principal do Livro, que são as
narrativas. Estas descrevem os caminhos rebeldes de Israel durante os primeiros
séculos na Terra Prometida e mostram como o Senhor se relacionou com a nação
naquele período, um tempo caracterizado por um ciclo recorrente de apostasia,
opressão, arrependimento e libertação.
A parte principal
do livro (3.7-16.31) ilustra esse padrão que se repete na história antiga de
Israel. Os israelitas faziam o que era mau aos olhos do Senhor (apostasia); o
Senhor os entregava nas mãos de inimigos (opressão); o povo de Israel clamava
ao Senhor (arrependimento); e, em resposta ao seu clamor, o Senhor levantava
libertadores a que ele capacitava com o seu Espírito (libertação). Seis
indivíduos— Otniel, Eúde, Débora, Gideão, Jefté e Sansão—, cujo papel de
libertadores é narrado com mais detalhes, são classificados como “juízes
maiores”. Seis outros, que são mencionados rapidamente— Sangar, Tola, Jair,
Ibsã, Elom e Abdom—, são conhecidos como
“juízes menores”.
Um décimo terceiro personagem, Abimeleque, está vinculado à história de Gideão.
Duas histórias
são acrescentadas ao Livro de Juízes (17.1—21.15) na forma de um epílogo. O
propósito desses apêndices não és estabelecer um final ao período dos juízes,
mas descrever a corrupção religiosa e moral existente nesse período. A primeira
história ilustra a corrupção na religião de Israel. Mica estabeleceu em Efraim
uma forma pagã de culto ao Senhor, a qual foi adotada pelos danitas quando
estes abandonaram o território que lhes coube por herança e migraram para o
norte de Israel. A segunda história no epílogo ilustra a corrupção moral de
Israel ao relatar a infeliz experiência de um levita em Gibeá, no território de
Benjamim, e a conseqüente guerra benjamita. Aparentemente, o propósito desta
seção final do livro é ilustrar as conseqüências da apostasia e anarquia nos
dias em que “não havia rei em Israel”.
O Espírito Santo
em Ação
A atividade do
Espírito Santo do Senhor no Livro de Juízes é claramente retratada na liderança
carismática daquele período. Os seguintes atos heróicos de Otniel, Gideão,
Jefté e Sansão são atribuídos ao Espírito do Senhor:
O Espírito do
Senhor veio sobre Otniel (3.10) e o capacitou a libertar os israelitas das mãos
de Cusã-Risataim, rei da Síria.
Através da
presença pessoal do Espírito do Senhor, Gideão (6.34) libertou o povo de Deus
das mãos dos midianitas. Literalmente, o Espírito do Senhor se revestiu de
Gideão. O Espírito do Senhor capacitou este líder escolhido por Deus e agiu
através dele para implementar o ato salvífico do Senhor em benefício do seu
povo.
O Espírito do
Senhor equipou Jefté (11.29) com habilidades de liderança no seu empreendimento
militar contra os Amonitas. A vitória de Jefté sobre os Amonitas foi o ato de
libertação do Senhor em benefício de Israel.
O Espírito do
Senhor capacitou Sansão e executar atos extraordinários. Ele começou a impelir
Sansão para sua carreira (13.25). O Espírito veio poderosamente sobre ele em
várias ocasiões. Sansão despedaçou um leão apenas com as mãos (14.6). Certa vez
matou trinta filisteus (14.19) e, em outra ocasião, livrou-se das cordas que
amarravam as suas mãos e matou mil filisteus com uma queixada de jumento
(15.14,15).
O
mesmo Espírito Santo que deu condições a esses libertadores para que fizesse
façanhas e cumprissem os planos e propósitos do Senhor continuam operantes
ainda hoje. =
Rute
Autor:
Desconhecido (Samuel)
Data: Entre 1050
e 500 AC
Autor
Os estudiosos
discordam quanto à data do livro, porém o seu cenário histórico é evidente. Os
episódios relatados nos livro de Rute se passam durante o período de Juízes,
sendo parte daqueles eventos que ocorrem entre a morte de Josué e a ascensão da
influência de Samuel (provavelmente 1150 e 1100 AC).
A tradição
rabínica assegura que Samuel escreveu o livro na segunda metade do séc. XI aC.
Apesar do pensamento crítico mais recente sugerir uma data pós-exílica bem mais
tardia (cerca de 500 AC), há evidências na linguagem da obra bem como
referencias a costumes peculiares próprios do séc. XII AC que recomendam a
aceitação da data mais antiga. É razoável supor que Samuel, que testemunhou o
declínio do reinado de Saul e foi divinamente instruído para ungir Davi como
escolhido de Deus para o trono, tivesse redigido o livro. Uma história tão
comovente como essa certamente já teria sido passada adiante oralmente entre o
povo de Israel, e a genealogia que a conclui indicaria uma conexão com os
patriarcas, oferecendo assim uma resposta a todos aqueles que, em Israel,
indagassem pelo passado familiar do seu rei.
Cristo Revelado
Boas representa
uma das mais dramáticas figuras do AT que antecipa a obra redentora de Jesus. A
função de “parente remidor” cumprida de forma tão elegante nas ações que
promoveram a restauração pessoal de Rute, dá testemunho eloqüente a respeito
disso. As ações de Boaz efetuam a participação de Rute nas bênçãos de Israel e
a incluem na linhagem familiar do Messias (Ef 2.19).
Eis aqui uma
magnífica silhueta do Mestre, antecipando em muitos séculos a sua graça
redentora.
Como nosso
“parente chegado”, ele se torna carne—vindo como um ser humano (Jo 1.14; Fp
2.5-8)
1º Samuel
Autor:
Incerto (Samuel) Data: Entre 931 e 722
aC.
Autor
O autor de 1Sm
não é nomeado neste livro, mas é provável que Samuel ou tenha escrito ou
fornecido a informação para. 1.1-25.1, o que engloba sua vida e ministério até
sua morte. A autoria do restante de 1Sm não pode ser determinada com certeza,
mas alguns supõem que seja do sacerdote Abiatar.
Data
Por causa da
referência à cidade de Ziclague, que “pertence aos reis de Judá, até o dia de
hoje” (27.6), e por outras referencias a Judá e a Israel, sabemos que 1Sm foi
escrito depois da divisão da nação em 931 aC. Além disso, como não há menção à
queda de Samaria em 722 AC, deve ser datado antes deste evento. O livro de 1Sm
cobre um período de cerca de 140 anos, começando com o nascimento de Samuel em
redor de 1150 AC e terminando com a morte de Saul em redor de 1010 aC.
Conteúdo
Israel havia sido
governado por juízes que Deus levantou em momentos cruciais da história da
nação; no entanto, a nação havia se degenerado moralmente e politicamente.
Havia estado sob a investida violentas e desalmadas dos filisteus. O templo de
Siló fora profanado e o sacerdócio se mostra corrupto e imoral. Em meio a essa
confusão política e religiosa surge Samuel, o milagroso filho de Ana. De uma
forma notável, a renovação e a alegria que esse nascimento trouxe à sua mãe
prefiguram o mesmo para a nação.
Os próprios
filhos de Samuel não eram reflexo do seu caráter piedoso. O povo não tinha
confiança nos seus filhos; mas à medida que Samuel envelhecia, pressionavam-no
para que lhes desse um rei. Com relutância, ele acaba cedendo. Saul, homem
vistoso e carismático, é escolhido para tornarse o primeiro rei. O seu ego era
tão grande quanto a sua estatura. Pela sua impaciência, exerceu funções
sacerdotais, em vez de esperar por Samuel. Depois de desprezar os mandamentos
de Deus, foi rejeitado por ele. Depois dessa rejeição, Saul tornou-se uma
figura trágica, consumida por ciúme e medo, perdendo gradualmente a sua
sanidade. Gastou os seus últimos anos numa incansável perseguição a Davi
através das regiões montanhosas e desérticas do seu reino, num desesperado esforço
para eliminá-lo. Davi, no entanto, encontrou um aliado em Jônatas, filho de
Saul. Ele advertiu Davi sobre os planos do seu pai para matá-lo. Finalmente,
depois que Saul e Jônatas são mortos em batalha, o cenário está pronto para que
Davi se torne o segundo rei de Israel.
Cristo Revelado
As semelhanças
entre Jesus e o pequeno Samuel são surpreendentes. Ambos são filhos de
promessa. Ambos foram dedicados a Deus antes do nascimento. Ambas as forma
pontes de transição de um estágio da história da nação para outro. Samuel
acumulou os ofícios de profeta e sacerdote; Cristo é profeta, sacerdote e rei.
O fim trágico de
Saul ilustra o destino final dos reinos terrenos. A única esperança é um Reino
de Deus na terra, cujo soberano seja o próprio Deus. Em Davi começa a linhagem
terrena do Rei de Deus. Em Cristo, Deus vem como Rei e virá novamente como Rei dos
reis.
Davi, o pequeno e
humilde pastor, prefigura a Cristo, o bom pastor. Jesus torna-se o Rei-pastor
definitivo.
O Espírito Santo
em Ação
1Sm contém
notáveis exemplos da vinda do Espírito Santo sobre os profetas, bem como sobre
Saul e seus servos. Em 10.6, o Espírito Santo vem sobre Saul, que profetiza e
“se transforma em outro homem”, isto é, é equipado pelo Espírito para cumprir o
chamado de Deus.
Depois de ser
ungido por Samuel, “desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se
apoderou de Davi” (16.13). O fenômeno do Espírito inspirando a adoração ocorre
no cap. 10 e em 19.20. Esse fenômeno não é como o frenesi impregnado de
emotividade dos pagãos, mas verdadeira adoração e louvor a Deus pela inspiração
do Espírito, em semelhança ao ocorrido no dia de Pentecostes (At 2) Mesmo nos
múltiplos usos do éfode, Urim e Tumim, esperamos ansiosamente pelo momento em
que o “Espírito da Verdade” nos irá guiar em “toda a verdade”, nos falará sobre
“o que há de vir” e
“há de receber do
que é meu (de Jesus)” e no-lo “há de anunciar” (Jo 16.13,14)
2º Samuel
Autor: sacerdote
Abiatar, Samuel e outros.
Data: Entre 931 e
722 aC.
Autor
Os dois livros
hoje conhecidos como 1 e 2 Sm eram originalmente um só livro denominado “O
Livro de Samuel”. Não se sabe com exatidão quem realmente escreveu o livro. Sem
dúvida, Samuel registrou boa parte da história de Israel neste período. No
entanto, outros materiais haviam sido colecionados e puderam ser usado como
fontes pelo autor real. Três dessas fontes são mencionadas em 1Cr 29.29, a
saber: as “crônicas de Samuel, o vidente”, as “crônicas do profeta Natã” e as
“crônicas de Gade, o vidente”. Tanto Gade como Abiatar tinham acesso aos
eventos da corte do reino de Davi, de forma que ambos são candidatos à autoria
desses dois livros.
Data
Os dois livros
devem receber uma data posterior à divisão do reino em duas partes, divisão que
aconteceu logo depois do governo de Salomão, 931 AC, por causa do comentário
encontrado em 1Sm 27.6 “pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até ao dia
de hoje”. Embora, com freqüência, fosse traçada uma diferenciação entre Israel
e Judá, e embora Davi tenha reinado em Judá por sete anos e meio antes da
unificação do reino, não havia reis em Judá antes desta data.
Conteúdo
2 Sm trata da
ascendência de Davi ao trono e dos quarenta anos do seu reinado. O livro está
enfocado na sua pessoa. E começa com a morte de Saul e Jônatas na batalha do
monte Gilboa. Davi é, então, ungido rei sobre Judá, sua própria tribo. Há um
jogo de pode pela casa de Saul entre Isbosete, filho de Saul e Abner
comandante-chefe dos exércitos de Saul. Embora a rebelião tenha sido sufocada,
esse relato sumário descreve os sete anos e meio anteriores à unificação do
reino por Davi. “E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de
Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam
enfraquecendo” (3.1)
Davi unifica
tanto a vida religiosa quanto política da nação ao trazer a arca do Testemunho
da casa de Abinadabe, onde havia estado deste que fora recuperada dos filisteus
(6.1-7.1).
O tema do Rei
vindouro, o Messias, é introduzido quando Deus estabelece uma aliança perpétua
com Davi e seu reino. “Teu trono será firme para sempre” (7.16)
Davi derrota com
sucesso os inimigos de Israel, e inicia-se um período de estabilidade e
prosperidade. Tristemente, porém, a sua vulnerabilidade e fraqueza o leva ao
pecado com BateSeba e ao assassinato de Urias, esposo dela.
Apesar do
arrependimento de Davi depois de confrontado com o profeta Natã, as
conseqüências da sua ação são declaradas com todas as letras: “Agora, pois, não
se apartará a espada jamais de tua casa” (12.10).
Absalão, filho de
Davi, depois de uma longa separação de seu pai, instiga uma rebelião contra o
rei, e Davi foge de Jerusalém. A rebelião termina quando Absalão, pendurado
numa árvore pelos cabelos, é morto por Joabe.
Há uma desavença
entre Israel e Judá a respeito da volta do rei a Jerusalém. Um rebelde chamado
Seba instiga Israel a abandonar Davi e a voltar para casa. Embora Davi tome uma
série de decisões desafortunadas e pouco sábias, a rebelião é sufocada, e Davi
é mais uma vez estabelecido em Jerusalém.
O livro termina
com dois belos poemas, uma lista dos valentes de Davi e com o pecado de Davi em
fazer o censo dos homens de guerra de Israel. Davi se arrepende, compra a eira
de Araúna e apresenta oferendas ao Senhor no altar que constrói.
Cristo Revelado
Davi e seu reino
esperavam a vinda do Messias. O cap. 7, em especial, antecipa o futuro Rei.
Deus interrompe os planos de Davi de construir uma casa para a arca e explica
que enquanto Davi não pode construir uma casa para Deus, Deus está construindo
uma casa para Davi, ou seja, uma linhagem que dure para sempre.
Pela sua vitória
sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o
Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de
profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um precursor da Raiz de Jessé,
Jesus Cristo.
O Espírito Santo
em Ação
Jesus explicou a
obra do Espírito em Jo 16.8: E, quando ele vier convencerá o mundo do pecado, e
da justiça, e do juízo.” Nós vemos claramente a ação do Espírito Santo através
desses dois modos em 2 Sm. Ele atuava com mais freqüência através do sacerdócio.
Sua atuação como conselheiro pode ser apreciada nas muitas ocasiões em que Davi
“consultou o Senhor” através do sacerdote e do éfode.
A obra de
convencer e de condenar do Espírito é claramente percebida quando o profeta
Natã enfrenta Davi por causa do seu pecado com Bate-Seba e Urias. O pecado de
Davi é desnudado, a justiça é feita, e o julgamento é anunciado. Isso, no
quadro micro cósmico de 2 Sm, ilustra o amplo ministério do Espírito Santo no
mundo através da igreja investida do poder do Espírito.
1º Reis
Autor:
Desconhecido, ( Jeremias} Data: Entre 560 e 538 aC.
Autor
Como 1 e 2 Rs
eram, originalmente, um livro, esta obra deve ter sido compilada algum tempo
depois da tomada de Judá pelos babilônios em 586 aC. O livro dá a impressão de
ser obra de um só autor e de que este autor tenha testemunhado a queda de
Jerusalém. Embora a autoria não possa ser determinada com segurança, muitas
sugestões foram feitas. Alguns tem indicado Esdras como compilador, enquanto
outros apontam para Isaías como editor. Muitos eruditos dizem que o autor de 1
e 2 Rs era um profeta desconhecido ou um judeu cativo da Babilônia ao redor de
550 aC. Pelo fato de Josefo atribuir Reis aos “profetas”, muitos abandonaram a
pesquisa por um autor especifico. No entanto, a tese mais provável é a de que o
profeta Jeremias seja o autor. A antiga tradição judaica do Talmude declara que
Jeremias tenha escrito Rs. Esse famoso profeta pregou em Jerusalém antes e
depois da sua queda, e 2Rs 24-25 aparece em Jr 39-42; 52. Jeremias talvez tenha
escrito todo o texto, menos o conteúdo do último apêndice (2Rs 25.27-30), que
foi provavelmente, acrescentado por um dos seus discípulos.
Data
Apesar de que a
data exata para a composição de 1 e 2 Rs seja incerta, acredita-se que a sua
forma final estava pronta em algum momento da última parte do séc. VI aC.
O último
acontecimento mencionado em 2 Rs é a libertação do Rei Joaquim, de Judá, que
estava preso na Babilônia. Considerando que Joaquim foi feito prisioneiro em
597 AC, os livros de Reis devem ter sido escritos depois de 560 AC para que
esta informação pudesse ser incluída. O autor de RS teria mencionado,
provavelmente, um acontecimento tão importante como a queda da Babilônia para a
Pérsia em 538 AC, caso houvesse tido conhecimento desse evento. Como não há
menção dessa importante notícia em Rs, conclui-se, então, que Rs tenha sido
escrito, provavelmente antes de 538 AC, embora os eventos registrados em 1 Rs
tenha ocorrido uns trezentos anos mais cedo,
Contexto
Histórico
Os acontecimentos
descritos em 1 Rs abrangem um período de cerca de 120 anos. Recorda as
turbulentas experiências do povo de Deus desde a morte de Davi, em cerca de 971
AC, até ao reinado de Josafá (o quarto rei do Reino de Judá) e o reinado de
Acazias (o nono rei do Reino de Israel), em cerca de 853 aC. Esse foi um
período difícil da história do povo de Deus, foram grandes mudanças e
sublevações. Havia luta interna e pressão externa. O resultado foi um momento
tenebroso, em que um reino estável, dirigido por um líder forte, dividiu-se em
dois.
Conteúdo
1 e 2 Rs eram,
originalmente, um só livro, que continuava a narrativa de 1 e 2 Sm. Os
compositores do AT grego (Septuaginta ou LXX) dividiram a obra em “3 e 4
Reinos” (1 e 2 Sm eram 1 e 2 Reinos). O Título “Reis” se deriva da tradução
latina de Jerônimo (Vulgata) e é apropriado por causa da ênfase desses livros
nos reis que governaram durante este período.
Os livros de 1 e
2 Rs começam a registrar os eventos históricos do povo de Deus no lugar em que
1 e 2 Sm interrompem. No entanto, Reis é mais do que uma simples compilação de
acontecimentos políticos importantes ou socialmente significativos em Israel e Judá.
Na realidade, não contém uma narrativa histórica tão detalhada como se poderia
esperar (400 anos em 47 capítulos). Ao contrário, 1 e 2 Rs são uma narrativa
histórica seletiva, com um propósito teológico. O autor, portanto, seleciona e
enfatiza o povo e os eventos que são significativos no plano moral e religioso.
Em 1 e 2 Rs, Deus é apresentado como Senhor da história.
O Espírito Santo
em Ação
1 Rs 18.12 contém
a única referência direta ao Espírito Santo, onde é chamado de “Espírito do
Senhor”. As palavras de Obadias lá indicam que o ES algumas vezes transportou
Elias de um lugar para outro (ver também 2Rs 2.16) Percebe-se uma relação com
At 8.39-40, em que se descreve Felipe como tendo uma experiência similar.
Há uma alusão, em
18.48 (“a mão do SENHOR”), à ação do ES em capacitar Elias para operar
milagres, A fórmula “mão do SENHOR” é uma referência à inspiração dos profetas
pelo Espírito de Deus (ver 2Rs 3.15 e Ez 1.3; comparar com 1Sm 10.6,10 e
19.20,23). Aqui “a mão do SENHOR” se refere ao ES que dotou Elias com poderes
sobrenaturais para realizar uma façanha surpreendente. Além dessas passagens,
1Rs 22.24 pode ser outra referência ao ES. Esse versículo se refere a um
“espírito do SENHOR” e pode indicar que os profetas compreendiam que o seu dom
de profecia vinha do Espírito de Deus (ver 1Sm 10.6,10; 19.20,23). Se esta
interpretação é aceita, então estaria em paralelo com 1Co 12.7-11, que confirma
que a habilidade pra profetizar é realmente uma manifestação do ES.
2º Reis
Autor:
Desconhecido, ({Jeremias} Data: Entre
560 e 538 aC.
Autor
2 Rs era
originalmente a segunda metade de um livro que incluía 1 e 2Rs. Esta obra deve
ter sido compilada algum tempo depois da tomada de Judá pelos babilônios em 586
aC. O livro dá a impressão de ser obra de um só autor e de que este autor tenha
testemunhado a queda de Jerusalém. Embora a autoria não possa ser determinada
com segurança, muitas sugestões foram feitas. Alguns tem indicado Esdras como
compilador, enquanto outros apontam para Isaías como editor. Muitos eruditos
dizem que o autor de 1 e 2 Rs era um profeta desconhecido ou um judeu cativo da
Babilônia ao redor de 550 aC. Pelo fato de Josefo atribuir Reis aos “profetas”,
muitos abandonaram a pesquisa por um autor especifico. No entanto, a tese mais
provável é a de que o profeta Jeremias seja o autor. A antiga tradição judaica
do Talmude declara que Jeremias tenha escrito Rs. Esse famoso profeta pregou em
Jerusalém antes e depois da sua queda, e 2 Rs 24-25 aparece em Jr 39-42; 52.
Jeremias talvez tenha escrito todo o texto, menos o conteúdo do último apêndice
(2Rs 25.27-30), que foi provavelmente, acrescentado por um dos seus discípulos.
Data
Apesar de que a
data exata para a composição de 1 e 2 Rs seja incerta, acredita-se que a sua
forma final estava pronta em algum momento da última parte do séc. VI aC.
O último
acontecimento mencionado em 2 Rs é a libertação do Rei Joaquim, de Judá, que
estava preso na Babilônia. Considerando que Joaquim foi feito prisioneiro em
597 AC, os livros de Reis devem ter sido escritos depois de 560 AC para que
esta informação pudesse ser incluída. O autor de Rs teria mencionado,
provavelmente, um acontecimento tão importante como a queda da Babilônia para a
Pérsia em 538 AC, caso houvesse tido conhecimento desse evento. Como não há
menção dessa importante notícia em Rs, conclui-se, então, que Rs tenha sido
escrito, provavelmente antes de 538 AC, embora os eventos registrados em 1 Rs
tenha ocorrido uns trezentos anos mais cedo,
Contexto
Histórico
Os acontecimentos
descritos em 2Rs abrangem um período de cerca de 300 anos. Recorda as
turbulentas experiências do povo de Deus desde o reinado de Acazias (o nono rei
Israel) ao redor de 853 aC., incluindo a queda de Israel para a Assíria em 722
AC, passando pela deportação de Judá para a Babilônia em 586 AC e terminando
com a libertação do rei Joaquim em 560 aC. Esse foi um período difícil da
história do povo de Deus, foram grandes mudanças e sublevações. Havia luta
interna e pressão externa. O resultado foi um momento tenebroso na história do
povo de Deus: colapso e conseqüente cativeiro de ambas as nações.
Conteúdo
1 e 2 Rs eram,
originalmente, um só livro, que continuava a narrativa de 1 e 2 Sm. Os
compositores do AT grego (Septuaginta ou LXX) dividiram a obra em “3 e 4
Reinos” (1 e 2 Sm eram 1 e 2 Reinos). O Título “Reis” se deriva da tradução
latina de Jerônimo (Vulgata) e é apropriado por causa da ênfase desses livros
nos reis que governaram durante este período.
Os livros de 1 e
2 Rs começam a registrar os eventos históricos do povo de Deus no lugar em que
1 e 2 Sm interrompem. No entanto, 2Rs é mais do que uma simples compilação de
acontecimentos políticos importantes ou socialmente significativos em Israel e
Judá. Na realidade, não contém uma narrativa histórica tão detalhada como se
poderia esperar (300 anos em 25 capítulos). Ao contrário, 2Rs são uma narrativa
histórica seletiva, com um propósito teológico. O autor, portanto, seleciona e
enfatiza o povo e os eventos que são significativos no plano moral e religioso.
Em 2Rs, Deus é apresentado como Senhor da história.
2Rs retoma a
história trágica do “reino divido” quando Acazias está no trono de Israel e
Josafá governando sobre Judá. Assim como 1Rs, é dificil seguir o fluxo da
narrativa. O Autor ora está falando do Reino do Norte, Israel, ora do Reino do
Sul, Judá, traçando simultaneamente suas histórias. Israel teve 19 governantes,
todos ruins. Judá foi governada por 20 regentes, dos quais apenas oito foram
bons. 2Rs recorda a história dos últimos 10 reis e dos últimos 16 governantes
de Judá. Alguns desses 26 governantes são mencionados em apenas poucos
versículos, enquanto que capítulos inteiros são dedicados a outros. A atenção
maior é dirigida àqueles que ou serviram de modelo de integridade ou que
ilustram por que essas nações finalmente entraram em colapso.
Cristo Revelado
O fracasso dos
profetas, sacerdotes, e reis do povo de Deus aponta para a necessidade do
advento de Cristo. Cristo é a combinação ideal desses três ofícios. Como
profeta, a palavra de Cristo ultrapassa largamente à dos ofícios. Como profeta,
a palavra de Cristo ultrapassa largamente à do grande profeta Elias (Mt
17.1-5), Muitos dos milagres de Jesus são reminiscências das maravilhas que
Deus fez através de Elias e Eliseu em Reis. Além disso, Cristo é um sacerdote
superior a qualquer daqueles registrados em Reis (Hb 7.22-27). 1Rs ilustra
vivamente a necessidade de Cristo como o nosso Rei em exercício de suas
funções. Quando perguntado se era rei dos judeus, Jesus afirmou que era (Mt
27.11). No entanto, Jesus é um Rei maior do que o maior dos seus reis (Mt 12.42).
O reinado de cada um desses 26 governantes já terminou, mas Cristo reinará
sobre o trono de Davi pra sempre (1Cr 17.14; Is 9.6), pois ele é “REI DOS REIS
E SENHOR DOS SENHORES” (Ap
19.16).
O Espírito Santo
em Ação
1 Rs 18.12 contém
a única referência direta ao Espírito Santo, onde é chamado de “Espírito do
Senhor”. Às vezes transportava Elias de um lugar para outro (ver também 2Rs
18.12) Percebe-se uma relação com At 8.39-40, em que se descreve Felipe como
tendo uma experiência similar. Há uma referência indireta ao ES na frase
“Espírito de Elias” em 1.9,15. Aqui Eliseu tenta receber o mesmo poder de Elias
para levar adiante o ministério profético do seu antecessor. O espírito
enérgico ou o poder que capacitava Elias a profetizar era o Espírito de Deus.
2Rs 2.9,16 fornece um paralelo interessante entre o AT e At 1.4-9 e 2.1-4.
Elias foi elevado ao céu, Eliseu procurou a promessa de que receberia poder
para levar adiante o ministério do seu mestre, e a promessa foi cumprida. Da
mesma maneira, Jesus ascendeu, os discípulos aguardaram o cumprimento da
promessa, e o ES desceu para capacitá-los a levar adiante a obra que seu mestre
começou. Uma alusão final ao ES aparece em 2Rs 3.15. Aqui a “mão do Senhor”
veio sobre Eliseu, capacitando-o a profetizar ao rei Josafá. A formula “a mão
do SENHOR” se refere à inspiração divina dos profetas.
1º Crônicas
Autor: Atribuído
a Esdras
Data: Entre 425 e
400 AC
Autor
1 e 2 Cr eram
originalmente um só livro. Como a identidade do autor dessa obra não é
explicitada em 1 nem em 2 Cr, muitos optaram por se referir a esse autor
desconhecido simplesmente como “o cronista”. No entanto, Esdras é o candidato
mais provável para a autoria de Crônicas. A antiga tradição judaica do Talmude
afirma que Esdras escreveu o livro. Além disso, os versículos finais de 2 Cr
(2Cr 36.22,23) repetem-se como os versículos iniciais de Esdras (ver Ed 1.1-3).
Isso não apenas reforça o argumento que aponta Esdras como autor de 1Cr, mas
pode ser também uma indicação de que Crônicas e Esdras tenham sido em algum
momento uma única obra. Soma-se a isso o fato de que 1 e 2Cr tenham estado,
vocabulário e conteúdo similares. Esdras era tanto escriba como profeta e
desempenhou um papel significativo na comunidade de exilados que retornou à
cidade de Jerusalém. Apesar de não podermos afirmar com certeza absoluta, é
razoável assumir que “o cronista” tenha sido Esdras.
Data
Embora seja
difícil estabelecer a data exata para 1 e 2 Cr, é provável que a sua forma
final tenha surgido lá pelo final do séc. V aC. O último evento registrado nos
versículos finais de 2 Cr é o decreto de Ciro, rei da Pérsia, que dá licença à
volta dos judeus para Judá. É datado como 538 AC e dá a impressão de que
Crônicas tenha sido composto pouco tempo depois. No entanto, a última pessoa
mencionada em 1 e 2 Cr é realmente Anani, da oitava geração do rei Jeoaquim
(ver 1Cr 3.24). Jeoaquim foi deportado pra a Babilônia em 597 aC. Dependendo de
como essas gerações são medidas (cerca de 25 anos), o nascimento de Anani pode
ter acontecido entre 425 e 400 aC. Portanto, a data para 1 e 2Cr pode ser
situada entre 425 e 400 aC.
Contexto
Histórico
O livro de 1Cr
cobre o período que vai de Adão até a morte de Davi, ao redor de 971 aC. É um
período de tempo extraordinário, pois abrange o mesmo período coberto pelos
primeiros 10 livros do AT, de Gn até 2Sm. Se as genealogias de 1 Cr 1-9 fosse
ignoradas, 1 e 2Cr cobririam aproximadamente o mesmo período de tempo de 1 e
2Rs. No entanto, o cenário específico de 1 e 2Cr é o período de tempo que vem
depois do exílio. Durante essa época, o mundo antigo estava sob o controle do
poderoso Império Perda. Tudo o que restou dos gloriosos reinados de Davi e
Salomão foi à pequena província de Judá. Os persas substituíram o rei por um
governador provincial. Apesar de que o povo de Deus tenha recebido licença pra
voltar para Jerusalém e reconstruir o templo, a sua situação era muito
diferente da dos anos dourados de Davi e Salomão.
Conteúdo
No texto original
hebraico, 1 e 2Cr formavam um só livro chamado de “Acontecimentos dos Dias”.
Foi dividido e
recebeu um novo nome pelos tradutores do AT em grego (septuaginta ou LXX):
“Coisas que
Acontecem”. O nome atual, Crônicas, foi dado por Jerônimo. Não é uma
continuação da história do povo de Deus, mas uma duplicação e um suplemento de
1 e 2Sm e 1 e 2Rs.
Se 1 e 2Cr são
considerados uma única obra, podem ser divididos em quatro seções principais:
1Cr é composto por genealogias (caps. 1-9) e descreve em linhas gerais o
reinado de Davi (caps. 1029). 2Cr relata o reinado de Salomão (caps. 1-9) e
descreve os reinados dos vinte governantes de Judá (caps.10-36).
O livro de 1Cr
tem duas divisões principais. A primeira seção é constituída por nove capítulos
de genealogias. A genealogia começa com Adão e continuam, atravessando todo o
período do exílio, até àqueles que retornaram para Jerusalém. Com freqüência
não se dá muita importância a esta seção. Contudo, assim como nos Evangelhos de
Mt e Lc, as genealogias forma a base das narrativas que se seguem. 1Cr está
carregado de genealogias para sublinhar a necessidade de pureza racial e
religiosa. As genealogias são compiladas seletivamente para realçar a linhagem
de Davi e da tribo de Levi.
A segunda parte
de 1Cr (caps. 10-29) registra os eventos e realizações do rei Davi. O cap. 10
serve como prólogo para resumir o reinado e a morte do rei Saul. Nos caps. 11 e
12, Davi se torna rei e conquista Jerusalém. O restante das narrativas sobre
Davi está enfocado sobre três aspectos significativos do seu reinado, ou seja,
o transporte da arca do Testemunho pra Jerusalém (caps. 1317), suas proezas
militares (caps. 18-20) e os preparativos para a construção do tempo (caps.
2127). Os dois últimos capítulos de 1Cr recordam os últimos dias de Davi.
O Espírito Santo
em Ação
Há duas
referências claras ao ES em 1Cr. A primeira está em 12.18, em que o “Espírito”
entrou em Amasai e o capacitou a fazer uma declaração inspirada. E a segunda em
28.12, a qual explica que por meio do ministério do Espírito (ânimo) os planos
do templo foram revelados a Davi.
2º Crônicas
Autor: Atribuído
a Esdras
Data: Entre 425 e
400 AC
Autor
1 e 2 Cr eram
originalmente um só livro. Como a identidade do autor dessa obra não é
explicitada em 1 nem em 2 Cr, muitos optaram por se referir a esse autor
desconhecido simplesmente como “o cronista”. No entanto, Esdras é o candidato
mais provável para a autoria de Crônicas. A antiga tradição judaica do Talmude
afirma que Esdras escreveu o livro. Além disso, os versículos finais de 2Cr
(2Cr 36.22,23) repetem-se como os versículos iniciais de Esdras (ver Ed 1.1-3).
Isso não apenas reforça o argumento que aponta Esdras como autor de 1Cr, mas
pode ser também uma indicação de que Crônicas e Esdras tenham sido em algum
momento uma única obra. Soma-se a isso o fato de que 1 e 2Cr tenham estado,
vocabulário e conteúdo similares. Esdras era tanto escriba como profeta e
desempenhou um papel significativo na comunidade de exilados que retornou à
cidade de Jerusalém. Apesar de não podermos afirmar com certeza absoluta, é
razoável assumir que “o cronista” tenha sido Esdras.
Data
Embora seja
difícil estabelecer a data exata para 1 e 2 Cr, é provável que a sua forma
final tenha surgido lá pelo final do séc. V aC. O último evento registrado nos
versículos finais de 2 Cr é o decreto de Ciro, rei da Pérsia, que dá licença à
volta dos judeus para Judá. É datado como 538 AC e dá a impressão de que
Crônicas tenha sido composto pouco tempo depois. No entanto, a última pessoa
mencionada em 1 e 2 Cr é realmente Anani, da oitava geração do rei Jeoaquim
(ver 1Cr 3.24). Jeoaquim foi deportado pra a Babilônia em 597 aC. Dependendo de
como essas gerações são medidas (cerca de 25 anos), o nascimento de Anani pode
ter acontecido entre 425 e 400 aC. Portanto, a data para 1 e 2Cr pode ser
situada entre 425 e 400 aC.
Contexto
Histórico
O livro de 2Cr
cobre o período que vai do começo do reinado de Salomão, em 971 AC, até ao
final do exílio ao redor de 538 aC. No entanto, o cenário específico de 1 e 2Cr
é o período de tempo que vem depois do exílio. Durante essa época, o mundo
antigo estava sob o controle do poderoso Império Perda. Tudo o que restou dos
gloriosos reinados de Davi e Salomão foi à pequena província de Judá. Os persas
substituíram o rei por um governador provincial. Apesar de que o povo de Deus
tenha recebido licença pra voltar para Jerusalém e reconstruir o templo, a sua
situação era muito diferente da dos anos dourados de Davi e Salomão.
Conteúdo
No texto original
hebraico, 1 e 2Cr formavam um só livro chamado de “Acontecimentos dos Dias”.
Foi dividido e
recebeu um novo nome pelos tradutores do AT em grego (septuaginta ou LXX):
“Coisas que Acontecem”. O nome atual, Crônicas, foi dado por Jerônimo. Não é
uma continuação da história do povo de Deus, mas uma duplicação e um suplemento
de 1 e 2Sm e 1 e 2Rs. O livro de 2Cr tem duas divisões principais. A primeira
seção é constituída pelos primeiros 9 capítulos (caps. 1-9) descreve em linhas
gerais o governo do rei Salomão. A narrativa dá bastante importância à
construção do templo (caps. 2-7) bem como à riqueza e à sabedoria desse
extraordinário rei (caps. 8-9). A narrativa, no entanto, termina abruptamente e
não faz menção das fraquezas de Salomão, conforme registradas em 1Rs 11.
A segunda seção
do Livro é formada pelos caps. 10 a 36. Depois da divisão do reino, se
concentram quase que exclusivamente no Reino do Sul, Judá, e discorre sobre a
história do Reino do Norte, Israel, só ocasionalmente. 2Cr traça a história dos
reinados dos 20 governantes de Judá até ao cativeiro babilônico do Reino do Sul
em 586 aC. O livro conclui com o decreto de Ciro libertando e permitindo a
volta do povo p ara Judá (36.22,23).
O Espírito Santo
em Ação
Há três
referências claras ao ES em 2Cr. É identificado como o “Espírito de Deus”
(15.1; 24.20) e como o “Espírito do SENHOR” (20.14). Nessas referências, o ES
inspirou ativamente Azarias (15.1), Jaaziel (20.14) e Zacarias (24.20) para que
falassem da parte de Deus.
Além dessas
referências, muitos vêem a presença do ES na dedicação do templo (5.13,14).
Esdras
Autor: Atribuído
a Esdras
Data: Entre 538 e
457 AC
Autor
O livro de
Esdras, cujo nome provavelmente signifique “ O Senhor tem ajudado”, deriva o
seu título do personagem principal dos caps. 7-10. Não é possível saber com
absoluta certeza se foi o próprio Esdras quem compilou o livro ou se foi um
editor desconhecido. A opinião conservadora e geralmente aceita é de que Esdras
tenha compilado ou escrito este livro juntamente com 1 e 2 Crônicas e Neemias.
A Bíblia hebraica reconhecia Esdras e Neemias como um só livro.
O próprio Esdras
era um sacerdote, um “escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR” (7.11).
Liderou o segundo dos três grupos que retornaram da Babilônia pra Jerusalém.
Como homem devoto, estabeleceu firmemente a Lei (o Pentateuco) como a base da
fé (7.10).
Data
Os eventos de
Esdras cobrem um período um pouco maior do que 80 anos e caem em dois segmentos
distintos. O primeiro (caps.1-6) cobre um período de cerca de 23 anos e tem
como tema o primeiro grupo que retorna do exílio sob Zorobabel e a reconstrução
do templo.
Depois de mais de
60 anos de cativeiro babilônico, Deus desperta o coração do regente da
Babilônia, o rei
Ciro da Pérsia, para publicar um édito que dizia que todo judeu que assim
desejasse poderia retornar pra Jerusalém a fim de reconstruir o templo e a
cidade. Um grupo de fiéis responde e partiu em 538 AC sob a liderança de
Zorobabel. A construção do templo é iniciada, mas a oposição dos habitantes não
judeus desencoraja o povo, e a obra é interrompida. Deus, então, levanta o
ministério proféticos de Ageu e Zacarias, que chamam o povo para completar a
obra. Embora bem menos esplêndido que o templo anterior, o de Salomão, o novo
templo é completado e dedicado em 515 aC.
Aproximadamente
60 anos depois (458aC), outro grupo de exilados volta para Jerusalém liderado
por Esdras (caps. 7-10). São enviados pelo rei persa Ataxerxes, com somas
adicionais de dinheiro e valores para intensificar o culto no templo. Esdras
também é comissionado para apontar líderes em Jerusalém para supervisionar o
povo.
Já em Jerusalém,
Esdras assumiu o ministério de reformador espiritual, o que deve ter durado
cerca de um ano. Depois disso, viveu, provavelmente, com um influente cidadão
até a época de Neemias. Sacerdote dedicado, Esdras encontra um Israel que tinha
adotado muitas das práticas dos habitantes pagãos; ele chama Israel ao
arrependimento e a uma renovada submissão à Lei, ao ponto do divórcio de suas
esposas pagãs.
Conteúdo
Duas grandes
mensagens emergem de Esdras: a fidelidade de Deus e a infidelidade do homem.
Deus havia
prometido através de Jeremias (25.12) que o cativeiro babilônico teria duração
limitada. No momento apropriado, cumpriu fielmente a sua promessa e induziu o
espírito do rei Ciro da Pérsia a publicar um édito para o retorno dos exilados
(1.1-4). Fielmente, concedeu liderança (Zorobabel e Esdras), e os exilados são
enviados com despojos, incluindo itens que haviam sido saqueados do templo de
Salomão (1.5-10)
Quando o povo
desanimou por causa da zombaria dos inimigos, Deus fielmente levantou Ageu e
Zacarias para encorajar o povo a completar a obra. O estímulo dos profetas
trouxe resultados (5.1,2).
Finalmente,
quando o povo se desviou das verdades da sua apalavra, Deus fielmente enviou um
sacerdote dedicado que habilidosamente instruiu o povo na verdade, chamando-o à
confissão de pecado e ao arrependimento dos seus caminhos perversos (caps.
9-10).
A fidelidade de
Deus é contrastada com a infidelidade do povo. Apesar do seu retorno e das
promessas divinas, o povo se deixou influenciar pelos seus inimigos e desistiu
temporariamente (4.24). Posteriormente, depois de completada a obra, de forma
que pudesse adora a Deus em seu próprio templo (6.16.18), o povo se tornou
desobediente aos mandamentos de Deus; desenvolve-se uma geração inteira cujas
“iniqüidades se multiplicaram sobre as vossas cabeças” (9.6). Contudo, como foi
dito acima, a fidelidade de Deus triunfa em cada situação.
O Espírito Santo
em Ação
A obra do ES em
Esdras pode ser vista claramente na ação providencial de Deus em cumprir as
suas promessas. Isto é indicada pela frase “a mão do Senhor”, que aparece seis
vezes.
Foi pelo Espírito
que “despertou o Senhor o espírito de Ciro” (1.1) e “tinha mudado o coração do
rei da Assíria” (6.22). Teria sido também pelo ES que “Ageu, profeta e
Zacarias... Profetizaram aos Judeus” (5.1).
A obra do ES é
vista na vida pessoal de Esdras, tanto no sentido de obrar nele (“Esdras tinha
preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor”, 7.10), como no sentido de
atuar em seu favor (“o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira”. 7.6)
Neemias
Autor: Neemias
Data: Cerca de
423 AC
Autor
O título atual do
livro é derivado do seu personagem principal, cujo nome aparece em 1.1. A nossa
primeira imagem de Neemias é quando ele aparece em seu papel de copeiro na
corte de Artaxerxes. Um copeiro tinha uma posição de grande confiança como
conselheiro do rei e a responsabilidade de proteger o rei de envenenamento.
Enquanto Neemias, sem dúvida, desfrutava o luxo do palácio, o seu coração
estava em Jerusalém, uma pequena cidade nas longínquas fronteiras do império. A
oração, o jejum, as qualidade de liderança, a poderosa eloqüência, as
habilidades organizacionais criativas, a confiança nos planos de Deus e a
rápida e decisiva resposta aos problemas qualificavam Neemias como um grande
líder e como um grande homem de Deus. Mais importante ainda: ele deixa
transparecer um espírito de sacrifício, cujo único interesse é resumido na sua
repetida oração: “Lembra-te de mim pra bem, ó meu Deus!”
Data
Nas escrituras, o
livro de Neemias formava uma unidade com Esdras. Muitos estudiosos consideram
Esdras como o autor/compilador de Esdras-Neemias bem como de 1 e 2 Crônicas.
Ainda que não tenhamos muita certeza, parece que Neemias contribuiu com parte
do material contido no livro que leva o seu nome (caps.1-7; 11-13).
Jerônimo, que
traduziu a Bíblia ao latim, honrou Neemias ao dar o seu nome ao livro em que
aparece como personagem principal. Neemias significa “Jeová consola”. A
história começa no livro de Esdras e se completa em Neemias. Neemias, que
serviu duas vezes como governador da Judéia, deixa a Pérsia para realizar a sua
primeira missão no vigésimo ano de Artaxerxes I da Pérsia, que reinou de 465
até 424 AC (2.1). Retorna à Pérsia no trigésimo segundo ano de reinado de
Artaxerxes (13.6) e volta novamente para Jerusalém “ao cabo de alguns dias”.
Pelo conteúdo do
livro, sabe-se que a obra somente pode ter sido escrita algum tempo depois da
volta de Neemias da Pérsia para Jerusalém. Talvez a sua redação final tenha
sido completada antes da morte de Artaxerxes I em 424 AC; ao contrário, a morte
de um monarca tão benigno provavelmente teria sido mencionada em Ne.
O período
histórico coberto pelos livros de Esdras e Neemias é de cerca de 110 anos. O
período de reconstrução do templo sob Zorobabel, inspirado pela pregação de
Zacarias e Ageu, foi de 21 anos. 60 anos mais tarde, Esdras causou um despertar
do fervor religioso e promoveu um ensino adequado sobre o culto no templo. 13
anos depois, Neemias veio pra construir os muros. Talvez Malaquias tenha
profetizado durante aquela época. Se foi assim, Neemias e Malaquias trabalharam
juntos para erradicar o mal que significava o culto a muitos deuses e atacaram
o pecado da associação com o povo que havia sido forçada a recolonizar aquelas
regiões pelos assírios cerca de 200 anos antes. Tiveram tanto sucesso, que
durante o período intertestamental o povo de Deus não voltou à idolatria. Dessa
maneira, quando veio o Messias, pessoas como Isabel e Zacarias, Maria e José,
Simeão, Ana, os pastores e outros eram pessoas piedosas com que Deus iria se
comunicar.
Conteúdo
Neemias expressa
o lado prático, a vivência diária da nossa fé em Deus. Esdras havia conduzido o
povo a uma renovação espiritual, enquanto Neemias era o Tiago do AT, desafiando
o povo a mostrar a sua fé por meio das obras.
A primeira seção
do livro (caps. 1-7) fala sobre a construção do muro. Era necessário para que
Judá e Benjamim continuassem a existir como nação. Durante o período da
construção dos muros, os crentes comprometidos, guiados por esse líder
dinâmico, venceram a preguiça (4.6), zombaria (2.20), conspiração (3.9) e
ameaças de agressão física (4.17).
A segunda seção
do Livro (caps. 8-10) é dirigida ao povo que vivia dentro dos muros. A aliança
foi renovada. Os inimigos que moravam na cidade foram exposto e tratados com
muita dureza. Para guiar esse povo, Deus escolheu um home de coração reto e com
uma visão clara dos temas em questão, colocou-o no lugar certo no momento
certo, equipou-o com o seu Espírito e o enviou pra fazer proezas.
Na última seção
(caps.11-13), o povo é restaurado à obediência da Palavra de Deus, enquanto
Neemias, o leigo,
trabalha junto com Esdras, o profeta. Como governador durante esse período,
Neemias usou a influência do seu cargo para apoiar a Esdras e exercer uma
liderança espiritual. Aqui se revela um homem que planeja sabiamente suas ações
(“considerei comigo mesmo no meu coração”) e um homem cheio de ousadia
(“contendi com os nobres”)
O Espírito Santo
em Ação
Desde a criação,
o ES tem sido o braço executivo de Deus na terra. Eliú falou a verdade quando
disse a Jó: “O Espírito de Deus na terra me fez” (Jó 33.4). Aqui aparece um
padrão constante: é o Espírito de Deus que age para fazer de nos o que Deus
quer que sejamos. Ne 2.18 diz: “Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me
fora favorável.” A mão de Deus, seu modo de agir sobre a terra, é o Espírito
Santo.
Neemias, cujo
nome significa “Jeová conforta”, foi claramente um instrumento do ES. Sob o
poder do ES, certamente se tornou modelo da forma de atuar do ES e foi uma dos
primeiros cumprimentos dessa memorável profecia.
Ester
Autor:
Desconhecido
Data: Cerca de
465 AC
Autor
O nome do autor é
desconhecido,. Mas o livro foi escrito por um judeu que conhecia os costumes e
a linguagem dos persas. Talvez Mardoqueu ou Esdras tenha sido o autor.
Data
O livro de Ester
é uma narração bem elaborada, que relata como o povo de Deus foi preservado da
ruína durante o séc. V aC.
O livro toma seu
nome de uma mulher judia, bela e órfã, que se tornou rainha do rei persa
Assuero. Acredita-se que este rei tenha sido Xerxes I, que sucedeu Dario I, em
485 AC, e governou 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia, durante vinte
anos. Viveu em Susã, a capital persa. Naquela época, certo número de judeus
ainda se encontrava na Babilônia sob o governo persa, embora tivesse liberdade
para retornar a Jerusalém (Et 1-2) há mia de cinqüenta anos. A história se
desenrola num período de quatro anos, iniciando no terceiro ano do reinado de
Xerxes.
Conteúdo
Ester é um estudo
da sobrevivência do povo de Deus em meio à hostilidade. Hamã, o homem mais
importante depois do rei, deseja a aniquilação dos judeus. Ele manipula o rei
para que execute os judeus. Ester é introduzida em cena e Deus faz uso dela
para salvar seu povo. Hamã é enforcado; e Mardoqueu, líder dos judeus no
Império Persa, se torna primeiro ministro. A festa de Purim é instituída para
marca a libertação dos judeus.
Um aspecto
peculiar no Livro de Ester é que o nome de Deus não é mencionado. No entanto,
vestígios de Deus e seus caminhos transparecem em todo o livro, especialmente
na vida de Ester e Mardoqueu. Da perspectiva humana, Ester e Mardoqueu foram as
duas pessoas do povo menos indicadas pras desempenhar funções importantes na
formação da nação. Ele era um judeu benjamita exilado; ela era prima órfã de
Mardoqueu, adotada por este (2.7). A maturidade espiritual de Ester se percebe
na virtude dela saber esperar pelo momento que Deus julgou adequado, para,
então, pedir ao rei a salvação do povo e denunciar Hamã (5.6-8; 7.3-6).
Mardoqueu também revela maturidade para aguardar que Deus lhe indicasse a
ocasião correta e lhe orientasse. Em conseqüência, ele soube o tempo certo de
Ester desvendar sua identidade judaica (2.10). Esta espera divinamente
orientada provou se crucial (6.1-14; 7.9,10) e comprova a base espiritual do
livro.
Finalmente, tanto
Ester quanto Mardoqueu temiam a Deus, não a homens. Independentemente das
conseqüências, Mardoqueu recusou-se a prestar honras a Hamã. Ester arriscou sua
vida por amor do seu povo quando foi ao rei sem ter sido convidada. A missão de
Ester e Mardoqueu sempre foi salvar a vida que o inimigo planejava destruir
(2.21-23; 4.1-17; 7.1-6; 8.3-6) Como resultado, conduziram a nação à liberdade,
foram honrados pelo rei e receberam autoridade, privilégios e
responsabilidades.
O Espírito Santo
em Ação
Embora não se
mencione diretamente o ES, sua ação produziu em Ester e Mardoqueu profunda
humildade, conduzindo-os ao amor mútuo e à lealdade (Rm 5.5)
O ES também
dirigiu e fortaleceu Ester para jejuar pelo seu povo e pedir que este fizesse o
mesmo. (Rm 8.26,27).
LIVROS POÉTICOS
O
Livro de Jó
Introdutivo do livro de Jó
As pessoas têm debatido longa e
seriamente sobre o problema e o significado do sofrimento humano. O livro de Jó
é o mais destacado de todos esses esforços registrados na literatura
mundial.
A narrativa trata da vida de um
homem cujo nome provê o título do livro. O livro abre com um prólogo em prosa
que descreve Jó como um homem rico e reto. Depois de uma série de calamidades,
tudo que ele tem, incluindo seus filhos, lhe é tirado. A pergunta levantada no
prólogo é se Jó vai conservar sua integridade diante de tamanho sofrimento.
Somos informados que ele saiu vitorioso: "Em tudo isto não pecou Jó com os
seus lábios" (2.10).
Além de preparar o terreno para o
debate posterior relacionado ao propósito e ao significado do sofrimento, o
prólogo também apresenta as personagens da trama. Deus é o Javé dos hebreus, que é Senhor do céu e da terra! Satanás aparece
no papel de adversário de Jó. O herói, Jó, é um cidadão rico da terra de Uz.
Ele recebe a visita de três dos seus amigos: Elifaz, o temanita, Bildade, o
suíta e Zofar, o naamatita. Estes três homens vêm trazer conforto para o seu
velho amigo.
A maior parte do livro é composta de diálogos entre os
quatro amigos. Os "confortadores" estão seguros de que o sofrimento
de Jó é causado por algum pecado que seu amigo está escondendo. Eles estão
certos de que humildade e arrependimento vão resolver a situação. Jó, por outro
lado, insiste em que, embora possua as fraquezas normais da raça humana, não
cometeu nenhum pecado que pudesse causar tamanho infortúnio pelo qual está
passando. Ele não concorda com a opinião de seus amigos de que pecado e
sofrimento estão invariável e diretamente ligados como uma seqüência de causa e
efeito. Parece, a essa altura, que o autor pretende mostrar que Jó deveria ser
o vitorioso na argumentação contra seus confortadores.
Um jovem espectador chamado Eliú está em silêncio e
não é mencionado no início. Depois de três rodadas de debates com os outros
amigos, ele intervém na discussão. Ele está injuriado com Jó por sua atitude
irreverente em relação à providência de Deus. Ele também está igualmente
indignado com os três amigos pela incapacidade deles de convencer Jó da sua
culpa. Por intermédio de quatro discursos, não respondidos por Jó, Eliú
expressa sua forte oposição no que tange aos sentimentos de Jó e discorda dele
quanto ao significado do sofrimento. Eliú, embora mantenha a posição básica dos
outros conselheiros de Jó, ressalta a providência de Deus em todos os eventos
humanos e o valor disciplinador do sofrimento. Dessa forma, ele exalta a
grandeza de Deus. Diante desse pano de fundo ele afirma que a aflição do homem
contribui para a sua instrução. Se Jó fosse humilde e piedoso, ele perceberia que Deus o estava conduzindo para
uma vida melhor.
Então o Senhor se manifesta no
meio da tempestade. O pedido insistente de Jó -de que Deus apareça e dê
significado ao seu sofrimento -é finalmente atendido. No entanto, Deus não
menciona o problema individual de Jó, nem trata diretamente dos problemas que
ele levantou. Em vez disso, Ele deixa claro quem Ele é e o relacionamento que
Jó, ou qualquer homem, deveria ter com Ele. Ao ver a glória e o poder de Deus,
Jó é desarmado e humilhado. Quando ele vê Deus em sua verdadeira luz,
arrepende-se das suas palavras e atitudes petulantes.
A Historicidade do Livro
Com freqüência, alguns perguntam:
Será que Jó é um homem real? Ou, será que o livro de Jó é uma história real?
Estas duas perguntas não precisam receber a mesma resposta.
Que houve um Jó com a reputação
de retidão é fato atestado por uma referência a ele em Ezequiel 14.14. É muito
provável que a narrativa básica do livro tenha sido fundamentada em uma
personagem real com esse nome.
Não precisamos com isso, no
entanto, presumir que o livro de Jó está descrevendo um acontecimento histórico
do começo ao fim. Somente por meio de revelação especial o autor poderia ter
acesso à informação concernente às duas cenas no céu descritas nos capítulos 1
e 2. Além disso, é evidente que o prólogo prepara o terreno para o debate que o
autor tem em mente. O diálogo entre os amigos está em forma poética altamente
estilizada, muito diferente de um debate espontâneo.
Esses e outros fatores têm levado à opinião geral de que a
narrativa básica do livro é uma história antiga de um homem real que sofreu
imensamente. Um autor anônimo usou esse material para discutir o significado do
sofrimento humano e o relacionamento de Deus com ele. Esse autor realizou um
trabalho esplêndido.
Autoria
O
nome Jó (heb. 'iyyôb) tem sido
interpretado de várias maneiras. Uma sugestão é "Onde (está) meu
Pai?". Outra leitura deriva o nome da raiz ‘yb, "ser inimigo". É possível entendê-Io como uma forma
ativa (oponente de Javé) ou como uma forma passiva (alguém a quem Javé trata
como inimigo). Pode haver um jogo de palavras quando Jó lamenta ser
"inimigo" ('ôyêb) de Deus
(13.24). O livro de
Jó lida com a pergunta dos séculos
“Se Deus é justo e
amoroso, por que permite que um homem realmente justo, tal como Jó (Jó 1.1,8)
sofra tanto?” Sobre esse assunto o livro revela as seguintes verdades:
(a) Satanás,
como adversário de Deus, teve permissão para provar a autenticidade da fé de um
homem justo, por meio da aflição, mas a graça de Deus triunfou sobre o
sofrimento, porque Jó permaneceu firme e constante na fé, mesmo quando parecia
não haver qualquer proveito em permanecer fiel a Deus.
(b) Deus
lida com situações demais elevadas para a plena compreensão da mente humana (Jó
37.5). Nesses casos, não vemos as coisas com a amplitude que Deus vê e
precisamos da sua graciosa autorevelação (Jó 38—41).
(c) A
verdadeira base da fé acha-se, não nas bênçãos de Deus, nem em circunstâncias
pessoais, nem em teses formuladas pelo intelecto, mas na revelação do próprio
Deus.
(d) Deus, às vezes, permite que Satanás prove os justos
mediante contratempos, a fim de purificar a sua fé e vida, assim como o ouro é
refinado pelo fogo (Jó 23.10; confronte 1Pe 1.6,7). Tal provação resulta numa maior integridade espiritual e
humildade do seu povo (Jó 42.1-10).
(e) Embora
os métodos de Deus agir, às vezes, pareçam contraditórios e cruéis (conforme o
próprio Jó pensava), ver-se-á, no fim, que Ele é plenamente compassivo e
misericordioso (Jó 42.7-17; confronte Tg 5.11).
O livro de Jó e seu cumprimento no Novo
Testamento
O Redentor a quem Jó confessa (Jó
19.25-27), o Mediador por quem ele anseia (Jó 9.32,33) e as respostas às suas
perguntas e necessidades mais profundas, todos têm em Jesus Cristo o seu
cumprimento. Jesus identificouse inteiramente com o sofrimento humano
(confronte Hb 4.15,16; 5.8), ao ser enviado pelo Pai como Redentor, mediador,
sabedoria, cura, luz e vida. A profecia da parte do Espírito sobre a vinda de
Cristo, temo-la mais claramente em Jó 19.25-27. Menção explícita de Jó, temos
duas vezes no Novo Testamento:
(a) Uma
citação (Jó 5.13, em 1Co 3.19).
(b) Uma
referência à perseverança de Jó na aflição e o resultado misericordioso da
maneira de Deus lidar com ele (Tg 5.11).
Jó ilustra muito bem a verdade neotestamentária de que
quando o crente experimenta perseguição ou algum outro severo sofrimento, deve
perseverar firme na fé e continuar a confiar naquele que julga corretamente,
assim como fez o próprio Jesus quando aqui sofreu (1Pe 2.23). Jó 1.6—2.10 é o
mais detalhado quadro do nosso adversário, juntamente com 1Pe 5.8,9.
A Contribuição Teológica
Todos os livros da Bíblia devem
ser estudados como um todo, com suas partes vistas em relação ao propósito
geral do autor. Isso merece atenção especial em Jó. Suas partes não devem ser
arrancadas do todo, e suas ênfases principais não devem ser cristalizados em
princípios rígidos nem calibrados em proposições estreitas.
A Liberdade Divina
Para os portadores da sabedoria convencional, o livro
apresenta um Deus livre para realizar suas surpresas, corrigir distorções
humanas e revisar os livros escritos a seu respeito. Deus é livre para entrar
no teste de Satanás e não dizer nada a respeito disso aos participantes do
teste. Ele estabelece o
momento de sua intervenção e determina sua agenda. Deus é
livre para não responder às perguntas provocativas de J ó e para não concordar
com as doutrinas pretensiosas dos amigos. Acima de tudo, ele é livre para
preocuparse suficientemente a fim de confrontar Jó e perdoar os amigos.
Assim como toda a Escritura, o
autor de Jó retrata um Deus não obrigado pelos interesses humanos nem limitado
pelos conceitos humanos a seu respeito. O que Deus faz brota livremente da
própria vontade dele. Não há diretrizes a que precise conformar-se. Ele optou
por criar e manter o universo, optou por inaugurar e governar a marcha da
história. Deus pode agir de acordo com a ordem e o padrão anunciado em
Deuteronômio e Provérbios ou transcender esses limites em Jó. Uma lição nisso é
que as pessoas só encontram a liberdade à medida que reconhecem a liberdade
divina. Nada é mais frustrante e limitador que estabelecer regras para Deus e
depois ficar querendo saber por que ele não obedece a elas.
A Provação de Satanás
Uma das primeiras referências do
Antigo Testamento a esse adversário é seu aparecimento no prólogo (cf. 1Cr
21.1; Zc 3.1). Satanás tem acesso à presença de Javé, mas é governado pela
soberania dele. Nada dá a entender que Satanás seja mais que criatura de Deus;
a doutrina bíblica da criação bane toda forma real de dualismo. Mas tudo dá a
entender que as intenções de Satanás são nocivas. Ele representa o conflito e a
inimizade. Seus propósitos são contrários aos alvos de Deus e hostis ao
bem-estar de Jó.
A função de Satanás em Jó anuncia
sua função no restante da Bíblia. Ele é uma criatura de Deus, mas um inimigo da
vontade de Deus (cf. Mt 4.1-11; Lc 4.1-13). Ele procura perturbar o povo de
Deus física (2Co 12.7) e espiritualmente (11.14). Ele foi derrotado pela
obediência de Cristo e desaparecerá da história no final (Ap 20.2,7, 10).
O
centro da estratégia de Satanás não era induzir Jó a cometer pecados tais como
imoralidade, desonestidade ou violência, mas tentá-Io para que cometesse o pecado -ser desleal a Deus. A lealdade,
a confiança e a fidelidade são a essência da piedade bíblica, as raízes de onde
brotam todos os frutos da justiça. Satanás, seguindo seu padrão de sempre,
buscou a raiz do problema: o relacionamento de Jó com Deus. Jó passou pelo
teste de lealdade e conquistou notas
máximas, apesar de seus protestos e contestações. Pontos Salientes
A. O Sofrimento dos Justos
Jó 2.7,8: “Então, saiu
Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta
do pé até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com
ele as feridas, assentou-se no meio da cinza.”
A fidelidade a Deus não é
garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta
vida (At 28.16). Na realidade, Jesus ensinou que tais coisas poderão acontecer
ao crente (Jo 16.1-4,33; 2Tm 3.12). A Bíblia contém numerosos exemplos de
santos que passaram por grandes sofrimentos, por diversas razões e.g., José,
Davi, Jó, Jeremias e Paulo.
Certos crentes sofrem pela mesma
razão que os descrentes sofrem, conseqüência de seus próprios atos. A lei
bíblica “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7) aplica-se a
todos de modo geral. Se guiarmos com imprudência o nosso automóvel, poderemos
sofrer graves danos. Se não formos comedidos em nossos hábitos alimentares,
certamente vamos ter graves problemas de saúde. É nosso dever sempre proceder
com sabedoria e de acordo com a Palavra de Deus e evitar tudo o que nos
privaria do cuidado providente de Deus.
O crente também sofre, pelo menos
no seu espírito, por habitar num mundo pecaminoso e corrompido. Por toda parte
ao nosso redor estão os efeitos do pecado. Sentimos aflição e angústia ao
vermos o domínio da iniqüidade sobre tantas vidas (Ez 9.4; At 17.16; 2Pe 2.8).
É nosso dever orar a Deus para que Ele suplante vitoriosamente o poder do
pecado.
A Morte
Jó19.25,26: “Eu sei que o
meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de
consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus.”
Todo ser humano, tanto crente quanto incrédulo, está
sujeito à morte. A palavra
“morte” tem, porém, mais
de um sentido na Bíblia. É importante para
o crente compreender os vários sentidos do termo morte.
O Livro dos Salmos
Esboço
do Livro
I Livro 1
Salmos 1—41
II Livro 2
Salmos 42—72
III Livro 3
Salmos 73—89
IV Livro 4
Salmos 90—106
V Livro 5
Salmos 107—150
Duas
observações quanto ao esboço acima são dignas de nota: Desde os tempos
antigos, os 150 salmos são organizados em cinco livros, tendo cada um, na sua
conclusão, uma enunciação de louvor e invocação dirigida a Deus, a saber: Livro
1 — 41.13; Livro 2 — 72.19; Livro 3 — 89.52; Livro 4 — 106.48; Livro 5 —
150.1-6. O salmo 150 não é apenas o último dos salmos; é também uma enunciação
de louvor e invocação a Deus; ele é também uma doxologia para todo o saltério.
O gráfico a seguir enseja uma visão panorâmica da divisão dos Salmos em cinco
livros.
Abordagem introdutória
O livro de Salmos é o primeiro livro na terceira divisão da
Bíblia hebraica. Conhecida como Kethubhim
ou Escritos, essa terceira divisão era popularmente conhecida pelo nome do
primeiro livro, isto é, "Os Salmos". Deste modo, Jesus incluiu todo o
Antigo Testamento no que tange às profecias a seu respeito "na Lei de
Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos" (Lc 24.44).
O título em português vem da tradução grega, Septuaginta,
concluída em cerca de 150 a.C. Psalmoi, o
termo grego, significa "cânticos" ou "cânticos sagrados" e
é derivado da raiz que significa "impulso, toque", em cordas de um
instrumento de cordas. O título hebraico é Tehillim,
e significa "louvores" ou "cânticos de louvor".
Os Salmos têm uma importância
especial na Bíblia. Lutero descreveu esse livro como "uma Bíblia em
miniatura" (THOMPSON, 1962, p. 1059). Calvino o descreveu como "uma
anatomia de todas as partes da alma", visto que, como explicou, "não
existe emoção que não é representada aqui como em um espelho" (MCCULLOUGH,
1955, p. 15); Johannes Arnd escreveu: "O que o coração é para o homem, os
Salmos são para a Bíblia". (ARND, p. 1); W. O.
Classificação dos Salmos
Existem muitas tentativas de
classificação dos salmos, mas nenhuma delas é inteiramente satisfatória. Certo
número de salmos contém materiais de mais de um tipo, tornando qualquer
tentativa de classificação necessariamente experimental. A classificação abaixo,
baseada em um número de fontes padronizadas de informações, pelo menos ilustra
a amplitude e variedade a serem encontradas nesse hinário da Bíblia:
(a) Salmos
de Sabedoria e de Contraste Moral: 1; 9; 10; 12; 14; 19; 25; 34; 36; 37; 49;
50; 52; 53; 73; 78; 82; 92; 94; 111; 112; 119.
(b) Salmos
Reais e Messiânicos: 2; 16; 22; 40; 45; 68; 72; 89; 101; 110;
144.
(c) Cânticos
de Lamentação, Individual e Nacional: 3-5; 7; 11; 13; 17; 2628; 31; 39; 41-44;
54-57; 59-64; 70; 71; 74; 77; 79; 80; 86; 88; 90; 140
142.
(d) Salmos
de Penitência: 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143.
(e) Salmos
de Devoção, Adoração, Louvor e Ações de graça: 8; 18; 23; 29; 30; 33; 46-48;
65-67; 75; 76; 81; 85; 87; 91; 93; 103-108; 135; 136; 138; 139; 145-150.
(f) Salmos
Litúrgicos: 15; 20; 21; 24; 84; 95-100; 113-118; 120-134.
(g) Salmos
Imprecatórios: 35; 58; 69; 83; 109; 137.
A Data dos Salmos
O padrão da crítica bíblica no
passado tem sido datar os salmos em época muito posterior ao reinado de Davi.
Alguns estudiosos têm defendido a idéia de datas pós exílio, e mesmo da época
dos macabeus, para a maioria dos salmos (e.g., 520-150 a.C.). Outras conclusões
foram tiradas a partir de um suposto desenvolvimento evolucionário das formas
de pensamento expressas nos salmos.
“O quadro, no entanto, tem mudado radicalmente com um
estudo mais cuidadoso dos textos de Ras
Shamra ou de Ugarite. O impacto completo dessas descobertas ainda não foi
sentido”. (DAHOOD, p. xv-xxxii). Ligado a isso está a evidência ainda mais
recente dos textos de Qumrã (os Manuscritos do Mar Morto). Mitchell Dahood
resume as tendências mais recentes nessa cronologia dos salmos: "Um exame
do vocabulário desses salmos revela que virtualmente cada palavra, imagem e
paralelismo são agora relatados nos textos cananeus da Idade do Bronze. (...)
Se eles são poemas compostos pouco antes da LXX, por que então os tradutores
judeus em Alexandria os entendiam tão imperfeitamente? As obras contemporâneas
deveriam se sair melhor na tradução deles". (DAHOOD, p. xxix). Dahood
continua:
Embora não tenhamos
evidências diretas que nos permitiriam datar a conclusão da coleção inteira, a
grande diferença na linguagem e métrica entre o saltério canônico e o Hodayot
de Qumrã torna impossível aceitar uma data do tempo dos macabeus para qualquer
um dos salmos, posição essa que ainda é mantida por um número razoável de
estudiosos. Uma data helenística também não é aceitável. O fato de os
tradutores da LXX estarem perdidos diante de tantas palavras e frases arcaicas
evidencia uma lacuna cronológica considerável entre eles e os salmistas
originais. (1938, p. 1-18).
Uso litúrgico
A associação íntima do Saltério e do Pentateuco e a leitura
contínua da Torá fizeram, com o tempo, que certos Salmos se tornassem ligados a
dias e ocasiões particulares. O Sl 145 era usado em cada uma das três
festividades anuais (é provável que seja o hino referido em Mc 14.26); o Sl
130, com a expectativa e o desejo intensos por perdão que o caracterizam, era
usado no dia da expiação; o Sl 135 era um hino habitualmente pascal. Os velhos
cânticos peregrinos (120-134) foram adotados para a festa dos tabernáculos e,
no tempo do templo de Herodes, eram habitualmente entoados por um coro de
levitas, de pé, nos quinze degraus que ligavam os dois pátios do templo. Alguns
eram tradicionalmente considerados sabáticos (por exemplo: 92-100), e cada dia
da semana tinha o seu Salmo habitual.
Interpretação
A interpretação dos Salmos depende do nosso conhecimento da
condição da crença religiosa e da revelação ao tempo da sua composição e da
nossa própria experiência de Deus em Cristo. Pensa-se muitas vezes que certas
passagens se referem à vida depois da morte (por exemplo, 16.10; 17.15; 49.16;
73.24,36; 118.17), e tanto quanto conhecermos o poder da ressurreição de
Cristo, podemos ler tais declarações à luz daquela verdade. O salmista não
conhecia tal certeza, embora compartilhasse com o profeta um discernimento
parcial de coisas maiores do que podia expressar em palavras. Certamente que
estas passagens não se encontravam vazias de esperança quando primeiramente
foram enunciadas, mas a qualidade dessa "certeza" é que era variável.
Constituía principalmente uma inferência da experiência pessoal do autor com
Deus e a sua percepção de um propósito divino correndo através da História. Ele
tinha fé suficiente para vislumbrar a promessa, embora esta estivesse muito
longínqua. As suas palavras podem incluir, muitas vezes, a esperança de ser
livrado de uma morte física imediata, mas não podemos limitar a isso o seu
significado.
O elemento de predição é
mesmo mais forte na forma profética, mais geral, de alguns Salmos. É verdade
que cada predição tem de esperar pelo cumprimento antes de poder ser
completamente compreendida, mas existe, de algum modo, desde a sua primeira
expressão. Por exemplo, o Sl 16.8-11 é interpretado em At 2.25-32 e o Sl 2 é
compreendido em At 4.26; Hb 1.5; 5.5, de
uma forma que esclarece e preenche completamente o que, na maior parte, podia
ter sido apenas parcial e esquemático na mente do salmista. De fato, a origem
da idéia pode ter para ele uma relação secundária com a sua interpretação
final. A revelação de Deus em Cristo é o ponto central da história do mundo (Hb
9.26; Rm 8.1922). Não é, pois, surpreendente que, à medida que os séculos
deslizam para o passado, tal verdade eterna causasse em homens piedosos uma
"advertência" crescente de acontecimentos iminentes e relacionados. O
Senhor escolheu Israel para certo propósito. Do ponto de vista divino esse
objetivo já estava cumprido (1Pe 1.20; Ef 1.10) e a corrente da experiência
humana, sob Deus, incluía recursos que tornavam possível a sua revelação. Para
um estudo dos vários aspectos da esperança messiânica e do significado das
referências dos Salmos. (HEBERT, p. 39-69).
Em conclusão, devemos considerar o Saltério de um modo
muito semelhante à forma como encaramos uma catedral; não meramente como um
agregado de estilos arquitetônicos e sistemas decorativos constituídos pelo
curso da história numa unidade, mas como um lugar cujo propósito é servir de
auxílio no culto a Deus. Contudo, por mais interessantes que sejam os elementos
de arquitetura ou literários, ambos perderiam a razão essencial da sua
existência se o seu significado espiritual e função fossem ignorados ou rebaixados.
Contribuições para a Teologia Bíblica
Assim como as janelas e as
esculturas das catedrais medievais, os salmos eram quadros de fé bíblica para
um povo que não possuía cópias das Escrituras em casa e não podia lê-las.
Representam um compêndio de fé veterotestamentária. Resumos de histórias (e.g.,
Sl 78; 105-106; 136), instruções sobre piedade (e.g., 1; 119), celebrações da
criação (8; 19; 104), reconhecimento do julgamento divino (37; 49; 73),
garantias de seu cuidado constante (103) e consciência de sua soberania sobre
todas as nações (2; 110) foram instalados no centro da fé israelita com o apoio
do Saltério.
Acima de tudo, os salmos eram
declarações de relacionamento entre o povo e seu Senhor. Pressupunham a aliança
entre ambos e as implicações de provisão, proteção e preservação dessa aliança.
Seus cânticos de adoração; confissões de pecado, protestos de inocência,
queixas de sofrimento, pedidos de livramento, garantias de ser ouvido, petições
antes das batalhas e ação de graças depois delas são, todos, expressões do
relacionamento ímpar que tinham com o único Deus verdadeiro.
Temor e intimidade combinavam-se no entendimento que os
israelitas tinham desse relacionamento. Eles temiam o poder e a glória de Deus,
sua majestade e soberania. Ao mesmo tempo, protestavam diante dele, discutindo
suas decisões e pedindo sua intervenção. Eles o reverenciavam como Senhor e o
reconheciam como
Pai.
Esse senso de relacionamento
especial é o que melhor explica os salmos que amaldiçoam os inimigos de Israel.
A aliança era tão estreita que qualquer inimigo de Israel era um inimigo de
Deus e vice-versa. E mais, o relacionamento de Israel com Deus era expresso num
ódio feroz contra o mal, exigindo um julgamento tão severo quanto o crime (109;
137.7-9). Mesmo essa exigência de julgamento era um produto da aliança, uma
convicção de que o Senhor justo protegeria seu povo e puniria os que
desdenhassem seu culto ou sua lei. Ao que parece, o julgamento ocorreria
durante a vida do perverso. “O ensino de Jesus sobre o amor para com os
inimigos (Mt 5.43-48) pode fazer com que os cristãos tenham dificuldades em
usá-los como oração, mas os cristãos não devem perder o ódio pelo pecado nem o
zelo pela santidade de Deus que os originaram”. (LEWIS, 1958, p. 20).
Atributos exclusivos de Deus
Deus é onipresente — i.e., Ele está presente em todos os lugares a
um só tempo. O salmista afirma que, não importa para onde formos Deus está ali
(Sl 139.7-12; cf. Jr 23.23,24; At 17.27,28); Deus observa tudo quanto
fazemos.
Deus é onisciente —
i.e., Ele sabe todas as coisas (Sl 139.1-6; 147.5). Ele conhece, não somente
nosso procedimento, mas também nossos próprios pensamentos (1Sm 16.7; 1Rs 8.39;
Sl 44.21; Jr 17.9,10). Quando a Bíblia fala da presciência de Deus (Is 42.9; At
2.23; 1Pe 1.2), significa que Ele conhece com precisão a condição de todas as
coisas e de todos os acontecimentos exeqüíveis, reais, possíveis, futuros,
passados ou
predestinados
(1Sm 23.1013; Jr 38.17-20). A presciência de Deus não subentende determinismo
filosófico. Deus é plenamente soberano para tomar decisões e alterar seus
propósitos no tempo e na história, segundo sua própria vontade e sabedoria.
Noutras palavras, Deus não é limitado à sua própria presciência (Nm 14.1120;
2Rs 20.1-7).
Deus é onipotente —
i.e., Ele é o Todo-poderoso e detém a autoridade total sobre todas as coisas e
sobre todas as criaturas (Sl 147.13-18; Jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37). Isso não
quer dizer, jamais, que Deus empregue todo o seu poder e autoridade em todos os
momentos. Por exemplo, Deus tem poder para exterminar totalmente o pecado, mas
optou por não fazer assim até o final da história humana (1Jo 5.19). Em muitos
casos, Deus limita o seu poder, quando o emprega através do seu povo (2Co
12.7-10); em casos assim, o seu poder depende do nosso grau de entrega e de
submissão a Ele (Ef 3.20).
Deus é perfeito e
santo — i.e., Ele é absolutamente isento de pecado e perfeitamente justo
(Lv 11.44,45; Sl 85.13; 145.17; Mt 5.48). Adão e Eva foram criados sem pecado
(cf. Gn 1.31), mas com a possibilidade de pecarem. Deus, no entanto, não pode
pecar (Nm 23.19; 2Tm 2.13; Tt 1.2; Hb 6.18). Sua santidade inclui, também, sua
dedicação à realização dos seus propósitos e planos.
Deus é trino e uno —
i.e., Ele é um só Deus (Dt 6.4; Is 45.21; 1Co 8.5,6; Ef 4.6;
1Tm 2.5), manifesto em três pessoas: Pai, Filho e Espírito
Santo (Mt 28.19; 2Co 13.14; 1Pe 1.2). Cada pessoa é plenamente divina, igual às
duas outras; mas não são três deuses, e sim um só Deus (Mt 3.17; Mc 1.11). Deus
é revelado nas Escrituras como um só Deus, existente como Pai, Filho e Espírito
Santo (cf. Mt 3.16,17; 28.19; Mc 1.9-11; 2Co 13.14; Ef 4.4-6; 1Pe 1.2; Jd
20,21). Esta é a doutrina da Trindade, expressando a verdade de que dentro da
essência una de Deus, subsistem três Pessoas distintas, compartilhando uma só
natureza divina comum. Assim, segundo as Escrituras, Deus é singular (i.e., uma
unidade) num sentido, e plural (i.e., trina), noutro. As Escrituras declaram
que Deus é um só uma união perfeita de uma só natureza, substância e essência
(Dt 6.4; Mc 12.29; Gl 3.20). Das pessoas da deidade, nenhuma é Deus sem as
outras, e cada uma, juntamente com as outras, é Deus. O Deus único existe numa
pluralidade de três pessoas identificáveis, distintas; mas não separadas. As
três não são três deuses, nem três partes ou expressões de Deus, mas são três
pessoas tão perfeitamente unidas que constituem o único Deus verdadeiro e
eterno. O Filho e também o Espírito Santo possuem atributos que somente Deus
possui (Jo 20.28; 1.1,14; 5.18; 14.16; 16.8,13; Gn
1.2; Is 61.1; At 5.3,4; 1Co 2.10,11; Rm 8.2,26,27;
2Ts 2.13; Hb 9.14). Nem o Pai, nem o Filho, nem o Espírito Santo, foram feitos
ou criados em tempo algum, mas cada um é igual ao outro em essência, atributos,
poder e glória. O Deus único, existente em três pessoas, torna possível desde toda a
eternidade o amor recíproco, a comunhão, o exercício dos atributos divinos, a
mútua comunhão no conhecimento e o inter-relacionamento dentro da deidade (cf.
Jo 10.15; 11.27; 17.24; 1Co 2.10).
2.11.8. Atributos morais de
Deus
Muitas características do Deus
único e verdadeiro, especialmente seus atributos morais, têm certa similitude
com as qualidades humanas; sendo, porém, evidente que todos os seus atributos
existem em grau infinitamente superior aos humanos. Por exemplo, embora Deus e
o ser humano possuam a capacidade de amar, nenhum ser humano é capaz de amar
com o mesmo grau de intensidade como Deus ama. Além disso, devemos ressaltar
que a capacidade humana de ter essas características vem do fato de sermos
criados à imagem de Deus (Gn 1.26,27); noutras palavras, temos a sua
semelhança, mas Ele não tem a nossa; i.e., Ele não é como nós.
Deus é bom (Sl
25.8; 106.1; Mc 10.18). Tudo quanto Deus criou originalmente era bom, era uma
extensão da sua própria natureza (Gn
1.4,10,12,18,21,25,31). Ele
continua sendo bom para sua criação, ao sustentála, para o bem de todas as suas
criaturas (Sl 104.10-28; 145.9); Ele cuida até dos ímpios (Mt 5.45; At 14.17).
Deus é bom, principalmente para os seus, que o invocam em verdade (Sl
145.18-20).
Deus é amor (1Jo
4.8). Seu amor é altruísta, pois abraça o mundo inteiro, composto de humanidade
pecadora (Jo 3.16; Rm 5.8). A manifestação principal desse seu amor foi a de
enviar seu único Filho, Jesus, para morrer em lugar dos pecadores (1Jo 4.9,10).
Além disso, Deus tem amor paternal especial àqueles que estão reconciliados com
Ele por meio de Jesus (Jo 16.27).
Deus é misericordioso e clemente (Êx 34.6; Dt 4.31; 2Cr 30.9; Sl
103.8; 145.8; Jl 2.13); Ele não extermina o ser humano conforme merecemos
devido aos nossos pecados (Sl 103.10), mas nos outorga o seu perdão como dom
gratuito a ser recebido pela fé em Jesus Cristo.
Deus é compassivo (2Rs 13.23; Sl 86.15; 111.4). Ser compassivo
significa sentir tristeza pelo sofrimento doutra pessoa, com desejo de ajudar.
Deus, por sua compaixão pela humanidade, proveu-lhe perdão e salvação (cf. Sl
78.38). Semelhantemente, Jesus, o Filho de Deus, demonstrou compaixão pelas
multidões ao pregar o evangelho aos pobres, proclamar libertação aos cativos,
dar vista aos cegos e pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4.18; cf. Mt 9.36;
14.14; 15.32; 20.34; Mc 1.41; Mc 6.34).
Deus é paciente e lento em irar-se (Êx 34.6; Nm 14.18; Rm 2.4; 1Tm
1.16). Deus expressou esta característica pela primeira vez no jardim do Éden
após o pecado de Adão e Eva, quando
deixou de destruir a raça humana conforme era seu direito (cf. Gn 2.16,17).
Deus também foi paciente nos dias de Noé, enquanto a arca estava sendo
construída (1Pe 3.20). E Deus continua demonstrando paciência com a raça humana
pecadora; Ele não julga na devida ocasião, pois destruiria os pecadores, mas na
sua paciência concede a todos a oportunidade de se arrependerem e serem salvos
(2Pe 3.9).
Deus é a verdade (Dt 32.4; Sl 31.5; Is 65.16; Jo 3.33). Jesus
chamou-se a si mesmo “a verdade” (Jo 14.6), e o Espírito é chamado o “Espírito
da verdade” (Jo 14.17; cf. 1Jo 5.6). Porque Deus é absolutamente fidedigno e
verdadeiro em tudo quanto diz e faz, a sua Palavra também é chamada a verdade
(2Sm 7.28; Sl 119.43; Is 45.19; Jo 17.17). Em harmonia com este fato, a Bíblia
deixa claro que Deus não tolera a mentira nem falsidade alguma (Nm 23.19; Tt
1.2; Hb 6.18).
Deus é fiel (Êx 34.6; Dt 7.9; Is 49.7; Lm 3.23; Hb 10.23). Deus
fará aquilo que Ele tem revelado na sua Palavra; Ele cumprirá tanto as suas
promessas, quanto as suas advertências (Nm 14.32-35; 2Sm 7.28; Jó 34.12; At
13.23,32,33; 2Tm 2.13). A fidelidade de Deus é de consolo inexprimível
para o crente, e grande medo de
condenação para todos aqueles que não se arrependerem nem crerem no Senhor
Jesus (Hb 6.4-8; 10.26-31).
Finalmente, Deus é
justo (Dt 32.4; 1Jo 1.9). Ser justo significa que Deus mantém a ordem moral
do universo, é reto e sem pecado na sua maneira de tratar a humanidade (Ne
9.33; Dn 9.14). A decisão de Deus de castigar com a morte os pecadores (Rm
5.12), procede da sua justiça (Rm 6.23; cf. Gn 2.16,17); sua ira contra o
pecado decorre do seu amor à justiça (Rm 3.5,6; ver Jz 10.7 ). Ele revela a sua
ira contra todas as formas da iniqüidade (Rm 1.18), principalmente a idolatria
(1Rs 14.9,15,22), a incredulidade (Sl 78.21,22; Jn 3.36) e o tratamento injusto
com o próximo (Is 10.1-4; Am 2.6,7). Jesus Cristo, que é chamado o “Justo” (At
7.52; 22.14; cf. At 3.14), também ama a justiça e abomina o mal (Mc 3.5; Rm
1.18; Hb 1.9). Note que a justiça de Deus não se opõe ao seu amor. Pelo contrário,
foi para satisfazer a sua justiça que Ele enviou Jesus a este mundo, como sua
dádiva de amor (Jo 3.16; 1Jo 4.9,10) e como seu sacrifício pelo pecado em lugar
do ser humano (Is 53.5,6; Rm 4.25; 1Pe 3.18), a fim de nos reconciliar consigo
mesmo (2Co 5.18-21). A revelação final que Deus fez de si mesmo está em Jesus
Cristo (Jo 1.18; Hb 1.1-4); noutras palavras, se quisermos entender
completamente a pessoa de Deus, devemos olhar para Cristo, porque nEle habita
toda a plenitude da divindade
(Cl 2.9).
O Livro de Provérbios
O livro de Provérbios é uma antologia inspirada de
sabedoria hebraica. Esta sabedoria, no entanto, não é meramente intelectual ou
secular. É principalmente a aplicação dos princípios da fé revelada às tarefas
da vida diária. Nos Salmos temos o hinário dos hebreus; em Provérbios temos o
seu manual para a justiça diária. Neste último encontramos orientações práticas
e éticas para a religião pura e sem mácula. Jones e Walls dizem: "Os
provérbios nesse livro não são tanto ditos populares como a essência da sabedoria
de mestres que conheciam a lei de Deus e estavam aplicando os seus princípios à
vida na sua totalidade (...) São palavras de recomendação ao homem que está na
jornada e que busca trilhar o caminho da santidade" (1953, p. 516).
O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em três
partes: a Lei, os Profetas e os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira
parte estavam os livros poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o Israel antigo tinha três
categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos
eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de
princípios e práticas da vida.
O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos
sábios. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos
de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no
livro de Provérbios (por exemplo, 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as
concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente
e justo. O conteúdo de Provérbios
representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso
deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus
padrões justos para o povo do seu concerto.
O ensino mediante provérbios era
popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua grande clareza e facilidade
de memorização e transmissão de geração em geração.
Assim como Davi é o manancial da tradição salmódica em
Israel, Salomão é o manancial da
tradição sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32,
Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos. Outros autores mencionados
por nome em Provérbios são Agur (Pv 30.1-33) e o rei Lemuel (Pv 31.1-9), ambos
desconhecidos.
Autoria
O título geral é "Provérbios de Salomão, filho de
Davi". Em diversos pontos do livro, entretanto, ocorrem rubricas que
denotam a autoria de diferentes seções.
Assim, há seções atribuídas a Salomão em 10.1 e aos
"sábios", em
22.17 e 24.23. Em 25.1 existe uma interessante rubrica:
"provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei
de Judá"; o capítulo 30 é introduzido como: "palavras de Agur, filho
de Jaque"; e o capítulo 31 com os seguintes termos: "palavras do rei
Lemuel", ou melhor, de sua mãe.
Os rabinos diziam: "Ezequias
e seus homens escreveram Isaías, Provérbios, Cantares e Eclesiastes" (Baba
Bathra 15a); em outras palavras, editaram ou publicaram esses livros. No que
tange ao livro de Provérbios é duvidoso que essa declaração rabínica esteja
baseada em outra coisa além da rubrica de
25.1.
O ceticismo que desde o século 1
tem reduzido ao mínimo o elemento salomônico, atualmente parece estar
desaparecendo. Quanto a uma revisão de algum criticismo moderno sobre
Provérbios. Anteriormente, a literatura de Sabedoria, como um todo, era
geralmente atribuída a uma data pós-exílica. Agora o devido reconhecimento está
sendo dado à poesia de Sabedoria, não apenas nos escritos proféticos, mas
também nos escritos pré-proféticos (cf. Jz 9.8 e segs.). Por exemplo, escreve
W. Baumgartner: "Portanto, visto que não pode ter surgido simplesmente
como sucessor da Lei e da Profecia, em tempos pós-exílicos, uma data tão
posterior exige cuidadoso reexame" (editado por H. H. Rowley, 1951, p.
211). O resultado desse reexame, por parte de eruditos críticos, tem levado,
geralmente falando, a uma conceituação mais séria sobre as rubricas.
Consideremos os autores nomeados nessas rubricas.
Salomão
No livro de Provérbios, a sabedoria não é
simplesmente intelectual, mas envolve o homem
inteiro; e dessa sabedoria Salomão, no zênite de sua fama, e a
materialização. Ele amava ao Senhor (1Rs 3.3); ele orou pedindo um coração
entendido pala discernir entre o bem e o mal (1Rs 3.9,12); sua sabedoria
foi-lhe proporcionada por Deus (1Rs 4.29), e era acompanhada por profunda
humildade (1Rs 3.7); foi testada em questões práticas, tais como administração
justa (1Rs 3.16-28) e diplomacia (1Rs 5.12). Sua sabedoria tornou-se famosa no
oriente (1Rs 4.30 e segs.; 10.1-13); ele compôs provérbios e cânticos (1Rs
4.32) e respondeu "enigmas" (1Rs 10.1); e muito de sua coletânea de
fatos foi tirado da natureza (1Rs 4.33).
Data
O que dissemos sobre as coleções individuais é bastante.
Mas, quando foram elas reunidas, formando um livro conforme o conhecemos agora?
Embora grande parte do livro de Provérbios tenha sua origem na época de
Salomão, no décimo século a.C., a conclusão da obra não pode ser datada antes
de 700 a.C., aproximadamente duzentos e cinqüenta anos após o seu reinado. Uma
seção (25.1-29.27) contém a coleção de provérbios que os escribas de Ezequias
copiaram de obras anteriores de Salomão. Alguns estudiosos datam a edição final
de Provérbios ainda mais tarde, mas antes do período de conclusão do Antigo
Testamento -400 a.C. Outros ainda chegam a datar a edição final no período
intertestamental. Uma referência ao livro de Provérbios no livro apócrifo de
"Eclesiástico" ("A Sabedoria de Jesus Ben Sirach"), escrito
em torno de 180 a.C., indica que nessa época Provérbios era amplamente aceito
como parte da tradição religiosa e literária de Israel.
Definição e Forma literária
A palavra "provérbio",
em nossos dias significa um ditado breve e incisivo, expressando uma observação
verdadeira e conhecida concernente à experiência humana -por exemplo:
"Deus ajuda quem cedo madruga". Há diversas coletâneas de provérbios
modernos publicadas nas mais diversas línguas e culturas. Para o antigo hebreu,
no entanto, a palavra "provérbio" (mashal)
tinha um significado muito mais amplo. Era usada não somente para expressar
uma máxima, mas para interpretar um ensino ético da fé do povo de Israel. A
palavra vem do verbo que significa "ser como" ou
"comparar". Por isso, no livro de Provérbios encontramos uma série de
símiles, contrastes e paralelismos. O paralelismo de duas linhas é a forma
predominante encontrada em Provérbios. Dentro dos limites desse modo de
expressão há uma variedade extraordinária. Existe o paralelismo antitético
(10.1), o paralelismo sinônimo (22.1) e o paralelismo progressivo, ou sintético
(11.22). Encontramos o paralelismo também em outras partes das Escrituras do
Antigo Testamento, especialmente em Salmos.
Em algumas partes do Antigo Testamento o mashal tem ainda usos mais amplos. Em
Juízes é usado para descrever uma fábula (9.7-21) e como designação de um
enigma (14.12). Em 2 Samuel 12.1-6 e Ezequiel 17.2-10 refere-se a uma parábola
ou alegoria. Em Jeremias 24.9 identifica um provérbio. Em Isaías caracteriza um
insulto (14.4) e em Miquéias um lamento
(2.4).
O livro de Provérbios é escrito e estruturado em forma
poética, sendo que os ditos aparecem geralmente em parelhas de versos
(dísticos). Muitas versões e traduções modernas seguem o padrão poético do
original hebraico. Não é difícil perceber a estrutura das partes principais do
livro. No entanto, o conteúdo em cada uma dessas partes muitas vezes resiste a
um arranjo bemorganizado. Em muitos casos não há conexão lógica entre um
provérbio e os adjacentes.
O Livro de Eclesiastes
Importância e Título
Poucos escritos bíblicos têm
provocado gama tão grande de opiniões com respeito ao significado como
Eclesiastes. Tentar determinar o centro de sua mensagem revela-se uma tortura e
uma frustração, mas não deixa de ser também importante. O livro nos apresenta
uma caixa repleta de enigmas. Cada vez que a abrimos temos de enfrentar de novo
seu estilo, percorrer seus argumentos, decodificar suas figuras. E ao fazer
isso percebemos Deus agindo, vemos nossos problemas humanos diminuídos,
encontramos alertas contra nossas soluções simplistas. Aguçamos nossos anseios
por aquele cuja cruz e ressurreição são janelas para a plenitude do que Deus
deseja para a vida humana.
O título hebraico “Koheleth”
(derivado de kahal, “reunir-se”) significa "Pregador" ou "alguém
que se dirige à uma assembléia". O termo é usado sete vezes nesse livro,
mas não aparece em nenhum outro do Antigo Testamento. Os tradutores gregos
deram-lhe o nome de "Eclesiastes", que significa "função de
pregador". É um título bem apropriado, pois contém muitas características
de sermão, embora não principie por texto bíblico.
No versículo inicial de Eclesiastes, o autor se identifica
como "pregador" (koheleth). A
palavra vem de uma raiz que significa "reunir", e, assim,
provavelmente indica alguém que reúne uma assembléia para ouvi-Io falar, portanto, um orador ou pregador. A
Septuaginta usou o termo grego Ecclesiastes,
que as traduções em inglês e português transpuseram como o nome do livro. O
termo designa "um membro da ecclesia,
a assembléia dos cidadãos na Grécia". Já no início da era cristã, ecclesia era o termo usado para se
referir à Igreja.
4.3. Autoria
Quem era Koheleth? A linguagem de 1.1 e a descrição do capítulo 2 parecem
indicar o rei Salomão. A autoria salomônica foi aceita tanto pela tradição
judaica como pela tradição cristã até épocas relativamente recentes. Martinho
Lutero parece ter sido o primeiro a negar isso, e provavelmente a maioria dos
estudiosos da Bíblia concordaria com ele.
Entre os estudiosos mais recentes
e conservadores, Young escreve: "O autor do livro foi alguém que viveu no
período pós-exílico e colocou suas palavras na boca de Salomão, assim
empregando um artifício literário para transmitir sua mensagem" (1950, p.
340). Hendry considera a autoria não-salomônica uma questão tão fechada que ele
não a discute em sua introdução. (1953, p. 33839). Aqueles que rejeitam a
Salomão como o autor normalmente datam o livro entre 400 e 200 a.C., alguns
ainda mais tarde.
O argumento aparentemente mais
forte contra a autoria salomônica é a presença de palavras aramaicas no texto
que não parecem ter sido usadas no tempo de Salomão. Archer, entretanto,
argumenta contra a validade dessa evidência, declarando que "o livro de
Eclesiastes não se encaixa em nenhum período na história da língua hebraica
[...] não existe no momento nenhum fundamento concreto para datar esse livro
com base em aspectos lingüísticos (embora não seja mais estranho ao hebraico do
século X do que é para o hebraico do século V ou do século II). (MOODY PRESS,
1964, p.465).
Por um lado, depois de Lutero ter
negado a autoria salomônica, a maioria dos
eruditos da Bíblia negaram-na. Eis as principais razões:
(a) As
condições históricas não parecem ser da época de Salomão.
(b) O nome de Salomão não aparece no livro, como no
Livro de Provérbios e Cantares.
(c) A
linguagem, o uso das palavras e o estilo são supostamente pósexílio, contendo
muito do aramaico.
(d) A
introdução refere-se à Salomão como a um herói, não como a um autor.
Por outro lado, muitos eruditos conservadores sustentam que
Salomão foi o autor pelas seguintes razões:
(a) As
auto-identificações do autor indicam Salomão (1.1,12; 2.7,9; 12.9). Caso
Salomão não fosse seu autor, a falsa personificação do mais sábio de todos os
homens sábios teria sido descoberta há muito tempo pelos rabinos de Israel, e
esses não permitiriam a inclusão do livro no Cânon.
(b) O autor identifica-se como aquele que reuniu e
organizou muitos provérbios (12.9; comparar com 1Rs
4.32).
(c) A tradição
judaica atribuiu o livro à Salomão. As experiências, argumentos e conclusões
apresentados requerem um autor como Salomão, pessoa de grande sabedoria,
riqueza, fama, sucesso nos negócios e paixão por mulheres. Não houve ninguém
tão maravilhosamente bem-dotado para a tarefa de pesquisar e escrever esse
livro como Salomão.
Interpretação
Como devemos interpretar a
mensagem deste livro? O leitor logo fica impressionado por pontos de vista
evidentemente contraditórios. Uma teoria persistente defende que o livro é um
diálogo com perspectivas contraditórias apresentadas por personagens diferentes.
Se este ponto de vista for aceito, a expressão freqüentemente repetida
"vaidade de vaidades" seria o veredicto do autor num panorama que se
restringe apenas ao mundo presente. Outra abordagem favorita tem sido associar
a perspectiva consistentemente pessimista ao autor inicial e explicar pontos de
vista contraditórios como inserções de autores posteriores que tentaram
corrigir afirmações exageradas com o propósito de tornar o livro mais coerente
com os ensinamentos religiosos em vigor na época.
O livro de fato apresenta
oscilações entre confiança e pessimismo. Mas elas não precisam nos instigar a
abandonar a convicção na unidade e integridade de Eclesiastes. Tais oscilações
não seriam uma conseqüência natural da luta entre a fé, por um lado, e os
interesses pelos assuntos mundanos, por outro, tanto no coração do próprio
Salomão como na vida centrada na terra que o livro retrata? Barton escreve:
"Quando um homem contemporâneo percebe quantos conceitos diferentes e
estados de humor ele pode ter, descobre menos autores em um livro como Koheleth" (1908, p. 162).
Se este livro representa a luta de uma alma com dúvidas
sombrias, também revela o comportamento de um homem que notou o lado positivo
das coisas. Apesar de sua atitude pessimista, a vida é tão preciosa quanto um
"copo de ouro" (12.6), e a resposta final ao sentido da vida é:
"Teme a Deus e guarda os seus mandamentos" (12.13).
Estilo
Eclesiastes ou Pregador é, em muitos aspectos, um livro
enigmático. De construção um tanto desconexa, de vocabulário obscuro, com
estilo freqüentemente complicado, desafia o entendimento do leitor. Contém
certo número de palavras que não se encontram no resto do Antigo Testamento, e
cujo significado é difícil de determinar com precisão. Faz alusão a incidentes,
costumes e dizeres que teriam sido facilmente entendidos por seus
primeiros leitores, mas sobre os quais não
possuímos indicação alguma. Contém incoerências aparentes, o que torna difícil
precisar qual o ponto de vista do próprio autor. Esses contrastes têm levado
alguns a supor que o livro original foi reescrito e "expurgado" por
diversas mãos. O modo pelo qual o escritor arrumou seu material sugere que não
houve a preocupação de dar qualquer seqüência ligada de pensamento a correr
livro afora. O livro pode ser antes uma coleção de fragmentos ou anotações, à
semelhança do Pensées, de Pascal, com
a qual tem sido freqüentemente comparado.
A despeito de todas essas dificuldades e obscuridades,
entretanto, o livro exerce um poderoso fascínio. Tornase imediatamente
evidente, para o leitor dotado de discernimento, que aqui temos uma penetrante
observação e criticismo sobre a cena humana. A profundeza daquelas observações
do escritor que podemos entender de pronto nos impele a sondar seus mais
profundos discernimentos, como certa vez Sócrates, deleitado pela sabedoria de
Heráclito a falar com clareza, foi impelido a procurar uma sabedoria mais profunda
nos pontos obscuros daquele.
A Preparação para o Evangelho
Embora o Koheleth não contenha
nenhum material profético ou tipológico reconhecível, prepara o caminho para o
evangelho cristão. “Isso não significa que esse seja o propósito principal do
livro ou sua função no cânon. Como crítica contra os extremos da escola de
sabedoria, uma janela para as tragédias e injustiças da vida, um sinalizador
das alegrias da existência, mantém-se como palavra de Deus para toda a
humanidade” (CHILDS, s.d. p.
588).
Contudo, seu valor cristão não
deve ser ignorado. Seu realismo ao retratar as ironias do sofrimento e da morte
ajuda a explicar a importância crucial da crucificação e da ressurreição de
Jesus.
Seus tristes retratos da labuta enfadonha abriram caminho
para o convite do
Mestre para deixarmos o trabalho árduo a fim de entrar no
descanso da graça (Mt 11.28-30). Sua
ordem para que se tenha prazer nas dádivas simples de Deus, sem ansiedade,
encontrou eco nas exortações de Jesus a que se confie no Deus dos lírios e dos
pássaros (6.25-33). Seu veredicto de "vaidade" preparou o cenário
para a avaliação abrangente de Paulo: "Pois a criação está sujeita à
vaidade" (Rm 8.20).
“Com olhos flamejantes e
pena mordaz, o Koheleth desafiou a
confiança excessiva da sabedoria mais antiga e seu mau uso na cultura de sua
época. Assim, ele abriu caminho para alguém ‘maior do que Salomão’ (Mt 12.42),
‘em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos’".
(CI 2.3) (HUBBARD, 1991, p. 15).
Propósito do Livro
Segundo a tradição judaica,
Salomão escreveu Cantares quando jovem; Provérbios, quando estava na meiaidade,
e Eclesiastes, no final da vida. O efeito conjunto do declínio espiritual de
Salomão, da sua idolatria e da sua vida extravagante, deixou-o por fim
desiludido, com os prazeres desta vida e
o materialismo, como caminho da felicidade.
Eclesiastes registra suas reflexões negativistas a respeito
da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da sua
Palavra. Ele teve riquezas, poder, honrarias, fama e prazeres sensuais, em
grande abundância, mas no fim, o resultado de tudo foi o vazio e a desilusão:
“vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (1.2). Seu propósito principal ao
escrever Eclesiastes pode ter sido compartilhar com o próximo, especialmente os
jovens, antes de morrer, seus pensamentos e seu testemunho, a fim de que outros
não cometessem os mesmos erros que ele cometera. Revela de uma vez por todas, a
total futilidade do ser humano considerar bens materiais e conquistas pessoais
como os reais valores da vida. Embora os jovens devam desfrutar da sua
juventude (11.9,10), o mais importante é que se dediquem ao seu Criador (12.1)
e que decidam temer a Deus e guardar os seus mandamentos
(12.13,14). Esse é o único caminho que dá sentido à
vida.
Visão Panorâmica
É difícil fazer uma análise
precisa de Eclesiastes. Sem muito trabalho, nenhum esboço consegue um bom
ordenamento de todos os versículos ou parágrafos deste livro. Em certo sentido,
Eclesiastes parece uma seleção de trechos do diário pessoal de um filósofo, nos
seus últimos anos, com suas desilusões. Começa com uma declaração do tema
predominante: a vida no seu todo é vaidade e aflição de espírito (1.1-14). O
primeiro grande bloco de matéria do livro é estritamente autobiográfico;
Salomão aborda os fatos
principais da sua vida altamente egocêntrica, envolta em
riquezas, prazeres e sucessos materiais (1.12—2.23). A vida “debaixo do sol”
(expressão que ocorre vinte e nove vezes no livro) é a vida segundo o conceito
do homem incrédulo, caracterizada pela injustiça, incertezas, mudanças
inesperadas no setor das riquezas e justiça falha. Salomão consegue divisar o
verdadeiro alvo da vida somente quando olha “para além do sol”, para Deus.
Viver somente para a busca do prazer terreno é mediocridade e estultícia; a
juventude é demasiadamente breve e fugaz para ser esbanjada insensatamente. O
livro termina, mandando os jovens lembrarem-se de Deus na sua juventude, para
não chegarem à idade avançada com amargos lamentos e triste incumbência de
prestar contas a Deus por uma vida desperdiçada.
O Livro de Cantares
Preliminares
O título hebraico deste livro pode ser traduzido
literalmente por “O Cântico dos Cânticos”, expressão esta que significa “O
Maior Cântico” (assim como “Rei dos reis” significa “O Maior Rei”). É portanto,
o maior cântico nupcial já escrito. Salomão foi um escritor prolífico de 1005
cânticos (1Rs 4.32). Seu nome consta no versículo inicial, que também fornece o
título do livro (Ct 1.1), e em seis outros trechos do livro (Ct 1.5; 3.7,9,11;
8.11,12). O escritor também identificase com o noivo; é possível que o livro
tenha sido originalmente uma série de poemas trocados entre ele e a noiva. Os
oito capítulos do livro fazem referência a pelo menos quinze espécies
diferentes de animais e vinte e uma espécies de plantas. Esses dois campos
foram investigados e mencionados por Salomão em numerosos outros cânticos (1Rs
4.33). Finalmente, há referências geográficas no livro de lugares de todas as
partes da terra de Israel, o que sugere que o livro foi composto antes da
divisão da nação em Reino do Norte e Reino do Sul. Salomão deve ter composto
este livro no início do seu reinado, muito antes de sua execrável poligamia.
Liturgicamente, Cantares de Salomão veio a ser um dos cinco rolos da terceira
parte da Bíblia hebraica, os Hagiographa (“Escritos
Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa
das festas anuais dos judeus.
Propósito
Este livro foi inspirado pelo
Espírito Santo e inserido nas Escrituras para ressaltar a origem divina da
alegria e dignidade do amor humano no casamento. O livro de Gênesis revela que
a sexualidade humana e casamento existiam antes da queda de Adão e Eva no
pecado (Gn 2.18-25). Embora o pecado tenha maculado essa área importante da
experiência humana, Deus quer que saibamos que a dita área da vida pode ser
pura, sadia e nobre. Cantares de Salomão, portanto, oferece um modelo correto
entre dois extremos através da história: (a) o abandono do amor conjugal para a
adoção da perversão sexual (isto é conjunção carnal de homossexuais ou de
lésbicas) e prática heterossexual fora do casamento e uma abstinência sexual,
tida (erroneamente) como o conceito cristão do sexo, que nega o valor positivo
do amor físico e normal conjugal.
Tanto Cantares de Salomão como o
título alternativo O Cântico dos Cânticos vêm do primeiro versículo do livro. O
cabeçalho Cântico dos Cânticos é uma tradução literal do hebraico shir hashirim. Essa linguagem coloca a
ênfase na qualidade superlativa -portanto o cântico é descrito como o melhor ou
o mais excelente cântico (Gn 9.25; Êx 26.33; Ec 1.2). Na Vulgata (Bíblia
latina) o livro é chamado de Cânticos.
Nas escrituras hebraicas, Cantares é o primeiro de cinco
livros curtos chamados "Rolos" (Megilloth).
Os outros quatro são Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Cada um desses
livros era lido em um dos grandes festivais anuais judeus, sendo que Cantares
era usado na época da Páscoa dos judeus.
Forma Literária
Cantares é um exemplo da poesia
hebraica lírica; é por isso que as traduções para as línguas modernas são
dispostas de forma poética (cf. Berkeley, RSV; Moffatt). Este antigo poema
hebraico não tinha rima ou métrica como em nossa forma ocidental. Existe muito
mais um equilíbrio e um ritmo de pensamentos do que de sílabas ou sons. As
linhas são distribuídas de tal forma que o pensamento é apresentado de maneiras
diferentes, pela repetição, ampliação, contraste ou resposta, como em 8.6:
“Porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas
brasas são brasas de fogo, labaredas do SENHOR”.
Sugestões de Interpretação
Os estudiosos não conseguem
concordar acerca da origem, do significado e do propósito de Cântico dos
Cânticos -Cantares. “As líricas eróticas, a ausência do tom religioso e a trama
obscura os deixam desconcertados e lhes desafiam a capacidade imaginativa. Os
recursos da erudição moderna descobertas arqueológicas, recuperação de corpos
extensos de literatura antiga, percepções da psicologia e da sociologia
oriental -não têm produzido consenso acadêmico visível” (ROWLEY, 1977, p. 89).
Alegórica
As mais antigas interpretações
judaicas registradas (Mishná, Talmude e Targum) encontram nele um retrato de
amor de Deus por Israel. Isso responde pelo uso do livro na Páscoa, que celebra
o amor de Deus selado na aliança. Não satisfeitos com alusões gerais ao
relacionamento entre Deus e Israel, os rabinos lutavam para descobrir
referências específicas à história de Israel. Os Pais da Igreja reinterpretaram
Cântico dos Cânticos, vendo nele o amor de Cristo pela Igreja ou pelo cristão
como indivíduo. Os cristãos também têm contribuído com interpretações
detalhadas e imaginativas, conforme atestam os cabeçalhos tradicionalmente
encontrados na KJV, contendo resumos interpretativos como "O amor mútuo de
Cristo e sua Igreja" ou "A Igreja professa sua fé em Cristo". O
valor da alegoria é apresentado em alguns comentários católicos romanos
modernos.
Desde a época do Talmude (150 a
500 d.C.) era comum entre os judeus classificar este livro como uma música
alegórica do amor de Deus por seu povo escolhido. Seguindo esse padrão, os
cristãos viram essa idéia no contexto do amor de Cristo pela igreja. J. Hudson
Taylor, seguindo o pensamento de Orígenes, encontrou aí uma descrição do
relacionamento do crente com o seu Senhor. (Union
and Communion, s.d.)
É natural que a interpretação
alegórica tenha encontrado adeptos entre os homens devotos e estudiosos desde
antigamente até os dias de hoje. O amor terreno imutável é o nosso
relacionamento humano mais precioso e significativo. Sabemos que o nosso relacionamento
com Deus deveria ser ao menos tão perfeito e de tão excelente qualidade quanto
esse, então empregamos as nossas melhores ilustrações humanas na tentativa de
descrever o amor e a resposta humano-divina.
Ao contrário da opinião de alguns
estudiosos, parece questionável que a interpretação alegórica entre os judeus
tenha sido um fator importante para a inclusão de Cantares no cânon do Antigo
Testamento. O cânon foi finalmente aprovado por volta do fim do primeiro século
d.C., e as interpretações alegóricas que são conhecidas há mais tempo aparecem
no Talmude (do século II ao século V). Gottwald diz: "É provável que a
interpretação alegórica tenha surgido após a canonicidade, e não antes
dela". (IDB, IV, p. 422). É verdade que Orígenes e outros pais da igreja
mantiveram a interpretação alegórica de Cantares. Mas Orígenes aplicou este
mesmo método a outros livros da Bíblia, e nós já não aceitamos essa
interpretação como válida para eles. Então por que seria necessário aceitá-Ia
no caso de Cantares de Salomão?
Meek escreve: "A
interpretação alegórica poderia fazer com que o livro significasse qualquer
coisa que a imaginação fértil do intérprete pudesse inventar, e, no final, as
suas próprias extravagâncias seriam a sua ruína, de forma que hoje esta escola
de interpretação praticamente desapareceu" (1956, p. 93).
Literal
Com base nas premissas expressas acima está claro que o
método alegórico deve ser rejeitado por ser um caminho inaceitável de
interpretar a Bíblia. Por essa razão só aceitamos os métodos que nos permitem
extrair o significado das palavras com base no sentido claro delas, como foram
escritas. Fundamentado nisso, o Cantares de Salomão está falando do amor humano
entre um homem e uma mulher. Foi esse amor que estava faltando quando Deus
disse: "Não é bom que o homem esteja só; far-Ihe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea" (Gn 2.18). Mas
mesmo quando Cantares é interpretado de maneira literal, existe uma grande
variedade de interpretações.
Tipológica
Para evitar a subjetividade da interpretação alegórica e
honrar o sentido literal do poema, esse método destaca os principais temas do
amor e da devoção, em vez dos detalhes da história. No calor e na força da
afeição mútua dos dois apaixonados, os intérpretes tipológicos vêem insinuações
do relacionamento entre Cristo e sua Igreja. A justificativa para essa idéia
baseia-se em paralelos com poemas de amor árabes, que podem ter significados
esotéricos ou místicos; com o uso que Cristo fez da história de Jonas (Mt
12.40) ou da serpente no deserto (Jo 3.14); e com as bem-conhecidas analogias
bíblicas do casamento espiritual (e.g., Jr 2.2; 3.1ss.; Ez 16.6ss.; Os 1-3; Ef
5.22-33; Ap 19.9).
São inegáveis os benefícios
devocionais das interpretações alegóricas ou tipológicas de Cântico dos
Cânticos. Questiona-se, porém, a intenção do autor. Qualquer leitura alegórica
é perigosa porque as possibilidades de interpretação são ilimitadas. Estamos
mais propensos a descobrir nossas idéias do que a discernir o propósito do
autor. Além disso, o texto não fornece indícios de que Cântico dos Cânticos
deva ser lido em outro sentido, que não o
natural.
Cultual
Com a descoberta das antigas
liturgias de culto do Oriente Próximo, emergiu uma teoria que interpretava o
Cantares como um ritual pagão que havia sido secularizado ou até se adaptado
para o louvor de Javé. Mas Gottwald ressalta que "existiriam problemas
terríveis" se aceitássemos esta interpretação (IDB, IV, p. 423).
Lírica ou cântico de Amor
Em décadas recentes, alguns
estudiosos têm visto Cântico dos Cânticos como um poema ou uma coleção de
poemas de amor, talvez, mas não necessariamente, ligados a celebrações de
casamento ou ocasiões específicas. Tenta-se dividir Cântico dos Cânticos em alguns
poemas independentes. Mas percebe-se um tom dominante de unidade na
continuidade do tema, nas repetições que soam como refrães (e.g., 2.7; 3.5;
8.4), na estrutura encadeada que liga cada parte à anterior, preparações nos
capítulos 1-3 para a consumação do relacionamento amoroso em 4.9-5.1; nas
implicações dessa consumação em 5.2-8.14.
Pode-se sentir a mensagem de Cântico dos Cânticos no tom da
poesia lírica. Embora o movimento seja evidente, só se vê um esboço nebuloso da
trama. O amor do casal é tão intenso no início como no fim; assim, a força do
poema não está num clímax apoteótico (ainda que o ponto central seja a cena de
consumação, 4.95.1), mas nas repetições criativas e delicadas dos temas de amor
um amor almejado quando separados (e.g., 3.1-5) e plenamente desfrutado quando
juntos (e.g., cap. 7), vivenciado no esplendor do palácio (e.g., 1.2-4) ou na
serenidade do campo (7.11ss.) e reservado exclusivamente para o companheiro da
aliança (2.16; 6.3; 7.10). É um amor tão forte quanto a morte, que a água não
consegue extinguir nem uma enchente, afogar, um amor que se dá de bom grado, a
qualquer custo (8.6s.)
5.5.6. Ritos Litúrgicos
Uns poucos estudiosos procuraram
iluminar passagens obscuras do Antigo Testamento comparando-os com os costumes
religiosos da Mesopotâmia, Egito ou Canaã. “Um exemplo é a teoria de que
Cântico dos Cânticos deriva de ritos litúrgicos do culto a Tamuz (cf. Ez 8.14),
deus babilônio da fertilidade. Esses ritos celebravam o casamento sagrado (gr.
hieros gamos) de Tamuz e sua consorte, Istar (Astarte), que produzia a
fertilidade anual da primavera”. (WHITE, 1956, p. 24). A cultura ocidental
moderna mostra que a religião pagã pode deixar um legado de terminologia sem
influenciar crenças religiosas (e.g., nomes dos meses), “mesmo assim, parece
altamente questionável que os hebreus aceitassem a liturgia pagã, com gosto de
idolatria e imoralidade, sem uma revisão completa de acordo com a fé
característica de Israel” (WHITE, ibid., p.
24). Cântico dos Cânticos não carrega marcas de uma revisão desse tipo.
Dramática
Existem três personagens, isto é:
Salomão, a serva sulamita e seu amante pastor". (CHARLES, 1891, p. 410).
Esta perspectiva foi defendida e desenvolvida mais recentemente por Terry (The Song of Songs, s.d.), e Pouget (The Canticle of Cnticles,1948).
De acordo com a interpretação dos
três personagens, a jovem mulher era a única filha entre vários irmãos que
pertenciam a uma mãe viúva morando em Suném. Ela se apaixonou por um belo jovem
pastor e eles então noivaram. Enquanto isso, em uma visita pela vizinhança, o
rei Salomão foi atraído pela beleza e graça da jovem. Ela foi levada à força
para a corte de Salomão ou simplesmente sob um impulso do momento (cf. 6.12)
que veio dela mesma em acordo com os servos do rei. Aqui o rei tentou
cortejá-Ia, mas foi rejeitado. Por causa da urgência que sentia, Salomão tentou
fasciná-Ia com sua pompa e esplendor. Mas todas as suas promessas de jóias,
prestígio e a mais alta posição entre suas esposas não conquistaram o amor da
jovem. De modo imperturbável ela declarou o seu amor pelo seu amado do campo.
Finalmente, reconhecendo a profundidade e a natureza do seu amor, Salomão
permitiu que a moça deixasse sua corte. Acompanhada pelo seu querido pastor,
ela deixou a corte e retomou ao seu humilde lar no campo.
As duas concepções têm fraquezas: a ausência de instruções
dramáticas e a complexidade decorrente, caso a sulamita esteja reagindo à corte
de Salomão com lembranças de seu amado pastor. Um obstáculo importante a todas
as interpretações desse tipo é a escassez de indícios de dramas formais entre
os semitas e, em particular, entre os hebreus.
Autoria do livro
Já que as opiniões diferem entre
si tão amplamente no que tange à interpretação, é natural que exista pouca
concordância entre os estudiosos quanto a autoria do livro.
O ponto de vista tradicional,
baseado em 1.1, é que o livro foi escrito pelo rei Salomão. Mas a linguagem do
versículo pode ser entendida como de Salomão,
para Salomão, ou sobre Salomão.
Muitos estudiosos rejeitam essa posição tradicional tendo
por base que o livro possui palavras em aramaico que não existiam em Israel nos
tempos de Salomão. Como resposta, alguém
pode dizer que, em vista do contato de Israel com o mundo afora, tais termos
poderiam ter sido facilmente aprendidos e usados nesse período.
Se aceitarmos a interpretação dos três personagens adotada
neste comentário, a autoria de Salomão é questionada com base em fundamentos
psicológicos. Argumenta-se que não seria muito comum o rei Salomão contar a
história de sua rejeição por essa jovem, pela qual ele teria se apaixonado. Mas
não seria sustentável que um homem com a mente e disposição filosófica como as
de Salomão poderia ter escrito o Cântico como o temos hoje? Não é provável que
ele o teria feito de imediato. Mas não poderia um Salomão mais velho e mais
sábio, ao lembrar dessas experiências, ter se sentido motivado a escrever esse
relatório? Será que não existe um ponto de referência, principalmente no fim da
vida, a partir do qual a pessoa pode apreciar os fortes ímpetos da atração
física, reconhecer as alegrias do amor humano e ao mesmo tempo dar um alto
valor à lealdade constante que coloca a integridade acima da fascinação pela
nobreza e riqueza? Se foi psicologicamente possível ao rei liberar com honra a
jovem que ele poderia ter mantido pela força, não parece impossível o mesmo
homem ter escrito a história.
O que devemos concluir? Dois
estudiosos recentes e conservadores discordam. Woudstra (embora não aceite a
interpretação dos três personagens) escreve: "Não existem bases
suficientes para desviar-se desse ponto de vista histórico (a autoria de Salomão)",
(The Wycliffe Bible Commentary, 1962,
p. 595). Cameron confirma: "Se Ewald for seguido quando afirma que existe
um amante pastor (...), a convicção na autoria de Salomão é fracamente
sustentável, e é impossível descobrir quem é o autor" . (Op. cit., p. 547).
Conclui-se que de acordo com o
título pode significar ou que Cantares fora composto por Salomão ou a respeito
dele. A tradição uniformemente favorece a primeira interpretação. Contudo,
conforme o exposto acima alguns eruditos modernos, têm mantido que o grande
número de vocábulos estrangeiros, encontrados no poema, não ocorreriam na
literatura de Israel antes do período pós-exílico. Outros pensam, com Driver,
que os contactos generalizados de Israel com nações estrangeiras, durante o
reinado de Salomão, explicariam suficientemente a presença dessas palavras no
livro. Se esse ponto de vista for aceito, e se for suposto que existem apenas
dois personagens principais nos Cantares, parece não haver qualquer motivo
substancial para pôr de lado o ponto de vista tradicional sobre a autoria. Mas,
se seguirmos Ewald, o qual afirmava que existe um pastor amante em adição, a
crença na autoria de Salomão dificilmente pode ser mantida, e é impossível
dizer quem foi o autor do livro.
Data do livro
Datar o livro depende do ponto de vista que temos acerca do
seu autor. Se Salomão escreveu o Cantares, precisa ser datado no século X a.C.
Os eruditos que procuram datá-lo de acordo com a ocorrência de palavras
estrangeiras no texto situam o livro entre 700 a.C. e 300 a.C.
O Livro de Cantares ante o Novo Testamento
Cantares de Salomão prenuncia um tema do Novo Testamento
revelado ao escritor de Hebreus: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula” (Hb 13.4). O cristão pode e deve desfrutar do amor romântico
e conjugal. Muitos intérpretes do passado abordam este livro primordialmente
como uma alegoria profética do amor entre Deus e Israel, ou entre Cristo e a
igreja, sua noiva. O Novo Testamento não se refere a Cantares de Salomão sobre
este aspecto, nem faz referência a este livro. Por outro lado, vários trechos
básicos do Novo
Testamento descrevem o amor de
Cristo à igreja sob a figura do relacionamento marital (por exemplo, 2Co 11.2;
Ef 5.22,23; Ap 19.79; 21.1,2,9). Daí, pode-se considerar Cantares de Salomão
uma ilustração da qualidade de amor existente entre Cristo e a sua noiva, a
igreja. É um amor indiviso, devotado e estritamente pessoal, ao qual nenhum
estranho tem acesso.
ABRAÃO
Abraão, de origem Semita, do povo amorreu, nome original
Abrão, nasceu em Ur dos Caldeus em 2160
a.C., região da Babilônia. Ur era uma cidade costeira na época de Abrão, que
aos poucos foi se afastando do Golfo Pérsico devido à deposição de lodo dos
rios Tigre e Eufrates. Ur era consagrada à
deusa Lua.
Originalmente,
todos eram monoteístas, mas com a dispersão dos povos e mistura entre
eles, foram surgindo deuses inventados.
Para cada força da natureza se inventava um deus responsável àquilo e as pessoas passaram a adorar.
Originalmente, deram origem a 3 deuses: Anu, deus dos céus; Bel, o senhor do mundo invisível; Hea, a deusa dos
infernos. Depois, inventaram uma esposa para Bel, de nome Astarate (Afrodite ou Vênus para os
gregos). Abrão vivia numa terra idólatra, onde sua família possuía uma forma meio católica de adoração,
eles tinham ídolos do lar. “Ora, tendo
Labão ido tosquiar as suas ovelhas,
Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai”. (Gênesis 31:19)
Abrão casou-se com Sarai, filha de seu
pai, Tera: “Além disso ela é realmente
minha irmã, filha de meu pai, ainda que
não de minha mãe; e veio a ser minha mulher”. (Gênesis 20:12) A arqueologia encontrou, em Ur, alguns
escritos, onde encontra-se um documento em cerâmica, de um certo Abrão que arrendava um trato de
terra e alugava bois e criados para a terra. Ainda, encontraram em Ugarite, na Síria, um
fragmento de tablete, em que Teraque é dado como um comandante de um grande exército de
mercenários. Em Gn 12 verificamos que Abraão tinha conhecimento de táticas de guerra. Teria ele
aprendido de seu pai? A tradição islâmica diz que Abraão teria sido prefeito de Damasco.
Conta-se no Talmude
que Tera era fabricante de ídolos e, certa vez, tendo o seu pai saído, Abraão quebrou os ídolos do pai e pegou o
martelo com o qual fizera a "quebradeira" e colocou esse martelo na mão de um único ídolo que deixou
inteiro. O pai chegou e ficou furioso e logo acusou Abraão que se defendeu dizendo que não fora
ele mas sim o ídolo que estava com o martelo nas mãos.
O pai reagiu
dizendo que o ídolo não andava, nem saia do lugar, não fazia nada, como faria
isso?Foi assim que o jovem conseguiu
explicar ao pai que aquele ídolo não podia nem com um martelo, nem se locomover, nem os demais puderam se defender,
como poderiam então as estátuas ajudá-los?
UR dos Caldeus
O Chamado de Abraão (Gn12.1; 11.31; At 7.1,2)
Passado alguns anos, depois da confusão
das línguas, o Senhor começou a agir em relação ao Plano da Salvação: Ele escolheu um homem para
dar início a uma nação que guardasse os mandamentos de Deus e rejeitasse toda prática mundana e
idólatra dos outros povos. A razão disso é que nessa nação seriam guardados os
oráculos de Deus e ainda por cima seria o local onde nasceria o Messias
Salvador. Mas, para isso, essa nação
teria que ser diferente dos outros povos, pois teria que adorar um Único e Verdadeiro Deus. Dessa maneira, o Senhor,
conhecedor de todo o futuro da humanidade, escolheu a Abrão, da descendência abençoada de Sem,
filho de Noé, dando continuidade à Sua Promessa de salvar o homem, conforme Gn
3.15.
“Estevão respondeu: Irmãos e pais,
ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia,
antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua
parentela, e dirige-te à terra que eu te
mostrar. Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali, depois
que seu pai faleceu, Deus o trouxe para
esta terra em que vós agora habitais”. (Atos 7:2-4)
- Baseado no versículo anterior, conclui-se que o capítulo
12 de gênesis começa repetindo-se o que fora
dito no capítulo 11.
O Senhor, então,
fez uma aliança com Abrão: “Ora, o Senhor
disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da
tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei
de ti uma grande nação; abençoarte-ei, e
engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te
amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gênesis 12:1-3) Nessa aliança,
Abraão, como prova de sua obediência e propósito divino, teria que sair de sua terra e ir para um lugar
distante onde o Senhor lhe mostraria. Note que Abrão, nesse instante, não sabia para onde Deus o
enviaria, mas mesmo assim ele obedeceu.
Ainda, nesta aliança, o
Senhor faria dele uma grande nação, que nos prova que Abraão era homem
de fé, pois nesta ocasião ele já estava
com 75 anos e sua mulher ainda não tinha lhe dado filhos e ainda por cima era
estéril. Mas ele não duvidou! Outro
aspecto desta aliança é que Abraão seria abençoado por Deus e o seu nome
seria engrandecido. Hoje, todas as
nações conhecem o nome de Abraão, mas em sua época ele morreu
25
somente com a fé e a esperança, através de seu filho
Isaque. Também, podemos ver que o povo Israelita é
um povo abençoado, onde aparecem sempre novas descobertas
científicas e tecnológicas, que fazem
plantações no deserto, através do cultivo aéreo etc. Ainda, seriam
abençoados os que o abençoasse e seria
amaldiçoado os que o amaldiçoasse. E isso nos mostra também um aspecto
escatológico, pois as nações que forem
parceiras de Israel entrarão no Milênio e as nações que forem contra Israel
serão aniquiladas, depois da Grande
Tribulação, que já é um assunto para mais adiante. “ Porque a nação e o reino que não
te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas”. (Isaías
60:12) Mas, podemos notar que em
todos os tempos as nações que se levantam contra Israel sempre sofrem o
dano. Israel é a nação amada por Deus,
embora muitos o rejeitaram.
Quando Abraão entrou na Palestina, pode ver o Mar Morto
original, antes da destruição de Sodoma
e Gomorra. Hoje, ao olhar a região do Mar Morto não dá para ver campinas como
Abraão narrava, claro, pois com a
destruição de Sodoma e Gomorra até o Mar Morto foi afetado e lá não há vida.
O Mar Morto tem esse nome devido ao fato de a quantidade
de sal que contém ser seis vezes
superior à dos restantes oceanos, o que torna impossível qualquer forma
de vida – flora ou fauna - nas suas águas.
Qualquer peixe que seja transportado pelo Rio Jordão morre
imediatamente, assim que desagua neste
lago de água salgada. A sua água é composta por vários tipos de sais, alguns
dos quais só se encontram nesta região
do mundo. Em termos de concentração e em comparação com a concentração média dos restantes oceanos, em que o valor
de gramas de sal, por cem mililitros de água, não passa de
três gramas, no Mar Morto essa taxa é de 30 a 35 gramas de
sal por 100 mililitros de água, ou seja, dez
vezes superior. A designação de Mar Morto só passou a ser utilizada a
partir do século II, depois de
Cristo.
Ao longo dos séculos anteriores, outros e vários foram os
nomes com que era conhecido e disso nos
dá conta, entre outras fontes, a Bíblia Sagrada, concretamente alguns dos
Livros do Antigo Testamento. Assim, nos
Livros Génesis 14,3 e Josué 3,16 aparece com o nome de mar Salgado. Com o nome de mar de Arabá aparece em Deuteronómio
3,17 e em II Reis 14,25. Já em Joel 2,20 e Zacarias 14,8 surge como mar Oriental. Fora da Bíblia
Sagrada, Flávio Josefo chamou-lhe lago de Asfalto e o Talmude designou-o por mar de Sodoma, mar de
Lot entre outros nomes que ele recebeu.
Além de Isaque, é
claro, havia Ismael, que Abraão, dando um jeitinho brasileiro, tomou Agar
e teve um filho com ela, em nome de
Sara. Ismael deu origem aos árabes, que deu origem à religião Islâmica, grande inimiga de Israel.
Além de Ismael e Isaque,
Abraão ainda teve outros filhos com a
mulher de sua viuvez, Quetura. “Ela
lhe deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. Jocsã gerou a Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram
Assurim, Letusim e Leumim. Os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Hanoque, Abidá e Eldá; todos estes
foram filhos de Quetura. Abraão, porém, deu tudo quanto possuía a Isaque; no entanto aos filhos das
concubinas que Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os
ao Oriente, para a terra oriental”. (Gênesis 25:2-6)
Com o passar dos anos, todos esses filhos se multiplicaram
e deu origem à povos e nações e a reis,
conforme o Senhor tinha lhe prometido.
A parte mais
importante dessa aliança é que “em ti
serão benditas todas as famílias da terra”. Essa chamada declara Israel
como um povo sacerdotal que deveria trazer bênção às nações, que deveria pregar o amor de Deus à todas as criaturas e
a convertê-las ao Senhor. Mas, Israel se contraiu e permaneceu em si, rejeitando pregar para
samaritanos, para pecadores etc. É certo que eles não poderiam se juntar a eles, para que não se
corrompessem também, mas Israel recebeu a missão de trazer os pecadores para Deus. E isso, embora os
Israelitas em si não quisessem, se cumpriu quando o Judeu Jesus trouxe
pecadores para se converterem a Deus e fez com que Nele todas as famílias da
terra fossem benditas.
Por isso, o desejo de Deus é que todas as
famílias da terra se convertam e não somente
algumas, como os Calvinistas declaram, pois “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para
convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham
a arrepender-se”. (2 Pedro 3:9)
E, se pelo menos uma pessoa de cada família se convertesse, essa pessoa pregaria para os
demais membros desta família e toda a terra se converteria ao Senhor. É por isso que Satanás ataca tanto as
famílias, fazendo com que muitas se separem e se destruam entre si. Sendo assim, como pudemos
ver, a Aliança de Deus com Abraão é o motivo de que Hoje nós somos povo de propriedade peculiar
de Deus. E esse detalhe falaremos mais tarde quando falarmos do período da Graça.
Abraão, em cada
pedaço de terra que ele peregrinava, o Senhor lhe dava como possessão,
ainda que haviam habitantes naqueles
lugares - e tudo isso pela fé. Durante esta caminhada de fé, Abraão demarcou o território Israelita. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé
será vosso; o vosso termo se estenderá
do deserto ao Líbano, e do rio, o rio Eufrates, até o mar ocidental”.
(Deuteronômio 11:24)
Esse território ainda não
foi completamente ocupado por Israel, nem nos tempos antigos, onde eles alcançaram, sim, uma grande parte desse
território. Mas, no Milênio, o Senhor colocará Israel em seus termos: “A
terra que ainda fica é esta: todas as regiões dos filisteus, bem como todas as
dos gesureus, desde Sior, que está
defronte do Egito, até o termo de Ecrom para o norte, que se tem como
pertencente aos cananeus; os cinco chefes dos filisteus; o gazeu, o asdodeu, o
asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também
os aveus; no sul toda a terra, dos cananeus, e Meara, que pertence aos
sidônios, até Afeca, até o termo dos amorreus; como também a terra dos
Gebalitas, e todo o Líbano para o nascente do sol, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até a
entrada de Hamate; todos os habitantes da região montanhosa desde o Líbano até Misrefote-Maim,
a saber, todos os sidônios. Eu os lançarei de diante dos filhos de Israel; tãosomente reparte a
terra a Israel por herança, como já te mandei”. (Josué 13:2- 6)
Os filisteus são conhecidos hoje pelo nome de palestinos,
simplesmente porque ao longo dos anos a
palavra filisteus sofreu flexões até que chegou ao nome palestinos. No
Milênio, Israel tomará posse de todas
essas terras, onde será a capital do Mundo.
Ainda, Abraão, durante a sua peregrinação, se
encontra com um personagem muito importante:
Melquisedeque. “Ora,
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do
Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão,
dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo,
que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu
lhe o dízimo de tudo”. (Gênesis 14:18-20)
É um fato muito interessante que Melquisedeque era chamado
de Rei de Salém, ou seja, Rei da Paz. Ainda, é interessante vermos que ele
celebrou a Santa Ceia, trazendo pão e
vinho, que futuramente seria realizado pelo Senhor Jesus, nosso Rei da Paz,
na noite em que Ele havia de ser traído
por Judas Iscariotes: (Lucas
22:15-20)
Sim, Melquisedeque, o qual
não se conhece a sua genealogia, nem o seu destino, celebrou a Ceia,
prefigurando a morte e o derramamento de
sangue de Jesus Cristo, que nos trouxe uma Nova Aliança. (Aliança, Pacto,
Conserto,
são palavras sinônimas, pois possuem o mesmo significado.)
Na verdade, esse Servo do Altíssimo foi
muito importante, pois fez com que o Senhor Jesus fosse reconhecido como
Sumo Sacerdote: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote
para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque”.(Salmos 110:4)
Veja tamanha importância de Melquisedeque
em (Hebreus 7:1-8)
Quando Abrão tinha 99 anos, chegou o tempo
de Deus para Isaque nascer e, assim, o Senhor
firmou um pacto com ele, onde, como sinal, o nome dele seria mudado para
Abraão e todo varão teria que ser
circuncidado. Abrão(Pai exaltado) mudou para Abraão (Pai duma multidão).
Vejamos, com atenção, os termos deste
pacto:
“Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo: Quanto a mim, eis que o meu pacto é
contigo, e serás pai de muitas nações; não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome;
pois por pai de muitas nações te hei posto; far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei
nações, e reis sairão de ti; estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas
gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti. Dar-te-ei a ti
e à tua descendência depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em
perpétua possessão; e serei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu
pacto, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. Este é o meu pacto, que guardareis
entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo varão dentre vós será circuncidado”. (Gênesis
17:3-10) A circuncisão, então, era sinal entre os israelitas e Deus de um pacto perpétuo.
Mas é bom lembrarmos que ele recebeu sinal de justiça
antes mesmo da circuncisão, por causa da
fé: “Então o levou para fora, e disse:
Olha agora para o céu, e conta as
estrelas, se as podes contar; e acrescentoulhe: Assim será a tua descendência.
E creu Abrão no Senhor, e o Senhor
imputou-lhe isto como justiça”. (Gênesis 15:5-6) Durante a época da
igreja primitiva, muitas foram as
tentativas de incluir no culto a circuncisão, mas Paulo combateu insensantemente contra isso, pois a
verdadeira circuncisão era aquela feita no coração. E Paulo conhecia as Escrituras, pois mesmo no Antigo
Testamento o Senhor falava sobre isso, mesmo na Época de Moisés: “Circuncidai,
pois, o prepúcio do vosso coração, e
não mais endureçais a vossa cerviz”.
(Deuteronômio 10:16)
“Ora,
Abraão tinha cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho”. (Gênesis 21:5) Sim,
foram 25 anos de espera para que
nascesse o filho da promessa. Mas não bastava isso, o Senhor ainda precisava prová-lo, se ele amava mais o
abençoador do que a bênção e também foi provado que ele tinha fé até de que Deus podia ressuscitar seu
filho dentre os mortos.
“Pela
fé Abraão, sendo provado, ofereceu
Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas, e
a quem se havia dito: Em Isaque será
chamada a tua descendência, julgando que
Deus era poderoso para até dos mortos o
ressuscitar; e daí também em figura o recobrou”. (Hebreus 11:17-19) E,
se pararmos para meditar, o Senhor Deus,
Pai de Jesus, ofereceu seu Filho como sacrifício por nós, que cremos, e
ainda ressuscitou a seu Filho Jesus
dentre os mortos. O crente Abraão realmente estava guardando os preceitos de Deus.
Passado algum
tempo, temos outro fato curioso, em que Abraão enviou seu servo para
buscar uma esposa para Isaque: “E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo
da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía:
Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo
Senhor, Deus do céu e da terra, que não
tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à minha
terra e à minha parentela, e dali
tomarás mulher para meu filho Isaque”.
(Gênesis 24:2-4) Esse fato é mais uma maneira de Deus nos ensinar através
dos fatos, pois Ele enviou o Espírito
Santo para buscar uma noiva para seu Filho Jesus. E é por isso que o
Espírito
Santo nos conduz à salvação através desse deserto da vida
e, em breve, nos encontraremos com o Noivo
Jesus, que receberá a sua igreja(noiva) para morarmos para sempre com
Ele. Aleluia!
Isaque foi o filho
da promessa e por isso em Isaque foi chamado a descendência de Abraão. Ele também recebeu a confirmação da promessa, por
parte do Senhor:
“Depois subiu dali a Beer-Seba. E
apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão,
teu pai; não temas, porque eu sou
contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu
servo Abraão. Isaque, pois, edificou ali
um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus
servos cavaram um poço”.(Gênesis
26:23-25)
Isaque recebeu a Rebeca como sua esposa e a amou.
Então, Rebeca, sua esposa, ficou grávida
de gêmeos. Abraão teve dois filhos: Ismael, o filho da escrava, e Isaque, filho de Sara, mas só um, Isaque, era
o filho da promessa. Agora, Isaque estava para ter dois filhos também, mas só um poderia ser o filho
da promessa.
Dessa maneira, estava no coração de Isaque abençoar o filho mais velho e, dos gêmeos, o
filho mais velho seria aquele que nascesse primeiro. Vejamos o que aconteceu: (Gênesis 25:24-27) O mais velho, como vimos, era Esaú e o mais
novo, Jacó. Mas, o filho mais velho
serviria ao mais novo e isso o Senhor falou para Rebeca: “E os filhos lutavam no ventre
dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao Senhor.
Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há
no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo
será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço”.
(Gênesis 25:22-23) Por causa dessa
Palavra, Rebeca amou mais a Jacó: “Isaque
amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó”. (Gênesis 25:28)
Jacó era um grande negociante. Ele sabia
que o direito de primogenitura estava, pela lei, sobre Esaú. Por isso, ele arquitetou um plano e o
executou: (Gênesis 25:29-34)
Assim, pela lei, Jacó passou a ter direito de primogenitura. É como os
judeus: Jesus veio para eles mas como eles não o reconheceram, o Senhor nos deu
o direito de sermos feitos filhos de Deus. (João 1.11,12) E isso serve-nos de
exemplo: “e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples
refeição vendeu o seu direito de
primogenitura”. (Hebreus 12:16) Mas, apesar desse feito, Isaque ia
abençoar o primogênito e, por isso, Jacó
teve mais um de seus planos: o de trapassear seu irmão, enganando seu pai, se
fazendo de Esaú para receber a bênção,
tendo a ajuda de sua mãe Rebeca: “E ele
se aproximou e o beijou; e seu pai,
sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: Eis que o cheiro
de meu filho é como o cheiro de
um campo que o Senhor abençoou. Que Deus te dê do orvalho do céu, e dos
lugares férteis da terra, e
abundância de trigo e de mosto; sirvam-te povos, e nações se encurvem a
ti; sê senhor de teus irmãos, e os
filhos da tua mãe se encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e
benditos sejam os que te abençoarem”.
(Gênesis 27:27-29)
Nesse ponto já não tinha mais volta, pois Isaque já tinha
abençoado a Jacó. Assim, Esaú perdeu,
além da primogenitura, a bênção também: (Gênesis
27:36-40) Esaú e toda a sua geração,
até os dias de hoje, é um povo de guerra.
Esaú viveu na terra de
Seir, e formou o povo edomita. “ Então enviou Jacó mensageiros diante de si
a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de Edom,” (Gênesis 32:3); “ Portanto Esaú
habitou no monte de Seir; Esaú é Edom. Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte
de Seir:” (Gênesis
36:8-9)
Jacó, por precaução, foge da presença de
Esaú e vai para a terra de sua mãe, na casa de Labão, seu tio. Durante o caminho, Jacó adormeceu e
teve um encontro com Deus, recebendo, também, a
confirmação da promessa de Deus:
“Então
sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus
subiam e desciam por ela; por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão
teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua
descendência; e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te ás para o ocidente, para o oriente, para o
norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Eis que
estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te
farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido
aquilo de que te tenho falado. Ao
acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e
eu não o sabia. E temeu, e disse: Quão
terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a
porta dos céus. Jacó levantou-se de
manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima. E
chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz”. (Gênesis 28:12-19)
Assim, Jacó recebeu a herança da Aliança que o Senhor
fizera a Abraão. E, um fato interessante
é que, assim como Abrão teve o nome mudado para Abraão, Jacó teve seu nome mudado para Israel, quando este voltara de
sua peregrinação na casa de Labão, na sua luta com o Anjo do Senhor: “...Perguntou-lhe, pois: Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.
Então disse: Não te chamarás mais Jacó,
mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens
prevalecido. Perguntou-lhe Jacó:
Dize-me, peço-te, o teu nome.
Respondeu o homem:
Por que perguntas pelo meu nome? E ali o
abençoou. Pelo que Jacó chamou ao lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto
Deus face a face, e a minha vida foi preservada”.
(Gênesis 32:22-30) Assim como Abraão teve em seu caminho Melquisedeque, Jacó, que agora era Israel,
teve em seu caminho um encontro com o Anjo do Senhor. Muitos, também, apontam tanto a Melquisedeque
e o Anjo que lutou com Israel como se fosse o Senhor Jesus antes de se tornar carne. Isso seria
até possível, pois antes que Abraão existisse, o Senhor Jesus já era Senhor: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou”. (João 8:58) Na verdade,
antes mesmo da fundação do mundo Jesus já estava com Deus, pois Ele é Deus e é Eterno: “Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela
glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse”. (João
17:5)
Mas não importa se era
Jesus ou um anjo, pois mesmo sendo um
anjo ele estava ali em nome do Senhor, portanto era o Senhor que o abençoara: “O
Senhor também com Judá tem contenda, e castigará a Jacó segundo os seus
caminhos; segundo as suas obras o
recompensará. No ventre pegou do calcanhar de seu irmão; e na sua idade varonil
lutou com Deus. Lutou com o anjo, e
prevaleceu; chorou, e lhe fez súplicas. Em Betel o achou, e ali falou Deus com ele; sim, o Senhor, o Deus dos exércitos;
o Senhor é o seu nome”.
(Oséias 12:2-5)
A partir de Israel, o povo
judeu ia ser formado, através de seus doze filhos que ele tivera com suas esposas: “Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi,
Judá, Issacar e Zebulom; os filhos de
Raquel: José e Benjamim; os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali; os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser.
Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã Arã”. (Gênesis 35:23-26)
Dos filhos de Jacó nasceu as doze tribos de Israel, o povo
escolhido de Deus. Mas, para essa nação
ser formada ela precisava conhecer o Deus que a escolheu. Por isso, era
necessário que eles padecessem em terra
alheia, para então serem resgatados por Deus. E isso o Senhor já havia falado para seu servo Abraão: “Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com
certeza que a tua descendência será
peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos; sabe também que eu julgarei a nação a qual
ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens”. (Gênesis 15:13-14) Por isso, veio a fome
na terra e Jacó e seus filhos foram morar no Egito, por intermédio de José, que tinha sido vendido
por seus irmãos ao Egito.
José, antes de tudo
acontecer, recebeu de Deus uma revelação através de sonhos de que ele, um dia, estaria como governante e seus irmãos e
até seu pai como governado: (Gênesis
37:5-11) Por causa da inveja, seus
irmãos prenderam a José e o venderam para mercadores que iam para o Egito.
Chegando no Egito, ele virou servo de
Potifar, oficial de Faraó (Gênesis 39:1).
E o Senhor, mesmo no cativeiro, era com José e, por isso, ele prosperava em tudo
que fazia e sempre ele estava em situação de destaque. E, por mais estranho que
pareça, o Senhor permitiu que José fosse preso, pois o Senhor sabia que era
na prisão que José seria exaltado.
Por isso, a mulher de Potifar, por não conseguir seduzir a
José, porque ele era fiel ao Senhor,
cometeu perjúrio dizendo que José tinha tentado tomá-la à força e, por isso,
foi preso. Mas, mesmo na prisão, o
Senhor era com ele e ele foi tomado como chefe do cárcere(Gênesis
39:21-23).
Na prisão, o Senhor lhe deu interpretação de dois sonhos
os quais se cumpriram e o copeiro, por causa
desse sonho, conheceu que José era especial, pois o Deus verdadeiro era
com ele. O copeiro, quando libertado,
conforme o sonho de José, não se lembrou dele, mas, em certo dia, Faraó teve um
sonho que o atormentou mas ninguém do seu reino sabia interpretar aquele
sonho.
E, por isso, o copeiro se lembrou de José e fez menção dele a Faraó. Faraó, por
sua vez, chamou José à sua presença, o qual declarou o sonho que salvaria todo o Egito: (Gênesis 41:25-32) Foi nesse momento que
Faraó o fez governador de todo o Egito e
somente Faraó era acima dele, naquela terra. Quando, porém, veio a fome sobre a
terra, a família de José ficou em grande
aperto, o que fez com que eles fossem ao Egito para comprar alimento.
Chegando lá, José os conheceu mas não declarou-se a seus
irmãos, mas traçou um plano que traria toda
a sua família para perto dele. Quando toda a sua família estava à sua
frente e se inclinaram para ele,
cumprindo a profecia que José havia sonhado, este se deu a conhecer à
sua família e os acolheu. Leia na Bíblia
essa linda história, para melhor aproveitamento.
Antes de Jacó
morrer, ele deixou a bênção do Senhor, tanto para os filhos de José como para
seus próprios filhos. Também, deixou a
profecia para os próximos tempos em Gênesis 49:3-28. Dentre as profecias deixadas, a mais importante para
nós é a que foi dada a Judá. Judá, mesmo não tendo sido primogênito de Jacó, foi considerado como
tal.
De Judá sabemos que vieram toda a sucessão de reis em Israel, até chegar em Jesus. “Judá, a ti te louvarão teus irmãos; a tua
mão será sobre o pescoço de teus
inimigos: diante de ti se prostrarão os filhos de teu pai. Judá é um leãozinho. Subiste da presa,
meu filho. Ele se encurva e se deita
como um leão, e como uma leoa; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade
dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele obedecerão os povos. Atando ele o seu jumentinho à vide, e o
filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas roupas em vinho e a sua
vestidura em sangue de uvas.
Os olhos serão
escurecidos pelo vinho, e os dentes
brancos de leite”. (Gênesis 49:8-12) Judá é um leãozinho, pois o leão é
tido como símbolo de reinado e a vontade
de Deus era que os filhos de Judá fossem reis em Israel. Por isso, Saul era
segundo o coração do povo, mas Davi era segundo o coração de Deus, pois de Davi
nasceria o Messias, cumprindo a profecia
do versículo em estudo.
Quando falamos em cetro falamos de poder, governo - e o governo não se apartaria de
Judá. Se olharmos a História, veremos que depois de Davi só reinaram os seus descendentes. Somente quando
Herodes morreu é que essa sucessão foi quebrada, mas isso porque Jesus, o Messias prometido, já
tinha nascido na terra. O bastão de autoridade não se apartou dos pés de Judá e Jesus, o leão da tribo de
Judá, pisou na cabeça da serpente. Veja que o versículo diz “até
que venha aquele a quem pertence”, ou seja, Jesus, que veio para Reinar
para sempre e os povos lhe
obedecem.
E, um grande sinal disso foi que Jesus desceu à Jerusalém,
montado numa jumenta e foi proclamado
Rei: “trouxeram a jumenta e o jumentinho,
e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus
montou. E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo
caminho; e outros cortavam ramos de
árvores, e os espalhavam pelo caminho. E as multidões, tanto as que o precediam
como as que o seguiam, clamavam,
dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! Ao entrar ele em Jerusalém,
agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este? E as multidões respondiam: Este é o profeta
Jesus, de Nazaré da Galiléia”. (Mateus 21:7-11) E, no final da profecia, Jacó declara que ele seria
morto. (“Os olhos serão escurecidos pelo
vinho, e os dentes brancos de leite”.) Na
ocasião, acredito que eles não tinham nenhuma idéia do que tudo isso significasse, mas para nós tudo isso tem
sentido e já aconteceu, ao pé da letra. Durante toda a profecia de Jacó, podemos verificar que tudo se deu cumprimento
ao longo dos anos, mas realmente a de Judá foi
para nós a mais importante.
Em alguns anos, a
família de Jacó foi se multiplicando no Egito. O Faraó amigo de José já
havia morrido e o que o sucedeu
escravizou o povo de Israel, porque estavam ficando numerosos. Isso fez
com que a profecia do Senhor dado à
Abraão se cumprisse, que importava que eles ficassem naquela terra por
quatrocentos anos. “Então
disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à
escravidão, e será afligida por
quatrocentos anos; sabe também que
eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens”.
(Gênesis 15:13-14) Assim, passados
os dias de servidão, o povo do Senhor começou a clamar. Nessa ocasião, o Senhor enviou a Moisés para libertar o povo,
de maneira que todo o povo veria que só o Senhor é Deus. Israel saiu do Egito com muitos bens,
cumprindo a profecia acima. Ainda, nessa ocasião, o povo de Israel passaria a ser povo em todo o seu
sentido e, para isso, o Senhor já tinha reservado a terra que prometera a
Abraão. Bastava somente eles tomarem posse.
Nesse período,
deu-se início a mais um período escatológico, chamado de Dispensação da
Lei, que vai desde o Sinai até o
Calvário.
A ERA DE MOISÉS
Moisés, a quem Deus
escolheu para pastorear a Israel, nasceu numa época difícil. Faraó estava vendo o povo de Israel crescer e por isso
temeu que eles se juntassem com os inimigos do Egito e lutassem contra eles. Por isso, Faraó
aumentou a carga do povo israelita e, não adiantando, pois eles cresciam mais e mais, ele ordenou às
parteiras que matassem os filhos homens e poupassem as filhas mulheres (Êxodo 1:16).
Foi nessa época que Moisés nasceu e, sua mãe, temendo,
colocou-o num cesto, vedado com betume,
dentro do rio Nilo, quando tinha três meses: “Nesse tempo nasceu Moisés, e era
mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai”. (Atos
7:20).
A filha de Faraó, Hatshepsut, vendo-o, teve compaixão e o adotou. Porém,
ela o entregou a uma hebréia que, por sinal, era a própria mãe de Moisés, para o criar. Assim, Moisés passou
sua infância com seus irmãos e, quando cresceu, foi entregue à filha de Faraó, quando recebeu o
seu nome que, traduzido, significa “salvo das águas”.
A idade dele quando
isso aconteceu não podemos estipular, pois a Bíblia não revela. Apesar
disso, sabemos que ele recebeu
ensinamentos do palácio, pois mais tarde veremos ele como um grande
escritor e um grande legislador, pois
foi ele quem escreveu o Pentateuco, que compõem o Livro de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio,
mediante as instruções e inspirações do Senhor. “Assim Moisés foi instruído em
toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras”. (Atos 7:22) A arte e sabedoria dos egípcios
continha ensinamentos sobre ciências, geografia, leis morais etc.
Moisés, ainda, aprendeu algumas literaturas, hoje muito
conhecidas, como o código de Hamurabi e o
Livro dos Mortos. Muita coisa escrita em Levítico, referente às leis
morais, se parece com o que está escrito
nesses livros. Na verdade, o Egito, originalmente era monoteísta. Com o passar
dos anos que a idolatria entrou naquela
terra. Numa pirâmide muito antiga está escrito: “Criei a cada um semelhante
aos irmãos, e lhes proibi de fazerem o
mal... Dize a verdade e pratica-a porque ela é grande, é onipotente”. Assim, muita gente diz que Moisés usou alguns
de seus conhecimentos para escrever o Pentateuco. Porém, sabemos que a precisão histórica com
que o Pentateuco está escrito só poderia ser realizada pela providência divina e que os escritos antigos
simplesmente tiveram influência da civilização primitiva dos ensinos de Noé. Ora, toda religião teve
origem com os ensinos de Noé após o dilúvio.
Quando Moisés
estava com quarenta anos, contemplou o sofrimento daqueles que foram
criados com ele e, veja o que aconteceu:
(Êxodo 2:11-15); (Atos 7:22-29)
O interessante é que Moisés já possuía dentro do coração o desejo de libertar o
povo, conforme Atos 7:2229, mesmo antes de ser chamado por Deus. Mas o método e o tempo pertenciam a
Deus e, por isso, aquele ataque não surtiu nenhum efeito direto, apenas contribuiu para que Moisés
fugisse para o deserto, onde ele iria aprender a viver como servo de Deus e mais tarde receber o Chamado
de Deus.
Moisés fugiu e permaneceu mais quarenta anos
no deserto: “E passados mais quarenta
anos, apareceulhe um anjo no deserto
do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça”. (Atos 7:30) Ele fugiu para Midiã(filho de Quetura),
também conhecido como a terra de Edom (irmão de Jacó), terra de seus antepassados.
Acredita-se também que Moisés fugiu para aquelas terras
porque eram terras dominadas por Hatshepsut.
Ali, foi hospedado por Jetro, o qual se tornou seu sogro
quando se casou com Zípora. Naquela
terra estava o Sinai, terra onde os mineiros egípcios trabalhavam. Os
mineiros egípcios daquele lugar
praticavam um culto a uma deusa de nome Hatora. Jetro, por sua vez, era sacerdote em Midiã, com o nome de Reuel, um
nome composto de “Reu” e “El”. “El”=nome de Deus. No templo de Sarabite foram encontrados
vestígios de sacrifícios de animais, e até se encontraram calhas, por onde escorria o sangue das
vítimas. Montes de cinzas ocorriam aqui e ali, como resultado dos sacrifícios de animais. Acredita-se que o
livro de Jó fora produzido naquela região. (Jó 28.1-12) Um alfabeto muito antigo foi encontrado naquela
região, datandose a época de Moisés. A escrita, por si, já existia, segundo pesquisadores, mesmo antes
de Noé, pois foi encontrado um escrito de um rei antigo na região da babilônia
que dizia gostar muito de lêr os escritos da época do dilúvio.
Beroso
relatou uma tradição, segundo a qual
Xisutro, o Noé Babilônico, enterrou os Sagrados Escritos antes do dilúvio, em
placas de barro cozido, em Sipar, e depois os desenterrou. Havia uma tradição
entre árabes e judeus de que Enoque fora
o inventor da escrita, e que deixara alguns escritos. Assurbanipal, fundador da
grande biblioteca de Nínive, referiu-se a “inscrições de antes do dilúvio”. Têm
sido encontradas algumas incrições de
antes do dilúvio. A placa pictográfica , encontrada pelo Dr. Langdon em Quis,
sob um sedimento do dilúvio. A sinetes
encontrados pelo Dr. Schmidt, em Fara, sob uma camada sedimentada do dilúvio. O Dr. Woolley achou em Ur sinetes
de antes do dilúvio. Os sinetes foram as formas mais primitivas de escrita; representavam o nome
de uma pessoa, identificavam uma propriedade, serviam de assinatura de cartas, contratos, recibos e
várias espécies de escritura. Cada pessoa possuía seu próprio sinete. Este era gravado em pedacinhos de
pedra ou metal pro meio de serras ou brocas muitíssimo delicada. Usava-se para impressão em placas
de barro, enquanto ainda úmidas.
escrita cuneiforme Semítica
Monte Sinai
Templo de Serabite
Durante este
período, em que Moisés casou e teve dois filhos, Moisés aprendeu a apascentar e, quando estava com seus oitenta anos, o Senhor
apareceu para ele e o chamou para ser instrumento de libertação e para conduzir o povo de Israel
até Canaã, por mais quarenta anos: “Foi
este que os conduziu para fora, fazendo
prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto por quarenta anos”. (Atos 7:36). Daí vem aquele
dito popular entre os pregadores dizendo: Moisés passou quarenta anos no Egito achando que era alguma coisa,
mais quarenta anos no deserto para descobrir que não era nada e mais quarenta anos para ver o que Deus
pode fazer com o que não é nada. E, depois de tudo isso, Moisés não entrou
em Canaã, somente viu com seus olhos para então morrer, o
qual teve o seu corpo escondido por
Deus: “Mas quando o arcanjo Miguel,
discutindo com o Diabo, disputava a respeito do
corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas
disse: O Senhor te repreenda”. (Judas
1:9) Acreditase que o maior motivo do Senhor ter escondido o corpo de
Moisés foi porque os israelitas o
embalsamariam para o adorar, já que eles eram um povo que havia se
contaminado com a idolatria do Egito.
Durante esse período em que Moisés viveu, foi instituído o período da Lei,
que nada mais era um símbolo do que
havia de vir. Mas vamos percorrer um pouco sobre como Israel foi libertado e veremos o ritual mais importante
desse período: a Páscoa.
Dez pragas vieram
sobre o Egito a fim de que o povo de Israel fosse libertado. As pragas
tanto serviram para demonstrar a Israel
o amor de Deus sobre eles como para mostrar aos egípcios que o SENHOR é Soberano. Também serviram para
mostrar o Seu juízo contra a idolatria, pois cada praga combatia a idolatria predominante daquele
lugar.
A primeira praga foi a das águas se tornaram em sangue. Os Egípcios tinham o Rio Nilo como
fonte de vida e riqueza, mas o Senhor feriu a água e essa se tornou em sangue. Imagine o cheiro de
podridão que ficou naquele lugar! A segunda praga foi a das rãs. As rãs eram consideradas deuses e por
isso eram sagradas, mas o Senhor tirou as rãs do Rio Nilo e colocou-as sobre a
terra, trazendo espanto e pavor a todos daquela região. A terceira foi a dos
piolhos, onde acredita-se que foi a
partir dessa época que os egípcios começaram a raspar o cabelo. A quarta foi
a das moscas, onde o Senhor enviou
vários enxames de moscas somente nas terras dos egípcios, livrando a terra de Gósen, onde habitavam os hebreus. A
quinta foi a praga das pestes nos animais. O gado dos egípcios eram adorados pois acreditavam que
os deuses se manifestavam através desses animais. Eles até acreditavam que o gado protegia os
egípcios.
Mas que deus é esse que morre! E todo o gado dos egípcios morreu, exceto o gado dos hebreus,
que permaneceram vivos, pois Deus estava guardando-os a fim de proporciona-lhes mantimento para o
deserto, durante um certo período, antes do maná cair do céu, e para o sacrifício. “e enviou certos mancebos dos filhos de
Israel, os quais ofereceram holocaustos,
e sacrificaram ao Senhor sacrifícios pacíficos, de bois”. (Êxodo 24:5) A
sexta foi a praga das úlceras. Dessa nem
os magos egípcios escaparam e sofreram bastante. Mas a cada praga que
vinha
sobre o Egito o coração de Faraó era endurecido. A sétima
foi a praga da saraiva, onde choveu fogo na
terra
do Egito, matando os animais, as plantações e os homens no
campo, somente a terra dos hebreus
estava ilesa. A oitava foi a praga dos gafanhotos. A nuvem de gafanhoto
era tão grande que o céu se escureceu e
todo o campo foi coberto e não sobrou nenhuma folha, nem erva em toda a terra
do Egito. A nona foi a praga das trevas
onde ficaram por três dias sem conseguirem ver ninguém, tão densa eram aquelas trevas, mas somente os hebreus tinham
luz.
Mas, mesmo assim, o coração de Faraó foi endurecido. Mas a décima e última praga foi a
da morte dos primogênitos. Eles criam que Faraó era deus e, por isso, o
primogênito de Faraó, sucessor do trono, morreu, o que fez com que Faraó
libertasse a Israel. É claro que o
Senhor podia ter tirado a Israel do Egito, mesmo sem as pragas, pois o Senhor
é poderoso para isso, mas aprouve a Deus
fazer dessa maneira para mostrar ao povo de Israel o seu poder e ao povo do Egito o seu juízo.
E, por falar em juízo, quando aprendermos sobre a Grande
Tribulação, vamos verificar que muitas
pragas estão preparadas para que o Juízo de Deus seja manifesto nas nações da terra. A última praga foi também muito
importante para os israelitas, pois foi ali que aconteceu a passagem do anjo que trouxe justiça ao povo
de Israel. E, para que os hebreus não fossem afetados por essa praga, eles teriam que sacrificar um
cordeiro e passar o sangue sobre as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o cordeiro fosse
comido.
E, a partir dali seria instituído o Calendário
Judaico: “Este mês será para vós o
princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”.
(Êxodo 12:2) A Páscoa tem um
significado muito profundo em relação ao Senhor Jesus Cristo, o cordeiro imaculado. Quem lava as suas vestes no sangue
do Cordeiro Jesus tem a sua vida protegida da morte. “Em
verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá
a morte”. (João 8:51) “Bem-aventurados
aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à arvore da vida, e possam
entrar na cidade pelas portas”. (Apocalipse 22:14)
Depois que Faraó
liberou os israelitas para saírem da terra do Egito, este ainda teve seu
coração endurecido, pois o Senhor ainda
tinha um grande milagre para deixar como testemunho a todas as nações. Testemunho este que até hoje fala
para todos nós. O povo de Israel estava diante do Mar Vermelho e dos seus dois lados também estavam
cercados das águas e atrás estava o exército de Faraó pronto para tragar os hebreus. Eram cerca de
3 milhões de hebreus, considerando os 600 mil homens preparados para guerra e uma proporção de
mais 4 indivíduos para cada família. Mas, o Senhor colocou uma coluna de nuvem na frente dos egípcios
para que eles não enxergassem e uma coluna de fogo clareando o caminho dos israelitas e, ainda
por cima, o Anjo do Senhor se pôs atrás do exército israelita para pelejar por eles. O Mar Vermelho se
abriu e os seus lados foram como paredes.
Os egípcios até que seguiram a Israel, mas o Senhor
quebrou os carros dos Egípcios, carros esses que eram a glória e a força do Egito, e fez com que eles andassem com
dificuldade. Quando os israelitas chegaram ao outro lado, o Senhor fez com que o Mar tragasse a todo o
exército de Faraó. Assim, o Senhor derrubou até mesmo o exército que era considerado o mais poderoso
daquela época. Mas quem poderá lutar contra Deus?
Ninguém, pois Ele é o Grande Eu Sou. Bom, se eu fosse você
agora, amado leitor, não perdia tempo e
lia toda essa História na Bíblia Sagrada, desde Êxodo 1 até o 15. Alguns
cientistas alegam que a travessia teria
sido numa região bem rasa do Mar Vermelho, onde daria para passar a pé, mas se
assim fosse, o milagre foi maior, pois o
exército de faraó morreu afogado. Ainda, existem achados na região da possível travessia que mostram artefatos da
18ª dinastia, que datava aquela época. Entre esses achados está uma roda de
carruagem egípcia daquela dinastia que foi preservada pelo coral formado.
A partir desse
momento, o Senhor ia mostrar a Israel que Ele cuida desse povo amado. O pão
de cada dia desceria do céu, as águas
amargas se tornariam doces, as rochas no meio do deserto jorrariam águas, as nuvens guiariam e protegeriam a
Israel do calor do dia no deserto e à noite, a coluna de fogo os aqueceria protejendo-os do frio da madrugada
no deserto, iluminando também o caminho. (No deserto o dia é muito quente e a noite muito gelada. Se
não fosse a provisão de Deus Israel não teria conseguido sobreviver um só dia.) Com Grande amor o
Senhor resgatou a Israel! E, ainda, o Senhor entregaria a todo o povo na terra de Canaã nas mãos dos
israelitas. Mas, quando eles chegaram em Canaã, espiaram a terra durante quarenta dias, mas quando os
espias junto com Josué e Calebe voltaram e trouxeram a
notícia de como eles
eram, ainda que os dois tiveram fé de que o Senhor podia entregar a todo
aquele povo em suas mãos, o povo de
Israel, por causa da incredulidade, teve que passar mais quarenta anos no
deserto, de maneira que nenhuma daquela geração entrasse em Canaã, somente
Josué e Calebe. “Dize lhes: Pela minha
vida, diz o Senhor, certamente conforme o que vos ouvi falar, assim vos hei de
fazer: neste deserto cairão os vossos cadáveres; nenhum de todos vós que fostes
contados, segundo toda a vossa conta, de
vinte anos para cima, que contra mim murmurastes, certamente nenhum de vós
entrará na terra a respeito da qual
jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.
Mas aos vossos pequeninos, dos quais
dissestes que seriam por presa, a estes introduzirei na terra, e eles conhecerão a terra que vós
rejeitastes. Quanto a vós, porém, os vossos cadáveres cairão neste deserto; e vossos filhos serão pastores
no deserto quarenta anos, e levarão
sobre si as vossas infidelidades, até
que os vossos cadáveres se consumam neste deserto. Segundo o número dos dias
em que espiastes a terra, a saber,
quarenta dias, levareis sobre vós as vossas iniqüidades por quarenta anos, um ano por um dia, e conhecereis a
minha oposição. Eu, o Senhor, tenho falado; certamente assim o farei a toda esta má congregação, aos
que se sublevaram contra mim; neste deserto se
consumirão, e aqui morrerão”. (Números 14:28-35)
Durante a
peregrinação de Israel no deserto, o Senhor enviou ao povo mandamentos e leis.
As leis dadas por Moisés abrangiam tanto
leis morais, como os dez mandamentos, leis cíveis e leis sacerdotais.
Ainda, foi instituído o Tabernáculo, as Festas e todas as coisas que eram
símbolos das coisas que iam acontecer
através de Jesus: “Ninguém, pois, vos
julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por
causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas
o corpo é de Cristo”. (Colossenses
2:16-17); “Porque a lei, tendo a sombra
dos bens futuros, e não a imagem
exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se
oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os
que se chegam a Deus”. (Hebreus 10:1)
Mas, se fôssemos falar de cada uma delas, deveríamos fazer um livro somente
sobre a Dispensação da Lei. Mas o leitor há de convir que esse livro deve abranger toda a Bíblia, de maneira
sintetizada, para que o leitor sinta desejo de lê-la para descobrir as maravilhas de Deus para o homem.
Por isso, falaremos apenas de algumas que considero, no momento, importantes, não deixando de lado
as outras.
A Páscoa fala de
Cristo como o cordeiro imaculado, pois o cordeiro deveria ser sem mancha e Jesus não tinha a mancha do pecado em si.
Também, o Cordeiro deveria ser comido, de maneira que o que comesse seria caracterizado como povo de
Israel. Semelhantemente, Jesus instituiu a Ceia do Senhor e disse: (João 6:49-59) Por isso, Jesus é a nossa Páscoa e devemos comer
deste pão e beber deste sangue, quando
comemoramos a Ceia do Senhor.
As leis morais
servem para mostrar ao pecador que ele é incapaz de ser salvo por si
próprio, necessitando, assim, de um
Salvador para sua alma, pois, aquele que pecasse num só ponto da lei seria maldito de toda ela. Portanto, ninguém podia
ser salvo por causa da lei, mas a lei apenas mostrava a necessidade de um Salvador. As Leis
Sacerdotais, por sua vez, serviam como figuras do Futuro Sacrifício que redimiria o pecado de todo
aquele que cresse.
Mesmo assim, a lei
sacerdotal que redimia o pecador não servia para delitos considerados mais
graves, como o adultério, a prostituição e o
homicídio, que eram considerados crimes com pena de morte. Mas o
Sacrifício Remidor de Jesus Cristo veio
para a remissão de todos os pecados daqueles que crêem, inclusive os de morte: “Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas.
Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém,
inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se
e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando
a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais
velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.
Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher,
perguntou-lhe: Mulher, onde estão
aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E
disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e
não peques mais.]” (João 8:5-11) Um livro da Bíblia que fala claramente sobre todos esses aspectos é a
Epístola aos Hebreus.
O Tabernáculo era
uma figura profética do Ministério de Cristo. Toda a sua construção possui um significado claro sobre a obra que Jesus
havia de realizar. Vejamos alguns pontos: A primeira coisa que se via no
Tabernáculo era a porta e Jesus é a Porta: “Eu sou a porta; se alguém entrar por
mim, será salvo; entrará e sairá, e
achará pastagens”. (João 10:9) Depois, se via o Pátio, onde se
encontrava o altar do holocausto e a pia
do lavatório.
O altar do holocausto simbolizava a Cruz do Calvário, onde
Jesus Cristo foi crucificado. (Hb 9.12-14; 1 Jo 1.7) E Jesus é o Cordeiro que
tira o pecado do mundo. (João 1:29) E
Ele se ofereceu uma vez por nós: “assim
também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda
vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação”. (Hebreus 9:28) Já o lavatório simboliza a
purificação e o início da santificação: “cheguemo-nos
com verdadeiro coração, em inteira
certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo
lavado com água limpa, retenhamos inabalável a confissão da nossa
esperança, porque fiel é aquele que fez
a promessa;” (Hebreus 10:22-23, q.v. João 4.13,14) Depois do Pátio, vinha o Lugar Santo,
que continha a Mesa dos Pães, o Candelabro de Ouro e o Altar do Incenso.
Os pães simbolizam Jesus
como o Pão da Vida, o Pão que desceu do céu: “Declarou lhes Jesus: Eu sou o
pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá
fome, e quem crê em mim jamais terá
sede”. (João 6:35) O Candelabro de Ouro simboliza Jesus como a luz do
mundo: “o povo que estava sentado em trevas viu uma grande
luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou”. (Mateus
4:16); “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não
prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio como testemunha,
a fim de dar testemunho da luz, para que todos
cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho
da luz. Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao
mundo”. (João 1:4-9); “Então Jesus tornou a falar
lhes, dizendo: Eu sou a luz do
mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (João 8:12) Incenso simboliza
interseção: “Logo que tomou o livro, os
quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do
Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias
de incenso, que são as orações dos santos”. (Apocalipse 5:8)
Já o altar do incenso
simboliza Jesus como o Sacerdote que está sempre diante de Deus
intercendendo por nós: “Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou
antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós;” (Romanos 8:34);
“Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles”. (Hebreus 7:25) O lugar Santo era onde os
sacerdotes intercediam pelo povo e Jesus está sempre intercedendo por nós. Aleluia!
Depois do lugar Santo vinha o lugar
Santíssimo, que era separado do lugar santo por “...um véu de pano azul, e
púrpura, e carmesim, e linho fino
torcido; com querubins de obra prima se fará. E o porás sobre quatro colunas de madeira de
cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro”. (Êxodo 26:31,32)
Esse lugar continha o
incensário de ouro e a Arca da Aliança,
que dentro dela, continha a vara de Arão, que floresceu, o maná e as Tábuas do
Concerto. Dentro dessa câmara era muito
escura, mas quando a Glória do Senhor enchia o Tabernáculo, então lá dentro ficava iluminado. “Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e
um santuário terrestre. Pois foi
preparada uma tenda, a primeira, na qual estavam o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; a essa se chama o
santo lugar; mas depois do segundo véu estava a tenda que se chama o santo dos
santos, que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro
em redor; na qual estava um vaso de
ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas do pacto;” (Hebreus 9:1-4)
A Arca da Aliança
simboliza Jesus como EMANUEL, que significa
Deus Conosco: “Portanto o Senhor
mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”. (Isaías 7:14); “Eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho,
o qual será chamado EMANUEL, que
traduzido é: Deus conosco”. (Mateus 1:23) Jesus é Deus Conosco, pois Ele se fez carne e habitou
entre nós: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai”. (João 1:14)
O Tabernáculo também possui significados
importantíssimos para a vida do Crente. A primeira coisa que uma pessoa faz para entrar no
Tabernáculo é passar pela porta, ou seja, aceitar a Jesus como Salvador, pois
Ele é a porta. Outro fato interessante é que na primeira entrada estava escrito
a palavra CAMINHO, na segunda, a qual dá
entrada ao lugar Santo, estava escrito VERDADE e na terceira, a qual dava acesso ao Lugar Santíssimo, ou
seja, Santo dos Santos, estava escrito VIDA.
Ora, Jesus é o
Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai, no Santo dos Santos, se
não for por Ele: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai, senão por mim”. (João
14:6)
Voltando ao Tabernáculo, o Pátio é o primeiro lugar onde o
crente entra e simboliza o início da
Vida Cristã, pois lá possui o altar do holocausto, onde o Crente recebe a Jesus
como Salvador e propiciação pelos seus
pecados, por causa do arrependimento. Também lá possui a pia do lavatório,
que simboliza o crente ser lavado, ser
purificado. Depois, o crente vai para o lugar Santo, onde ele lê a Palavra (Pães), é luz e não trevas
(candelabro) e vive sempre orando (altar do incenso).
Antes, só o Sumo
Sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, atravessando o véu do templo, mas, por causa do sacrifício de Jesus, o véu
do templo foi rasgado de cima a baixo, permitindo assim nós entrarmos com ousadia ao Santo dos Santos
e entrar na Presença de Deus, por causa de Jesus, o Emanuel, Deus Conosco.
“Tendo
pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos
inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre
a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração
purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos inabalável a confissão da
nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa; e consideremo-nos uns aos outros, para nos
estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns,
antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele
dia”. (Hebreus 10:19-25) O Véu do Templo era a separação entre Deus e o Homem, por causa do
pecado, mas, porque Jesus morreu por nós, não temos mais culpa do pecado e, por isso, podemos
novamente entrar na presença de Deus. Aleluia! E esse véu foi rasgado literalmente por Deus, de cima a
baixo, pois homem algum poderia rasgar aquele véu de tamanha espessura: “Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora
nona, pois o sol se escurecera; e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou”.
(Lucas 23:44-46) “pelo caminho que ele
nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne,” (Hebreus
10:20)
Muito mais
profundidade há no significado do Tabernáculo, mas fiquemos por aqui, para
não alongarmos muito, pois seria
necessário escrever um livro só sobre este assunto. Mas, para nós, no momento, importa entendermos que o Pentateuco
fala de Cristo e Seu Ministério, assim como sobre a Vida Espiritual da Igreja.
“Ora, estando estas coisas assim preparadas, entram continuamente
na primeira tenda os sacerdotes,
celebrando os serviços sagrados; mas na segunda só o sumo sacerdote, uma vez por ano, não sem sangue, o qual ele
oferece por si mesmo e pelos erros do povo; dando o Espírito Santo a entender com isso, que o
caminho do santuário não está descoberto, enquanto subsiste a primeira tenda, que é uma parábola para o
tempo presente, conforme a qual se oferecem tando dons como sacrifícios que, quanto à consciência,
não podem aperfeiçoar aquele que presta o culto; sendo somente, no tocante a comidas, e bebidas, e
várias abluções, umas ordenanças da carne, impostas até um tempo de reforma. Mas Cristo, tendo vindo
como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não
feito por mãos, isto é, não desta criação), e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio
sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção. Porque, se a
aspersão do sangue de bodes e de touros, e das cinzas duma novilha santifica os contaminados, quanto à
purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo
imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?”
(Hebreus 9:6-14)
Moisés, além de ser instrumento de Deus
para conduzir o povo para Canaã e de ser um
Legislador notável diante de toda a História da raça humana, ele nos
deixou pofecias claras de que o Messias
viria para aperfeiçoar todas as coisas.
“O Senhor teu Deus te suscitará do
meio de ti, dentre teus irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele
ouvirás; conforme tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horebe, no dia da assembléia,
dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.
Então o Senhor me disse: Falaram bem naquilo que disseram. Do meio de seus irmãos lhes suscitarei um profeta semelhante a ti; e
porei as minhas palavras na sua boca, e
ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. E de qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome,
eu exigirei contas”. (Deuteronômio
18:15-19)
Essa profecia já é cumprida, pois Jesus nasceu no
meio do povo de Israel e falou de tudo o que o Senhor lhe ordenou: “Quem não me ama, não guarda as minhas
palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou”. (João
14:24)
Outra profecia muito importante que Moisés
deixou foi a da ruína de Israel por não ter recebido a Jesus como o Messias. Foram profetizadas
Bênçãos e Maldições.
Toda vez que o povo de Israel se inclinava à idolatria, a sua ruína era
tremenda, pois estavam debaixo da maldição, por causa da desobediência às Leis do Senhor. E todas as
vezes que Israel se arrependia, as bênçãos retornavam à Israel. Vários foram os casos das maldições,
vejamos duas, no Antigo Testamento:
“E sucedeu que, passando o rei
de Israel pelo muro, uma mulher lhe gritou, dizendo: Acode-me, ó rei meu
Senhor. Mas ele lhe disse: Se o Senhor
não te acode, donde te acudirei eu? da eira ou do lagar? Contudo o rei lhe perguntou: Que tens? E disse ela: Esta mulher
me disse: Dá cá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho. cozemos, pois,
o meu filho e o comemos; e ao outro dia lhe disse eu: Dá cá o teu filho para que o comamos; e ela
escondeu o seu filho. Ouvindo o rei as palavras desta mulher, rasgou as suas vestes (ora, ele ia
passando pelo muro); e o povo olhou e viu que o rei trazia saco por dentro, sobre a sua carne”. (2 Reis
6:26-30); “Os mortos à espada eram mais ditosos do que os mortos à fome, pois estes se esgotavam,
como traspassados, por falta dos frutos dos campos. As mãos das mulheres compassivas
cozeram os próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo. Deu o Senhor
cumprimento ao seu furor, derramou o ardor da sua ira; e acendeu um fogo em Sião, que consumiu os
seus fundamentos. Não creram os reis da terra, bem como nenhum dos moradores do mundo, que adversário
ou inimigo pudesse entrar pelas portas de
Jerusalém”. (Lamentações 4:9-12)
Por mais que se pareça entranho o que
aconteceu, é bom lembrarmos que o canibalismo não foi ocasionado por Deus, mas por causa do pecado
do povo de Israel. E, o pior de todos eles, foi o de eles não terem recebido a
Jesus como o seu Messias Prometido.
Jesus mesmo falou que não ficaria pedra sobre pedra: “Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”.
(Mateus 24:2) E, no ano 70 dC, Roma destruiu Jerusalém
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inteira, cumprindo a profecia de Moisés de que uma outra
nação viria e apertaria a Israel até a
destruição:
“O estrangeiro que está no meio de ti se elevará cada vez mais sobre
ti, e tu cada vez mais descerás;... O
Senhor levantará contra ti de longe, da extremidade da terra, uma nação que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás;
nação de rosto feroz, que não respeitará ao velho, nem se compadecerá do moço; e comerá o fruto dos
teus animais e o fruto do teu solo, até que sejas destruído; e não te deixará grão, nem
mosto, nem azeite, nem as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas, até que te faça perecer; e te
sitiará em todas as tuas portas, até que em toda a tua terra venham a cair os teus altos e fortes muros,
em que confiavas; sim, te sitiará em todas as tuas portas, em toda a tua terra que o Senhor teu Deus te
deu.
E, no
cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão, comerás o fruto do teu
ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que o Senhor teu Deus te houver dado.
Quanto ao homem mais mimoso e delicado no meio de ti, o seu olho
será mesquinho para com o seu irmão,
para com a mulher de seu regaço, e para com os filhos que ainda lhe ficarem de resto; de sorte que não dará a
nenhum deles da carne de seus filhos que ele comer, porquanto nada lhe terá ficado de resto no
cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas. Igualmente, quanto à
mulher mais mimosa e delicada no meio de ti, que de mimo e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu
pé sobre a terra, será mesquinho o seu olho para com o homem de seu regaço, para com seu filho, e
para com sua filha; também ela será mesquinha para com as suas páreas, que saírem dentre os seus
pés, e para com os seus filhos que tiver; porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no
aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas”. (Deuteronômio 28:43-57)
Roma, no ano 70 dC cercou Jerusalém,
deixou ela padecer fome e depois a destruiu. E essa desolação de 70 ocorreu para que as
Escrituras se cumprissem e é por isso que Jerusalém até os dias dias não é uma cidade exclusiva de Israel, pois
Jerusalém é considerada cidade de todas as nações. Essa exclusividade só acontecerá depois que a
Dispensação da Graça terminar, ou seja, quando completar o tempo dos gentios. Hoje, mais do que nunca,
sabemos que isto está prestes a acontecer, pois grande é a luta de Israel para
recuperar Jerusalém.
“Mas,
quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então,
os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que
estiverem nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas
as coisas que estão escritas. Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles
dias! porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo. E cairão ao fio da espada,
e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos
gentios, até que os tempos destes se completem”. (Lucas 21:20-24) E é fato
de que, depois dessa desolação de 70,
todos os israelitas foram espalhados pelos quatro cantos da terra e, até 1948, Israel tinha deixado de ser nação.
Note que depois de 1948, Israel passou a ser nação e não
mais deixará de ser, dando cumprimento à profecia de retorno, que veremos
quando falarmos das profecias do AT,
provando que Jesus já está às portas, somente sendo paciente, aguardando o
arrependimento de muitos: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda
que alguns a têm por tardia; porém é longânimo
para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham
a arrepender-se”. (2 Pedro 3:9) É
claro que não são todos que se arrependerão, mas Ele é paciente e aguarda até o
relógio bater meia-noite. “Porfiai
por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos
procurarão entrar, e não poderão”.
(Lucas 13:24); “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. (Mateus 22:14); “Mas à meia-noite ouviu-se um
grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!” (Mateus 25:6)
Local do Sinai Monte
Sinai
Os tristes episódios durante a peregrinação foram: 1) A
rebelião de Core, que queria usurpar os direitos conferidos divinamente a Arão; 2) O ciúme de
Miriã e a sua morte; 3) a morte de Arão, por causa da sua transgressão; 4) a
rocha que Moisés feriu, zangado, motivo por que, como punição, não entrou
em Canaã.
Conquistando território
Moisés iniciou a conquista da terra.
Impedido pelo rei de Edom de passarem por suas terras e impedido por Deus de guerrear contra eles,
Moisés teve que contornar as terras de Seir pelo sul. De encontro com os amorreus, esses não permitiram
Israel passar, mas Israel pelejou e venceu a cidade fortificada dos Amorreus (Números
21:21-31).
Depois, Ogue, rei de Basã, veio à peleja contra
Israel. Israel venceu: (Números
21:33,34) Depois foram para Moabe, filhos de Ló. Aqui surge Balaão e a
festa de Baal-Peor que ensina que
aqueles que estão debaixo da proteção de Deus tem segurança(Salmo 91), mas quando abandonamos ao Senhor, somos
derrotados. Não vale encantamento contra Israel, mas a apostasia o derruba (Nm 25.9).
Até os midianitas se associaram aos Moabitas contra
Israel, mas Moisés levantou um exército
de 12 mil homens e os derrotou, inclusive Balaão que morreu na batalha. “Assim
deu Moisés aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben, e à meia tribo de
Manassés, filho de José, o reino de
Siom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã, a terra com as suas
cidades e os respectivos territórios ao
redor.” (Números 32:33) Faltava apenas atravessar o Jordão para entrarem em
Canaã.
E nessa conjuntura é que Deus anuncia a Moisés
a sua morte, permitindo a ele ver a terra de Canaã de cima do Monte Nebo: “Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de
Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra
de Canaã, que eu dou aos filhos de Israel por possessão; e morre no monte a que vais subir, e recolhe-te ao teu
povo; assim como Arão, teu irmão, morreu no monte Hor, e se recolheu ao seu povo; porquanto pecastes
contra mim no meio dos filhos de Israel, junto às águas de Meribá de Cades, no
deserto de Zim, pois não me santificastes no meio dos filhos de Israel.” (Deuteronômio 32:49-51)
JOSUÉ E A CONQUISTA DA TERRA
Depois que Moisés
morreu, Josué passou a liderar o povo de Israel e foi grande guerreador e vencedor de muitas batalhas, vencendo os
inimigos e conquistando a Terra Prometida para o povo de Israel.
Ao ler sobre essas
conquistas, muitos se assustam quando lêem que o Senhor mandava que nem às crianças se poupassem, de certos povos. “Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o
destrói totalmente com tudo o que tiver;
não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças de
peito, bois e ovelhas, camelos e
jumentos”. (1 Samuel 15:3) Mas, por que isso? Ora “Tens tu olhos de carne? Ou vês
tu como vê o homem?” (Jó 10:4) O Senhor não vê as coisas como nós vemos,
mas Ele vê com Sua Eterna Sabedoria.
Na Bíblia de Estudo Pentecostal o comentarista desse
versículo diz: “O grau de iniqüidade,
crueldade e permanente rebelião dos amalequitas era tão grande, que a saída
daquelas crianças inocentes da face da
terra era um ato de misericórdia..”. Wesley, em seu comentário nesse versículo, concorda com esse pensamento, onde
ele diz que seria melhor que as crianças morressem naquele estado de inocência do que crescessem
na iniqüidade e depois fossem condenadas.
Bom, se alguém
tiver dúvida do motivo pelo qual o Senhor determinou tal sentença, é melhor
esperarmos aquele dia onde todas as
coisas serão reveladas: “Portanto, não os
temais; porque nada há encoberto que não
haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido”.
(Mateus 10:26)
A terra que Deus havia delimitado para Israel era: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, volo dei, como eu disse a Moisés. Desde o
deserto e este Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o
poente do sol, será o vosso termo.” (Josué 1:3-4) Josué, então, iniciou sua campanha na
Palestina.
A primeira batalha
de Josué era a de Jericó. Jericó era o portão de entrada para a Palestina. Assim, enviaram 2 espias para espiar
Jericó.
Esses espias foram acolhidos por Raabe, uma
prostituta muito importante em Jericó.
Raabe creu que Deus havia entregado Jericó nas mãos de Israel e fez um acordo com os espias (Js 2.9). Esses, por sua
vez, concordou com ela e disse que ela deveria deixar uma fita vermelha na janela da casa dela, para
que ela fosse salva. O interessante é que Raabe se converteu ao Senhor, ela cria no Senhor como o Deus em
cima no céu e embaixo da terra (Js 2.11) e por isso Deus usou tanto de misericórdia para com ela que
até participou da linhagem do Senhor Jesus (Mt 1.5). Ela foi mãe de Boaz, que casou com a moabita Rute,
dos quais nasceu Obede, avô do Rei Davi. Raabe cria no Poder de Deus. A cidade de Jericó era
extremamente fortificada.
Seu muro possuía dez metros de altura e era formada por duas colunas de parede,
sendo a parede exterior com 2 metros, separado da parede interior por um espaço de 5 metros, e um muro
interior de quatro metros. Em cima dos muros ficavam as casas das pessoas mais importantes da cidade,
entre elas estava Raabe.
Mas, para entrar em Jericó era
necessário passar o Jordão. E Deus, para mostrar ao povo que era com Josué assim como era com Moisés, fez o
povo passar o Jordão a seco. (Js 3.7; Js 3.13-17) Foi aí que Josué fez um concerto com o povo, colocando
as pedras que estavam no fundo do Jordão como
testemunho de que Deus fê-los passar o Jordão à seco. (Josué 4:4-7) Ora,
“Ao que ele respondeu: Digo
vos que, se estes se
calarem, as pedras clamarão.” (Lucas 19:40) O interessante é que foi no Rio
Jordão que João Batista pregava.
Posição de Jericó Ruínas dos muros de Jericó
Jericó, então, foi
destruída e Josué prosseguiu nas conquistas das terras. Naquela época, a Palestina era dominada por Faraó, mas uma
pergunta fica no ar, quando percebemos que o Egito não fez nada. Alguns tijolos escritos encontrados no
Egito, mostra que não foi falta de aviso. O rei de Jerusalém, de nome Abdikika (Josué o chamava de
Adonisedeque, que significa “Senhor de Justiça”), diz numas cartas: “... agora os habiris ocupam as
cidades do rei.
O rei, meu
Senhor, não tem mais um príncipe; tudo
está arruinado.” Os palestinos pediram socorro ao Egito e esses nada
fizeram. Por quê?
Será que os
Egípcios reconheceram o Poder de Deus, por causa do que acontecera
quarenta anos antes?
Alguns atribuem que
o Faraó da época era Amenofis IV, o Akenaton (herege). Akenaton, estaria
ocupado com sua esposa tentando
implantar no Egito uma religião monoteísta, de adoração a um único deus, talvez
até pela experiência de que Israel
servia a um único Deus. O problema que o único deus que ele queria implantar era o deus sol, através do disco solar.
Os motivos certos, históricos, não sabemos, mas sabemos que Deus fez com que a época fosse
propícia para os hebreus tomarem Canaã para si, como possessão.
Conquistado o
oriente, Josué partiu para o Sul e conquistou Ai, hebrom. Jerusalém parece
que continuou nas mãos dos Jebuseus,
pois só quando Davi conquistou Jerusalém é que Jerusalém ficou sob domínio judeu. No capítulo 11 de Josué
observamos as vitórias de Josué sob vários reis. A batalha de Merom foi muito importante para as conquistas
do norte. Calebe, por ter obedecido a Deus, ficou com a terra dos gigantes, porque ele creu no
Senhor. Js 14.11-15 Ele tinha a mesma força de quarenta e cinco anos antes. O
tabernáculo foi edificado em Siló (Js 18.11) e ali permaneceu até que Davi,
mais tarde, a levasse para
Jerusalém.
Quando Josué
morreu, algumas terras ficaram sem conquista até os dias de hoje, mas, no Milênio, toda a Terra Prometida pertencerá à
Israel. Isso veremos mais tarde, quando falarmos das profecias do AT. Mas, vejamos quais terras
ficaram sem conquista:
“A terra que ainda fica é esta: todas
as regiões dos filisteus, bem como todas as dos gesureus, desde Sior,
que está defronte do Egito, até o termo
de Ecrom para o norte, que se tem como pertencente aos cananeus; os cinco
chefes dos filisteus; o gazeu, o
asdodeu, o asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também os aveus; no sul toda a
terra, dos cananeus, e Meara, que
pertence aos sidônios, até Afeca, até o termo dos amorreus; como também a terra dos Gebalitas, e todo o Líbano para o
nascente do sol, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até a entrada de Hamate; todos os habitantes
da região montanhosa desde o Líbano até Misrefote Maim, a saber, todos os
sidônios. Eu os lançarei de diante dos filhos de Israel; tão-somente reparte a
terra a Israel por herança, como já te mandei”. (Josué 13:2-6)
O PERÍODO DOS JUÍZES
Quando Josué morreu a
terra estava meio conquistada. Houve a divisão de terras, mas havia terras a serem conquistadas. Na verdade,
Josué conquistou as maiores cidades e mais fortes, cercando os limites de Israel, porém os hebreus
precisavam conquistar as demais terras.
O problema é que o povo se acomodou com a paz e ainda
começaram a realizar casamentos mistos e até a celebrar festas a deuses da região Jz 2.11-23. O mundo ao redor estava em
paz. O Egito tinha entrado em decadência, a Assíria só iniciou sua carreira política em 1000 a.C. e
a Babilônio há muito estava caída. Israel não tinha uma liderança definida e cada um fazia o que lhe
aprazia.
Quando o grau de contaminação de Israel estava crescendo, o Senhor permitia que outros povos
viessem transtorná-los e logo o Senhor levantava juízes para os salvar e depois, passava algum tempo
e o povo voltava a pecar contra o Senhor. Foi assim até a época de Samuel.
Os principais juízes
foram quinze:
1-Otniel (Jz 3.9) – De Judá, livrou a Israel do rei da
mesopotâmia;
2-Eúde (Jz 3.15) – Expulsou os amonitas e os moabitas;
3-Sangar (Jz 3.31) – Matou 600 filisteus e salvou a
Israel;
4-Débora (Jz 4.5) – Associada a Baraque, guiando a Naftali
e Zebulom à vitória contra os cananeus;
5Gideão (Jz 6.36) – Expulsou os midianitas do território de Israel;
6-Abimeleque (Jz 9.1) – Pseudo libertador sem autoridade
divina;
7-Tola (Jz 10.1) – Subjugou os amonitas;
8-Jair (Jz 10.3) – Subjugou os amonitas;
9-Jefté (Jz 11.11) – Subjugou os amonitas;
10- Ibsã
(Jz 12.8) – Perseguiu os filisteus;
11- Elom
(Jz 12.11) – Perseguiu os filisteus;
12- Abdom
(Jz 12.13) – Perseguiu os filisteus;
13- Sansão
(jz 16.30) – Perseguiu os filisteus;
14- Eli
(1Sm 4.18) – Julgou a Israel como sumo sacerdote;
15- Samuel
(1Sm 7.15) – Agiu principalmente como profeta.
Esse período durou 350 anos.
PRIMÓRDIOS DO REINO UNIDO
Eli = Sacerdote
e juiz em Israel. Deus havia escolhido Eli para ser sacerdote, mas os seus
filhos eram maus aos olhos de Deus e Eli
nada fazia a respeito disso. Eli não amava a Deus acima de todas as coisas
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pois ele preferia fazer vista grossa a respeito do pecado
de seus filhos. (1 Samuel 2:27-30, 1 Samuel
3:13, qv Mateus 10:37) “...Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos
que me honram, mas os que me desprezam
serão desprezados.” (1 Samuel 2:30c) A profecia de Deus se cumpriu e Samuel
ficou no lugar de Eli.(1 Samuel
4:4-18)
Samuel = Ana,
mulher de Elcana, era estéril e certo dia clamou ao Senhor por um filho. A
súplica foi tanta que Eli pensara que
ela estava bêbada. Porém, quando ela explicou que estava orando ao Senhor ele orou a favor dela e a abençoou dizendo
que lhe fosse feito conforme o que desejava o seu coração. Logo depois disso ela ficou grávida e nasceu
Samuel. (1 Sm 1.7) Quando o menino Samuel estava crescido Ana o entregou ao Senhor na casa de
Eli. Certa vez, quando Samuel estava dormindo o Senhor lhe falou e assim Samuel passou a ser
conhecido como o profeta de Deus. (1 Samuel 3:9-15)
O povo pede um rei=
O Senhor, em Dt 17.14-20, pela Sua Onisciência, determinou os direitos
e deveres do rei. Se observarmos bem,
todo o erro apontado aqui para o rei foi o que Salomão cometeu e fio justamente isso que, mais tarde,
dividiria o reino.
Quando Samuel já
estava velho os seus filhos também não andaram de acordo com a Palavra e isso foi o estopim para o povo de Israel
pedir um rei, para ficar igual aos outros povos que tinham reis para ir às batalhas. Samuel, por sua vez,
ficou chateado com isso, mas o Senhor lhe falou que o povo não tinha rejeitado a ele mas ao próprio Senhor,
pois até essa época o Senhor ia às Batalhas com Israel, pois era um governo Teocrático, ou seja, governado
por Deus. (1 Samuel 8:3-5,7-8) Assim, Deus mandou Samuel escolher a Saul para rei, pois Saul
era segundo o coração do povo. Saul foi ungido e até recebeu o Espírito sobre ele, profetizando com os
profetas, mudando em um novo homem. Saul tinha tudo para ser um bom rei e o povo se agradou de
Saul.
As Guerras de Saul
Primeira Guerra
= Os isrealitas eram vassalos dos amonitas. Assim, Saul entrou em guerra contra
eles, proclamando a Independência de
Israel. Essa guerra fez com que o povo consagrasse Saul como rei e ficaram alegres.
Segunda Guerra
= Os filisteus, ao Sul, se levantaram contra Israel. Foi nessa batalha que
Jônatas se destacou como grande
guerreiro. Com a vitória o Sul e o Oeste ficaram livres para Israel.
Terceira Guerra
= Os povos do leste, moabitas, edomitas e os reis de Zoba, se levantaram contra
Israel. Com a vitória de Saul, Israel
conquistou o leste além do Jordão.
Quarta Guerra =
Deus ordenou a Saul que destruísse os amalequitas, ao Sul de Israel. Saul
deveria destruir tudo, matar a todos e
queimar tudo. Deus ordenou que não ficasse vivo nenhum boi da tribo dos
amalequitas. Saul, entretanto, escolheu os melhores bois para ficar para ele e ainda
por cima ofereceu sacrifício a Deus, achando que o Senhor ia aceitar suborno.
(1 Samuel 15:6-22) Com isso o Senhor
mandou Samuel escolher outro rei, só que agora o rei seria segundo o
coração de Deus: Davi, filho de Jessé,
filho de Obede, filho de Boaz com a moabita Rute, Boaz filho de Salmom com
Raabe. (Mateus 1:5)
Quando Samuel foi à casa de Jessé, Samuel escolheu a Davi.
Este estava a apascentar as ovelhas
malhadas. (as malhadas são aquelas que tinham menos valor). Embora nem a
sua família acreditava em Davi, este
sempre defendeu as ovelhas, mesmo as malhadas. Davi era um bom pastor que dava
a sua vida pelas ovelhas, pois ele não
temia a morte e lutava contra urso e leão.
Quinta Guerra = Nova guerra
contra os filisteus. Foi aí que Davi se destacou matando o Gigante Golias, sem
espada e sem escudo, somente com uma pedra e uma funda. Assim Davi se tornou o
ídolo do povo. Certa vez, Davi foi
aclamado pelas mulheres do reino: “E as
mulheres, dançando, cantavam umas para
as outras, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez
milhares. Então Saul se indignou muito,
pois aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares
atribuíram a Davi, e a mim somente
milhares; que lhe falta, senão só o reino?” (1 Samuel 18:7-8)
Sexta Guerra =
O ciúme de Saul iniciou a sexta guerra, de Saul contra Davi. Saul planejou
tirar a vida de Davi mas sempre sem
sucesso. Saul pediu, como dote de casamento para sua filha Mical, 100 prepúcios de filisteus, achando que Davi iria morrer,
mas Davi lhe trouxe 200 prepúcios. (1 Samuel 18:25-27)
Com isso, Saul planejou tirar a sua vida, mas Davi fugiu
para a região Sul de Israel, na fortaleza de
Adulão. Foi aí que Davi recrutou o seu exército: “Ajuntaram-se a ele todos os que se achavam em aperto, todos os endividados, e todos os
amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles; havia com ele cerca de quatrocentos homens.” (1 Samuel
22:2) Assim, Davi virou bandoleiro, chefe de um bando, de um exército não
reconhecido pelo governo, considerado rebelde ao governo de Saul, mas Davi em
nada lutou contra Saul, apenas defendia
as terras do extremo Sul de Israel e recebia alimentos e provisões do povo. Em 1 Sm 24 vemos a lealdade de Davi
para com Saul que, tendo Saul dormindo numa caverna, Davi apenas cortou a orla do vestido de Saul,
paa prová-lo que ele não queria o seu mal. Com isso, Saul deixou de perseguir a Davi e seguiu seu
caminho. Davi, porém, foi para a terra dos filisteus e patrulhava em Ziclague. E fez bem, pois logo depois Saul
voltou a perseguí-lo e Davi novamente poupou a vida de Saul.
Sétima Guerra =
Os filisteus se levantaram contra Saul mais uma vez. Samuel já era morto e Saul
não tinha mais a quem consultar. Daí
Saul procurou uma pitonisa para ter comunicação com Samuel. O diabo subiu e enganou Saul, se fazendo de
Samuel, que lhe disse que em breve este estaria com ele lá embaixo. A pitonisa deu um bocado para Saul
comer e daí Saul foi marcado para a morte e, na batalha de Gilboa Saul fora ferido e num ato de
tamanha covardia, se matou. (1 Samuel 31:3-5)
Davi vira Rei
Morto Saul, Davi torna-se, naturalmente o
rei do Sul de Israel, escolhendo como capital a cidade de Hebrom. Com isso, começou uma guerra civil
entre o povo do norte com o povo do sul. Abner
proclamou Isbosete, filho de Saul, como rei, com capital em Maanaim de
Gileade, cidade do extremo norte.
Depois, Abner cometeu o grande erro de colocar a capital em Gibeom, no
território de Benjamim, cidade onde Davi
era bem visto.
Assim, com a guerra civil, Davi foi vencedor e, após
algumas tentativas fracassadas, Abner
faz as pazes com Davi e entrega o reino para ele. Mas, Davi impôs a condição de
que a sua primeira mulher devia lhe ser devolvido. Abner, então trouxe de volta
a Mical, deixando seu segundo esposo
descasado. Assim, Davi se tornou rei de todo o Israel.
Joabe, a
contra-gosto de Davi, matou a Abner. Isbosete também foi assassinado, deixando
o reino totalmente livre para Davi. Como
Davi assumiu todo o reino, os filisteus lutaram contra ele em diversos confrontos.
O Reino Unido
O Reino de Israel, unido, durou de Davi
até Salomão. Davi precisava então de uma nova capital que ficasse mais ao centro de todo o Israel.
Escolheu Jerusalém e por isso teve que lutar por ela. Davi cercou a cidade e, depois de descobrir a
entrada misteriosa, a tomou para o Reino. Jerusalém era uma cidade fortificada com muros e ficava num
platô cercado de vales que tornava difícil o acesso de invasores. Com o
estabelecimento da nova capital, Davi ordena que a arca fosse transportada para
a nova capital. Com isso houve um elo
político-religioso em Israel.
Nessa época, o Egito estava enfraquecido, tentando se
reestabelecer. A Assíria não era perigo
pois
não tinham iniciado o tempo das conquistas. A Babilônia
estava em decadência. No Oeste estavam
as tribos gregas e latinas, que não ofereciam ainda algum perigo. Assim,
Davi só tinha que estender seus domínios
para leste e cumprir a vontade de Deus Gn15.18 em tomar possa de toda a terra
prometida por Deus.
Davi, então, lutou contra os amonitas e
os moabitas e foi vencedor. Uma das maiores conquistas de Davi foi a Cidade Água, que ficava no vale
de Jaboque. No final de tudo, Davi estava com um vigoroso império que se estendia desde a
península do Sinai, no Mar Vermelho.
Após essas vitórias Davi se sentiu como
se pudesse descansar no seu Palácio e deixou Joabe com o exército para manter as fronteiras. Nessa
época, porém, Davi cobiçou Bate-Seba, mulher de Urias. Davi, então, coabitou com ela e assim ela
concebeu um filho. Para esconder o pecado, Davi chamou Urias e mandou que ele descansasse em casa
mas este rejeitou por achar-se egoísta de ir em casa e deixar seu exército no campo de batalha.
Assim, Davi escreveu um ofício ordenando que colocasse Urias na frente da Batalha, pois esperava que
ele morresse. Assim, Urias morreu e Davi foi culpado do crime. Ele até se arrependeu e o Senhor o
perdoou, (Veja Salmo 51 e veja o desespero de Davi), mas a conseqüência do pecado teve que permanecer. O
filho de Davi com Bate-Seba morreu ainda bebê,
Amnon envergonhou a Tamar sexualmente, Absalão se rebelou contra o seu
próprio pai, Davi foi deportado de
Jerusalém e depois ainda teve a notícia da morte de seu filho Absalão. Davi,
porém, era segundo o coração de Deus
pois ele reconhecia o seu pecado e buscava sempre o perdão de Deus, vivia sempre no templo falando com Deus, era um rei
justo e amava os seus súditos como um pastor ama suas ovelhas. Sempre obedecia a voz do profeta de
Deus e amava a lei do Senhor e nela meditava todos os dias.
Nasceu, porém, Salomão, filho de Davi
com Bate-Seba. Quando Davi estava velho, no final de sua vida, Adonias usurpou o trono, mas
avisado pelo profeta Natã e sua mulher, logo apossou Salomão no trono.
Salomão
O Templo de Salomão
O reino de Salomão foi um reino de paz.
A sua estratégia era a de formar acordos de paz e de comércio entre as nações.
Para isso, Salomão casou-se com 700 mulheres e teve 300 concubinas. A nação
fenícia foi a nação que mais fez acordos comerciais com Salomão. Foram os
fenícios que receberam a incumbência de
fornecer os materiais do Templo. Os arqueólogos encontraram bastante evidências da presença fenícia no Brasil, uma
delas está a inscrição na Pedra da Gávea. Há quem diga até que o rio Solimões foi dado esse nome por
causa de Salomão.
O Templo de Salomão foi erguido onde
hoje encontra-se a Mesquita de Omar, a Cúpula da Rocha. Esse templo consolidou a união do povo
de Israel.
Salomão foi o homem
mais sábio e mais rico da terra. O ouro era tanto que a prata tinha pouco valor. O escudo do exército de Salomão era
todo feito em ouro. Salomão foi poeta, zoologista, botânico, astrônomo, filósofo; reuniu, na sua pessoa,
os conhecimentos antigos de todos os povos. Os cavalos vinham do Egito a altos preços. Os banquetes
eram dados a 25.000 pessoas (1 Rs 10.5,6). Tudo isso custou ao povo altas somas de impostos.
O maior erro de Salomão foi descumprir o dever
do rei: “Ele, porém, não multiplicará para si cavalos,
nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos
tem dito: Nunca mais voltareis por este
caminho. Tampouco multiplicará para si
mulheres, para que o seu coração não
se desvie; nem multiplicará muito
para si a prata e o ouro.” (Deuteronômio 17:16-17)
Salomão aumentou os
impostos do Reino para a construção do Templo. Mas, quando o Templo fora
construído, o imposto não diminuiu e
serviu para enriquecer a casa de Salomão e suprir os seus luxos. O Reino
que ficava ao norte era a parte mais
rica, por ser local de trânsito entre as várias nações. Existia uma
estrada que parava na China. (Ainda hoje
existe e os cristãos chineses desejam usá-la para pregar o evangelho. Já houve
chineses no passado que usaram essa estrada para pregar o Evangelho, no século
passado. A maioria morreu martirizado.)
No sul, entretanto, era montanhoso e propício apenas à criação de gado. Porém, Salomão investia a maior parte da
arrecadação de impostos para o Sul, se esquecendo do norte. No norte, era raro quando o rei passava por
lá, enquanto no sul o rei era bem conhecido.
Há muito
questionamento se Salomão foi ou não para o Seio de Abraão quando ele morreu.
Mas isso só saberemos naquele dia. A
tradição judaica diz que Salomão escreveu o Livro de Cantares na sua mocidade, o livro de Provérbios na sua meia
idade e o livro de Eclesiastes quando se tornou velho. O fato é que Salomão, no final da carreira, se
rendeu aos apelos de suas mulheres e lhes permitiu erigir seus ídolos nas terras de Israel. Para
espanto nosso, ele permitiu que fosse erigido a estátua de Moloque perto do templo. Moloque era aquela estátua
com o peito oco destinado a colocar brasa viva. Daí era oferecido crianças para Moloque e esta morria
queimada viva aos braços dessa imagem.
Ele infrigiu a lei de Deus: “Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar
pelo fogo; nem profanarás o nome de teu
Deus. Eu sou o Senhor.” (Levítico 18:21)
Com isso, Deus rasgou o reino de Salomão: “Disse, pois, o Senhor a Salomão: Porquanto houve isto em ti, que não guardaste o meu pacto e os meus
estatutos que te ordenei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Contudo não o
farei nos teus dias, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei. Todavia não rasgarei o
reino todo; mas uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, que
escolhi.” (1 Reis 11:11-13)
A Ruptura do Reino
Quando Salomão morreu, Jeroboão se
aproveitou do momento e conhecedor que a vontade de Deus era que ele reinasse no norte, veio ter
com Roboão, filho de Salomão, para questioná-lo acerca dos impostos, pedindo-lhe que os reduzisse.
Roboão tomou conselho com os anciãos e com os jovens e preferiu o conselho dos jovens: “E os mancebos que haviam crescido com ele
responderam-lhe: A este povo que te
falou, dizendo: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós;
assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é
mais grosso do que os lombos de meu pai.” (1 Reis 12:10) Com isso Jeroboão declarou que o povo do norte não
tinha mais nada haver com a casa de Davi. Com essa ruptura iniciou-se uma guerra interna entre os dois
governos. Mas logo o Senhor advertiu pelos profetas que a guerra deveria acabar pois a ruptura havia
sido da vontade de Deus.
Assim, a tribo de
Judá ficou responsável pelo Reino de Judá, ou Reino do Sul(Judá e
Benjamim). No norte ficou responsável a
tribo de Efraim pelo Bloco das dez tribos de Israel, chamado de Reino de Israel ou Reino do Norte. Para consolidar o
Reino do Norte, Jeroboão, com medo do povo voltar o seu coração para Judá, por causa do Templo e que
todo ano todas as tribos deveriam vir à Jerusalém, colocou dois bezerros de ouro para o povo
adorar, um no extremo Sul, em Betel e outro no extremo norte, em Dã. A idéia dele era a que o povo
não fosse mais a Jerusalém sacrificar. Com isso, Jeroboão desrespeitou totalmente ao Senhor e por isso
foi decretado que a casa dele seria aniquilada. Jeroboão era extremamente político e nada religioso.
Uma peculiaridade
dos dois reinos era que o Reino do Sul era passado de pai para filho, por sucessão e o do Norte, muitas vezes, era
tomado à força. Jeroboão mesmo não tinha nada haver com a casa de Davi. Zimri, aventureiro, matou a Ela
e tomou o reino. Logo depois Onri o matou e reinou em seu lugar. Onri foi o governante que mais
trouxe riqueza para Israel do Norte. O filho de Onri foi Acabe, que casou com a fenícia Jezabel. Jezabel
instituiu o culto a Baal e edificou altares e nomeou profetas a Baal. Foi nessa época que aparece Elias, “a
pedra no sapato” de Acabe e Jezabel. O maior momento histórico foi a luta no Monte Carmelo. Outro
ponto importante foi a usurpação de Jezabel na vinha de Nabote. Foi nessa época que Elias unge Hazael
como rei da Síria e Jeú como rei de Israel, ambos com o propósito de exterminar com a casa de Acabe.
Com a morte de Acabe, Israel do Norte iniciou um período contínuo de decadência.
Reino do Sul
O reino do Sul, também chamado Reino de
Judá, tinha o privilégio de guardar a Arca da Aliança no Templo de Salomão. Enquanto o Reino do
Norte era forte financeiramente e fraco espiritualmente, o do sul era fraco financeiramente, cuja
cultura principal era a de criar gado, mas era mais forte espiritualmente do que o Reino do Norte,
apesar de em alguns momentos a idolatria entrar no meio do povo.
Os seguintes reis passaram pelo reino: Roboão, filho de
Salomão, Abias, Asa (um dos mais longos
reinados, houve destruição de ídolos e restauração do culto), Josafá
(três anos depois de Acabe assumir,
houve reforma do culto, mas no final fez aliança com Acabe), Jeorão
(casou-se com Atalia, filha de Jezabel,
nesse período Judá entrou na idolatria; Atalia foi pior do que Jezabel),
Acazias, Joás, Amasias, Uzias (quando ele morreu, Isaías iniciou seu
ministério), Jotão, Acaz(nessa época os Sírios estavam com toda a força e Acaz virou vassalo de
Tiglate-Pileser IV), Ezequias (o poder Assírio cresce e Isaías adverte a não fazer aliança com Sargão II; em
722 Israel do Norte é levado cativo), Manassés (idólatra, aparece Jeremias), Amom, Josias (nessa época
a Assíria é derrotada pelos Babilônios, Josias reforma o templo, no final o Egito domina a Palestina, pelo
Faraó Neco), Jeoacaz (vassalo do Egito), Jeoiaquim(foi colocado no trono pelo Faraó; nessa época a
Babilônia vence o Egito e Nabucodonozor aparece e leva cativo os nobres, inclusive Daniel, Sadraque,
Mesaque e Abdnego, e o própirio rei ), Jeoiaquim II(é colocado no trono por Nabucodonozor, mas logo
tenta aliança com o Egito) , Zedequias (colocado no trono por Nabucodonozor, mas pela
desobediência, é levado cativo para a Babilônia; nessa época o Templo é destruído, saqueado e o muro
também).
O Cativeiro
Foi no cativeiro que Deus mostrou para Daniel o que ia
acontecer ao longo dos tempos. A visão
da Estátua mostrava o tipo de reinos que viria e mostra Jesus vencendo
todos eles. A visão dos animais mostra o modo como esses reinos viria. As
setentas semanas de ano mostra o tempo de todas as coisas até o fim.
O profeta do cativeiro foi Ezequiel. Jeremias foi levado à força para o
Egito.
Todos os utensílios do Templo foram
levados e retornaram (Ed 7.11), seguindo um inventário completo; somente não se faz menção da Arca.
No livro apócrifo dos Macabeus, é dito que Jeremias escondera a Arca. Acredita-se que foi à
caminho do Egito que Jeremias escondeu a Arca da Aliança. Se foi Jeremias que escondeu ou o próprio Deus
não sabemos, mas temos convicção de que Deus é
poderoso para esconder. Judas relata a guerra do arcanjo Miguel para
esconder o corpo de Moisés.
(Jd v.9). O fato é que o próprio Jeremias
profetiza que nunca mais se veria a Arca:“E
quando vos tiverdes multiplicado e
frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca
do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao
pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará mais. Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do
Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais
andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno.” (Jeremias 3:16-17)
Pode-se entender que esse versículo
seja uma alusão ao tempo do Milênio, no
Reinado do Messias, mas também não há versículo algum dizendo que a Arca
seria encontrada. Mas se isso
acontecesse seria um bom motivo para reconstruir o Templo. Existem boatos
de que a Arca fora achada, mas são
apenas boatos e quem disse isso já vendeu inúmeros DVDs sobre essa descoberta e já ganhou muito lucro.
Os judeus influenciaram e muito a
cultura de vários povos. Zoroastro foi contemporâneo de Dario e o sistema que ele inventou com
certeza tinha suas raízes no judaísmo. Ormuz era a luz e Arimã as trevas, que representavam remotamente o
Deus criador e o diabo destruidor. O Bramanismo
antecedeu
O Período Interbíblico
O período interbíblico corresponde ao
período desde a volta do Cativeiro até o nascimento de Jesus. Foram cerca de quatrocentos anos em
que Deus não falou mais pelos profetas até que João Batista iniciou seu ministério.
Entretanto, a presença de Deus se mostrou viva na época dos Macabeus,
quando o Senhor proporcionou vitórias
milagrosas contra os Selêucidas.
Nesse período vários livros não inspirados foram escritos, muitas invenções
foram escritas e muitos desses livros estão na Bíblia Católica. Foram escritos: Adão, Enoque,
Lameque, Os Doze Patriarcas, A Oração de José, Eldade de Medade, O Testamento de Moisés, Ascenção de
Moisés, Os Salmos de Salomão,
Apocalipse de Elias,
Ascensão de Isaías, Apocalipse de Sofonias, Apocalipse de Esdras,
História de João
Hircano, Apocalipse
de Baruque, O Livro de Lenda e Magias, Epístola de Jeremias, Os Livros
Sibilinos, Apocalipse de Zacarias, Os
quatro livros dos Macabeus, e muitos outros livros. A Igreja Católica, por decisão do Concílio de Trento em 1545dC,
incluiu na sagrada lista os seguintes livros apócrifos: Judite, Tobias, Livro da Sabedoria, Eclesiástico, Baruque,
e I e II Macabeus.
Alexandre, o Grande
Alexandre, chamado pela história de o Grande, era macedônio,
naturalizado grego e foi educado
pelo famoso filósofo Aristótoles. Ele tinha bastante
simpatia pelo povo judeu. Uma das coisas mais
importantes que o domínio grego fez (claro, pela soberania de Deus) foi
obrigar todos os povos a falar o grego e
a de construir várias estradas, pois isso contribui e muito para a divulgação
do evangelho na época dos apóstolos. Os
judeus ficaram sob domínio de Alexandre do ano 333 a.C. até 323 a.C.
Quando Alexandre morreu, no ano 323aC,
os seus quatro generais decidiram dividir o reino em quatro partes. O Egito ficou para Ptolomeu, a Síria ficou com
Seleuco, a Macedônia com Cassandro e a Trácia com Lisímaco. Podemos verificar a influência
desse período para Israel em Decápoles, que era um conjunto de 10 cidades de cultura e costumes gregos no
meio da palestina.
O Período Tolemaico
Quando Ptolomeu assumiu o Egito ele anexou a Palestina ao
Império. Daí surgiram várias lutas e
guerras entre os Ptolomeus com os Selêucidas. Os Selêucidas estavam ao
norte de Israel, na Síria, e os Ptolomeus estavam ao sul de Israel, no Egito.
Ou seja, Israel estava no meio de uma grande disputa territorial entre os dois generais. O Período
Tolemaico foi do ano 323 até 200 aC.
O primeiro Ptolomeu foi
o Soter, que iniciou seu império maltratando os judeus, mas logo depois ele honrou os judeus e deu-lhes cargos
de grande importância em seu império, inclusive faziam o comércio exterior,
bancos etc.
O segundo Ptolomeu foi
o Filadelfo, que tinha um espírito de justiça e um pendor para as letras. Ele honrou os judeus e lhes deu grandes
oportunidades. Ele criou a Universidade de Alexandria e ordenou que 70 anciãos judeus traduzissem a
VT para o Grego, a Septuaginta, o que foi de grande valia para a Época dos
Apóstolos, ou seja, o Senhor estava preparando o caminho para o Salvador vir à
Terra. Foi nesse período que se iniciou as desavenssas entre os Ptolomeus e os
Selêucidas.
O
terceiro Ptolomeu foi Evergetes, que invadiu a Síria e lutou contra Antíoco
II, o Selêucida, o derrotando. Foi á
Babilônia e tomou Susã. Morreu em 222 a.C.
O
quarto Ptolomeu foi o Filopator, que perdeu duas batalhas contra Antíoco.
Quando ele voltou derrotado, passou por
Jerusalém, quis entrar no templo mas os judeus não deixaram. Voltou zangado
e trouxe alguns judeus para o hipódromo.
Quando ele soltou os elefantes esses se voltaram contra os Egípcios. Depois disso o Ptolomeu IV desistiu
de se vingar contra os judeus. Ele morreu em 205 a.C.
O
quinto Ptolomeu foi Epifanes, que reinou somente por cinco anos. Lutou
contra Antíoco na Palestina e foi
derrotado. Ele se zangou com os judeus por não terem o ajudado, mas recebido
Antíoco como o Libertador. Para aplacar
a ira do Ptolomeu Antíoco deu a mão de Cleópatra em casamento. Na verdade, Antíoco pensava em invadir o Egito e
ficar com um grande império, mas Roma já estava
assediando o Egito e o advertiu a não tentar tal coisa. Ele foi mesmo
assim e foi derrotado pelos Romanos.
Ptolomeu V, marido de Cleópatra morre e seu filho Filometor, Ptolomeu VI assume
o poder. Instigado por Cleópatra, sua
mãe, ele invadiu a Palestina, tentando retomá-la para o Egito.
O Período Selêucida
No ano 204, com a derrota dos
Ptolomeus, os judeus passaram para a mão dos Selêucidas, que eles tinham considerado como o libertador.
Apenas trocaram um domínio pelo outro. Antíoco III tentou atacar o reino de sua própria filha
Cleópatra, mas foi derrotado.
Antíoco IV, o Epifânio (175-163 a.C.)
foi o pior imperador para o povo judeu. Saqueou o Templo de Jerusalém, saqueou a Cidade Santa,
os judeus foram tiranizados, mulheres foram levadas cativas e filhos também, no templo colocou a
estátua de Zeus Olímpio, as Escrituras foram perseguidas e destruídas, de casa em casa. Ele foi um
verdadeiro Tipo do Anticristo que até os judeus acreditaram que ele era o Iníquo que Daniel profetizara que
viria antes do fim. Com isso, o sentimento messiânico cresceu e originou a Revolta dos
Macabeus.
A Revolta dos Macabeus (163 – 63 a.C.)
Essa revolta iniciou-se contra Antíoco
IV sobre o desejo de Extermínio do judaísmo. A família dos Aesmônios ou os Macabeus, iniciou a
revolta com Matatias que matou tanto o judeu como o Sírio que trouxeram a lei contra o judaísmo,
derrubou o altar, a estátua de Júpiter Olimpo, destruiu toda a heresia e fugiu para as montanhas com seus
filhos. Os outros judeus fiéis se uniram a ele, matando todos os altares pagãos e mataram os judeus
apóstatas. Matatias morre e seu filho Judas entra no lugar dele.
Judas fez emboscada aos Sírios
(Apolônio) e derrota-os ficando com suas armas. Serom vem contra Judas mas ele vence esse exército,
trazendo ânimo para os outros judeus lutarem. Depois disso, Antíoco IV vai à Pérsia e leva bastante
exército para a felicidade dos judeus. Antíoco IV entregou o reino a Lísias antes de ir para a Pérsia.
Ficaram três generais: Ptolomeu, Nicanor e Górgias. Lísias enviou Górgias para lutar contra Judas. Nessa
luta, um fato interessante é que Górgias quis emboscar Judas mas ele se antecipou e deu a volta e
emboscou o exército que tinha ficado no acampamento. Muitos foram mortos e muitos fugiram. Quando
Górgias chegou ao local onde Judas ficava e não o encontrou, ele retornou com seu exército e
encontrou seu acampamento destruído, o que causou espanto e fugiram para a terra dos filisteus,
deixando em poder dos judeus um rico espólio. Deus estava a favor dos judeus.
No ano seguinte, Lísias em pessoa foi para
lutar contra Judas, levando sessenta mil homens de infantaria e cinco mil de
cavalaria. Judas foi à batalha reunindo apenas dez mil homens e ganhou sobre ele uma tremenda vitória. Com isso, deu
tempo para a reconstrução do Templo e destruição dos altares pagãos. Quando Antíoco IV recebeu a
notícia dos desastres dos seus generais, ele mesmo foi para guerrear contra Judas mas antes de chegar à
Cidade Santa, caiu do carro, quebrou o pescoço e morreu no meio de sofrimentos
e vergonha. Deus é maior!
Por morte de Antíoco IV, o Epifânio,
subiu ao trono o Antíoco V, o Eupator (164-162 a.C.). Esse, por temor dos judeus, enviou um
exército de cem mil soldados de infantaria, vinte mil de cavalaria, juntamente com trinta e dois
elefantes. Judas até ofereceu resistência mas teve que recuar para Jerusalém. Por provisão divina as condições
da capital Síria obrigaram o general Lísias a retirar-se dos arredores de Jerusalém e por isso fez um
tratado com os judeus de permitir Liberdade de Religião, contanto que reconhecessem a soberania do
Estado sírio.
Com a vitória da liberdade religiosa
formou-se um partido político-religioso, conhecido pelo nome de Hesideanos, considerados fundadores
do partido farisaico dos tempos de Jesus. O partido tinha o lema “aceitar a paz a qualquer preço” e
isso fez com que Judas perdesse muitos de seus fiéis guerreiros. O povo já estava cansado da
guerra e uma promessa de paz lhes veio a calhar. Mas ainda restou os fiéis que se dispuseram a lutar
pela liberdade da pátria. Com a notícia do exército de Judas não ter desistido da luta pela independência
judaica, os sírios enviaram a Nicanor que luta e é derrotado. Depois, Nicanor
recebe um outro exército e luta novamente, mas é morto. Com isso, Judas vence
a batalha e envia uma embaixada à Roma,
pedindo auxílio. Antes de receber a notícia o notável guerreiro Judas morre numa batalha.
Jonas, irmão de Judas, assumiu o
comando do exército em condições bem precárias. Ainda por cima, chegou a notícia de Roma de que não
viria auxiliar. Jonas até ofereceu resistência e com isso conseguiu dos sírios um acordo de paz onde
Jonas seria chefe em Micmás, ao norte da fronteira de Judá com a condição de ele não mais atacar os
sírios entricheirados. O acordo foi aceito e com o tempo Jonas virou chefe também da Judéia e Samária.
Depois Jonas até estende seu domínio para o norte, pelo poder da espada, tomando Jope, Azoto, onde derrotou
o exército sírio às portas da cidade. O famoso templo de Dagom foi queimado e a
cidade grandemente destruída.
Depois de Eupator, seguiu-se Demétrio
II, o Soter, filho de Seleuco Filopator (162-150 a.C.). Assim que Demétrio subiu ao poder Jonas
correu para aliar-se a ele, tanto para conseguir a paz como para satisfazer o seu ego. Com isso, Jonas
organizou uma força expedicionária para ajudar o novo monarca conta a Antioquia, que se rebelara
contra a Síria. Logo depois Alexandre Bala, um usurpador se dizendo ser filho de Antíoco Epifânio (naquela
época não tinha teste de DNA), assume o poder da Síria e Jonas se alia a ele. Até os romanos
reconheceram o seu governo (152-146 a.C.). Jonas conseguiu aumentar suas fronteiras desde a escada de
Tiro até a fronteira do Egito, incluindo a terra dos filisteus.
Alexandre Balas morreu e um general sírio colocou seu filho,
Antíoco VII (146-140 a.C). Jonas foi
atraído à cidade de Tolemais, por este mesmo general, que lhe deu a entender
que seria reforçada a aliança, mas Jonas foi preso e morto. Com a morte de
Jonas, Simão assume o controle e reforçou as
fronteiras do Estado judaico, fortificou diversos pontos estratégicos,
tomou Gazara e destruiu os seus habitantes, transportando para lá elementos
judaicos. Ele capturou a cidade de Jerusalém e ficou sob o poder dos judeus.
Finalmente os judeus tiveram sua independência tão sonhada de Jerusalém. Porém,
ele apelou para Roma, pedindo auxílio,
mas ainda dessa vez os romanos recusaram a ajuda.
Os sírios foram à luta contra Jerusalém
mas os irmãos de Simão, Judas e João, travaram a batalha e foram vencedores, pondo o exército sírio em
fuga. Por causa deste prestígio elegeram Simão Sumo Sacerdote e general em chefe. Mas a cobiça de
seu próprio sobrinho matou a Simão na fortaleza de Dor, no vale do Jordão, ficando em seu lugar seu
filho João Hircano. Afinal, os judeus tinham conseguido estabelecer um reino independente, que bem
poderia ter sido de longa duração, se a cobiça e a falta de dignidade não
fossem qualidades da época.
Ao lado das lutas políticas, apareceu
as lutas religiosas. Os saduceus eram ricos e gananciosos e não se importavam quem estivesse no poder,
contanto que eles tivessem a sua parte. Os fariseus se diziam ser o partido do povo e eram os
extremados campeões da lei e do direito. Eles se tornaram intransigentes contra o derramamento de
sangue e reclamavam que um guerreiro como João Hircano conservasse o poder de Sumo Sacerdote.
Hircano, assim, procurou agradar os dos partidos; ora ficava a favor de um e ora de outro. Mas isso só lhe
deu um pouco de tempo.
O Reino de Judá
O filho de João Hircano, era um judeu
helenisado e procurava uma harmonia entre a filosofia grega e a religião de Israel. Ele era um rei
cruel, matou sua própria mãe de fome na prisão e matou o irmão, devorado por loucos ciúmes. Por morte
de Aristóbulo subiu ao trono de Judá seu irmão
Alexandre Janeu, conhecido entre os judeus como o Traciano, talvez
devido ao seu espírito vagabundo e
desgovernado.
Alexandre Janeu era tão cruel com os
próprios judeus que eles chamaram o rei de Damasco para se libertarem do desumano monstro. Depois, se
arrependeram e foram buscá-lo nas montanhas, para onde tinha fugido e o restauraram no trono.
Em lugar de ser grato pelo ato, mandou crucificar 800 fariseus, mas antes ainda mandou matar as
suas esposas e filhos. Depois de Alexandre Janeu, sucedeu sua esposa Alexandra.
Alexandra e Atália foram as únicas
mulheres que se assentaram no trono de Judá. Ela inverteu a política do marido, colocando os fariseus no
poder, que aproveitaram o momento para se vingarem dos saduceus. Os saduceus se uniram a Aristóbulo,
o filho mais novo de Alexandra e ao partido militar. Já os fariseus sustentavam a candidatura de Hircano
ao trono, o filho mais velho. Por morte de Alexandra, Hircano foi proclamado sumo sacerdote,
enquanto Aristóbulo II subia ao trono acalmando o ego dos dois, trazendo paz ao reino.
Enquanto isso, um ambicioso
estrangeiro, por nome Antípater, pai de Hedores, o grande, foi o gênio do mal para o reino de Judá. Ele
aconselhou Hircano a fugir para o reino de Aratas, prometendo que tomaria Jerusalém e o colocaria no poder.
Hircano, ambiciosamente, fez como o esperto Antípater sugeriu. Antípater cercou Jerusalém e Hircano
refugiou-se no Templo, aguardando a possibilidade de escapar ou vencer. Com
essa ameaça Aristóbulo II e Hircano pediram ajuda à Roma. Dessa vez Roma veio rápido para “ajudá-los”. O General
Pompeu, mau intencionado vai à Jerusalém. Destruiu boa parte do muro e entrou no Templo, no Santo dos
Santos, cometendo profanação grave aos olhos dos judeus.
Pompeu condenou Aristóbulo II a fazer
parte de seu grupo de cativos que seguiu a sua carruagem triunfal quando entrou em Roma como vencedor
e Hircano foi destituído de todo poder real, sendo apenas confirmado no cargo de sumo sacerdote.
A Galiléia, a Judéia e a Iduméia foram anexadas ao Império Romano, mas governadas como
subprovinciais. Antípater torna-se Procurador Geral da Judéia.
Antípater tinha quatro filhos: Fasael,
José, Ferobraz, Herodes e uma filha por nome Salomé. Antípater proclamou Fasael para o trono da
Judéia e Herodes para o governo da Galiléia. Herodes tinha apenas 15 anos quando começou a reinar.
Em 44 a.C. morreram Antípater e Júlio
César. Herodes foi nomeado Rei da Judéia e conseguiu formar a sede do governo em Jerusalém, dando
fim ao curto reinado dos Asmoneanos, da linhagem real de Davi.
Em 31 a.C. Marco Antônio morre e Otávio
assume o Império Romano. Herodes, o grande,
rendeu honras à Otávio e este entregou a ele as terras que eram de Marco
Antônio e Cleópatra. O seu reino passou
a compreender, além de todas as regiões da Palestina, Hermom e parte da
Fenícia, Peréia ao leste, Traconites e
Haurã, até o oriente do Mar da Galiléia. Era um monarca poderoso, com suas ambições relativamente satisfeitas. Depois de
mandar matar sua esposa, a inocente Mariana, ficou doente físico e mentalmente e, para aplacar
tamanho remorso, entregou-se a grandes obras. Ele reformou o Templo, o
colocando todo de mármore, num estilo grego-romano, para agradar aos seus
amos romanos. Foi esse o templo que
ainda estava por acabar quando Jesus começou o seu ministério. A reforma iniciou-se em 17 a.C e findou-se em
65 a.D., cinco anos antes da destruição pelo General Tito.
Foi esse templo que o Senhor Jesus disse que não ficaria
pedra sobre pedra.
Herodes, coberto de chagas e torturado
por toda sorte de sofrimento, mandiu encarcerar todos os membros do Sinédrio, para que fossem mortos
ao ser declarado sua morte, dizia ele, para não morrer sem ser chorado. No ano 5 a.C. nasce JESUS.
No ano 4 a.C. Herodes sucumbia por terrores mentais e sofrimentos físicos. Pouco antes de morrer
ele foi visitado por três magos vindos do oriente para adorar um menino que havia nascido rei dos judeus.
Herodes pede aos magos para irem dizê-lo onde o menino estava, mas avisados por Deus voltaram por
outro caminho, o que produziu no louco Herodes uma fúria tão grande que mandou matar todas as crianças
de dois anos para baixo: “Então Herodes,
vendo que fora iludido pelos magos,
irouse grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus
arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos.”(Mateus 2:16) Herodes morreu e
assumiu ao trono o rei Herodes, o filho, aquele ao qual Jesus foi levado para julgamento a mando de
Pôncio Pilatos.
TEONTOLOGIA
Capitulo 1
I.
A DOUTRINA DE DEUS
A doutrina de Deus é o ponto
central de grande parte do restante dá teologia. Pode-se até considerar que o
conceito de Deus adotado por uma pessoa fornece toda a estrutura dentro da qual
ela constrói sua teologia e vive sua vida. A doutrina de Deus empresta uma
coloração especial ao estilo de ministério e à filosofia de vida da
pessoa.
Problemas ou dificuldades em dois
níveis deixam evidente que existe a necessidade de uma compreensão correta de
Deus. A primeira está no nível popular
ou prático. No livro Seu Deus é
pequeno demais, J. B. Phillips destaca alguns conceitos comuns, mas
distorcidos de Deus.1 Alguns pensam que Deus é um tipo de oficial
de polícia celeste à procura de oportunidades para agarrar pessoas que
estejam desviadas ou cometendo erros. Uma canção country enuncia essa idéia: "Deus vai te pegar por essa;
Deus vai te pegar por essa. Não adianta fugir e te esconder, porque ele sabe
onde estás!" As empresas de seguros, com suas referências aos "atos
de Deus”__ sempre ocorrências catastróficas__ parecem ter em mente um ser
poderoso e malevolente. A ideia oposta, de que Deus é como um avô,
também prevalece. Aqui, Deus é concebido como um velho cavalheiro
indulgente e gentil, que nunca desejaria diminuir os prazeres da vida
humana. Essas e muitas outras concepções falsas de Deus precisam ser
corrigidas para que nossa vida espiritual possa ter algum significado e
profundidade.
Na
igreja primitiva, a doutrina da Trindade criou tensões e debates de
peso.
Muitos erros têm sido cometidos na
tentativa de compreender Deus, alguns dos quais opostos quanto à natureza. Um
deles é a análise excessiva em que Deus é praticamente submetido à autópsia. Os
atributos de Deus são destacados e classificados segundo um método parecido com
o adotado em livros de anatomia.2 Também é possível fazer com que o
estudo de Deus tomese uma questão excessivamente especulativa e, nesse caso, a
própria conclusão especulativa, em lugar de um relacionamento mais íntimo com
ele, torna-se o objetivo. Isso não deve acontecer. Antes, o estudo da natureza de
Deus deve ser visto como um meio para obter uma compreensão mais adequada dele
e, portanto, um relacionamento mais íntimo com ele.
A Transcendência e a
Imanência de Deus
Lemos em Isaías 55:8,9 que os pensamentos e os caminhos de Deus transcendem
os nossos: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais
altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos
caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos".
Em Isaías 6.1-5, Deus é descrito
sentado num trono, elevado e exaltado, e os serafins clamam: "Santo,
santo, santo é o SENHOR dos Exércitos". Isaías está bem consciente de sua
impureza e indignidade. Mesmo aqui existe um testemunho da imanência de Deus,
pois os serafins cantam: "toda a terra está cheia da sua glória" (v.
3).
O significado da imanência
é que Deus está presente e ativo dentro de sua criação e dentro da raça
humana, mesmo naqueles membros que não crêem nele ou não lhe obedecem.
Sua influência está em toda parte. Ele age nos processos naturais e por meio
deles. O significado da transcendência é que Deus não é uma mera qualidade da
natureza ou da humanidade; ele não é simplesmente o mais elevado dos
seres humanos. Ele não é limitado à
nossa capacidade de compreendê-lo. Sua santidade e
bondade vão muito além, infinitamente além das nossas, e isso também é verdade
em relação a seu conhecimento e poder.
É importante manter juntas essas
duas doutrinas, que poderiam ser usadas para transmitir corretamente a verdade
da transcendência e imanência de Deus?
Imanência significa que
Deus faz grande parte de sua obra por intermédio de meios naturais. Ele não se
restringe a milagres. Ele chega a usar pessoas descrentes comuns como Ciro, a
quem descreveu como seu "pastor" e "ungido" (Is 44.28;
45.1).
Imanência (caráter
daquilo que tem em si próprio princípio e fim.)
A imanência divina de grau limitado
ensinada nas Escrituras envolve
várias implicações:
1) Deus
não
se limita a agir diretamente para cumprir seus objetivos. Embora seja
bem óbvio que Deus está agindo quando seu povo ora e acontece uma cura
milagrosa, é também ação de Deus quando, pela aplicação de conhecimentos e
práticas medicinais, o médico é bemsucedido, conseguindo restaurar a saúde do
paciente. A medicina faz parte da revelação geral de Deus, e o trabalho do
médico é um canal de atividade divina.
2) Deus
pode usar pessoas e organizações que não sejam declaradamente cristãs.
Nos tempos bíblicos, Deus não se limitava a atuar por intermédio da nação da
aliança, Israel, ou por intermédio da igreja. Ele chegou a usar a Assíria, uma
nação pagã, a fim de punir Israel. Ele é capaz de usar organizações seculares
ou nominalmente cristãs. Mesmo os não-cristãos fazem algumas coisas
genuinamente boas e louváveis.
3) Devemos
ter apreço por todas as coisas criadas por Deus. O mundo é de Deus, e
Deus está presente e ativo no mundo. Embora o mundo tenha sido dado à
humanidade para ser usado na satisfação de suas legítimas necessidades, ela não
pode explorá-lo a seu bel prazer ou por cobiça. A doutrina da imanência divina
tem, por conseguinte, uma aplicação ecológica. Também possui implicações no que
se refere às nossas atitudes para com outras pessoas. Deus está genuinamente
presente em todos (embora não no sentido especial em que habita nos cristãos).
Portanto, ninguém deve ser desprezado ou tratado com desrespeito.
4) Podemos
obter algum conhecimento acerca de Deus por meio de sua criação. Toda
ela veio à existência por intermédio de Deus e, além disso, Deus nela habita de
modo ativo. Podemos, então, detectar indícios da personalidade de Deus
observando o comportamento do universo criado. Por exemplo, parece que um
padrão definido de lógica se aplica à criação. Existe nela uma ordem, uma
regularidade. Os que crêem que Deus é esporádico, arbitrário ou excêntrico por
natureza e que seus atos são caracterizados por paradoxo e até contradição, ou
não observaram direito o comportamento do mundo ou consideram que Deus não
opera nele de forma alguma.
5) A
imanência de Deus significa que há pontos em que o evangelho pode fazer contato
com o descrente. Se Deus está de alguma forma presente e ativo em todo
o mundo criado, está presente e ativo dentro de seres humanos que não lhe
entregaram pessoalmente a vida. Assim, há pontos em que estarão sensíveis à
verdade da mensagem do evangelho, aspectos em que já estão em contato com a
obra de Deus. A evangelização tem por alvo encontrar esses pontos e dirigir a
mensagem a eles.
Implicações Da Transcendência (indo além)
A doutrina da transcendência possui várias implicações :
1) Existe
algo mais elevado que os seres humanos. O bem, a verdade e o valor não
são determinados pelo fluxo inconstante deste mundo e pela opinião humana.
Existe algo que, de cima, confere valor à humanidade.
2) Deus
nunca pode ser completamente determinado pelos conceitos humanos. Isso
significa que todas as nossas ideias doutrinárias, por mais que sejam úteis e
corretas em sua base, não podem explicar plenamente a natureza de Deus. Ele não
é limitado pela compreensão que temos dele.
3) Nossa
salvação não é conquista nossa. Não somos capazes de nos elevar ao
nível de, Deus, preenchendo os padrões dele para nós. Mesmo que fôssemos
capazes de fazê-lo, ainda não seria conquista nossa. O próprio fato de sabermos
o que ele espera de nós é um fruto de sua auto-revelação, não de descoberta
nossa. Mesmo à parte do problema complementar do pecado, portanto, a comunhão
com Deus é estritamente uma questão de uma dádiva sua para nós.
4) Sempre
haverá uma diferença entre Deus e os seres humanos. O abismo entre nós
não é apenas uma disparidade moral e espiritual que se originou com a queda. É
metafísica, tendo raízes em nossa criação. Mesmo depois de redimidos e
glorificados, ainda seremos criaturas humanas. Nunca nos tomaremos Deus.
5) A
reverência é adequada em nosso relacionamento com Deus. Algumas
adorações, salientando legitimamente a alegria e a confiança que o crente tem
no relacionamento com um Pai celeste amoroso, passam desse ponto e chegam a uma
familiaridade excessiva, tratando-o como igual ou, ainda pior, como um servo.
Se compreendermos, no entanto, o fato da transcendência divina, isso não
acontecerá. Embora a expressão de entusiasmo até, talvez, exuberante tenha seu
lugar e seja necessária, ela nunca deve nos levar à perda do respeito. Nossas
orações também serão caracterizadas pela reverência. Em vez de fazer exigências,
oraremos como Jesus: "Não seja o que eu quero, e sim o que tu
queres".
A Natureza Dos
Atributos
Para compreendermos a relação entre
Deus e a criação, é importante compreender sua natureza. Quando falamos
dos atributos de Deus, estamos nos referindo àquelas qualidades de
Deus que constituem o que ele é. São as próprias características de sua
natureza. Note que não estamos aqui nos referindo aos atos que Deus realiza
tais como criar, guiar e preservar, nem aos papéis correspondentes que
desempenha_ Criador, Guia, Preservador. Os atributos são qualidades da Deidade
inteira.
Os atributos são qualidades
permanentes. Não podem ser adquiridos ou perdidos. Os atributos são inseparáveis do ser ou
da essência de Deus.
Portanto, Deus é amor, santidade
e poder.
Essas são apenas maneiras diferentes de ver um ser único, Deus. Deus é
ricamente complexo, e essas concepções são meras tentativas de captar aspectos
ou facetas objetivas diferentes de seu ser.
Queremos dizer que não conhecemos
suas qualidades ou sua natureza de forma completa ou exaustiva. Só
conhecemos a Deus à medida que ele se revela. Embora sua auto-revelação
seja, sem dúvida, coerente com toda sua natureza e também precisa, não é urna
revelação completa: Além disso, não compreendemos totalmente nem conhecemos de
forma abrangente o que ele nos revelou acerca de si mesmo. Assim, há, e sempre haverá um
elemento de mistério em torno de Deus.
Classificações Dos Atributos
Na tentativa de compreender Deus,
vários sistemas de classificação têm sido elaborados. Com algumas modificações,
a classificação adotada por este estudo é a de atributos naturais e morais. Os
atributos morais são os que, no contexto humano, estariam relacionados com o
conceito de correção (no sentido de ser correto). Santidade, amor, misericórdia
e fidelidade são exemplos. Os atributos naturais são os superlativos amorais de
Deus, tais como seu conhecimento e poder.[1] Em
lugar de natural e moral, contudo, vamos falar de atributos de grandeza e
atributos de bondade.
Capitulo 2
II.
A GRANDEZA DE DEUS
Espiritualidade
Entre
os mais básicos dos atributos de grandeza de Deus está o fato de que ele é
espírito; ou seja, ele não é composto de matéria e não possui uma natureza física. Isso é afirmado com maior clareza
por Jesus em João 4.24: "Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o
adorem em espírito e em verdade". Também está implícito em várias
referências à sua invisibilidade
(Jo1:18; 1Tm 1:17; 6:15,16).
Uma consequência
da espiritualidade de Deus é que ele não sofre as limitações inerentes ao
corpo físico. Por exemplo, ele não é limitado a um determinado ponto
geográfico ou espacial. Isso está implícito na afirmação de Jesus: "a
hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai" (Jo
4:21). Considere também a declaração de Paulo em Atos
17:24: "O Deus que fez o
mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor
do céu e da terra, não habita em santuários
feitos por mãos humanas". E mais, ele não é destrutível, ao
contrário da natureza material.
Existem,
é claro, numerosas passagens que dão a entender que Deus possui aspectos físicos, tais como mãos e pés.
Como entender tais referências?
Parece melhor compreendê-las como antropomorfismos, tentativas de expressar a
verdade acerca de Deus por meio de analogias humanas. Também há casos em que Deus
apareceu em forma física, especialmente no Antigo Testamento. Esses casos devem ser entendidos como teofanias
ou manifestações temporárias de Deus. Parece melhor entender
literalmente as afirmações claras acerca da espiritualidade e invisibilidade de
Deus e interpretar os antropomorfismos e as teofanias de acordo. com elas.
Aliás, Jesus mesmo indicou claramente que um espírito não possui carne nem ossos
(Luc. 24:39).
Vida
Outro atributo de grandeza é o fato
de Deus estar vivo. Ele é caracterizado pela vida. Isso é afirmado na Escritura de várias maneiras. É
encontrado na afirmação de que ele é. Seu próprio nome "Eu Sou" (Êxo.
3:14) indica que ele é um Deus vivo. Também significa que a Escritura não discute sua existência.
Ela simplesmente a afirma ou, com maior frequência, simplesmente a pressupõe. Hebreus
11:6 afirma que "é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que
ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam". Desse
modo, a existência é vista como um dos aspectos mais básicos de sua
natureza.
Essa característica de Deus é
proeminente no contraste muitas vezes traçado entre ele e outros deuses. Ele é
descrito como o Deus vivo, em contraste com objetos inanimados de metal
ou pedra. Jeremias 10:10 referese a ele
como o Deus verdadeiro, o Deus vivo, que controla a natureza. "Os deuses
que não fizeram os céus e a terra", por ·sua vez, "desaparecerão da
terra e de debaixo destes céus" (v.11). Em 1 Tessalonicenses 1:9
traça-se um contraste similar entre os ídolos que os tessalonicenses haviam
deixado e "o Deus vivo e verdadeiro".
Esse Deus não apenas possui vida,
mas possui um tipo de vida diferente da vida de todos os outros seres vivos.
Enquanto todos os outros seres vivos têm sua vida em Deus, ele não deriva sua vida de
nenhuma fonte externa. Nunca se diz que ele tenha sido trazido à vida. João 5:26 diz que ele tem a vida em si mesmo.
O adjetivo eterno é com frequência aplicado a ele, dando a entender que
nunca houve um tempo em que ele não existia. Além disso, lemos que "no
princípio", antes que qualquer outra coisa viesse a existir, Deus já,
existia (Gên. 1:1). Portanto, ele não podia ter derivado sua existência
de alguma outra coisa.
E mais, a continuação da existência
de Deus não depende de nada externo a ele mesmo. Todos os outros seres,
enquanto estão vivos, precisam de alguma coisa: alimento, calor, proteção para
manter essa vida. Com Deus, entretanto, não há indício de tal necessidade. Pelo
contrário, Paulo nega que Deus precise de alguma coisa, ou seja, servido por mãos
humanas (At
17.25).
Personalidade
Além de ser
espiritual e vivo, Deus é pessoal. Ele é um ser individual, com
autoconsciência e vontade, capaz de sentir, escolher e ter um
relacionamento recíproco com outros seres pessoais e sociais.
O fato de que Deus tem
personalidade é indicado de várias maneiras nas Escrituras. Uma delas é que Deus possui um nome. Ele possui
um nome que atribui a si mesmo e pelo qual se revela. Nos tempos
bíblicos, os nomes não eram meros rótulos para distinguir uma pessoa da outra. Em nossa sociedade
impessoal, pode parecer que seja assim. Raramente escolhemse nomes em razão de
seu significado; antes, os pais escolhem o nome porque gostam dele
ou porque ele é popular naquele momento. O pensamento hebreu, no entanto, era bem diferente.
O nome era escolhido com muito cuidado,
dando-se atenção ao seu significado.[2]
Quando Moisés indagou como deveria responder quando os israelitas perguntassem
o nome do Deus que lhe havia enviado, Deus se identifica como "Eu Sou"
ou "Eu SEREI" (Javé, Jeová, o Senhor; Êxo. 3:14). Desse modo ele
demonstra que ele não é um ser abstrato, incognoscível, ou uma força sem nome.
Esse nome também não é usado apenas como uma referência a Deus ou para
descrevê-lo. É usado igualmente para invocá-lo. Gênesis 4.26 indica que os humanos começaram a invocar o nome do Senhor.
O Salmo
20 fala de gloriar-se no nome do Senhor (v. 7) e em clamar
a ele (v. 9). O nome deve ser pronunciado e tratado com
respeito, de acordo com Êxodo 20.7. O grande respeito dispensado ao
nome é uma indicação da personalidade de Deus.
No primeiro quadro de seu
relacionamento com elas (Gên. 3), Deus chega a Adão e a Eva e fala com eles, dando
a impressão de que se tratava de uma prática costumeira. Embora essa
representação de Deus seja sem dúvida antropomórfica, ensina que ele é uma
pessoa que se relacionava com as pessoas como tal. Ele é descrito com todas as
capacidades associadas à personalidade: ele sabe, sente, deseja, age.
Há uma série de implicações
decorrentes. Porque Deus é uma pessoa, o relacionamento que temos com ele tem uma
dimensão de carinho e compreensão. Deus não é uma máquina ou um
computador que supre automaticamente as necessidades das pessoas. Ele é um bom
Pai que conhece e ama.
Ele é um ser vivo e recíproco. Não
é apenas alguém sobre quem ouvimos, mas alguém que encontramos e
conhecemos.
Por conseguinte, Deus deve ser
tratado como um ser, não um objeto ou força. Ele não é algo que deva ser usado
ou manipulado.
Infinitude
Deus é infinito. Isso significa não
apenas, que Deus é ilimitado, mas que é ilimitável. Nesse aspecto, Deus é
diferente de qualquer coisa dentro de nossa experiência. Mesmo as coisas que o
senso comum antes diziam serem infinitas ou ilimitadas são hoje consideradas
limitadas. Em tempos antigos, a energia parecia inextinguível. Em anos
recentes, tomamos consciência de que os tipos de energia com que temos mais
familiaridade são bem limitadas, e estamos nos aproximando desses limites
consideravelmente mais rápido que imaginávamos. A infinitude de Deus, no entanto
fala de um ser sem limites.
Tempo
O
fato de Deus não ser limitado pelo tempo significa que o tempo não se aplica a
ele; Ele existia antes de começar o tempo. A pergunta, Qual a idade de
Deus?, é simplesmente imprópria. Ele não é mais velho hoje do que um ano
atrás.
Deus é
aquele que sempre é. Ele foi, ele é, ele será. O Salmo 90:1,2 diz:
"SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os
montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade,
tu és Deus". Judas 25 diz: "ao único Deus, nosso Salvador, mediante
Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de
todas as eras, e agora, e por todos os séculos". Um pensamento semelhante
é encontrado em Efésíos 3:21. O uso de expressões como "0 primeiro e o
último" e "Alia e Ômega" servem para transmitir a mesma idéia
(Isa. 44:6; Apo. 1:8; 21.6; 22.13).
O fato de Deus
não ser limitado pelo tempo não significa que ele não tem consciência da
sucessão de pontos do tempo. Ele está ciente de que os eventos ocorrem
numa determinada ordem. Mesmo assim, ele tem igual consciência de todos os
pontos dessa ordem, simultaneamente. Essa transcendência sobre o tempo é comparada à pessoa que se assenta numa torre para ver um desfile. Ele vê todas as partes
do desfile em diferentes pontos da rota,
não apenas o que está passando por ele naquele momento. Ele tem consciência do que está acontecendo em
cada ponto da rota. Assim, Deus está ciente
do que está acontecendo, do que aconteceu e do que irá acontecer em cada ponto do tempo. Mas num determinado ponto
dentro do tempo, ele também tem consciência da distinção entre o que está
ocorrendo agora, o que ocorreu e o que ocorrera.[3]
Poder
Por fim, A infinitude de Deus
também pode ser considerada em relação ao que tradicionalmente é
conhecido como a onipotência de Deus. Com isso, queremos dizer que Deus
é capaz de fazer todas as coisas que sejam dignas de seu poder. As Escrituras ensinam isso de várias
maneiras. Existe uma indicação do poder ilimitado de Deus em um de seus nomes, 'el Shaddai. Quando Deus apareceu a
Abraão para ratificar sua aliança, ele se identificou dizendo: "Eu
sou o Deus Todo-poderoso" (Gên. 17:1). Também vemos a onipotência
de Deus na superação de problemas aparentemente intransponíveis. A promessa em Jeremias 32:15 de que os campos seriam
novamente comprados e vendidos em Judá parece inacreditável à vista da iminente
queda de Jerusalém diante dos babilônios. A fé de Jeremias, no entanto, é
forte: "Ah! SENHOR Deus [...] cousa alguma te é demasiadamente maravilhosa"
(v. 17). E depois de falar sobre como é difícil um rico entrar no reino de
Deus, Jesus responde a pergunta de seus discípulos quanto a quem, nesse caso,
pode ser salvo: "Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível"
(Mat.19:26).
Esse poder de Deus é manifestado de
várias maneiras. Referências ao poder de Deus sobre a natureza são comuns,
especialmente nos Salmos, muitas
vezes acompanhadas de declarações acerca do fato de Deus ter criado todo o
universo. O poder de Deus também se evidencia em seu controle sobre o curso da
história. Paulo falou que Deus fixou para todos os povos
"os tempos previamente estabelecidos e
os limites da sua habitação" (Atos 17:26). Talvez o mais
surpreendente em muitos aspectos seja o poder de Deus na vida e na
personalidade humana. A verdadeira medida do poder divino não é a capacidade
que Deus tem de criar ou de levantar uma grande rocha. Em muitos aspectos,
mudar a personalidade humana, levar pecadores à salvação, é muito mais
difícil.
Existem, no entanto, restrições
nesse caráter onipotente de Deus. Ele não pode fazer, de forma arbitrária,
qualquer coisa que possamos conceber. Ele só pode fazer coisas que sejam dignos
de seu poder. Assim, ele não pode ser logicamente absurdo ou contraditório. Ele
não pode fazer círculos quadrados ou triângulos com quatro cantos. Ele não pode
desfazer o que aconteceu no passado, embora possa apagar seus efeitos ou até a
memória dele. Ele não pode agir contra a sua natureza _não pode ser cruel ou
insensível. Ele não pode deixar de fazer o que prometeu. Referindo-se a uma
promessa feita por Deus e confirmada por juramento, o autor de Hebreus diz: "...
para que, mediante duas cousas imutáveis, nas quais é impossível que Deus
minta, tenhamos forte alento..." (Heb. 6:18).
Constância
Em algumas partes
das Escrituras, Deus é descrito como imutável.
No Salmo
102, o salmista contrasta a
natureza de Deus com os céus e a terra: "Eles perecerão, mas tu permaneces;
[...] serão mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão
fim" (v. 26,27). Deus mesmo afirma, embora seu povo tenha se
afastado de seus estatutos: "eu, o SENHOR, não mudo" (MaI.
3:6). Tiago diz que em Deus "não pode haver variação ou sombra de
mudança" (Tiago 1:17).
Deus não pode crescer em nada,
porque já é a perfeição. Também não pode decrescer, pois caso o fizesse,
deixaria de ser Deus. Também não há mudança qualitativa. A
natureza de Deus não sofre modificação. Portanto, Deus não muda suas
ideias, planos ou ações, pois firmam-se em sua natureza, que permanece
imutável, não importa o que aconteça. Aliás, em Números 23:19, o argumento é que os atos de Deus não mudam porque
ele não é humano. Além disso, as intenções de Deus, bem como seus
planos, são sempre coerentes, simplesmente porque
sua vontade não muda. Desse
modo, Deus é sempre fiel em suas promessas, por exemplo, sua aliança
com Abraão.
Que
fazer, então, das passagens em que Deus parece mudar de ideia ou se arrepender
do que fez? Essas passagens podem ser explicadas de algumas
maneiras:
1)
Algumas delas devem ser entendidas como
antropomorfismos e antropopatias. São simples descrições das ações e dos
sentimentos de Deus em termos humanos e do ponto de vista humano.
Incluem-se aqui as representações de Deus em que ele passa por dor ou
arrependimento.
2)
O que parece mudança de pensamento pode na
realidade ser uma nova etapa na concretização do plano de Deus. Um
exemplo disso é o oferecimento da salvação aos gentios, embora fizesse parte do
plano original de Deus, aquilo representou uma ruptura muito profunda com o que
acontecia antes.
3)
Algumas mudanças aparentes de ideia são mudanças
de orientação que resultam de um relacionamento diferente com Deus. Deus
não mudou quando Adão pecou, antes, a raça humana caminhou rumo a seu desfavor.
Isso também acontece no sentido inverso. Tome o caso de Nínive. Deus
disse: "Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida, a menos que se
arrependa". Nínive se arrependeu e foi poupada. Os humanos é que mudaram
não o plano de Deus.
Capitulo 3
III.
A BONDADE DE DEUS
Qualidades morais
Se as
qualidades de grandeza que forma descritas no capítulo anterior fossem os
únicos atributos de Deus, ele poderia ser considerado um ser imoral ou amoral,
utilizando seu poder e conhecimento de uma forma caprichosa ou até cruel. Mas
estamos lidando com um Deus bom, em quem se pode confiar a quem se pode amar.
Ele possui atributos de bondade assim como de grandeza. Neste capítulo, vão-se
considerar suas qualidades morais, ou seja, as características de Deus como um
ser moral. Para fins de estudo, pode-se classificar seus atributos morais
básicos em pureza, integridade e amor.
Pureza moral
Por pureza
moral referimo-nos à isenção absoluta de Deus em relação a tudo que seja
perverso ou mau. Sua pureza moral inclui as dimensões de
(1) santidade, (2) retidão e (3) justiça.
1) Santidade
Há dois aspectos básicos na santidade de Deus.
O primeiro aspecto é sua singularidade.
Ele está totalmente separado de toda a criação. É o que Louis Berkhof chama
"majestade-santidade" de Deus.[4] A singularidade
de Deus é afirmada em Êxodo 15:11: "Ó SENHOR quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu,
glorificado em santidade, que operas
maravilhas?" Isaías viu o Senhor "assentado sobre um alto e sublime trono". As bases do limiar tremeram e a casa ficou
cheia de
fumaça. Os
serafins clamavam: "Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos" (Isa. 6:1-4). A palavra hebraica
para "santo" (qãdõsh) significa "marcado"
ou "removido do uso comum, ordinário". O verbo da qual ela deriva sugere "cortar" ou
"separar". Embora o adjetivo santo fosse livremente aplicado a objetos, ações e pessoas
envolvidas no culto nas religiões dos povos em tomo de Israel, era usado com
muita liberdade em relação à própria Divindade no culto da aliança de
Israel.
Segundo aspecto é sua absoluta pureza
ou bondade. Isso significa que ele não é atingido nem manchado pelo mal que
existe no mundo. Ele não participa do mal em sentido algum. Observe
como Habacuque
1:13 dirige-se a Deus: "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e
a opressão não podes contemplar". Tiago 1:13 afirma que Deus não
pode ser tentado pelo mal. Nesse sentido, Deus é totalmente diferente
dos deuses de outras religiões. Tais deuses com frequência se envolviam nos
mesmos tipos de atos pecaminosos de seus seguidores. Jeová, entretanto, é livre
de tais atos.
A perfeição de Deus é o modelo para nosso caráter moral e a motivação
para a prática religiosa.
Todo o código moral procede de sua
santidade. O povo de Israel ouviu: "Eu sou o SENHOR, vosso Deus;
portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos
contaminareis por nenhum enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra. Eu
sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso
Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo" (Lev.
11.44,45).
Um ponto de
repetida ênfase na Bíblia é que o
crente deve ser como Deus. Desse modo, porque Deus é santo, os que são seus
seguidores também devem ser santos.
Deus não é
apenas pessoalmente isento de toda perversidade ou mal. Ele é incapaz de
tolerar a presença do mal. É como se ele fosse alérgico ao pecado e ao mal.
Isaías, ao ver Deus, ficou muito mais consciente de sua própria impureza. Ele
ficou desesperado: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros,
habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o
SENHOR dos Exércitos!" (Isa. 6.5). De modo semelhante, Pedro, por
ocasião da pesca maravilhosa, percebendo quem Jesus era, disse: "Senhor,
retira-te de mim, porque sou pecador" (Luc. 5.8). Quando se mede a
santidade de alguém, não pelos seus próprios padrões ou pelos de outra pessoa,
mas pelos de Deus, evidencia-se a necessidade de uma mudança completa da
condição moral e espiritual.
2) Retidão
A segunda dimensão da pureza moral de
Deus é sua retidão. Isso é algo como a santidade de Deus aplicada a seu
relacionamento com outros seres. A retidão de Deus significa, acima
de tudo, que a lei de Deus, sendo expressão fiel de sua natureza, é tão
perfeita quanto ele. O Salmo 19.7-9 afirma isso da seguinte maneira: "A
lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá
sabedoria aos símplices. Os preceitos
do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos. O temor do SENHOR
é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos
igualmente justos". Em outras palavras, Deus só ordena o que é
correto e o que, portanto, terá um efeito positivo sobre o crente
obediente.
3) Justiça
Observamos que Deus mesmo age de acordo com sua lei.
Ele também administra seu reino de acordo com sua lei.
Em outras palavras, Deus
é como um juiz que segue pessoalmente a lei da sociedade e, em sua função
oficial, promove a mesma lei, aplicando-a aos outros.
A Escritura deixa claro que o
pecado tem consequências definidas. Essas consequências devem por fim sobrevir,
mais cedo ou mais tarde. Em Gênesis 2.17 lemos a advertência de Deus
a Adão e Eva: "Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Advertências
semelhantes ocorrem em toda a Escritura, incluindo-se entre elas a afirmação de Paulo de que "o
salário do pecado é a morte" (Rom. 6.23). Deus por fim punirá o
pecado A justiça de Deus significa que ele
é justo na aplicação de sua lei. Ele não mostra favoritismo ou
parcialidade. Não importa quem somos. O que fizemos ou deixamos de
fazer é a única consideração na atribuição de consequências ou recompensas. Uma
prova da justiça de Deus é que ele condenou os juízes que, nos tempos bíblicos,
embora fossem encarregados de serem seus representantes, aceitavam suborno para
alterar os julgamentos (e.g., 1Sam. 8.3; Amós 5.12). A razão da
condenação deles era que o próprio Deus, sendo justo, esperava o mesmo tipo de
comportamento dos que deviam aplicar sua lei.
Precisamos tratar os outros com justiça e
imparcialidade (Amós 5.15, 24; Tg 2.9) porque isso é o que Deus faz.
Amor
Quando pensamos
nos atributos morais de Deus, talvez nos venha à mente em primeiro lugar o
conjunto de atributos aqui classificados de amor. Muitos o consideram o
atributo básico, a própria natureza ou definição de Deus. Existe alguma base
bíblica para tanto. Por exemplo, em 1João 4.8 e 16, lemos: "Aquele que
não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor [...] E nós conhecemos e cremos no amor
que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em
Deus, e Deus, nele". Em geral, o amor de Deus pode ser entendido
como sua doação ou seu partilhar eterno de si mesmo. Como tal, o amor
sempre esteve presente entre os membros da Trindade. Jesus disse: "Assim
procedo para que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço como o Pai me
ordenou" (Jo 14.31).
O amor e a justiça de Deus _um ponto de tensão?
Examinamos várias características de Deus,
sem as esgotar de maneira alguma. Mas qual a relação entre elas? Presume-se que
Deus seja um ser uno, integrado, cuja personalidade forma um todo harmonioso.
Portanto, não deveria haver nenhuma tensão entre esses atributos. Mas é isso
mesmo que acontece?
O
ponto de possível tensão que se destaca é a relação entre o amor de Deus e sua
justiça. Por um lado, a justiça de Deus parece muito severa,
exigindo a morte dos que pecam. É um Deus feroz, rigoroso. Por outro, Deus
é misericordioso, generoso, perdoador, longânimo. Os dois conjuntos de
características não estariam em conflito? Há, portanto, uma tensão interna na
natureza divina?[5]
Se partirmos
das pressuposições de que Deus é um ser integrado e os atributos divinos são
harmoniosos, definiremos um atributo de acordo com o outro. Desse modo, a
justiça é uma justiça de amor e o amor, um amor justo. A ideia de que
são conflitantes pode ter surgido com a definição isolada de cada atributo.
Embora o conceito de amor à parte da justiça, por exemplo, possa ser inferido
de outras fontes, não é um ensino bíblico. O que estamos dizendo é que não há
uma compreensão plena do amor, a não ser que se veja
que ele inclui a justiça. Se o
amor não inclui a justiça, é mero sentimentalismo.
Na realidade, o
amor e a justiça têm trabalhado juntos no tratamento que Deus dispensa
à humanidade. A justiça de Deus exige que a pena do
pecado seja paga. O amor de Deus, porém, deseja que sejamos
restaurados à comunhão com ele.
A oferta
de Jesus Cristo como expiação pelo pecado significa que tanto a justiça como o
amor de Deus são mantidos. E de fato não existe nenhuma tensão entre
eles. Só existe tensão se a pessoa entende que o amor exige que Deus perdoe o
pecado sem que nenhum pagamento seja feito.
Capitulo 4
IV.
A TRIUNIDADE DE DEUS: A Trindade
Na doutrina da
Trindade, encontramos uma das doutrinas que de fato distinguem o cristianismo.
Entre as religiões do mundo, a fé cristã é sem igual ao alegar que Deus é
um, mas que, ao mesmo tempo, há três pessoas que são
Deus. Ao fazer isso, apresenta-se o que, na superfície, parece
uma doutrina contraditória. Além disso, essa doutrina não é declarada
de forma aberta ou explícita nas Escrituras.
No entanto, mentes devotas têm sido levadas a ela quando procuram fazer
justiça ao testemunho das Escrituras. A
doutrina da Trindade é crucial para o cristianismo. Ela se ocupa em definir
quem é Deus, como ele é como trabalha e a forma pela qual se tem acesso a ele. Além
disso, a questão da deidade de Jesus Cristo, que historicamente tem sido ponto
de grande tensão, está muito ligada com o conceito de Trindade. A posição que
adotamos em relação à Trindade exerce profunda influência em nossa Cristologia.
A
posição que adotamos em relação à Trindade também responderá uma série de
perguntas de natureza prática. A quem devemos cultuar _apenas ao Pai;
ao Filho; ao Espírito Santo; ou ao Deus triúno? A quem devemos orar? A obra de
um deve ser considerada à parte da obra dos outros, ou podemos entender que, de
alguma forma, a morte expiatória de Jesus também é obra do Pai? Pode-se pensar
no Filho como um equivalente ao Pai em essência, ou ele deve ser relegado a um
status ligeiramente menor?
Vamos começar
nosso estudo da Trindade examinando a base bíblica da doutrina. É importante
notar o tipo de testemunho das Escrituras
que levou a igreja a formular e a propor essa estranha doutrina. Depois,
vamos examinar algumas das primeiras tentativas de lidar com os dados bíblicos,
entre elas a formulação ortodoxa. Por fim, vamos estudar os elementos
essenciais da doutrina e procurar as analogias que possam nos ajudar a
compreendê-la um pouco melhor.
O Ensino Bíblico
Começamos com os dados bíblicos no que diz respeito à doutrina da
Trindade. Há três tipos de indícios distintos, mas relacionados entre si: o
indício da unidade de Deus _que Deus é um; indícios de que há três pessoas que
são Deus; e, por fim, indicações ou pelo menos insinuações da triunidade.
A Unidade De Deus
A religião dos
antigos hebreus era uma fé rigorosamente monoteísta, como, aliás, é a religião
judaica hoje. A unidade de Deus foi revelada a Israel em muitas ocasiões
diferentes e de várias maneiras. Os Dez Mandamentos, por exemplo, começam com a
declaração: "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da
casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim" (Êxo.
20.2,3).
A
proibição da idolatria, o segundo mandamento (v. 4), também repousa sobre a
singularidade de Jeová. Ele não tolerará nenhuma adoração de objetos
feitos por mãos humanas, pois somente ele é Deus. A rejeição do politeísmo
percorre todo o Antigo Testamento. Deus
demonstra repetidas vezes sua superioridade sobre outros que reivindicam
deidade.
Uma indicação
mais clara da unidade de Deus é o ‘Shema’
de Deuteronômio 6, as grandes
verdades que o povo de Israel tinha a obrigação de absorver e inculcar em seus
filhos. Eles deviam meditar naqueles ensinamentos ("Estas palavras [...]
estarão no teu coração", v. 6). Deviam conversar sobre eles em casa e pelo
caminho, ao levantar e ao deitar (v. 7). Deviam empregar auxílios visuais
para lhes chamar a atenção para tais verdades _usando-as nas mãos e na testa, e
escrevendo-as nos umbrais da casa e nos portões. E quais são essas grandes
verdades que deviam ser tão destacadas? Uma delas é uma declaração afirmativa
indicativa: "O SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (v. 4). A
segunda grande verdade que Deus desejava que Israel aprendesse e ensinasse é um
mandamento baseado em sua singularidade: "Amarás o SENHOR, teu Deus, de todo o
teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força" (v. 5). Por
ele ser único, não devia haver divisão no compromisso de Israel.
O ensino a respeito da unidade de Deus não se restringe ao Antigo Testamento. Tiago 2.19 recomenda a crença num único Deus, embora observe que
isso é insuficiente para a justificação. Paulo escreve quando discorre sobre a
ingestão de carne oferecida a ídolos: "Sabemos que o ídolo não significa nada
no mundo e que só existe um Deus, [...] o Pai, de quem vêm todas as
coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem
vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos" (1Cor. 8.4,6,
NVI). Aqui, Paulo, à semelhança da
lei mosaica, exclui a idolatria, baseado no fato de só existir um Deus.
A Deidade Dos Três
Todos esses
indícios, tomados por si, com certeza nos levariam a uma crença basicamente
monoteísta. Que motivo, nesse caso, levou a igreja a ir além dessas indicações?
Foi
o testemunho bíblico complementar de que três pessoas são Deus. A
deidade da primeira pessoa, o Pai, pouco se discute. Além das referências em 1Coríntios
8.4, 6 e 1Timóteo 2.5,6, podemos notar os casos em que Jesus refere-se ao Pai
como Deus. Em Mateus 6.26, por exemplo, ele indica que
"vosso Pai celeste as sustenta [as aves do céu]". Numa
afirmação paralela que vem logo depois, ele indica que "Deus veste [...] a erva do
campo" (v.30). É óbvio que, para Jesus, "Deus" e "vosso Pai
celeste" são expressões equivalentes. E em numerosas referências a
Deus, é evidente que Jesus tem em mente o Pai (e.g. Mat. 19.23-26; 27.46; Mc
12.17, 24-27). Um pouco mais
problemático é o status de Jesus como deidade, ainda que a Escritura também o identifique como Deus.
Uma referência chave à deidade de Cristo
Jesus é encontrada em Filipenses 2. Ao que tudo indica, nos versículos 5-11,
Paulo toma o que era um hino da igreja primitiva e o usa como base para pedir
aos leitores que pratiquem a humildade. Paulo observa que "ele
[Jesus], subsistindo em forma de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus" (v. 6). A palavra
aqui traduzida por "forma" é morphõ.
Esse termo, tanto no grego clássico como no bíblico, significa "conjunto
de características que fazem com que uma coisa seja o que é".
Denotando a genuína natureza de uma coisa, morphe
contrasta com schêma, que também
é em geral traduzida por "forma", mas no sentido de formato ou
aparência superficial, em lugar de substância. O uso de morphê nessa passagem, refletindo a fé da igreja primitiva, insinua
uma profunda confiança na plena deidade de Cristo.
Outra passagem
significativa é Hebreus 1. O autor,
cuja identidade nos é desconhecida, está escrevendo para um grupo de cristãos
hebreus. Ele (ou ela) faz várias afirmações que implicam fortemente a plena
deidade do Filho. Nos, versículos iniciais, o autor argumenta que o
Filho é superior aos anjos e nota que Deus tem falado por meio do Filho,
destacou-o como herdeiro de todas as coisas e fez o universo por meio dele (v.
2). O autor descreve, então, o Filho como o "resplendor da glória de
Deus" (NVI) e a "expressão exata do seu ser". Embora
talvez possa se alegar que isso só afirma que Deus se revelou por meio do
Filho, não que o Filho é Deus, o
contexto sugere outra coisa. Além de se identificar como o Pai daquele a quem
chama Filho (v. 5), Deus é citado no versículo 8 (do SaI 45.6) dirigindo-se ao
Filho como "Deus" e no versículo 10 como "Senhor" (do Sal.
102.25). O autor conclui observando que Deus disse ao Filho: "Assenta-te à
minha direita" (do SaI. 110.1). É significativo que o autor bíblico
dirigese a cristãos hebreus, que com certeza estariam imbuídos de monoteísmo,
de maneira que inegavelmente afirmam a deidade de Jesus e sua igualdade com o
Pai.
Uma
consideração final sobre a autoconsciência de Jesus. Devemos notar que Jesus
nunca afirmou diretamente sua deidade. Ele nunca disse simplesmente: "Sou
Deus". Mas várias pistas sugerem que era assim, de fato, que ele
se via. Ele afirmava possuir o que pertence unicamente a Deus. Ele falou dos
anjos de Deus (Luc. 12.8,9; 15.10) como se fossem seus (Mat. 13.41). Ele
considerava o reino de Deus (Mat. 12.28;
19.14, 24; 21.31, 43) e os eleitos de Deus (Mc. 13.20) como de sua propriedade.
Além disso, ele alegou perdoar pecados
(Mc. 2.8-10). Os judeus reconheciam que somente Deus podia perdoar pecados
e, por conseguinte, acusaram Jesus de blasfêmia. Ele também reivindicava poder para julgar o mundo
(Mat. 25.31) e reinar sobre ele (Mat. 24.30; Mc 14.62).
Também há referências bíblicas que identificam o Espírito Santo com
Deus. Aqui podemos notar que há passagens em que referências ao
Espírito Santo ocorrem de forma intercambiável com referências a Deus. Um
exemplo disso é Atos 5.3,4. Ananias e Safira retiveram uma parte do produto da venda de
sua propriedade, fingindo que o colocavam inteiramente aos pés dos apóstolos.
Aqui, mentir ao Espírito Santo (v. 3) é equiparado a mentir a Deus (v. 4).
O Espírito Santo também é descrito como alguém que possui as qualidades de Deus
e executa as obras dele. É o Espírito Santo quem convence o mundo do
pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Ele regenera ou dá nova vida (Jo 3.8).
Em 1Coríntios
12.4-11, lemos que é o Espírito quem concede dons à igreja e exerce soberania
sobre os que recebem tais dons. Além disso, ele recebe a honra e a glória
reservadas a Deus.
Em 1Coríntios 3.16,17, Paulo lembra aos fiéis
que eles são o templo de Deus e que seu Espírito habita neles. No capítulo 6,
Paulo diz que o corpo deles é um templo do Espírito Santo que neles habita (v.
19,20). "Deus" e "Espírito Santo", ao que parece, são
expressões equivalentes. Também há alguns trechos em que o Espírito Santo é
colocado em pé de igualdade com Deus. Um deles é a fórmula batismal de Mateus 28.19; o segundo é a bênção
paulina em 2Coríntios 13.14; e, por
fim, há 1Pedro 1.2, em que Pedro dirige-se
a seus leitores como os "eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus
Cristo".
A Triunidade
Um texto
tradicionalmente citado como um registro da Trindade é 1João 5.7, isto é,
segundo se encontra em versões mais antigas como a Edição Revista e Corrigida: "Porque
três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e
estes três são um". Aparentemente, há uma afirmação clara e
sucinta da triunidade. Infelizmente, a base textual é tão frágil que algumas
traduções recentes (e.g. NVI, ARA) só incluem essa declaração em notas ou entre
colchetes, enquanto outras a omitem por completo (e.g. RSV[6]). Se
existe alguma base bíblica para a Trindade, deve estar em outro lugar.
Existem ainda
outras formas plurais. Em Gênesis 1.26, Deus diz: "Façamos o
homem à nossa imagem". Aqui, o plural aparece tanto no verbo
"façamos" como no sufixo possessivo "nossa". Quando Isaías
foi chamado, ouviu o Senhor dizendo: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" (Isa. 6.8). O que é
significativo do ponto de vista da análise lógica é a mudança do singular para o
plural. Gênesis 1.26 diz na
realidade: "Também. disse
[singular] Deus: Façamos [plural] o
homem à nossa [plural] imagem".
Deus é citado usando um verbo no plural em referência a si mesmo. De modo
semelhante, Isaías 6.8 traz: "A
quem enviarei [singular], e quem, há de ir por nós [plural]?" Em algumas partes das Escrituras, as três pessoas são
associadas em unidade e aparente igualdade. Uma delas é a fórmula batismal
conforme prescrita na grande comissão (Mat. 28.19,20): batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Note que "nome" é
singular, embora haja o envolvimento de três pessoas. Ainda
outra associação direta dos três nomes é a bênção paulina em 2Coríntios 13.13 __"A graça do Senhor
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos
vós". Aqui temos novamente a associação dos três nomes em unidade e aparente
igualdade.
É no quarto
evangelho que encontramos o indício mais significativo de uma Trindade de
equivalentes. A fórmula tríplice aparece repetidas vezes:
João 1.33,34; 14.16, 26; 16.13-15; 20.21,22 (cf.
1Jo 4.2, 13,14). A dinâmica interna entre
as três pessoas surge várias vezes, como observou
George Hendry.[7] O Filho é enviado pelo Pai (14.24) e vem dele
(16.28). O Espírito é dado pelo Pai (14.16),
enviado pelo Pai (14.26) e
procede do Pai (15.26). Mas o Filho está
estreitamente relacionado com a vinda do
Espírito: ele ora por sua vinda (14.16); o Pai envia o Espírito em nome do Filho (14.26); o Filho enviará o
Espírito da parte do Pai (15.26); o Filho
deve ir para que possa enviar o Espírito (16.7). O ministério do Espírito é visto como uma continuação e desenvolvimento
do ministério do Filho. Ele trará à lembrança o
que o Filho disse (14.26); ele testemunhará
do Filho (15.26); ele declarará o que ouve do Filho, glorificando, dessa forma, o Filho (16.13,14).
O prólogo do
evangelho também contém um material rico em significado para a doutrina da
Trindade. João diz no primeiro versículo do livro: "O Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus". Eis urna idéia da divindade da Palavra. Aqui
também encontramos a idéia de que embora o filho seja distinto do Pai, existe
uma comunhão entre eles, pois a preposição pros
("com") não conota apenas uma proximidade física em relação ao
Pai, mas também urna intimidade de comunhão.
Há outras maneiras pelas quais esse evangelho salienta a proximidade e a unidade
entre o Pai e o Filho. Jesus diz: "Eu e o Pai somos um" (10.30)
e "Quem
me vê a mim vê o Pai" (14.9). Ele ora para que seus discípulos
sejam um corno são ele e o Pai (17.21).
Nossa conclusão a partir dos dados que acabamos de examinar: Embora a
doutrina da Trindade não seja declarada de forma expressa, a Escritura, especialmente o Novo Testamento, contém tantos indícios da deidade e da unidade das três pessoas que
podemos compreender por que a igreja formulou a doutrina, concluindo que estava
certa em fazê-lo.
Formulações Históricas
Durante os
dois primeiros séculos depois de Cristo, houve pouco esforço consciente de
lutar com as questões teológicas e filosóficas do que hoje entendemos por
doutrina da Trindade. Pensadores como Justino e Taciano destacaram a unidade da
essência entre a Palavra e o Pai, usando a figura da impossibilidade de separar
a luz de sua fonte, o sol. Dessa forma, ilustraram que, embora a Palavra e o
Pai sejam distintos, não podem ser divididos ou separados.[8]
A Perspectiva "Econômica" Da
Trindade
Em Hipólito e
Tertuliano, encontramos o desenvolvimento de uma perspectiva "econômica"
da Trindade. Houve poucas tentativas de explorar as relações eternas entre os
três; antes, houve uma concentração no estudo das formas pelas quais a Tríade
se manifestou na criação e na redenção. Embora a criação e a redenção
mostrassem que o Filho e o Espírito eram diferentes do Pai, eles eram também
considerados unidos de modo inseparável ao Pai em seu ser eterno. Entendia-se
que, assim como as funções mentais de um ser humano, a razão de Deus, ou seja,
a Palavra estava imanente e indivisivelmente com ele.
O
Monarquianismo Dinâmico
No final do
século II e no século III, houve duas tentativas de elaborar uma definição
precisa do relacionamento entre Cristo e Deus. As duas concepções são tratadas
por monarquianismo (lit. "soberania única"), uma vez que destacam a
singularidade e a unidade de Deus, mas apenas a última reivindicou essa
designação para si.
O
monarquianismo dinâmico sustentava que Deus estava dinamicamente presente na
vida de Jesus homem. Havia uma obra ou força de Deus que atuava sobre, em ou por meio de Jesus homem, mas não havia uma presença real de Deus
nele. O idealizador do monarquianismo dinâmico, Teódoto, asseverava que, antes,
do batismo, Jesus era um homem comum, embora completamente virtuoso. No
batismo, o Espírito, ou Cristo, desceu sobre ele, e daquele
momento em diante, ele passou a
concretizar as obras milagrosas de Deus.
Essas ideias de monarquianismo
dinâmico nunca chegaram a se difundir![9]
O
Monarquianismo Modalista
Em contraste, o
monarquianismo modalista era um
ensino popular, muito difundido. Enquanto o monarquianismo dinâmico parecia
negar a doutrina da Trindade, o modalismo parecia afirmá-la. Ambas as
variedades do monarquianismo desejavam preservar a doutrina da unidade de Deus.
O modalismo, porém, também se devotava profundamente à plena divindade de
Jesus. Uma vez que em geral se entendia que o termo Pai referia-se à própria Divindade, qualquer insinuação de que a
Palavra ou o Filho eram de alguma forma diferentes do Pai incomodava os
modalistas. Parecia-lhes um caso de biteísmo, crença em dois deuses.
Em essência,
a ideia dessa escola de pensamento é que existe uma Divindade que pode ser
designada de várias formas, como Pai, Filho ou Espírito. Os termos não indicam
distinções reais, sendo meros nomes que são apropriados e aplicáveis em
diferentes ocasiões. Pai, Filho e Espírito Santo são idênticos __são revelações
sucessivas da mesma pessoa. A solução modalista ao paradoxo de Deus ser três e
um era, portanto, não três pessoas, mas uma pessoa com três nomes, funções ou
atividades diferentes. [10] Deve-se reconhecer que, no monarquianismo
modalista, temos uma concepção genuinamente única, original e criativa,
concepção que, em alguns aspectos, é uma ruptura brilhante. Tanto a unidade de
Deus quanto a deidade das três pessoas __Pai, Filho e Espírito Santo __são
preservadas. Mas a igreja, ao avaliar essa teologia, considerou-a deficiente em
alguns aspectos significativos. Em particular, o fato de as três pessoas por
vezes aparecerem simultaneamente na cena da revelação bíblica tomou-se uma
grande pedra de tropeço para essa
concepção. A cena do batismo, em que o Pai fala para o
Filho, e o Espírito desce sobre o Filho é um exemplo. Alguns dos textos
trinitários destacados anteriormente também se mostram problemáticos.
A Formulação Ortodoxa
A doutrina
ortodoxa da Trindade foi enunciada em uma série de debates e concílios, em
grande parte, causada pelas controvérsias provocadas por movimentos tais como o
monarquianismo e o arianismo. Foi no Concílio de Constantinopla (381) que
emergiu uma formulação definitiva em que a igreja explicitou as crenças que
estavam implícitas. A concepção que prevaleceu foi basicamente a de Atanásio
(293-373), conforme elaborada e aperfeiçoada pelos teólogos capadócios __Basílio,
Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa.
A fórmula que expressa a posição de Constantinopla é "uma ousia [substância] em três hypostases [pessoas]". Com
frequência, a ênfase parece estar mais na segunda parte da fórmula, ou seja, na
existência distinta das três pessoas, e não numa Divindade única, indivisível.
A Divindade única existe "indivisível em pessoas divididas". Existe
uma "identidade de natureza" nas três hipóstases.
Os capadócios
tentaram expor os conceitos da substância comum e das pessoas múltiplas
distintas usando a analogia de um universal e seus particulares __as pessoas da
Trindade estão para a substância divina, assim como os homens estão para o
homem universal (ou a humanidade). Cada uma das hipóstases é a ousia da
Divindade que se distingue pelas características ou propriedades peculiares a
ela, assim como cada ser humano possui características únicas que o distinguem
de outros seres humanos. Respectivamente, essas propriedades das pessoas
divinas são, de acordo com
Basílio, paternidade, filiação e poder santificador
ou santificação.[11]
É evidente que
a fórmula ortodoxa protege a doutrina da Trindade contra o perigo do modalismo.
Mas será que o fez à custa de cair no erro oposto __o triteísmo? Na superfície,
o perigo parece considerável. Dois pontos foram, no entanto, levantados para
resguardar a doutrina da Trindade do triteísmo. Em
primeiro lugar, observou-se que se pudermos encontrar uma única atividade
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a qual, de maneira nenhuma, seja
diferente em alguma das três pessoas, precisamos concluir que existe o
envolvimento de apenas uma substância idêntica. E tal unidade foi encontrada na
atividade divina da revelação. A revelação origina-se no Pai, procede por meio
do Filho e é completada no Espírito. Não são três ações, mas uma ação em que
todos os três se envolvem.
Em segundo lugar, houve uma insistência
na concretitude e na indivisibilidade da substância divina. Muito da crítica
contra a doutrina capadócia da Trindade centrava-se na analogia de um universal
que se manifesta em particulares. Para evitar a conclusão de que há uma multiplicidade
de deuses dentro da Deidade, assim como há uma multiplicidade de seres humanos
dentro da humanidade, Gregório de Nissa afirmou que, no sentido estrito, não
devemos falar de uma multiplicidade de seres humanos, mas de uma multiplicidade
de um ser humano universal. Assim, os capadócios continuaram salientando que,
embora os três membros da Trindade possam ser distinguidos numericamente como
pessoas, eles são indistinguíveis em sua essência ou substância. Eles são
distinguíveis como pessoas, mas são um e inseparáveis em sua existência.
Deve-se
reiterar que a ousia não é abstrata,
mas uma realidade concreta. Além disso, essa essência divina é simples e
indivisível. Seguindo a doutrina aristotélica de que somente o que é material
pode ser dividido quantitativamente, os capadócios às vezes quase negavam que a
categoria de número pudesse ser de alguma forma aplicada à Deidade. Deus é
simples e não composto. Assim, embora cada uma das pessoas seja distinta, não
podem ser somadas para formar três entidades.
Elementos Essenciais De Uma Doutrina Da Trindade
Aqui é preciso
fazer uma pausa a fim de observar os elementos de destaque que devem ser
incluídos em qualquer doutrina da Trindade.
1. Começamos
com a unidade de Deus. Deus é um, não vários. A unidade de Deus pode
ser comparada com a unidade entre marido e esposa, mas devemos ter em mente que
estamos lidando com um Deus, não com uma reunião de entidades distintas.
2. A
deidade da cada uma das três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, deve
ser salientada. No que se refere à qualidade, todas são iguais. O Filho é
divino da mesma forma e na mesma medida que o Pai, e isso também vale para o
Espírito Santo.
3. A
triplicidade e a unidade de Deus não dizem respeito ao mesmo pormenor.
Embora a interpretação ortodoxa da Trindade pareça contraditória (Deus é um,
mas também três), a contradição não é real, mas apenas aparente. Existe uma
contradição quando algo é A e não é A ao mesmo tempo, com respeito ao mesmo
pormenor. O modalismo tentou lidar com a aparente contradição afirmando que os
três modos ou manifestações de Deus não são simultâneos; em dado momento,
apenas um deles é revelado. A ortodoxia, porém, insiste em que Deus é três
pessoas a qualquer momento. Sustentando também sua unidade, a ortodoxia lida
com o problema afirmando que a maneira pela qual Deus é três difere, em alguns
aspectos, da maneira pela qual ele é um. Os pensadores do século IV falavam de
uma ousia e três hipóstases. Surge agora o problema de determinar o significado
desses dois termos ou, sendo mais abrangente, a diferença entre a natureza da
unidade de Deus e a de sua triplicidade.
4. A
Trindade é eterna. Sempre houve três, Pai, Filho e Espírito Santo, e
todos eles sempre foram divinos. Um ou mais deles não surgiram em algum ponto
do tempo nem se tomaram divinos em algum momento. O Deus Triúno é e será o que
sempre foi.
5. A
função de um membro da Trindade pode, por vezes, subordinar-se a um ou aos dois
outros membros, mas isso não significa que algum deles possa ser
inferior em essência. Cada uma das três pessoas da Trindade teve, em certo
período, uma função específica exclusiva. Isso deve ser entendido como uma
função temporária no intuito de cumprir determinado objetivo, não uma mudança
em seu status ou essência. Na experiência humana, também existe subordinação
funcional. Vários iguais num negócio ou empreendimento podem escolher um dentre
eles para servir como capitão de uma força tarefa ou como presidente de uma comissão
por um período determinado, sem que haja nenhuma mudança de posição. Da mesma
forma, em sua encarnação terrena, o Filho não se tornou menor que o Pai, mas se
subordinou funcionalmente à vontade do
Pai. Semelhantemente, o Espírito Santo está agora
subordinado ao ministério do Filho (veja Jo 1416) assim como à vontade do Pai,
mas isso não implica que este seja menor que aqueles.
6. A
Trindade é incompreensível. Não podemos compreender plenamente o
mistério da Trindade. Algum dia, quando virmos Deus, iremos vê-lo como é e o
compreenderemos melhor que agora.
Mas, mesmo então, não o
compreenderemos totalmente.
INTRODUÇÃO.
O termo
"Hamartiologia" vem do grego e significa "Doutrina do
Pecado"
"Hamartiologia" - é a ciência que se ocupa em estudar
a "origem do pecado" juntamente com todos os seus aspectos sombrios e
sua natureza de destruição tanto aplicada no mundo físico como no espiritual.
Neste livro, portanto, veremos a luz do contexto das Escrituras Sagradas, as
disposições hostis do pecado em relação à Deus, às coisas e aos seres. Do outro
lado, porém, mostraremos o plano da redenção apresentado por Deus e executado
por meio de Jesus Cristo para salvação da humanidade que fora atingido pelos
efeitos maléficos do pecado e suas consequências.
Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação,
declarou que tudo era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente,
chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas — o
mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento. E
naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que têm
deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda
mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresentanos o
remédio para o pecado.
O nosso conhecimento sobre o pecado ajuda-nos entender as
demais doutrinas bíblicas. A compreensão da natureza do pecado renova nossa
sensibilidade espiritual; gera santidade na vida do crente, levando-o a crer
que a vida deve ser vivida na esperança certa de um futuro além do pecado e da
morte.
ARGUMENTOS FILOSÓFICOS A RESPEITO DO PECADO.
1.
O ateísmo: Do grego,
"ATHEOS", e significa sem Deus. O ateísmo nega
a existência de Deus, e também do pecado, porque
estritamente falando todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há
pecado. Para Karl Marx, o fundador do ateísmo cientifica na Antiga União
Soviética, o "pecado" não é mais do que a injustiça social. Se o
pecado fosse realmente algo social, o problema seria social, e não espiritual,
portanto este conceito, é totalmente contrário ao ensino das Escrituras.
2.
O determinismo: Do alemão,
"DETERMINISMMUS". Esta teoria, afirma
que o livre arbítrio é uma ilusão, e não uma realidade.
Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente
nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escapam ao
nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece livre, porém se esvai por
leis rígidas. Sendo assim — continua essa teoria, - uma pessoa não pode deixar
de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada
por ser boa nem culpada por ser má.
O homem é simplesmente escravo das circunstâncias. Na
realidade o determinismo é uma forma para desculpar o pecado, fazendo do
pecador uma vítima que merece dó ao invés de ser castigado. Todavia de acordo
com a Bíblia, o ser humano foi criado por Deus com direito ao 2 livre arbítrio:
"E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.1617); para governar
a terra e ter pleno domínio sobre as circunstâncias, com pleno direito de
escolher entre o bem e o mal : E Deus os abençoou e Deus lhes disse:
Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre
os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move
sobre a terra.( Gn 1.28).
3.
O Hedonismo (Palavra grega que significa
"PRAZER"). Esta teoria sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que
existe na vida, é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira
pergunta que se deve fazer não é: "Isto é certo?" mas " Trará
prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência
geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada,
como designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva", ou
"é mania do prazer", ou então "é fogo da juventude". Eles
desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano",
"o que é natural é belo e o que é belo é direito”. É sobre essa teoria que
se baseia o ensino moderno de "autoexpressão”.
Em linguagem técnica, o homem deve "liberar suas
inibições"; em linguagem simples "ceder à tentação porque reprimi-la
é prejudicial à saúde". Atualmente, isso muitas vezes representa um
intento para justificar a imoralidade. Porém esses mesmos teóricos não
concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio
criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa
teoria, está o desejo de diminuir gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória
entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa a variação moderna da
antiga mentira: "Certamente não morrerás".
A admoestação através '"Eles
Procuram confundir as distinções morais, é "Ai daqueles que chamam o mal
bem, e o bem mal".
4.
Ciência Cristã: Do latim "CIÊNTIA" e
significa conhecimento. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o
pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o
pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um da mente mortal. As escrituras denunciam o pecado como uma
violação positive da lei de Deus, com uma verdadeira ofensa que merece castigo
real, como está escrito: “0 salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23).
5.
A teoria da evolução: Esta teoria, considera o
pecado como herança do animalismo primitivo do homem. Como já estudamos em
livros anteriores, a teoria da evolução é anti5íb'_ica. Além disso, os animais
não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum
sentimento de culpa por seu comportamento, e além disso os anime.is não irão
prestar conta de seus atos 3 perante Deus e os homens por ser responsáveis
pelos seus atos também serão julgados.
O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A ORIGEM DO PECADO?
Primeiro, devemos afirmar claramente
que Deus mesmo não pecou, e Deus não pode ser culpado pelo pecado. Tiago diz:
Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e a ninguém tenta. (Tg 1.13). A luz dessa prova bíblica, seria
blasfemo falar de Deus como autor do pecado. Foi o homem que pecou e foram os
anjos que pecaram, e em ambos os casos eles o fizeram por escolha voluntária e
deliberada.
Agora estudarmos as opiniões dos pais
da igreja a respeito da origem do pecado, vamos encontrar pontos divergentes de
opiniões, por exemplo:
1-
Irineu apontava como origem do pecado, a
voluntária transgressão e queda de Adão.
2-
Para Orígenes, as almas dos homens pecaram
voluntariamente numa existência anterior e, portanto, entram no mundo numa
condição pecaminosa, porém essa ideia estava tão sobrecarregada de dificuldades
que não pode encontrar aceitação geral.
3-
Santo Agostinho, teólogo do 50 século,
dizia que em Adão nós nos encontramos culpados e maculados porque herdamos o
pecado original, todo ser humano é escravo do seu pecado e que o seu livre
arbítrio possui uma fonte pecaminosa, morta espiritualmente, e que o homem
carece absolutamente da ação graciosa de Deus em todos os seus aspectos para
ser salvo, sendo exposta essa posição na doutrina da predestinação.
4-
Pélágio, teólogo britânico, que foi
contemporâneo de Agostinho, que viveu entre 360-420 d.C. Pelágio foi a Roma e
ficou chocado com os padrões morais da Yidade, por isso, tentou fazer algo a
respeito. Pelágio estava convicto de que a doutrina da total depravação humana
era causa de tantas pessoas evitarem assumir a sua responsabilidade moral; e
esse foi um dos fatores de suas formulações teológicas. Em 410 d.C., ele foi com o seu seguidor Coelestiu, à
África do Norte, onde permaneceu por breve período, isso levou-o a entrar em
contato direto com Agostinho, que reprovou duramente sua maneira de pensar
sobre a constituição do homem.
A doutrina pelagiana era da seguinte forma:
1.
Viver isenta do pecado é uma possibilidade
humana, embora isso requeira muita força de vontade. Em sua natureza básica,
apesar da queda; o homem tem a capacidade de vencer o pecado.
2.
O homem foi criado à imagem de Deus, e, apesar
da queda, essa imagem é real e viva, pois de outra sorte, o homem não seria
aquele homem criado por Deus. Essa imagem é ativa e poderosa, e confere ao
homem capacidades morais, se ao menos
ele
quiser usá-las.
3.
A vontade humana sempre foi e continua sendo
livre para escolher o bem. Essa vontade pode rejeitar o mal, porquanto isso
está no alcance do homem, inteiramente à parte de degradação do pecado. Para
Pelágio, o homem tem capacidade de escolher o bem ou o mal.
4.
Não existe tal coisa como pecado original ou
como pecado herdado, o homem torna-se no que é mediante sua descendência
proposital; mas ele tem capacidade de reverter isso para a obediência
proposital.
5.
Segundo Pelágio, o pecado original é uma
impossibilidade, visto que o pecado depende de um só ato da vontade, e não de
alguma questão de herança. O pecado é uma volição (vontade) depravada, e não
uma enfermidade da alma transmitida de geração em geração.
6.
Para Pelágio, os homens iluminados, mesmo sem
Ter nenhum contato com o cristianismo eram passivos de salvação, porque Deus os
julgariam de acordo a conduta de vida que tiveram, porque o homem seja cristão
ou não é imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, é possível a salvação para
uma pessoa que não seja cristã, basta viver uma vida de piedade, porque a
retenção da imagem de Deus, (apesar da queda no pecado) é o que empresta ao
homem imensa capacidade para o bem, como base na sua própria natureza. Os chamados
pagãos também trazem a imagem de Deus, e podem atingir uma verdadeira retidão;
e, com base nisso, é possível a salvação, sem qualquer contacto direto prévio
com o evangelho. Há uma graça comum que opera por meio de Cristo, e que não
requer qualquer organização religiosa especifica para que seja propagada. Isso,
porém, não significa que Pelágio negasse o uso e o poder da igreja. Mas ele
negava que o Logos (Cristo) limita-se à igreja quanto à sua presente atuação no
mundo.
Pelágio negava de modo absoluto a predestinação e afirmava
o livre-arbítrio.
As ideias de Pelágio foram fortemente
refutadas por Agostinho numa série de tratados que se tornaram conhecidos como
escritos antipelagianos. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito do
assunto era uma mistura de Agostinismo e pelagianismo.
7.
Jacobus Armínio (1560-1609 d.C.), professor
reformista da universidade de Leyden, na Holanda, ensinava que recebemos de
Adão a corrupção, mas não a culpa pelo pecado. Começamos nossa vida sem a
integridade original, impossibilitados de, sem a ajuda de Deus, obedecer Seus
mandamentos e destinados à morte. Por justiça, Deus nos dá o Espírito Santo,
que neutraliza a corrupção vinda de Adão. Isto torna a obediência possível. Ele
ainda ensinava que as tendências pecaminosas também podem ser chamadas de pecado.
Traçando um
ponto de equilíbrio.
Quando Deus criou o homem, este tinha
plena comunhão com Deus, vivendo sem pecado, porém quando pecou, seu espírito
humano perdeu a comunhão com Deus, gerando em si mesmo e em toda a raça humana
a morte física, espiritual e eterna. apóstolo Paulo diz que, portanto, assim
como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também
a morte passou a todos os homens...". (Rm 5.12). Na verdade essa "
expressão pecado original", pode ser mal entendida e se referir ao pecado
de Adão e não o pecado que é nosso como resultado da queda de Adão. Em outras
palavras quando Adão pecou passou para todos os homens a morte, por isso já
nascemos posicionalmente separados de Deus, provocando o desequilíbrio dos
instintos, gerando com isso o pecado em nós.
OQUE É PECADO?
A Bíblia emprega vários vocábulos no
Antigo e no Novo Testamento para definir o pecado.
Palavras que descrevem o pecado, no hebraico (hb) e no grego (gr).
a)
Chata 'th (hb) e hamartia (gr). Estes termos dão
o sentido de "desvio do rumo",
como o arqueiro que atira suas flechas e erra o alvo.
b)
Avon (hb) e adiki (gr). Aqui o sentido indica
"falta de integridade"; alguém que
se desvia do seu caminho original.
c)
Pesha (hb) e parabasis (gr). O pecado é visto
como uma revolta; uma
insubordinação à autoridade legítima de Deus, ou
rompimento de um pacto ou aliança.
d)
Resha (hb) e paraptoma (gr). Significam fuga
culposa da lei.
Todas essas palavras falam do pecado
com sentido ético, pois, envolvem relações sociais e espirituais.
Expressões bíblicas
que descrevem o pecado
a)
"Toda iniqüidade é pecado" (l Jo
5.17). Deus não classifica tipos ou tamanho de pecados como fazem os sistemas
sociais. Para o Altíssimo todo pecado constitui-se numa afronta à sua
santidade.
b)
"Todo pecado é ansgressão da lei" (I
Jo 3.4). Transgredir significa infringir, violar, quebrar a ei, passar dos
limites. Todo e qualquer mandamento divino deve ser obedecido, pois,
desobedece-lo significa transgredi-lo.
c)
"Tudo o que não é de fé é pecado" (Rm
14.23). Duvidar da Palavra de Deus constitui-se pecado, assim como, rejeitar o
Salvador e negar suas promessas, Jesus disse: "Do pecado, porque não crêem
em mim" (Jo 16.9).
O Novo
Testamento descreve o pecado como:
Errar o
alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo
Testamento. Pois o nosso alvo é Cristo (Hb. 12.2).
Dívida.
(Mt 6.12) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a Deus a
guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida.
Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter
remissão da dívida.
Desordem.
"O pecado é iniqüidade" (literalmente "desordem", 1 Jo
3.4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um
mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de
Deus; pior àinde, está-se convertido em lei para si mesmo e, dessa maneira,
fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo
que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de Deus. (Is 14.13, 14).
O anticristo é proeminentemente "sem-lei" (tradução literal de
"iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou
que é chamado Deus. (2 Ts 2.4-9). O pecado é essencialmente obstinação é
essencialmente pecado.
Desobediência.
Literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção (Hb 2.2)
"Vede pois como ouvis" (LC 8.18).
Transgressão.
Literalmente, "ir além do limite" (Rm 4.15). Os mandamentos de Deus
são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso
e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.
Queda. Ou f ta, ou cair (Ef 1.7) no
grego, donde a conhecida expressão, cair no pec o. Pecar é cair de um padrão de
conduta.
7 Derrota. Ê o significado
literal de palavra "queda" em Rm 11.12. Ao
rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de
Deus.
Impiedade. De uma palavra que significa
"sem adoração, ou reverência" (Rm 1.18; 2 Tm 2.16). O homem ímpio é o
que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e as coisas sagradas. Estas não
produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem Deus porque
não quer saber de Deus.
O erro. (Hb 9.7) Descreve aqueles
pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam
daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O
homem que desaforadamente decide fazer o mal incorre em maior grau de culpa do
que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
Pecado é tudo aquilo que fazemos em
desacordo com a vontade de Deus, e que contraria a Sua Palavra em desobediência
aos seus mandamentos. O pecado é um ato de rebelião contra Deus: "Qualquer
que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é
iniqüidade." (IJo 3.4)
Na verdade pecado são atos
desequilibrados ligados aos instintos. Quando Deus criou o homem, o criou alma
vivente com sua vida natural por meio dos instintos. Esses instintos são forças
motrizes da personalidade, são impulsos inatos, implan ados na criatura a fim
de capacitá-la a fazer instintivamente o que é ne ssário para originar e
preservar a vida natural. Assim escreve o dr. Leander Keyser: "Se no
início de sua vida a criança não tivesse certos instintos , não poderia
sobreviver, mesmo com o melhor cuidado paterno e médico".
Consideremos os seis
instintos mais importantes:
1-
Aquisição:
que nos conduz a adquirir as provisões de aquisição para o sustento próprio.(Gn
2. 8).
2-
Auto-presetvação:
Que nos avisa do perigo e nos capacita a cuidar de nós mesmos. (Gn 2.17).
3-
Alimentação:
Que nos impulsiona a satisfazer a fome natural. ( Gn 1.29).
4-
Reprodução:
que nos conduz a perpetuação da espécie. ( Gn 1.27-28; 9.1).
5-
Domínio:
que nos conduz a iniciativa própria, necessária para o desenvolvimento da
vocação e das responsabilidades. ( Gn 1.28; 2.15).
6-
Comunhão:
Que nos conduz a um relacionamento com o seu próximo e com o Criador. ( Gn
3.8).
Portanto quando Adão pecou, os seus
instintos (impulsos naturais), ficaram totalmente desequilibrados, gerando
assim as obras da carne, que pode ser definida como a soma total dos instintos
do homem, não como vieram das mãos do Criador, e sim como são na realidade,
pervertidos e feitos anormais e 8 desequilibrados pelo pecado. Esses instintos
desequilibrados representam à natureza humana não regenerada. É a deturpação
desses instintos e faculdades dados por Deus que forma a base para o pecado.
Por exemplo, o egoísmo, a irritabilidade, a inveja e a ira são desequilíbrios
do instinto de auto-preservação.
A compra de bens desenfreados sem um
orçamento prévio para ver se vai dar para pagar ou não, ou até o roubo e a
cobiça são desequilíbrios do instinto de aquisição (Ex 20.15; Mt 19.18; Mc
10.19; LC 18.20; Rm 13.9). A glutonaria é o desequilíbrio do instinto de
alimentação, portanto é pecado (GI 5.16). A impureza sexual (Gr pornéi), é o
desequilíbrio do instinto de reprodução. A arrogância, o autoritarismo, a
injustiça, e a implicância representam o desequilíbrio do instinto de domínio.
A idolatria, a feitiçaria, e todos as falsas religiões são o desequilíbrio do
instinto de comunhão. Assim sob o poder da culpa, a alma tornasse separada de
Deus sem suas transgressões e pecados. (Ef
2. I). Porém existe um remédio, a cura dupla, tanto para a
culpa como para o poder do pecado.
Vejamos:
Porque o pecado é uma ofensa contra
Deus, exige-se uma expiação para remover a culpa e purificar a consciência.
Para resolver esse problema a provisão de Deus e o sangue de Jesus Cristo, que
tem poder de nos purificar de todo pecado.
1- Como o pecado traz doença a alma e
desordem ao ser humano, requerem-se um poder curativo e corretivo que só é
possível mediante a operação do Espírito Santo, no espírito humano, através da
circuncisão do coração e da mente pelo poder da palavra de Deus, que
endireitará as tortuosidades da nossa personalidade através da santidade,
produzida pelo fruto do Espírito no nosso espírito humano. (Gl 5.22-23).
Em outras palavras, o pecado é o desequilíbrio dos
instintos, a santidade e o equilíbrio deles.
Os Instintos do homem:
1- Aquisição
2- Autopreservação
/ Ego (alma)
3- Alimentação
/ Intelecto
4- Reprodução
5- Domínio
/ Vontade
6- Comunhão
/ Sentimento
"Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar
contra ti.." SI.119:11
"Porque segundo o homem interior, tenho prazer na lei de
Deus." Rm.7:22
V- A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA.
Deus é o Criador de todas as coisas.
Entretanto, não é responsável pela manifestação do pecado. Veja o que diz a
Palavra de Deus: "longe de Deus a impiedade, e do TodoPoderoso, a
perversidade" (Jó 34.10). Portanto, constitui-se blasfêmia contra Deus
atribuir-lhe a autoria do pecado.
Na verdade, o pecado é um ato livre das
criaturas de Deus, uma vez que elas são seres morais, dotadas da capacidade de
perceber o certo e o errado. O homem é um agente moral livre para
decidir o que fazer da sua vida.
1- A origem do pecado no Universo.
O pecado originou-se nas regiões
celestiais quando o Diabo, querubim que servia na presença de Deus, enche-se de
arrogância e desejou usurpar o trono do Criador (IS
14.13, 14). Por sua livre vontade escolheu o caminho do
pecado, o que motivou sua destituição das suas funções celestiais, condenação,
e execração eterna.
A origem do pecado na
raça Humana
A Bíblia ensina que o pecado de Adão afetou muito mais que
a ele próprio (Rm 5.1221; 1 co 15.21 ,22). Esta transgressão de Adão é chamada
de pecado original. Esse pecado do primeiro homem, Adão passou a fazer parte da
natureza humana.
O pecado de Adão o fez culpado, e sua
culpa foi automaticamente imputada a toda a sua descendência (Rm 5.12-19;
Ef2.3; I co 15.22).
"E plantou o Senhor Deus um jardim
no Éden, da banda do oriente, e pós ali o homem que tinha formado" (Gn
2.8). Adão o primeiro homem era santo, livre do pecado e vivia em perfeita
comunhão com Deus . Não obstante, o Senhor ter criado o homem perfeito, deu a
ele o livre arbítrio, ou seja o direito de obedecer e viver eternamente, ou de
desobedecer e receber como castigo a morte, espiritual, fisica e eterna:
"E ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo: De toda árvore do jardim
comeras livremente, mas da arvore da ciência do bem e do mal, dela não comeras:
porque; no dia em que dela comerdes, certa ente morreras" (Gn 2 .16-17).
Infelizmente, como todos nós sabemos o homem falhou, escolhendo o caminho da
desobediência (Gn 3.6), recebendo como salário do seu ato a morte, porque está
escrito: "A alma que pecar essa morrera", o apostolo Paulo, diz
também acerca de Adão: "Pelo que como por um homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
por isso que todos pecaram" (Rm 5 .12).
Através da transgressão e queda de
Adão, o pecado como principio do mal conseguiu penetrar na raça humana,.
"porque todos pecaram"...(Rm.5.12). Paulo não diz que toda a
humanidade estava presente em Adão e que assim ela participou do seu pecado e
por isso herda a sua culpa. Paulo não diz, em nenhum lugar, que Adão foi o
cabeça coletivo dos seus descendentes, nem que o pecado de Adão foi-lhes
imputado.
Todos são culpados diante de Deus por
causa dos seus próprios pecados pessoais, porque "todos pecaram" (v.
12). O único ensino no tocante a isso, que tem apoio bíblico, é que homens e
mulheres herdam A morte (Rm 6.1 ). A morte entrou no mundo através do pecado e
por isso todos estão sujeitos à morte, (Rm 6.. 12,14; cf. 3.23; Gn 2.17; 3.19;
5.14). raça humana experimentou a morte, não porque transgrediu a lei oral de
us, com sua pena de morte, como no caso de Adão (VV. 13,14).
A Bíblia nos ensina que durante um
período da vida da criança se elas morrerem ainda na faze da inocência Deus não
lhe imputa pecado, pois não existe nenhuma lei que se atreva a acusá-lo, antes
de seus primeiros sinais biológicos dentários se manifestarem. (Rm 7.9). Alguém
poderá dizer: Como uma criança poderá ser salva sem crer no evangelho e nascer
de novo? A resposta está no que disse Paulo em Romanos 7. 0utrora, sem a lei,
eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri. E necessário
compreender bem este assunto.
A morte dos cananeus na conquista de
Israel por Josué ao fio da espada, ou das crianças de Sodoma e Gomorra, de
certa maneira foi uma ato de misericórdia de Deus para muitos deles, porque não
chegariam à estatura dos seus pais
levando sobre si a sua culpabilidade pessoal, e da
"cultura" de seus ancestrais. Sua morte guardava suas almas e naquele
dia não faltará representante de nenhuma tribo, povo, língua ou nação.
Hoje, todas as crianças que morrem
antes do que diz em Romanos 7.9, vão para o Paraíso celestial. Vão em alma,
pois os seus corpos físicos ficam na sepultura. Portanto, a ideologia das
crianças no céu é imaginária, porque a alma não tem medida.
O texto de Salmo 51.7 não se aplica á todos os homens, mas a
vida pessoal de Davi como consta sua história. O texto de Apocalipse 20,
"grandes e pequenos" não se refere às crianças e a adultos, porque a
alma não tem tamanha ou estatura.
O Que o Pecado Afetou?
1- Afetou as regiões
celestes:
As consequências trazidas pelo pecado,
produziram prejuízos incalculáveis em todas as dimensões da existência.
A grande catástrofe da queda de
Satanás, trouxe grande ruína tanto no universo fisico como no espiritual. O
grande inimigo de Deus e dos homens, abriu uma grande
"cisão" na região setentrional [região norte] do
céu, onde existe um "vazio" (Jô 26.7; Is 14.13-15). O pecado e queda
de Satanás afetaram os céus, infestando as regiões celestes com seres caídos.
Eles ali existem, como inimigos de todo o bem, eles são vistos nestas regiões
fazendo guerra aos santos. Suas disposições hostis, opõem-se a Deus e aos
homens (Ap 12.7). Com a queda deste terrível ser, ele passa a conquistar
"um terço" dos anjos de Deus, os quais depois se dividiram em do•s
grupos distintos em relação a sua posição e serviço.
2- Em relação a terra
"E a Adão disse: Porquanto deste
ouvidos a voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não
comerás dela: maldita é a terra por causa de ti..." (Gn 3.17). No
principio Deus criou tudo muito bom. Mas após o pecado de Adão, a terra perdeu
seu estado original de configuração. E vem sobre ela a segunda
maldição pronunciada por deus em relação ao pecado. Ela trata da mudança
operada na própria terra.
3- Em relação ao reino animal
Como conseqüência do pecado do homem, o
reino animal sofreu alterações nítidas, em sua estrutura e comportamento. Ele
trouxe sobre eles um sentimento
de ferocidade e de destruição. As feras passaram a
perseguirem os homens e de igual modo, os homens as feras (Gn 9.1-3; Jz 14.5; 2
RS 2.24; Ez 14.21 Porém no reino Milênial, a ferocidade das feras será removida
(Is 1 1.6).
4- Em relação à raça humana
"Pelo que, por um homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todos os homens
por isso que todos pecaram" (Rm 5.12).
O pecado praticado pelo primeiro homem,
Adão, furtou da humanidade a verdadeira vida e liberdade, impondo sobre ele o
silêncio da morte, pois por causa de Adão, a "...morte passou a todos os
homens".
A NATUREZA DO PECADO.
1) Na esfera da conduta
fraternal:
A palavra grega, para pecado esse esfera é: "adikia"
e significa; maldade, injustiça, violência ou conduta injuriosa. (Gn 6.11; PV
16.29). Ao excluir a restrição da lei, o ser humano maltrata e oprime o seu
próxima 2) Na esfera da santidade:
As palavras bíblicas para descrever o pecado nesta esfera
implicam que o ofensor já tenha conhecimento da revelação de Deus. O povo de
Deus ao sair da terra do Egito, recebeu de Deus, através de Moises, as leis e
os mandamentos do Senhor, (Ex 24.110) para se tornarem um povo santo e separado
das demais nações ímpias: "Porque eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto,
vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo;... Porque eu sou o
Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e
para que sejais santos; porque eu sou santo." (Lv.11.44.45). Deus queria
que cada israelita fosse santo, isto é, separado para Deus, em toda a atividade
e esfera de suas vidas, sendo regulados pela lei do Senhor. Todo israelita que
praticava algo que estava em desarmonia com a lei de Deus era considerado
imundo ou profano.(Lv 21.14; Hb 12.16). Se porventura ele continuasse no erro,
era considerado transgressor (SI 37.38; Is 53.12). Se continuasse neste último
caminho, era julgado como criminoso, e considerado como publicano, ou seja
excluído da congregação do Senhor.
3) Na esfera da Verdade:
Existem pelo menos seis palavras que
descrevem o pecado nesta esfera, e que mostra quão terrível e destruidor ele é,
Vejamos isso:
1- Desobediência:
literalmente, " ouvir mal", ouvir com falta de atenção, pode ser
chamado também de pecado de omissão: "Aquele, pois, que sabe fazer o bem e
o não faz comete pecado. (Tiago 4:17 2.2; Lc 8.18).
2- transgressão:
literalmente "ir além do limite" praticar o mal deliberadamente. (Rm
4.15).
3- Queda:
de o grego cair no pecado, pecar é cair de um padrão de conduta, a queda de
Adão produziu uma queda na conduta do homem (Ef 1.7).
4- Derrota:
é o significado literal da palavra "queda" (Rm 11.12).
5- Erro:
Descrevem aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância do homem. (Os
4.6).
6- Impiedade:
deriva de uma palavra que significa; "sem reverencia ou temor às coisas
sagradas" O homem ímpio, é aquele que está sem Deus, porque não quer saber
Ele. (SI 10.4; 53.1).
O PRIMEIRO PECADO E
QUEDA DO HOMEM.
A queda do homem foi ocasionada pela
tentação da serpente, que semeou na mente da mulher as sementes da desconfiança
e da descrença na palavra de Deus. Embora a intenção do tentador fosse levar
Adão, o chefe da aliança, a cair, não obstante dirigiu-se a Eva, provavelmente
porque ela não recebeu diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e,
por conseguinte, seria mais suscetível de ceder à tentação alcançando assim o
coração de Adão.
1. A degradação do homem.
A queda do homem, sem dúvida foi o mais
negro capítulo da história da humanidade. Vejamos como e Bíblia a registra:
"Ora, a serpente era mais astuta
que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à
mulher: E assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do Jardim? disse a
mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas, do fruto da
árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele
tocareis, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente
não morrereis. Porque Deus sabe que no dia que dele comerdes, se abrirão os
vossos olhos, e sereis como Deus; sabendo o bem e o mal. E, vendo a mulher que
aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável
para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido,
e ele comeu com ela. Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que
estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais (Gn
3.1-7).
2. cinco passos para a queda.
O Passo da queda de Eva está no fato
dela ter dado ouvido as palavras sedutoras da serpente, assim fazendo, ela foi
abrindo o seu coração a ponto de aceitar a insinuação de Satanás, e desejar
tornar-se igual a Deus, conhecendo o bem e o mal. Estas atitudes precederam os
cinco passos da queda:
I. OLHOU — "vendo a mulher que a
árvore era boa para se comer, agradável aos olhos... " (vá).
2.
DESEJOU- "arvore desejável para dar
entendimento... (v6).
3.
TOMOU-"... tomou do fruto... (v6).
4.
COMEU-"...comeu... e ele comeu" (v6).
5.
MORREU-"... n dia em que dela comeres,
certamente morrerás" (012.17).
A expressão "morrerás" usada
no texto acima, fala tanto da morte espiritual quanto física. E é exatamente a situação em que se
encontra a humanidade até hoje diante de Deus.
O pecado Adâmico em três dimensões.
Tudo
o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a da vida, não é do Pai, mas do
mundo 1jo 2:16
Neste verso que se encontra na primeira carta do apóstolo
João, vemos que o pecado original de Adão e Eva tem se constituído padrão do
pecado do homem no decorrer dos séculos. Vejamos:
a) "Árvore era boa para se
comer"(CONCUPISCÊNCIA DA CARNE) "agradável aos olhos"
(CONCUPISCÊNCIA DOS OLHOS) e "Desejável para dar entendimento"
(SOBERBA DA VIDA).
As três
concupiscências:
1. A
concupiscência da carne (operada pelos instintos).
2. A
concupiscência dos olhos (operada pelos sentidos).
3. A
soberba da vida (operada pela vaidade, o pecado predileto de Satanás).
Salomão escreveu o livro de Eclesiastes
por causa destas três lições: "Atentei para todas as obras que se fazem; e
eis que tudo era vaidade e desejo em vão".(Ec 1.14).
O apostolo João somente nos ensina que
devemos confessá-los e deixá-los. Quando os confessamos, Deus nos purifica de
todas estas maldades. O arrependimento opera o desejo de ser livre de toda
condenação. A confissão abre as portas para que sejamos livres.
O homem tem sempre de si dois caminhos
a escolher; o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: A própria e a de
Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez da de Deus, fez uma escolha
egoísta, em vez de altruística. Escolheu a maldição em vez da benção, a morte
em vez da vida, e o resultado foi à separação de Deus, e a condenação.
CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA
DO HOMEM.
1. Medo
e fuga:
"Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive
medo e me escondi" (GN3.10).
Quando alguém faz algo errado, ou que
não está de acordo com a lei, sua primeira atitude é de medo e fuga. Isto
porque ele sabe que há leis que não só proíbem o erro, mas também reprimem e
punem o transgressor. Foi estas a atitude de Adão e Eva; pecaram, e por saberem
que estavam desobedecendo as palavras de Deus, temeram e fugiram. Deste então a
humanidade vive em constante fuga para não se encontrar com Deus:
2. Maldição
sobre a serpente:
Então, o Senhor Deus disse à serpente:
Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os
animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua
vida. E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua
semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o 3.14-15).
A
serpente recebe\! pior maldição que qualquer
outro animal. Foi condenada a rastejar sobre b seu ventre e a comer pó da
terra. A serpente, parecia encontrar-se em posição ereta; ao ouvir de Deus a
sua maldição, passou a se arrastar sobre a terra. Uma outra coisa que
entendemos desta passagem é que a sentença que Deus deu para a serpente recaiu
também sobre Satanás, visto ser ele a verdadeira serpente, que se opõe a Deus e
a sua obra
3. Punição
sobre a mulher:
"E à mulher disse: Multiplicarei
grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo
será para o teu marido, e ele te dominará (Gn 3:16)
A
dor não é uma consequência do pecado.
A dor já existia no ser humano antes da queda, pois é uma
autodefesa do corpo. Os sensórios de dor foram planejados por Deus para que o
homem não se sentisse como um leproso. Os sensórios de dor evitam que o homem
perca os membros de seu corpo e cuide deles. A dor ativa o sistema de proteção
biológico do corpo. Com a entrada do pecado, a dor foi ampliada na mulher
quando ela estivesse em trabalho de parto (Gn 3.16a). Uma outra coisa que quero
dizer dentro desse assunto é com respeito a sexualidade que segundo a Bíblia o
homem desfrutava antes da queda, (Gn. lv 28-31; 2v 24).
A sexualidade entre o marido e mulher é
uma benção. O sexo santifica o marido e a mulher (ICO 7.10). Mas tudo aquilo
que é desequilibrado dos
instintos do homem, seja na área de domínio, autoproteção,
comunhão, alimentação e aquisição é pecado, porque pecado é o desequilíbrio de
um destes instintos, que fere a natureza de Deus e Deus sentencia a separação
de sua presença, pois fere a sua lei de espírito e vida!
4.
A terra foi amaldiçoada:
"...maldita é a terra...Ela produzirá cardos e
abrolhos..." (Gn 3.17-18).
A terra foi amaldiçoada, a própria
natureza sofreu devido à queda, portanto, impedida de produzir apenas o que era
bom, passando a exigir trabalho laborioso e sofrido do homem. Esta é a situação
em que a terra tem se encontrado desde então, e continuará até o
estabelecimento do governo milenial de Cristo.
5.
Punição sobre o Homem: O Trabalho penoso.
E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de
tua mulher, e comeste da arvore que eu te ordenara não comesses: maldita é a
terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias te tua
vida. Ela produzira também cardos e abrolhos, e tu comeras a erva do campo. No
suor do teu rosto comeras o teu pão , até que tornes á terra, pois dela foste
formado: porque tu és pó e ao pó retornará (Gn 3. 17-19).
O trabalho é uma benção, não é uma maldição. O homem não
passou a trabalhar como consequência a do pecado. Deus criou o homem para
trabalhar na terra (Gn 2.5), mas com a consequência do pecado o trabalho
começou a ser mais árduo e pesado (Gn 3.19).
6.
O Conhecimento do Bem e do Mal:
"Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou
como um de nós, conhecedor do bem e do mal..."
Antes da queda, o homem era capaz de
viver sem pecar; após a queda ele passou a conhecer os efeitos, do bem e do
mal. Ao desobedecer a Deus, ele adquiriu o conhecimento do pecado, escolhendo o
mau aos olhos de Deus.
7.
Deus veste o homem e ó expulsa do Jardim do
Eden:
Fez o Senhor Deus vestimenta de peles
para Adão e sua mulher e os vestiu....o Senhor Deus, por isso, o lançou fora do
Jardim do Éden..." (Gn3. 21 e .23).
Adão tinha uma vestimenta celestial,
não se vestia, estava nele, era dele, não era como as pernas dos animais, era
algo que saia como uma luz do seu espírito. Com o pecado o homem perdeu a
vestimenta original. Vestiu-se de folhas de figueira, que representa a justiça
própria humana. Porém Deus o vestiu de pele de animal, como um tipo da justiça
divina representada pelo cordeiro imolado deste a fundação do mundo.
O jardim do Éden, era lugar de delícias
e comunhão com Deus, onde a presença de Deus se encontrava com o homem pela
viração do dia. Agora em pecado, o homem jamais poderia continuar ali. (Is
59.1). Por isso foi expulso da presença de Deus. Sem dúvida, esta foi a maior
das consequências da queda até aqui mencionadas.
8. Proibido
de comer da arvore da vida:
"E, havendo lançado fora o homem,
pôs querubins ao oriente do jardim do Eden e uma espada inflamada que andava ao
redor, para guardar o caminho da árvore da vida". (Gn 3.24).
Após o homem ter comido da arvore do
conhecimento do bem e do mal, Deus em um ato de misericórdia, o impediu de
comer da árvore da vida, para que ele não se tornasse pecador eterno, vivendo
uma existência de eterna tristeza e miséria, sem Deus.
9. Morte
espiritual, física e eterna:
"Pelo que, como pó um homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, por isso que todos pecaram" (Rm 8.12).
Como todos nós sabemos, infelizmente o
homem pecou, desobedecendo a ordem divina, recebendo como recompensa da sua
desobediência; a morte física (Separação da alma do corpo), morte espiritual
(Separação da comunhão com Deus) e morte eterna (Chamada também de segunda
morte, porque está vincula a alma, e a eterna separação entre ele e Deus).
Embora, que no caso de Adão e Eva, Deus providenciou, um animal que foi imolado
para vestir o homem diante de Deus. Na tipologia, cremos que esse animal
representava Cristo, como um tipo de redentor do primeiro casal. Ainda hoje,
para o homem escapar da morte, eterna, e só através do Senhor Jesus que por
meio do seu sacrifício na cruz do calvário, venceu o diabo, o pecado e a morte,
e com seu sangue nos resgatou.
Aleluia!
"...Jesus Cristo, o qual aboliu a
morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho" (2 Tm 1.10)
ver também (1 co 15.52).
10. Existência
física reduzida, pobreza, enfermidade e escravidão.
"Então, disse o Senhor: Não
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne;
porém os seus dias serão cento e vinte Gn 6.3).
A queda do homem trouxe problemas não
só espirituais, mas fisicos também; seu destino de viver eternamente, agora
estava reduzido a morte prematura, além de estar sujeito à pobreza, a
enfermidade e a escravidão do pecado.
11. Perda
da semelhança moral de Deus:
O homem, desde a sua criação, estava em
um nível superior as demais criaturas.com uma inteligência em um nível de
perfeição:
"Havendo, pois, o Senhor Deus
formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão,
para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma
vivente, isso foi o seu nome” (Gn 2.19).
Essa semelhança moral com Deus, após a
queda foi interrompida, levando o homem tantas vezes a nível moral tão baixo, a
ponto de identifica-se melhor com os irracionais do que com aquele que o criou.
12) A promessa de um Redentor:
Encontramos o princípio desta promessa,
quando Deus disse á serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre
a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar." (Gn 3.15) Embora este versículo seja uma penalidade
de Deus á serpente, esta implícita a promessa de Deus para redenção do homem .
Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho, nascido de mulher (GI 4.4,5),
que veio ao mundo para esmagar o poder do diabo (Mt 1.23,25; Col 2.15). Porém a
vitória não seria sem sofrimento: " E tu ( a serpente) lhe ferirás o
calcanhar". No calvário a Serpente feriu o calcanhar da semente da mulher,
mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Is 53.3-12, Mt 4.1-10). A
promessa foi cumprida, como expressão da graça de Deus para com o homem
"Porque a graça de Deus se há manifestado trazendo salvação a todo os
homens." (Tt 2.11), ler também (Ef 2.8,10).
XIII- O PECADO: UMA ANÁLISE BÍBLICA.
Dada à importância go assunto, e em
decorrência dos diferentes conceitos do pecado, chamamos a sua atenção para as
seguintes particularidades segundo o conceito Bíblico:
1. E uma
classe específica de mal.
Embora o pecado seja um mal, é bom
lembrar que nem todo mal é pecado, a momentos que o próprio Deus cria um mal:(
IS 45.7), para servir de instrumento de justiça e punir os rebeldes, como
aconteceu no Egito, onde Deus enviou as dez pragas para julgar Faraó; em suma,
o pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado.
2. Tem um
caráter Absoluto.
O contraste entre o bem e o mal é
absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos.
Tanto que a transição entre um e outro
não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que é bom, não se
torna mal só por diminuir a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva
a envolver-se com o pecado. O homem tem que estar qu do lado do bem ou do mal,
o próprio Cristo disse: "Quem não é por mim, e contra mim; e quem comigo
não ajunta espalha" (Mt 12.30). A realidade bíblica sobre este assunto, é
que não existe uma posição neutra.
3) Está
sempre relacionado com Deus.
E impossível, se ter um conceito
correto do pecado, sem vê-lo em relação com a santidade, justiça e vontade de
Deus, pois é interpretando assim que o pecado pode ser compreendido como:
"falta em relação à lei de Deus" Vejamos alguns versículos que
mostram claramente isso:
Todo aquele que
pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pecado é a transgressão da
lei" (I Jo 3.4)
"...se,
todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos ela lei
como transgressores. (Tg 2.9).
4) Inclui
tanto a culpa como a corrupção.
A palavra culpa, com relação ao pecado,
expressa a reação que a justiça tem com o pecado. A culpa e também um estado em
que o transgressor sente merecer o castigo pela violação de lei, seja moral ou
espiritual. A culpa, só pode ser removida por meio do arrependimento,
confissão, abandono e substituição, mediante a satisfação das exigências da
lei: "'Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é
coberto. Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em
todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se
tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não
encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu
perdoaste a maldade do meu pecado (SI 32.1,3,4,5).
O pecado tem origem no coração:
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o entenderá (Jr
17.90).
O coração, aqui significa o âmago da
alma, de onde flui a vida, ele é o centro das influências que põe em operação o
intelecto, o sentimento e a vontade, é o nosso verdadeiro "EU
CONSIENTE". O pecado, teve origem no coração do homem, fazendo com que ele
desobedecesse a Deus.
Sobre o coração, o Senhor Jesus disse:
"Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfemias (Mt 15.19).
A EXTENSÃO DO PECADO.
Desde a dimensão da Eternidade passada
quando Lucifer pecou até a morte de Cristo na cruz, podemos dividir o avanço do
pecado em seis etapas, a saber:
1- Do Éden de
Deus ao Éden de Adão:
Do Éden de Deus descrito em Ezequiel
28, até a tentação dos anjos, temos um espaço de tempo que não fora revelado
nas Escrituras. Após ter pecado, Satanás se voltara agora para os seres
celestiais e conseguiu a adesão de um terço destes seres angelicais (Ap 12.4).
Do Éden de Deus que vem citado em
Ezequiel 28, temos a primeira destas seis etapas. O pecado do diabo afetou a si
mesmo e depois o mundo angelical. O príncipe das trevas fomentou a primeira
rebelião contra Deus e suas hostes, dando início uma nova forma no mundo
tenebroso que acabara de ser por ele formado a fim de agregar nele seus
adeptos, que aderiram as suas idéias sombrias na revolta contra Deus, nas
esferas de seu domínio.
2- Dos Anjos
até Adão
Após arruinar o mundo angelical,
conquistando um terço dos anjos de Deus e os lançando para o campe de
destruição, Satanás idealiza a queda do homem e de sua mulher no Jardim do
Éden.
3- De Adão
até o Dilúvio
Depois do fracasso do homem, e as
conseqüências que acabamos de mencionar acima, o pecado avança numa escala
ascendente. Entra o mal, a morte, a discórdia, o fratricídio, a vingança
desmedida, a depravação que culmina no dilúvio. Depois do dilúvio, Deus começa
uma nova ação num ponto da história, com Noé.
4- De Noé até
Abraão
De Noé até Abraão, passou-se 8
gerações, quando Deus estabelece uma nova aliança com esse patriarca. Quando a
lei foi dada por Deus aos filhos de Israel. Deus renova o Pacto com os
descendentes de Abraão; o da circuncisão que servia como sinal de Deus em
Abraão e seus descendentes, de separação dos povos gentílicos e das
contaminações de seus pecados. Os rabinos judaicos costumam dizer: "Os
povos que vieram antes de Abraão não eram judeus. Adão, que desobedeceu a Deus
era uma pessoa comum no pior dos casos; Noé, honrado em seu tempo, era uma
pessoa comum no melhor dos casos".
5- De Abraão
até a Lei
A Bíblia nos informa que houve um
período da preparação de Abraão até Moisés quando as Escrituras dizem: .a lei
foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo " (Jo I.
17). Isto é, Deus levantou Abraão, Isaque e Jacó e depois destes seus filhos,
os patriarcas como sendo os representantes legais de sua graça ali oculta e
depois manifestada em Cristo e por Cristo. A partir de Moisés até Jesus, quando
perdurou o período da lei, os sacrifícios ali estabelecidos jamais foram
suficientes com todas as suas ordenanças e exigências de deter o avanço das
forças do pecado. Mesmo havendo determinadas alternativas oferecidas por parte
de Deus, Paulo diz em Romanos
Conforme já tivemos a oportunidade de
expor acima, o pecado se desenvolveu em forma crescente e as alternativas que a
lei oferecia em relação ao pecado, para expiação do mesmo, somente os cobria,
isto é, cobria, mas não tirava, como no caso de Cristo que, não cobre — mas
tira o pecado (Jo 1.29).
O CONTRASTE ENTRE ADÃO E CRISTO.
1.
O PRIMEIRO ADÃO.
"Porque, como, pela desobediência
de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um,
muitos serão feitos justos" (Rm 5.14).
Através da transgressão e queda de
Adão, o pecado como princípio ou poder ativo conseguiu penetrar na raça humana,
por causa do desequilibro dos instintos.
2.
O SEGUNDO ADÃO.
"Porque, assim como a morte veio
por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim
como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo (1Cor
15:21-22).
A raça humana experimentou a morte não
porque transgrediu a lei oral de Deus, com sua pena de morte, como no caso de
Adão, mas porque os seres humanos realmente eram pecadores pela prática, bem
como pela sua natureza e transgrediu a lei da consciência, escrita nos seus
corações. Porém a graça de Deus, e a suficiência da provida por Jesus Cristo
são capazes para desfazer os efeitos da queda e do pecado. É essa a verdadeira
lição que Paulo nos mostra na seguinte passagem: "Adão trouxe o pecado e a
morte; Cristo trouxe a graça e a vida" (Rm 5.17).
AS DUAS CLASSES DE PESSOAS: OS NASCIDOS
DA CARNE E OS NASCIDOS DO ESPÍRITO.
"Jesus respondeu: Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito (Jo 3.4-5).
"Vós tendes por pai ao diabo e
quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio
e não se firmou na verdade, porque
não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do
que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." (João 8.44).
"Quem comete o pecado é do diabo,
porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou:
para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete
pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido
de Jo 3.8-9).
"Todo aquele que é nascido de Deus
não vive na prática do pecado, pois o que permanece nele é a divina semente,
ora esse não pode viver pecando porque é nascido de Deus" (1Jo 3.9)
Almeida R.A.
O apostolo João, deixa claro nestes
versículos, a grande diferença entre os filhos de Deus, e os filhos do diabo,
dizendo, que: Quem "Comete pecado, hamartano), que é um -infinitivo
presente ativo, que subentende ação contínua, é do diabo. João enfatiza que
quem realmente nasceu de Deus, não pode continuar a viver pecando
constantemente, porque a vida de Deus não pode permanecer em quem vive na
prática do pecado. (I Jo. I .5-7;2.3-11,15-17,24-29;3.6-24;4.7,8,20).
O novo nascimento resulta em vida
espiritual, a qual leva a um relacionamento de santidade sempre presente com
Deus. Nesta epístola, cada vez que João fala do novo nascimento, emprega o
tempo pretérito perfeito em grego, para enfatizar o relacionamento contínuo e
ininterrupto iniciado pelo novo nascimento. E impossível espiritualmente,
alguém ter em si a vida divina, e viver de modo pecaminoso. As vezes o crente
regride do alto padrão divino para a nova vida espiritual, por se afastar da
comunhão com Deus, o que poderá levá-lo a uma vida de derrota e ao pecado,
porém esse não é o projeto original de Deus para ele.
O que faz o crente evitar o pecado é a
"semente" de Deus permanecente nele. A "semente" é a
própria vida, natureza de Deus habitando no crente pela presença de Cristo em
nós, pelo poder das Santas Escrituras. Na realidade, todo crente pode viver a
cada momento livre de delitos e pecados contra Deus. O apostolo Paulo, diz o
seguinte acerca dessa verdade:
"Vós e Deus sois testemunhas de
quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que
crestes. Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a
cada um de vós, como o pai a seus filhos, para que vos conduzísseis dignamente
para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória." (I Ts 2.10-11).
Paulo não aceita o conceito errôneo de
um "cristianismo pecaminoso", o qual propaga que a salvação provida
por Cristo e seu sangue expiador não são suficientes para nos salvar do
cativeiro e do poder do pecado. Essa doutrina antibíblica afirma que todos os
cristãos devem pressupor que pecarão contra Deus todos os dias, por palavras e
obras no decurso de toda a sua vida. Refutando a doutrina supra, Paulo afirma
no tocante à sua própria conduta entre os tessalonicenses, que ele se
comportara "santa, justa e irrepreensivelmente"
Paulo conclamou tanto a igreja quanto o
próprio Deus como testemunhas de que a graça suficiente de Deys em Cristo o
capacitara a purificar-se "de toda a imundícia da carne do espírito,
aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 co 7.1; cf. 2 co 1.12;
2.17; 6.3-10; 1 Ts 1.5; 2 Tm 1.3). A verdade bíblica acerca disso é :
"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se
alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é
a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo (1 Jo 2.1-2).
A grande verdade é que os filhos de Deus, apesar de santos,
ainda pecam, não
porque vivem na prática do pecado, mas porque ainda estão
sujeitos ao pecado.
a) OBRAS DA CARNE: "Carne" (gr.
sarx) é o desequilíbrio dos instintos (Rm 8.68,13; Gl 5.17,21). Aqueles que
praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (5.21).
As obras da carne incluem:
1)
Prostituição: (gr. pornéia), i.e., imoralidade
sexual de todas as formas. Isto inclui„ também, gostar de quadros, filmes ou
publicações pornográficos ( Mt 5.32; 19.9; At 15.20,29; 21.25; ICO 5.1). Os
termos moichéia e pornéia são traduzidos por um só em português: prostituição.
2)
Impureza: (gr. akatharsia), i.e., pecados
sexuais, atos pecaminosos e vícios, inclusive maus pensamentos e desejos do
coração (Ef 5.3; Cl 3.5).
3)
Lascívia: (gr. a91geia), i.e., sensualidade. É a
pessoa seguir suas próprias paixões e maus desejos a ponto de perder a vergonha
e a decência (2Co 12.21).
4)
Idolatria: (gr. eidololatria), i.e., a adoração
de espíritos, pessoas ou ídolos, e também a confiança numa pessoa, instituição
ou objeto como se tivesse autoridade igual ou maior que Deus e sua Palavra (Cl
3.5).
5)
Feitiçarias: (gr. pharmakeia), i.e.,
espiritismo, magia negra, oração de demônios e o uso de drogas e outros
materiais, na prática da feitiçaria (Êx 7.11,22; 8.18; Ap 9.21; 18.23). 6) Inimizades: (gr.
echthra), i.e., intenções e ações fortemente hostis; antipatia e inimizade
extremas.
7)
Porfias: (gr. eris), i.e., brigas, oposição,
luta por superioridade (Rm 1.29; ICO
1.11; 3.3).
8)
Emulações: (gr. zelos), i.e., ressentimento,
inveja amarga do sucesso dos outros (Rm 13.13; ICO 3.3).
9)
Iras: (gr. thumos), i.e., ira ou fúria explosiva
que irrompe através de palavras e ações violentas (Cl 3.8).
10) Pelejas:
(gr. eritheia), i.e., ambição egoísta e a cobiça do poder (2Co 12.20; FP
1.16,17).
11) Dissensões:
(gr. dichostasia), i.e., introduzir ensinos cismáticos na congregação sem
qualquer respaldo na Palavra de Deus (Rm 16.17).
12) Heresias:
(gr. hairesis), i.e., grUpos divididos dentro da congregação, formando conluios
egoístas que destroem a unidade da igreja (l co 11.19).
13) Invejas:
(gr. Ohonos), i.e., antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo
que não temos e queremos.
14) Homicídios:
(gr. phonos), i.e., matar o próximo por perversidade. A tradução do termo
phonos na Bíblia de Almeida está embutida na tradução de mente, a seguir, por
tratar-se de práticas conexas.
15) Bebedices:
(gr. methe), i.e., descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de
bebida embriagante.
16) Glutonarias:
(gr. kromos), i.e., diversões, festas com comida e bebida de modo extravagante
e desenfreado, envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes.
As palavras finais de Paulo sobre as
obras da carne são severas e enérgicas: quem se diz crente em Jesus e participa
dessas atividades iníquas exclui-se do reino de Deus, i.e., não terá salvação
(5.21; ICO 6.9).
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b) O
FRUTO DO ESPÍRITO: O equilíbrio dos instintos, em contraste com as obras da
carne, tem o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama "o fruto
do Espírito". Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele
permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o
crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em
comunhão com Deus (Rm 8.5-14; 8.14. 2Co .6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9).
O fruto do Espírito inclui:
1)
Caridade ou amor: (gr. agape), i.e., o interesse
e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Rm 5.5; ICO
13; Ef 5.2; Cl 3.14).
2)
Gozo: (gr. chara), i.e., a sensação de alegria
baseada no amor, na raça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus,
bênçãos estas que pertencem àqueles que crêem em Cristo (SI 119.16; 2Co 6.10;
12.9; IPe 1.8; FP 1.14 ). 3) Paz: (gr. eirene), i.e., a quietude de coração e mente, baseada
na convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial (Rm 15.33;
FP 4.7; ITs 5.23; Hb 13.20).
4)
Longanimidade: (gr. makrothumia), i.e.,
perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero (Ef 4.2;
2Tm 3. IO; Hb 12.1).
5)
Benignidade: (gr. chrestotes), i.e., não querer
magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef 4.32; Cl 3.12;• 2.3).
6)
Bondade: (gr. agathosune), i.e., zelo pela
verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade
(LC 7.37-50) ou na repreensão e na correção do ma! (Mt 21.12, 13).
7)
Fé: (gr. pistisb, i.e., lealdade constante e
inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso,
fidedignidade e honestidade (Mt 23.23; Rm 3.3; ITm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt
2.10).
8)
Mansidão: (gr. praútes), i.e., moderação,
associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com eqüidade
quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso
(2Tm 2.25; I Pe 3.15;2Co 10.1 com 10.4-6; Gl 1.9).
9)
Temperança: (gr. egkrateia), i.e., o controle ou
domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade aos
votos conjugais; também a pureza (ICO 7.9; Tt 1.8; 2.5). O ensino final de
Paulo sobre o fruto do Espírito é que não há qualquer restrição quanto ao modo
de viver aqui indicado. O crente pode — e realmente deve — praticar essas
virtudes continuamente. Nunca haverá uma lei que lhes impeça de viver segundo
os princípios aqui descritos.
O apóstolo Paulo, na sua carta aos
Efésios, no capítulo 4: 17-32, ressalta a necessidade de deixarmos o pecado e
nos renovarmos em Cristo. Você já pensou no qy precisa ser deixado para trás na
sua vida?
OS TRÊS TIPOS DE HOMENS NA BIBLIA.
A Bíblia apresente • três tipos de
homens: O homem natural, como acabamos de ver acima e o espiritual, porém
existe um terceiro tipo de homem o carnal. O homem espiritual é o homem do
meio, o homem da moderação. Vejamos:
"Mas, como esta escrito:. As
coisas que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do
homem, são as que Deus preparou para os que amam. Porque Deus no-las revelou
pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmo as
profundezas de Deus. ,11. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem,
senão o Espírito do homem que esta nele? Assim também as coisas de Deus,
ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus. 12. Ora, nós não temos
recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito, mas sim o espírito que provém
de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos forma dadas gratuitamente
por Deus, 13. as quais também
falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana,
mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais
com espirituais.
14.Ora, (l) o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele é
loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente.
15.Mas o que (2) é espiritual
discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido" ICO 2.9-15.
"E eu, irmãos não vos pude falar
como a espirituais, (3) mas como a
carnais, como as criancinhas em Cristo. com Leite vos dei por alimento, e
não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podíeis"
ICO 3.1-2.
Características dos
três homens:
a.
- O homem natural não entende as coisas de Deus.
b.
- O homem espiritual compreende claramente as
coisas de Deus porque o seu coração é circuncidado e o Espírito Santo tem livre
acesso a sua alma e mente.
c.
- O homem carnal entende as coisas de Deus, mas
não as pratica, porque seu coração é incircunciso..
d.
- O homem natural não tem o Espírito Santo.
e.
- O homem espiritual tem o Espírito Santo
habitando nele.
f.
- O homem carnal tem o Espírito Santo nele, mas
vive sempre o entristecendo, bloqueando-o com seu duro coração.
g.
- O homem natural não aceita as coisas que são
do Espírito de Deus.
h.
- O homem espiritual aceita todas as coisas que
são do Espírito Santo de Deus.
i.
- O homem carnal aceita as coisas de Deus, porém
às vezes, não as confessa como sendo de Deus.
j.
- O homem natural é governado pela mente.
k.
- O homem espiritual é governado pelo Espírito
Santo de Deus.
l.
- O homem carnal é governado pela sua psique.
Ele demonstra sua falsa espiritualidade pela sua psique (mente).
m.
- O homem natural é um pecador por natureza..
n.
- O homem espiritual não vive pecando, porém se
pecar se arrepende.
o.
- O homem carnal vive pecando.
P. - O homem natural serVe a Satanás por natureza
q.
- O homem espiritual serve a Deus
exclusivamente.
r.
- O homem carnal tenta servir a Deus e a
Satanás.
s.
- O homem natural vive sem o Espírito Santo em
seu espírito humano.
t.
- O homem espiritual vive com o Espírito Santo
em seu espírito humano.
u.
- O homem carnal tem o Espírito Santo em seu
espírito humano, mas o bloqueia sempre com seu Ceração duro.
- O homem natural tem por centro
de sua vida a mente.
w.
O homem espiritual tem por centro de sua vida o
coração cheio da palavra de Deus.
x. - O homem
carnal tem por centro de sua vida o seu ego para demonstrar sua falsa
espiritualidade.
TRANSGRESSORES
No Antigo Testamento, especialmente no
Livro de Levítico, encontramos vários sacrifícios que eram oferecidos em favor
de diversas classes de pecadores; entretanto, outras transgressões eram punidas
sem misericórdias com pena de morte. Mas as que podiam oferecer sacrifícios,
estão descritas assim:
1-
Um sacerdote ungido. "Se o sacerdote ungido
pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado, que pecou, um novilho
sem mancha, ao Senhor, por expiação do pecado" (LV 4.3);
2-
A congregação. "Mas, se toda a congregação
de Israel errar, e o negócio for oculto aos olhos da congregação, e se fizerem,
contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que se não deve fazer, e forem
culpados. E o
pecado em que pecaram for notório, então a congregação
oferecerá um novilho, por expiação do pecado, e trará diante da tenda da
congregação" (LV 4.13-14);
3-
Um príncipe. "Quando um príncipe pecar, e
por erro obrar contra algum de todos os mandamentos do Senhor seu Deus, naquilo
que se deve fazer, e assim for culpado. Ou se o seu pecado, no qual pecou, lhe
for notificado, então trará por sua oferta um bode tirado de entre as cabras,
macho sem mancha". (LV 4.22 e 23).
4-
Qualquer pessoa. "E se qualquer outra
pessoa do povo da terra pecar por erro, fazendo contra algum dos mandamentos do
Senhor, aquilo que se não deve fazer, e assim for culpada. Ou se o seu pecado,
no qual pecou, lhe for notificado, então trará por sua oferta uma cabra fêmea
sem mancha; pelo seu pecado que pecou". (LV 4.27-28).
O pecado destas pessoas (ou
coletivamente) acima mencionadas era argüido de acordo com aquilo que
regulamentava a lei divina. Esse pecado sendo argüido assim desta forma
indicava, no pensamento de Deus, que cada criatura deveria receber aquilo que
merecia. Mas ninguém ficava sem castigo. Algumas passagens das Escrituras
tornarão este ponto mais claro. Nos elementos doutrinários do Senhor Jesus, ele
afirmou: "Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá MENOS RIGOR
para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade". (Mt 10.15). A
passagem de Lucas 12.47,48. Onde se diz: "E o servo que soube a vontade do
seu Senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado
com muitos açoitas. Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com
poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe
pedirá..."
OS CINCO TIPOS DE GEMIDOS CAUSADOS PELO PECADO.
1. O gemido da
Terra
"A terra geme e pranteia, o Líbano
se envergonha e se murcha; Saron se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo
foram sacudidos" (Is 33.9). Este gemido da terra, começou desde o dia
quando ela foi "amaldiçoada" por causa do pecado. Ela então, passou a
"gemer e a prantear".
2.O gemido da Criação
"porque sabemos que toda a criação
geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm 8.22).
O gemido da criação é um gemido
doloroso. Numa era futura, que será o Milênio, Deus libertará sua criação da
escravidão que o pecado lhe impõe, conforme é descrito pelo profeta Isaías em I
I .6-9, que diz: "E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o
cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e a nédia ovelha viverão
juntos, e um menino
pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e seus
filhos juntos se deitarão; e o leão comerá palha com o boi. E brincará a
criança de peito sobre a toca do áspide, e o já desmamado meterá a sua mão na
cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha
santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas
cobrem o mar". Outros profetas descrevem também esse tempo quando Deus
removerá a maldição da terra e da criação inteira em termos de grande amor.
3.O gemido
da Igreja
"E não só ela (a criação), mas nós
mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23).
"Porque também nós, os que estamos
neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas
revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida" (co 5.4). O gemido
constante de cada crente e por extensão de toda a Igreja, é esperado o momento
da "redenção do nosso corpo", conforme está declarado por Paulo no
texto em foco, que temos aqui nesta seção. Enquanto estivermos aqui neste
mundo, estamos a perigo, porque ainda não alcançamos a "redenção do nosso
corpo", mas somente a "redenção das nossas almas". Todos nós
gememos esperando aquele grande dia, quando ao lado de Cristo, nas nuvens
cantaremos o hino triunfal, seguido do grande brado que Paulo apenas escreveu
na introdução, quando disse: "Porque convém que isto que é corruptível se
revista da incorruptibilidade, e que isto que é morta se revista da
imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então
cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória"
(1 co 15.53-54).
4.O
gemido do Espírito Santo.
Da mesma maneira também o Espírito
ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis"
(Rm 8.26). O termo derivado dos vocábulos gregos para ("para o lado
de"), e kaleo ("chamar", "convocar"), dando o sentido
geral de "alguém chamado para ajudar ao lado do outrem".
Passou para o Novo Testamento, para
representar a pessoa do Espírito Santo em relação sua missão consoladora e
ajudadora da Igreja. A palavra traduzida por "ajuda" é extremamente
significativa. É formada por três palavras gregas — duas preposições e uma raiz
verbal que quer dizer "segurar". Nesse caso, o gemido do Espírito
Santo é causado por causa da Igreja. Em alguns momentos de provações, em que o
"pecado tão de perto nos rodeia", podemos
ver alguém ao "nosso lado" o Espírito Santo
gemendo com "gemidos inexprimíveis", ajudando-nos em nossas
fraquezas.
5.O
gemido dos perdidos.
servo inútil, lançai-o para
fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes". (Mt 25.30). Por
causa do pecado, o homem mudou o seu destino, se não se arrepender dos seus
pecados, irá para o inferno eterno onde o gemido será sem fim.
A ORIGEM DA TENTAÇÃO
O que é Tentação?
1.
Conceito. Tentação é "ato ou efeito de
tentar; disposição de ânimo para a prática de coisas diferentes ou
censuráveis". Biblicamente, podemos dizer que é o conveniente ao pecado.
2.
O significado na epístola. Em Tiago, tentações
têm o significado de perseguições, lutas e provações pelas quais o crente pode
passar.
A tentação tem três origens ou fontes:
1.
Da parte
da carne.
a) Tentação humana. A Bíblia nos diz
que "não veio sobre vós tentação, senão humana" (I co 10.13). Neste
texto, podemos entender que "tentação humana" é o desequilibro dos
instintos (Rm 7.5-8; Gl 5.13, 19).
2.
Da parte
do mundo. O mundo, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por
Deus. O Dicionário da Bíblia, de Davis, diz que "a palavra mundo se
emprega frequentemente para designar os seus habitantes", como em (SI 9.8;
Is 13.11 e Jo 3.16). O Dicionário teológico, referindo-se ao mundo, diz que
"No campo da teologia, porém, é o sistema que se opões de forma
persistente e sistemática ao Reino de Deus". João exorta a que não amemos
(I Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3.
Da parte
do Diabo. E a fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre
destrutivo.
a)
Jesus foi tentado. É a fonte mais terrível e
avassaladora da tentação. Dela, não escapou nem mesmo nosso Senhor Jesus
Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzido "pelo Espírito para ser
tentado pelo diabo" (Mt 4.1; Mc 1.13; LC 4.2). Foi o único que não caiu em
pecado (Hb 4.15).
b)
Homens de Deus foram tentados. Homens de Deus,
do porte de Abraão, Sansão, Davi, e tantos outros, foram tentados pelo
Adversário (Satanás) a fazerem o que não era da vontade de Deus, com sérios
prejuízos para suas vidas.
c)
Os homens comuns são tentados. Os homens são
tentados a praticar toda espécie de males, crimes, violência, estupros, brigas,
ciúmes, guerras, mentiras, calúnias, roubos etc.
d)
Os crentes são tentados. Até os crentes em Jesus
são vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com
escândalos, calúnias, invejas, divisões, rebeliões, busca pelo poder,
politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.
COMO VENCER A TENTAÇÃO
Sete Passos Para A Vitória na Tentação
1. Saber
utilizar a Palavra de Deus.
Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi
tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada
insinuação do maligno, ele usava a "espada do Espírito, que é a Palavra de
Deus" (Ef 6.17b), dizendo: "Está escrito..." (Mt 4.4,7, 10). Por
isso, é preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2. Através
da oração
Jesus nos mandou, orar sem cessar para
não cairmos em tentação (LC 22.40; 1 Ts 5.17). A maioria dos crentes, hoje, não
ora. Certo pregador disse: "O Diabo ri da nossa sabedoria, zomba das
nossas pregações, mas treme diante de nossas orações".
3. Através
da vigilância
Jesus enfatizou a importância da vigilância para não cairmos
em tentação (Nit
26.41).
4. Através da
disciplina pessoal
Falando sobre o "atleta
cristão", Paulo diz que "aquele que luta, de tudo se abstém" (I
co 9.25). Em seguida, afirma: "Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à
servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a
ficar reprovado" (ICO 9.27). Muitos caem, por exemplo, na tentação do
sexo, porque não sabem controlar seus instintos.
5. Resistindo
ao Dia o
O inimigo sabe qual é o ponto fraco de
cada crente. Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser
vitorioso (1 Pd 5.8,9; Tg 5.17). José hebreu, mesmo pagando terrível preço, não
se deixou vencer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.
6. Buscando
ser santo
É preciso que o crente viva a separação integral para Deus
(Hb 12.14; I Pd 1.15).
7. Ocupando a
mente com as coisas espirituais.
Isso se consegue através da oração,
jejum, estudo da Bíblia e da vida no espírito mantendo os instintos
equilibrados.
A tentação, no seu sentido mais comum,
é um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Diabo, cuja finalidade
é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o crente a pecar.
Para vencer, é preciso fazer como Jesus, que usou a "Espada do
Espírito" — a Palavra. É preciso usar as armas que Deus colocou à
disposição de Seus servos. Em Cristo, "somos mais que vencedores" (Rm
8.37).
O PECADO IMPERDOÁVEL.
"Portanto, eu vos digo: todo
pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada aos homens.
E, se qualquer disser alguma palavra
contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro" (Mt
12.31-320).
A blasfêmia contra o Espírito Santo é a
rejeição contínua e deliberada do testemunho que o Espírito Santo dá de Cristo,
da sua Palavra e da sua obra de convencer o homem, do pecado, da justiça e do
juízo. ( Jo 16.7-11).
Aquele que rejeita a voz do Espírito e
se opõe a ela, afasta de si mesmo o único recurso que pode levá-lo ao perdão.
Vejamos os passos que levam à blasfêmia contra o Espírito:
1. Entristecer o Espírito: Se isto for
contínuo, levará à resistência ao Espírito (Ef
4.30).
2. Resistir ao Espírito: Isso leva ao apagamento do Espírito dentro
da pessoa (l Ts
5.19);
3. Apagar
o Espírito: Essa atitude leva ao endurecimento do coração
(Hb 3.8-13)
4. Endurecimento
do coração: Leva a uma mente réproba e depravada, a ponto de chamar o bem de
mal e o mal de bem (Rm 1.28; Is 5.20). Como aconteceu com os fariseus que
conscientemente atribuíram os milagres de Cristo a obra de demônios. Quando
isso acontece o endurecimento do coração atinge certa intensidade que o
Espírito já não contenderá mais para levar aquela pessoa ao arrependimento (Gn
6.3; ver Dt 29.18-21;Pv 29.1 ).
Quanto àqueles que se preocupam pensando que já cometeram
o pecado imperdoável, a sua disposição de se arrependerem e quererem o perdão,
é evidência de que não cometeram o tal pecado imperdoável Esse pecado consiste
na rejeição, consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do
testemunho do Espírito Santo, com respeito à graça de Deus manifesta em Cristo
Jesus.
"Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade
supere os méritos da obra que Cristo efetuou na cruz do Calvário, ou porque o
pecado foge dos limites do poder restaurador do Espírito Santo, mas porque nos
domínios do pecado, a pessoa rapidamente manifesta um desafiante ódio de Deus,
a ponto de não ter no coração lugar de arrependimento".
A respeito disso, disse certo pastor: "Pecando o
homem contra Deus, veio Jesus para conduzi-lo de volta a Deus; havendo pecado
contra Cristo, veio o Espírito Santo para reconciliá-lo; mas, pecando o homem
contra o Espírito Santo, quem o há de salvar"?
"Porque é impossível que os que já
uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes
do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento;
pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao
vitupério (Hb 6.4-6).
Matéria:
ANGELOLOGIA
INTRODUÇÃO
Ao nosso redor há um mundo espiritual poderoso,
populoso e de recursos superiores ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos
passam em nosso meio, de um lugar para o outro, com grande rapidez e movimentos
imperceptíveis. Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar,
outros, porém, estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam
se existem realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se encontram e o
que fazem.
A palavra de Deus é a única fonte de informação
que merece confiança, e que possui respostas para estas perguntas. Ela deixa
claro que há outra classe de seres superiores ao homem. Esses seres habitam nos
céus e formam os exércitos celestiais, a inumerável companhia dos servos
invisíveis de Deus. Esses são os anjos de Deus, os quais estão sujeitos ao
governo divino, e o importante papel que têm desempenhado na história da
humanidade torna-os merecedores de referência especial. Existem também aqueles,
pertencentes a mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus
mas que agora se encontram em atitude de rebelião contra seu governo.
A doutrina dos anjos segue logicamente a doutrina
de Deus, pois os anjos são fundamentalmente os ministros da providência de
Deus. Essa doutrina permite-nos conhecer a origem, existência, natureza, queda,
classificação, obra e destino dos anjos.
A doutrina dos anjos é fundamentalmente o estudo
dos ministros da providência de Deus (são os agentes especiais de Deus). Como
em toda doutrina, há uma negligência muito grande desta, nas igrejas e entre os
teólogos, que chega a ser verdadeira rejeição. Considerado pelos estudiosos
contemporâneos como a mais notável e difícil das matérias, por isso tem sido
marco da implantação de grandes seitas e heresias, do mundo atual.
Três aspectos de negligência desta doutrina:
Primeiro - Desde o princípio do cristianismo, os
gnósticos prestavam adoração aos anjos (Cl 2.18); depois então, na Idade Média,
com as crenças absurdas dos rituais de bruxarias envolvendo culto aos anjos, e
agora em nossos dias, os estudos cabalísticos personalizados no meio esotérico
e místico, ensinam novamente o culto aos anjos, por meio de bruxos sofisticados
e modernos. Sabendo que antes de tudo, a existência e ministério dos anjos são
fartamente ensinados nas Escrituras, por isso, não podemos negligenciar os
ensinamentos sagrados.
Segundo - A evidência de possessão demoníaca e adoração
a demônios de forma veemente em nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar
grande luta com a grande idolatria que considerava adoração a demônios (1Co
10.19-21). Nos últimos dias, esta adoração aos demônios e a ídolos deve
aumentar bastante (Ap 9.20-21). A negligência deixa de existir para dar lugar à
um crescente pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Não
podemos negligenciar tal doutrina.
Terceiro - A prática acentuada do espiritismo que
crescerá assustadoramente nos últimos dias, conduzindo homens, mulheres e
crianças a profundos caminhos de trevas e cegueira espiritual (1Tm 4.1-2). E
ainda a obra de satanás e dos espíritos maléficos, atrapalhando o progresso da
graça em nossos próprios corações e a obra de Deus no mundo (Ef 6.12).
Deveríamos querer saber mais e mais dos ensinamentos
sagrados para podermos estar firmes contra as astutas ciladas deste inimigo
derrotado, Satanás, o anjo caído (Rm 16.20; Ap 12.7-9; 20.1-10).
2 - A DOUTRINA BÍBLICA DOS ANJOS
Preâmbulo
Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos
anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e
supersticiosas, induzindo-as à conceituações erradas e falsas sobre o mundo
espiritual. Nesta disciplina, procuraremos aclarar a verdade e a realidade do
assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada. Não poucas passagens das
Escrituras ensinam que há uma ordem de seres celestiais totalmente distintos da
humanidade e da Divindade, que ocupam uma posição exaltada acima da atual
posição do homem caído. Estes seres celestiais são mencionados pelo menos 108
vezes no Antigo Testamento e 165 vezes no Novo Testamento, e a partir deste
conjunto de Escrituras o estudante pode criar a sua “doutrina dos Anjos”.
Etimologia e conceito do termo
A palavra portuguesa anjo
possui origem no latim angelus, que por sua vez derivase do
grego angelos. No idioma hebraico, temos mal'ãk. Seu significado básico é “mensageiro” (para designar a idéia de ofício de mensageiro). O
grego clássico emprega o termo angelos para o mensageiro, o
embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o
enviou.
O termo teológico apropriado para esse estudo que ora
iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo” e logia, “estudo”,
“dissertação”). Angelologia se
constitui, portanto, de doutrina específica dentro do contexto daquilo que
denominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza moral e
atividades dos anjos. Quando
consideramos os anjos, como nas outras doutrinas, existe campo para o uso da
razão. Considerando que Deus é Espírito (Jo 4.24), que não participa de maneira
nenhuma dos elementos materiais, é natural presumir que existem seres criados
que se assemelham mais com Deus do que com as criaturas terrestres que combinam
o elemento material com o imaterial. Há um reino material, um reino animal e um
reino humano; assim, podemos presumir que há um reino angélico ou espiritual.
Contudo, a Angelologia não repousa sobre a razão ou a suposição, mas sobre a
“Revelação”.
Deus é autor de todas as coisas visíveis e
invisíveis
O ponto de partida está na declaração de que todas as coisas
criadas foram feitas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas,
segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11b). Portanto, o relato da obra da
criação no livro de Gênesis se constitui como o princípio e a base de toda a
revelação divina e, conseqüentemente, a base da relação do homem com Deus. A
Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24;
45.12). O apóstolo Paulo destaca a Pessoa de Jesus Cristo, na qualidade de
criador, mas diz que “todas as coisas são de Deus, o Pai” (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl
1. 15-17). O Espírito Santo participa da obra da criação em harmonia perfeita
com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl
104.30; Is 40.12,13.
A obra da criação teve um começo
A criação teve um princípio tanto
para as visíveis como para as invisíveis. A prova irrefutável do ponto de vista
bíblico está no primeiro versículo da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus
e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith, que literalmente significa
“começo”. O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um
início, um começo (Sl 90.2; 102.25). Por essas Escrituras, entende-se que, num
momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a
substância que antes nunca existiram. Quanto à existência do mundo espiritual,
o princípio é o mesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou
tudo do nada.
A criação das coisas materiais
A base dessa declaração está na
narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, a criação
material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e
descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço
sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites,
nos dá visão apenas limitada de toda a grandeza da criação material (Ne
9.6).
Na criação da terra, o Criador
formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn
1.11,20-22). Nesta ordem da criação são incluídos o homem, os animais nas mais
variadas espécies, além da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos
e homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações,
porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais
e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida física foi criada
para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida dos anjos é única e eterna; não pode
propagar-se, isto é, os anjos não procriam.
A criação das coisas espirituais
Ao responder aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe,
de modo enfático e poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o
mundo material havia sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por
Ele, já estavam presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta
Escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a
rege com justiça e que, ao criar o mundo material, as estrelas da alva
alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam (Jó 38.7). Na
linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva” quanto “os de Deus”
são figuras dos seres espirituais criados pelo Senhor.
A origem dos anjos
Dois fatos devem ser levados em conta. O primeiro é que os anjos não existem desde a eternidade.
Isto por um lado é mostrado pelos versículos que falam de sua criação, Ne
9.6: “Tu fizeste o
céu, o céu dos céus, e todo o seu exército” Sl 148.2,5: “Louvai-o todos os seus anjos; louvai-o todas as suas
legiões celestes... louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e foram criados”.
Por outro lado está subentendido na declaração de 1Tm 6.16, onde afirma que Deus é “o único que possui imortalidade”.
O outro fato diz respeito a época de sua criação. Não é indicada com precisão
em parte alguma na Bíblia, contudo é mais provável que tenha se dado juntamente
com a criação dos céus em Gn 1.1. Pode ser que Deus os tenha criado
imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra, pois de
acordo com Jó 38.4-7, “rejubilaram todos
os filhos de Deus” quando Ele lançava os fundamentos da terra.
Sua existência
A existência dos anjos é
claramente demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo
Testamentos. São inúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a
realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto, destacar apenas os que
se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17;
91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos
os anjos em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as
mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também
como guerreiros. No contexto do Novo Testamento, os anjos não são
apresentados
simplesmente como “mensageiros de
Deus”, mas também como “ministros aos herdeiros da salvação” (Hb 1.14).
Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira inequívoca no Novo
Testamento. Vejamos, por exemplo, os textos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10;
26.53; Mc 8.38; Lc
22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16;
2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe
2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9.
A Bíblia fala da manifestação dos
anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes
quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus
(Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt
4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo
(At 1.10).
Eles
são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade
dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles
demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas
manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto,
os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, incorporam em corpos de
pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos
para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se
fazerem manifestos.
Existem anjos bons e anjos maus
Na criação original dos anjos, não houve essa classificação
entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível
de justiça, bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus
é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a
liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se
a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala
acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade
(2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a
Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre
estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador. São chamados de “anjos eleitos” (1Tm 5.21)
e evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua
posição de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes de pecar. São chamados
também de “santos anjos” (2Co 11.14). Sempre contemplam a face Deus (Lc
9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua atividade mais elevada é a adoração a
Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2 Ap
5.11).
O número de Anjos
Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7.10;
Mt 26.53; Sl 68.17; Lc 2.13; Hb 12.22), e são repetidamente mencionados como
exércitos dos céus ou de Deus.
No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo
que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso
rogar ao meu pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos”? (Mt 26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor
dos Exércitos”. Outrossim, a quantidade existente de anjos é única e
incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos.
Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A
Bíblia utiliza expressões variadas para designar “milhares de milhares”,
“multidão dos exércitos celestiais”, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn
7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É
impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número
em todos os tempos, desde que foram criados (Sl
148.2-5).
3 - A NATUREZA DOS ANJOS
Não são seres humanos glorificados
Em Mateus 22.30 está escrito “que seremos como anjos”, mas
não diz que seremos anjos. No futuro, os crentes hão de julgar os anjos “Não
sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a
esta vida? (1Co 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus, isso é diferente
de dizer que seremos anjos. As “incontáveis hostes de anjos” são diferenciadas
dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.22,23).
Não são os filhos de Deus em Gênesis seis
Os anjos são chamados “Filhos de Deus” no Velho Testamento
nas referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. Deve ser observado, porém, que, apesar de
serem assim chamados, os homens também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A
palavra original é “Benai-Elohim” - filhos de Deus.
Que os filhos de Deus se refere aos anjos, neste texto de Gn
6, é a posição tomada por Josefo, Filo Judeus e os autores do Livro de Enoque e
do Testamento dos Doze Patriarcas. Era a posição geralmente aceita pelos judeus
eruditos dos primeiros séculos da era cristã.
A impressão que geraram “gigantes” foi da Septuaginta (LXX),
que também traduziu todos os manuscritos, substituindo “filhos de Deus” por
“anjos de Deus” em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por “meus anjos” em Jó 38.7.
“...Estes eram os valentes que houve na antigüidade, os
homens de fama” (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre “os filhos de Deus”
com as “filhas dos homens”. Esta é a definição original dos textos da palavra
de Deus e não “NEFILINS”, que encontramos em alguns textos traduzido e não
confiáveis, conforme The Theological Workbook of the Old Testament, por Harris,
Archer e Waltke.
Teoria equivocada de que os “filhos de Deus” eram
anjos
a) As
referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7.
b) A
relação anormal produziu gigantes impiedosos.
c) Anjos
podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou em homens (Mc 1.23-26; Mc 5.13). O
Dr. Henry Morris diz: “Os filhos de Deus e as filhas dos homens são homens e
mulheres, mas foram possessos por demônios”.
d) Em
Mt 22.30, o Senhor estava apenas explicando que os anjos não se reproduzem como
os humanos. Não há prova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a palavra
anjos, sempre é no gênero masculino. Alguém explica que os anjos não se
reproduzem porque não existe “anjas”.
e) As
referências associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6.
f) Esta
teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plínio.
g) Os
livros apócrifos (3 deles), asseguram esta posição.
h) É
considerado que houve duas quedas dos anjos, uma quando Satanás liderou a
rebelião, antes da queda do homem e outra em Gn 6 (teoria defendida por
Clarence Larkin).
Teoria de que os “filhos de Deus” não eram os
anjos e sim os descendentes de Sete
Em Gênesis 6 encontramos a corrupção geral do gênero humano
bem como um protesto de Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de
Sete e os da linhagem ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 “E aconteceu que, como os
homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram
filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e
tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Não
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne;
porém os seus dias serão cento e vinte
anos”. Esses filhos de Deus, sem dúvida,
não eram anjos como teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem piedosa de
Sete (Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com
as filhas dos homens, isto é, mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de
que os filhos de Deus eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que
os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os
ímpios levou à maldade do versículo 5, isto é, os justos passaram a uma
vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência.
Observemos alguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de Deus neste
eram anjos:
a) Se
anjos de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio
espetacular da história que viola as normas da natureza, e não há nada na
Bíblia que diga que anjos têm poderes sexuais.
b) Em
Gn 6, encontramos em seu contexto a seqüência do termo “homem”, vv
1,2,3.
c) A
distinção entre os “filhos de Deus” e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo
que, claramente entendemos que o título “filhos de Deus” não se refere aos
anjos caídos.
d) Se
esta relação entre anjos e mulheres gerou os “nefilins-gigantes”, como se
explica a presença destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm
13.33?
e) A
linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relação entre humanos.
f) Os
textos do Novo Testamento não provam que são anjos: (a) 1Pd 3.18-20 não
menciona nada sobre estes “espíritos em prisão” serem anjos, pelo contrário, o
contexto indica homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 e Judas 6,7 são referências de
anjos, mas não provam que estiveram envolvidos em Gn 6.
g) Os
livros apócrifos, provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais
adotaram a interpretação angélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos,
isso lhes nega toda autenticidade em termo de canonicidade. 3.3.
São seres espirituais
Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos
homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e
desaparecem, e movimentam-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios
naturais. Apesar de serem espíritos, têm
o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua
presença aos sentidos do homem (Gn 19.1-3).
São espíritos invisíveis
Os anjos são reais, mas nem sempre visíveis (Hb 12.22).
Embora Deus ocasionalmente lhes conceda a visibilidade (Gn 19.1-22), são
espíritos invisíveis (Sl 104.4; Hb
1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: “Fazes a teus anjos ventos”,
citado em Hb 1.7. Observe também Hb 1.14; “Não são todos eles espíritos
ministradores enviados para serviços, a favor dos que hão de herdar a
salvação”?
Possuem corpos espirituais
Com demasiada freqüência o problema é confundido pela
imposição aos seres espirituais daquelas limitações que pertencem à humanidade.
Para os santos no céu foi prometido um “corpo espiritual” (1Co 15.44). Há
muitos tipos de corpos até mesmo na Terra, o Apóstolo declara (1Co 15.39,40) e
prossegue dizendo que também há corpos celestiais e corpos terrestres. Não
podemos dizer que não há corpos celestiais apenas porque o homem não tem poder
de discernir esses corpos. Os espíritos têm uma forma definida de organização
que está adaptada à lei de sua existência. Eles são finitos e espaciais. Tudo
isto é verdade embora eles estejam muito afastados desta economia do mundo.
Eles têm a capacidade de se aproximar da esfera da vida humana, mas o fato de
maneira nenhuma lhes impõe a conformidade com a existência humana. O
aparecimento de anjos pode ser, quando a ocasião exige, com a aparência de
homens, de modo que eles se passam por homens. Como poderíamos explicar de
outra maneira que alguns “... sem o saber acolheram anjos...” (Hb 13.2)? Por
outro lado, seu aparecimento às vezes é deslumbrante e glorioso (Mt 28.2-4).
Quando Cristo declarou: “...um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que
eu tenho...” (Lc 24.37-39), Ele não quis dizer que um espírito não tem corpo
algum, mas, antes, que os espíritos têm corpos constitucionalmente diferentes
dos corpos dos homens.
São exércitos e não raça
As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do
plano de Deus para os anjos: “Porque na
ressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos do
céu” (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto, não se caracteriza uma raça. No Velho
Testamento os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1; 38.7), mas
nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos”. Os anjos sempre são descritos
como varões, porém na realidade não tem
sexo, não propagam sua espécie (Lc 20.34-35).
As Escrituras em parte alguma ensinam que os anjos sejam
seres sexuados. No fundamento genuíno criador de Deus, não foi deixada margem
alguma para se acreditar na reprodução de seres da escala espiritual. Sobre
este assunto, apenas nos foi revelado as leis que regem os seres naturais ou
materiais. Não conhecemos nenhum texto Sagrado explícito ou sequer subjetivo
que nos conduza ao pensamento de que os anjos podem se reproduzir, ou possuam
sexo.
Seus nomes masculinos, não se refere em nenhum momento à uma
ordem de sexualidade humana (macho e fêmea).
Acreditamos sim que os anjos não se reproduzem, pois a obra
criadora de Deus revelada em Sua Palavra, se fez desse modo, e qualquer
indagação ou afirmação contrária é mera especulação e apostasia da veracidade
bíblica.
São seres racionais morais e imortais
Aos anjos são atribuídas características pessoais; são
inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres
inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são espíritos (2Sm
14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe 2.11). Embora não sejam oniscientes,
são superiores aos homens em conhecimento (Mt 24.36) e por ter natureza moral
estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela
desobediência.
A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como “santos
anjos” (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; Ap 14.10) e retrata os que caíram
como mentirosos e pecadores (Jo 8.44; 1Jo 3.8-10).
A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os
anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc 20.35-36), além de serem dotados de
poder formando o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre
prontos para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb
1.14) enquanto que os anjos maus formam o exército de Satanás empenhado em
destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2Ts 2.9; 1 Pe 5.8).
Ilustrações do poder de um anjo são encontradas na
libertação dos apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7) e no rolar da pedra de mais
de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mt 28.2).
São seres inteligentes
Embora seu serviço e dignidade possam variar, não há nenhuma
implicação na Bíblia de que alguns anjos são mais inteligentes que outros. Cada
aspecto da personalidade dos anjos foi declarado. Eles são seres individuais e,
embora espíritos, experimentam emoções.
a) Os anjos prestam culto inteligente (Sl
148.2);
b) os anjos contemplam com o devido respeito à
face do pai (Mt 18.10);
c) os anjos conhecem suas limitações (Mt
24.36);
d) os anjos reconhecem sua inferioridade para
com Jesus (Hb 1.4-14).
Os Anjos são poderosos
O que se aplica a todas as criaturas em relação ao poder que
têm, também se aplica aos anjos: Seu poder deriva de Deus. O seu poder, embora
seja grande, é restrito. Eles não podem fazer aquelas coisas que são peculiares
à Divindade: criar, agir sem os meios, ou sondar o coração do homem. Eles podem
influenciar a mente humana como uma criatura pode influenciar outra. O
conhecimento desta verdade é de grande importância, Até mesmo um anjo pode reivindicar
ajuda divina quando em conflito com outro anjo (Jd v.9).
O poder angelical é superior, mas não supremo. Deus
simplesmente lhes empresta o seu poder, pois eles são os seus agentes
especiais. Os anjos, portanto, são “maiores em força e poder” do que nós (2Pe
2.11), Como “magníficos em poder, que cumpris as suas ordens,” (SI 103.20)
“anjos poderosos” mediarão os juízos finais de Deus contra o pecado (2Ts
1.7).
Inferiores a Cristo
“Ainda que por um pouco de tempo, Jesus fora feito um pouco
menor do que os anjos, por causa da paixão e morte” (Sl 8.5; Hb 2.9). Quanto à
pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, os anjos são inferiores a Ele em dois
pontos.
a) Os Anjos são criaturas. Os anjos são
“criaturas” de Deus, ainda que chamados “filhos de Deus”, contudo, não têm em
si a condição original peculiar ao Senhor Jesus. O escritor aos Hebreus,
salienta: “... feito Jesus tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou
mais excelente nome do que eles...” (Hb 1.4).
b) Os Anjos são adoradores. Em razão da
adoração, os anjos são inferiores a Cristo; eles são adoradores, enquanto que
Cristo é adorado! Isto é depreendido nas próprias palavras do Criador: “... e
todos os anjos de Deus o
adorem” (Hb 1.6b). Este direito inerente ao Filho de Deus o
coloca acima deles.
As Escrituras dizem que os anjos são seres superiores em
força e poder aos homens: contudo, jamais em hipótese alguma, eles aceitam
adoração; em lugar de os anjos serem objeto de adoração, eles são súditos que
adoram Jesus Cristo. O apóstolo Paulo advertiu:
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de
humildade e culto dos anjos...” (CI 2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João
é advertido pelo próprio ser angelical: “...Olha não faças tal, porque eu sou
conservo teu e de teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras
deste livro. Adora a Deus”.
Portanto,
os anjos não são objetos de adoração como João chegou a supor
momentaneamente. E no contexto do significado do pensamento diz Paulo: “Porque estou certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.38,39). Ora, isto
apresenta Cristo como sendo Senhor dos próprios anjos. E de fato, Ele foi feito
mais excelente do que os anjos (Hb 1.4).
Os anjos foram criados; Cristo é Criador: Como
Criador Jesus é superior aos anjos,
pois maior do que a criatura é aquele que a criou (Is 45.9). Anjos são
súditos; Cristo é o Senhor.
Os Anjos tomam decisões
Os anjos tomam decisões. A desobediência de um grupo deles
subentende sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com a sua
iniqüidade (1Tm 4.1). Por outro lado, quando o bom anjo recusou a adoração de
João (Ap 22.8,9), fica subentendida sua capacidade de escolha, e de influenciar
outros com o bem. Embora os anjos bons respondam com obediência ao mandamento
de Deus, não são autômatos. Pelo contrário:
optam com intenso ardor a obediência dedicada.
Os Anjos possuem habitação
A habitação dos anjos também é um assunto revelado
definidamente. Já falamos da insinuação de que todo o Universo encontra-se
habitado por inumeráveis exércitos de seres espirituais. Esta vasta ordem de
seres com todas as suas classificações tem habitações e centros fixos para as
suas atividades. Com o uso da frase “os anjos no céu” (Mc 13.32), Cristo
definidamente afirma que os anjos habitam as esferas celestiais.
O apóstolo Paulo escreve: “um anjo vindo do céu” (Gl 1.8) e
“...toda família, tanto no céu como sobre a terra...” (Ef 3.15). Igualmente, na
oração que Cristo ensinou aos Seus discípulos, eles foram instruídos a dizer:
“... faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no céu...” (Mt 6.10). O Dr. A.
C. Gaebelein escreve sobre a habitação dos anjos, dizendo: “No hebraico, céu
está no plural ‘os céus’. A Bíblia fala de três céus, sendo o terceiro céu, o
céu dos céus, o lugar da habitação de Deus, onde o Seu trono sempre esteve.”.
Sua aparência
Nas histórias que se têm colecionado, há anjos com asas e
outros sem asas, anjos que se parecem com anjos e outros que se parecem com
seres humanos. Parece que os anjos que aparecem como homens, e não como anjos,
vão ter a aparência de quem estão visitando. Em outras palavras, se o anjo que
apareceu à mãe de Sansão não se parecesse com um israelita, ela não teria
chamado filho de Deus, como sendo ele um profeta israelita (Jz 13.6). Se os
anjos que aparecem sem que se saiba que são anjos (Hb 13.2), então aparecem aos
chineses como chineses, aos africanos como africanos, e a americanos como
americanos. Isso significa que há anjos aparecendo como negros e brancos.
4 – HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
A Bíblia faz menção de anjos bons e anjos maus,
embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos
(Gn 1.31); tendo livre-arbítrio. Numerosos anjos participaram da rebelião de
Satanás contra Deus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu
estado original de graça, como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua
posição celestial.
O Anjo
Literalmente Mensageiro
Tem um lugar muito mais importante na Bíblia do que o Diabo. Estes últimos nos atacam os primeiros nos defendem. Os anjos intervém nos assuntos das Nações (Dn
9:13-21 ; 11:1 ; 12:1)
Eles atuam depois da nossa conversão e continuam a vida toda
que permanecemos na presença de Deus
- Nos
Observam (1Cor 16:22)
- Influenciam
em nossa conduta (Nm 22:34)
- nos
recebem quando partimos desta vida física (Lc 16:22)
Um
ministério Angelical a favor dos Santos
- Soltou
Pedro da Prisão (At 12:7-9)
- Paulo
Quando o navio ia afundar
- Consolou
Jesus no Getsêmani
- Anunciou
nascimento de João (lhe deu o nome)
- Anunciou
nascimento de Jesus
- Em
atos estavam presentes na Ascenção de Jesus
- Estarão
com Jesus no fim da presente era (Mt 24:39) - Ajuntarão os eleitos no retorno
de Cristo (Mt 24:31)
- Conduziram
Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16:22)
- Separam
os ímpios e justos por ocasião da ceifa (Mt 13:41-49)
- Feriu
Herodes e morreu comido de bichos (At 12:23)
São nossos conservos de mil maneiras em Heb 1:14 enviados
para servir aqueles que hão de herdar a Salvação Amém....
Guardam os que temem a Deus (Sl 34:7) – (Gn 19:12-15 ; Dn
6:22 ; At 19:20)
O Arcanjo
Literalmente Chefe de
Anjo Aparece sempre no Singular na Bíblia. A Bíblia fala de Miguel, como príncipe e
protetor da Nação e Israel (Dn10:13 ; 12:1 ; Jd 9)
Segundo a tradição Judaica baseado no livro de Enoque
(Apócrifo) Havia sete arcanjos a saber: Uriel,
Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel segundo é dito no livro
de Enoque a cada um Deus entregou uma província sobre a qual reina. A província de Miguel Seria autoridade,
sobre a melhor porção da humanidade e sobre o caos. O nome desse arcanjo significa “Quem é
semelhante ao Altíssimo?” E aparece três
vezes na Bíblia
Dn 12:1 ; Jd v9 ; Ap 12:9) E por inferência é mencionado
também no arrebatamento 1Ts 4:17
Gabriel:
O vocábulo Gabriel tem sua correspondente no hebraico “geber El”, e significa “homem de Deus”. Aparece quatro vezes
nas Escrituras como revelador do propósito divino. No Antigo Testamento ele
falou a Daniel sobre o final dos tempos (Dn 8.15-27). Semelhantemente, deu a
Daniel a predição quase incomparável de Dn 9.20-27. O profeta descobriu (Jr 25.11-12)
que o período que Israel tinha de permanecer na Babilônia era de setenta anos e
que esse tempo estava para se completar. Então se entregou à oração pelo seu povo.
A oração, conforme registrada, Gabriel
passou com incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que orava na Terra.
Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeová quanto ao futuro de
Israel. No Novo Testamento trouxe a
Zacarias a mensagem do Nascimento João (Lc 1.11-20) e foi ele que veio com a maior de todas as mensagens à Maria quanto ao
nascimento de Cristo e o Seu ministério como Rei sobre o trono de Davi (Lc
1.26-33). Apresenta-se como aquele que “assiste
diante de Deus” (Lc 1.19).
Serafins (Is 6.1-8)
A palavra serafins
do hebraico “saraph” significa “ardentes”, “chama ardente”, “Luzeiro”.
Declaram a glória incomparável de Deus e a sua santidade
suprema. O título serafins fala de
adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade.
Eles aparecem como tendo cada um seis asas, essas asas tem sentido simbólicos
vejamos:
1 As que cobriam o rosto: Necessidade de
uma atitude de reverencia diante de Deus
2 As que cobriam os pés: Santidade do
andar diante de Deus
3 As que serviam para voar: Atitude de
Adoração e rapidez em obedecer á voz do todo Poderoso
Se situam dentro do domínio do Criador estão ligados
diretamente ao trono de Deus e a Adoração, seu louvor dirigido ao Deus
Trino “Santo, Santo, Santo é o
Senhor...” Is 6:3
Querubins
Literalmente Significa “Protetor”
ou “O que Cobre” ocupam uma função
especial de grande responsabilidade,
poder e autoridade pois guardam a Santidade de Deus. O título querubim fala de sua posição
elevada e santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono
de Deus como defensores de Seu caráter e presença santa.
Proteger a santidade de Deus é uma atividade importante
deles. Os querubins aparecem pela primeira vez junto ao portão do Éden, depois
que o homem foi expulso e como protetores para que o homem não retorne poluindo
a santa presença de Deus. Aparecem novamente como protetores, embora em imagens
de ouro, sobre a arca da aliança, onde Deus se comprazia em habitar. A cortina
do tabernáculo separava a presença divina do povo ímpio, tinha bordados de
figuras de querubins (Êx 26.1). Ezequiel refere-se a estes seres chamando-os
pelo seu título dezenove vezes e a verdade relacionada com eles deriva destas
passagens. Ele os apresenta com quatro
rostos diferentes: de um leão, de um boi, de um homem e a face de uma águia
(Ez 1.3-28; 10.1-22). Este simbolismo relaciona-se imediatamente com as
criaturas viventes da visão de João (Ap 4.6-5.14). 4.5.
Suas tipologias:
Leão: Evangelho de Mateus
Boi ou touro : Evangelho
de Marcos
Homem: Evangelho de Lucas
Águia: Evangelho de João
5 - SUAS ATRIBUIÇOES
No ministério de Jesus
Na eternidade passada (Sl 90.2), adoravam a
Cristo
“E, quando outra vez introduz no
mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6). A
expressão eternidade passada referese à existência eterna de Deus, que não tem
começo nem fim. Eternidade (hb. olam) não significa em primeiro lugar que Deus
transcende o tempo, mas, sim, que é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó 10.5;
36.26). As Escrituras não ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempo
presente, onde não há nem o passado nem o futuro. Os trechos das Escrituras que
declaram a eternidade de Deus fazem-no em termos de continuidade, e não de
intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado como passado, o presente como
presente e o futuro como futuro.
Anunciaram o seu nascimento
“Ora, o nascimento de Jesus
Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, rachou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu marido,
como era justo se a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projetando ele isso, eis que, em sonho,
lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.
E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o
seu povo dos seus pecados” (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc 1.26,28; 2.8,20. Um anjo do Senhor anuncia o nascimento de
Jesus, fato registrado tanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam
em seus registros em declarar inequivocamente que Jesus nasceu de uma mãe
virgem, sem a intervenção de pai humano, e que Ele foi concebido pelo Espírito
Santo (Lc 1.34,35). A doutrina do nascimento virginal de Jesus, de há muito vem
sendo atacada pelos teólogos liberais. É inegável, no entanto, que o profeta
Isaías vaticinou a vinda de um menino, nascido de uma virgem, que seria chamado
Emanuel , um termo hebraico que significa Deus conosco (Is 7.14). Essa predição
foi feita 700 anos antes do nascimento de Cristo. A palavra virgem é a tradução
correta da palavra grega parthenos,
empregada na Setuaginta, em Is 7.14. A palavra hebraica significando virgem
(almah) , empregada por Isaías, designa uma virgem em idade de casamento, e
nunca é usada no Antigo Testamento para qualquer outra condição da mulher, exceto
a da virgindade (Gn 24.43; Is 7.14). Daí, Isaías, Mateus e Lucas afirmarem a
virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É de toda importância o nascimento
virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e
assim nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus como homem
impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas
exigências.
(a) A
única maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma mulher.
(b) A
única maneira de Ele ser um homem impecável era ser concebido pelo Espírito
Santo (Hb 4.15).
(c) A
única maneira de Ele ser deidade, era ter Deus como seu Pai.
A concepção de Jesus, portanto,
não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí, o Santo, que de ti há de
nascer, será chamado Filho de Deus (Lc 1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é
revelado como uma só Pessoa divina, com duas naturezas: divina e humana, mas
impecável. Por ter vivido como ser humano, Jesus se compadece das fraquezas do
ser humano (Hb
4.15,16). Como o divino Filho de
Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do
poder de Satanás (At 26.18; Cl 2.15; Hb 2.14; 4.14,15; 7.25). Como ser divino e
também homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos
pecados de cada um, e também como sumo sacerdote, para interceder por todos os
que por Ele aproximam-se de Deus (Hb 2.918; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12). Eis a
suprema importância da intervenção angelical junto a José quando este intentava
deixar secretamente Maria (Mt 1.18,19).
Protegeram-no na Sua infância
“E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José
em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito,
e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para
o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o
Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito
da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
...Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José,
no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de
Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele
se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel”. Esses
dois avisos da parte de Deus a José, por
meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama e
Ele é quem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e livrar seus fiéis das
mãos dos que lhes querem fazer mal.
Acolheram depois da tentação no deserto
“E, tendo jejuado quarenta dias e
quarenta noites, depois teve fome; E, chegandose a ele o tentador, disse: Se tu
és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém,
respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.2,3). “Então, o diabo o deixou; e, eis
que chegaram os anjos e o serviram”
(Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depois teve fome, e a seguir foi tentado por
Satanás a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não
de água. Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez que Cristo
teve que enfrentar a tentação, como representante do homem ele não poderia
empregar nenhum outro meio para vencêla além do de um homem cheio do Espírito
Santo (Êx 34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16). Por conseguinte, esperaria na providência
do Pai, não precisaria transformar pedras em pães para alimentar-se. A sua
justa obediência é recompensada pelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectos principais da
tentação de Jesus girou em torno do tipo de Messias que Ele seria e como
empregaria a sua unção da parte de Deus.
Jesus foi tentado a utilizar sua
unção e posição para servir a seus próprios interesses, obter glória e poder
sobre as nações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho do sofrimento, e
ajustar-se à expectativa popular de um Messias sensacional. 5.1.5. Consolaram-no
em sua luta espiritual no Getsêmani Em oração no Getsêmani Jesus diz: “...Meu
pai, se possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero,
mas como tu queres” (Mt 26.39b). “E apareceu-lhe um anjo do céu, que o
confortava” (Lc 22.43). Sua oração, no que diz respeito ao afastamento do
cálice não foi atendida, contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante
um anjo do céu, que o confortava.
5.1.6. Acompanharam toda sua vida ministerial
Jesus falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse
poder contar com mais de 12 legiões de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53).
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou
em carne foi justificado em espírito, visto
dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória”
(1Tm 3.16).
Observaram-no na Sua ressurreição
A ressurreição de Jesus Cristo
(Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) é uma das verdades essenciais do
evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importância da ressurreição de Cristo para os
que nEle crêem? Ela comprova que Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4).
Garante a eficácia da sua morte redentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a
verdade das Escrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízo
futuro dos ímpios (At 17.30,31). É o fundamento pelo qual Cristo concede o
Espírito Santo e a vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45),
e a base do seu ministério celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.23-28).
Garante ao crente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e sua ressurreição
ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3; 1Ts 4.14ss). Ela põe à
disposição do crente, na sua vida diária, a presença de Cristo e o seu poder
sobre o pecado (Gl 2.20; Ef 1.1820; Rm 5.10).
A ressurreição de Cristo está bem
comprovada historicamente. Depois de ressurgir, Cristo permaneceu na terra por
quarenta dias, aparecendo e falando com os apóstolos e muitos outros seus
seguidores. Suas aparições depois da ressurreição são as seguintes: a Maria
Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres que voltavam do sepulcro (Mt 28.9,10); a
Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam a caminho de Emaús (Lc 24.13-32); a todos os
discípulos, exceto Tomé e outros com eles (Lc 24.36-43); a todos os discípulos
num domingo à noite, uma semana depois (Jo 20.26-31); a sete discípulos junto
ao mar da Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na Galiléia 1Co
15.6); a Tiago (1Co 15.7); aos discípulos que receberam a
Grande Comissão (Mt 28.16-20); aos apóstolos, no momento da sua ascensão (At
1.3-11); e ao apóstolo Paulo (1Co 15.8).
E nesta ocasião tão solene, de
elevada significância, anjos do Senhor se fazem presentes, testemunhando,
confortando e dando orientações às visitantes do túmulo vazio: “E eis que
houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou,
removendo a pedra, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um
relâmpago, e a sua veste branca como a neve. E os guardas, com medo dele,
ficaram muito assombrados e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às
mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi
crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e
vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus
discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para
a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito” (Mt 28.2-7).
Na sua ascensão acompanharam
“E levou-os fora, até Betânia; e,
levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou
deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para
Jerusalém” (Lc 24.5052). “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às
alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os
olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois
varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que
estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no
céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.9,10,11).
Eles o acompanharão na Sua segunda vinda
“E a vós, que sois atribulados,
descanso conosco, quando se manifestar Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de
fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao
evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.7). Observamos que embora Deus
vá retribuir aos ímpios (2Ts 1.6) no começo da grande tribulação (Ap 6), a
retribuição completa (2Ts.6-9) ocorrerá somente no fim da presente era, quando
o “Senhor Jesus se manifestar desde o céu, com os anjos do seu poder”, para julgar os ímpios (2Ts 710; Ap 19.11-21).
Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc 9.26.
Prestam socorro sob o comando divino
Obedecendo a Deus um
anjo acudiu Elias quando fugia da fúria de Jezabel. “E deitouse e dormiu
debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levantate
e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas
e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitarse. E o anjo do SENHOR
tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido
te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela
comida, caminhou quarenta dias de quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”
(1Rs 19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modo compassivo e amorável
(Hb 4.14,15). Permitiu que Elias dormisse; fortaleceu-o com alimentos;
propiciou-lhe uma revelação inspiradora do seu poder e presença; concedeu-lhe
nova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel e fraterno. Noutras
palavras, quando o filho de Deus enfrenta o desânimo, no desempenho que Deus
lhe confiou, ele pode suplicar a Deus, em nome de Cristo, que lhe dê força,
graça e coragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6;
7.25).
Por divina revelação
Eliseu, certa manhã, viu-se cercado de anjos invisíveis aos olhos de seu criado
e visíveis aos seus. “Então, enviou para lá cavalos, e carros, e um grande
exército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. E o moço do homem de
Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade
com cavalos e carros; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos?
E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que
estão com eles. E orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos,
para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte
estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.1417).
Existe um mundo espiritual invisível, que consiste nas hostes de anjos
ministradores, que estão ativos na vida do povo de Deus (Gn 32.1,2; Sl 91.11;
34.7; Is 63.9). Desse ocorrido podemos assimilar vários princípios: Não somente
Deus está a favor do seu povo (Rm 8.31), como também exércitos dos seus anjos estão
disponíveis, prontos para defender o crente e o reino de Deus (Sl 34.7). Por
conseguinte todos os que crêem na Bíblia devem orar continuamente para Deus
livrá-los da cegueira espiritual e abrir os olhos dos seus corações para verem
mais claramente a realidade espiritual do reino de Deus (Lc 24.31; Ef 1.18-21)
e suas hostes celestiais (Hb 1.14). Os espíritos ministradores de Deus não
estão distantes, mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2), observando os atos e a fé dos
filhos de Deus e agindo em favor deles (At 7.55-60; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm
5.21). Sabemos que a verdadeira batalha no reino de Deus não é contra a carne e
o sangue. É uma batalha espiritual “contra as potestades, contra os príncipes
das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais” (Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef 6.11). Concluímos que há um relacionamento
de causa e efeito nas batalhas espirituais; o resultado das batalhas
espirituais é determinado parcialmente pela fé e oração dos santos (Ef 6.18,19;
Mt 9.38).
Atuam em situações adversas
Durante o cativeiro
babilônico, um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões. “O meu Deus enviou o seu anjo e
fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em
mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito
algum” (Dn 6.22). A cova dos leões era subterrânea, tendo uma abertura na parte
superior. Uma pedra grande cobria a abertura, e o selo do rei significava que a
cova não podia ser aberta sem a sua autorização. Daniel, por ser íntegro e ter
um “espírito excelente”, era admirado pelo rei, que também honrava o seu Deus.
Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu decreto, manifestou a esperança de
que Deus livraria Daniel. Possivelmente ele ouvira falar do livramento que Deus
concedera aos três amigos de Daniel, no caso da fornalha de fogo ardente (Dn
3.6,23-29). O rei procurou encorajar Daniel a crer no seu Deus, mas sua atitude
na manhã seguinte não demonstrava confiança de que Daniel estivesse vivo. Mas o anjo de Deus fechou a boca dos leões
diante do profeta fiel, e este estava são e salvo. Este livramento levou
Dario a dar testemunho do poder do Deus que é maior do que o poder dos leões.
Note-se também que o significado do nome de Daniel, “Deus é meu juiz”,
cumpriu-se na própria experiência do profeta. Ele foi vindicado pelo Senhor, e
considerado justo por sua decisão de não se contaminar, para manter a pureza da
lei de Deus e por sua fidelidade na oração.
Auxiliam os filhos de Deus na produção de
textos
Um anjo ajudou a Zacarias na redação de seu livro (Zc 1.9;
2.3 e 4.5). Durante todo o período da Antiga Aliança os anjos estiveram
presentes na vida de muitos personagens da Bíblia. Podemos fazer outras
citações, tais como; 1Rs 13.18; Jó 4.15,16; SI 34.7; Zc 3.3 etc. Ora, estas
aparições ou intervenções angélicas na vida destas pessoas, são apenas
manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjos estiveram presentes,
porém invisíveis aos olhos humanos.
Estão presentes não dificuldades dos que prestam
serviço a Deus
A Igreja Primitiva teve seu princípio de formação auxiliada
e protegida por estes seres celestiais. Vejamos: dois anjos foram testemunhas
da ascensão de Cristo (At 1.10,11); um anjo abriu as portas da prisão e soltou
os apóstolos Pedro e João (At 5.19); um anjo encaminhou Filipe, o Evangelista,
ao eunuco etíope (At 8.28); um anjo soltou Pedro da prisão (At 12.7-9); um anjo
orientou o Centurião Cornélio, a chamar a Pedro (At 10.3); um anjo feriu
Herodes e ele morreu comido de bichos (At 12.23); um anjo esteve com Paulo indo
à Roma (At 27.23).
No final da presente era atuarão grandemente
Os anjos no livro do Apocalipse são proeminentes. Por
exemplo, um anjo dirigiu a redação do livro para João (Ap 11.1; 22.6,16). Cerca
de 71 vezes, os anjos são nele mencionados com missão especial. Não é
imaginação, mas realidade, que os anjos são nossos conservos de mil maneiras.
Nenhuma verdade está mais estabelecida pelas Escrituras do que a declaração de
Hb 1.14, que diz “serem estes seres enviados para servir a favor daqueles que
hão de herdar a salvação”. Deus mandará um anjo para completar a pregação do
“Evangelho do Reino”. Na passagem de Apocalipse 14.6, está pintado literalmente
a missão deste mensageiro. “... e vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha
o Evangelho Eterno, para proclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda a
nação, tribo, e língua, e povo”. Duas pregações deste Evangelho são mencionadas
nas Escrituras, uma passada, começando com o ministério de João Batista e
terminando com a rejeição do seu Rei pelos judeus. A outra ainda é futura (Mt
24.14), durante a Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda em Glória
de Cristo. Isso será feito pelo anjo do presente texto. Este Evangelho será
pregado logo no fim da Grande Tribulação e imediatamente como já dissemosacima,
antes do julgamento das nações viventes (Mt 25.31-46). Estas
“Boas-Novas” são universais e abrangem “toda a
criatura”.
6 – QUEDA E TRJETÓRIA DE SATANÁS
Introdução
Em tempos remotos, houve rebelião entre os seres
espirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt 25.41; 2Pe 2.4). O mais elevado
dos anjos “querubim ungido”,
encabeçou essa rebelião. Por certo há muitas ordens de seres angelicais,
algumas dotadas de grande poder, e outras de poder inferior aos homens, algumas
elementares, talvez similares aos animais irracionais, e outras com
inteligência ainda inferior aos irracionais.
O Fato de sua Queda
Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de
perfeição. Quando nos referimos ao relato da criação em Gn 1, lemos sete vezes
que o que Deus havia feito era bom. No último versículo desse capítulo, lemos
“viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Isso certamente inclui
a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados. Não poucos
teólogos acham que Ez 28.15 se refere a Satanás. Assim sendo, então ele é
definitivamente mostrado como tendo sido criado perfeito. Todavia, diversas
passagens mostram alguns dos anjos como maus (Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11;
12.7-9), isto se deve ao fato de terem deixado seu próprio principado e
habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2Pe 2.4). Não há dúvida que Lúcifer tenha
sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se refere a ele como sendo a Estrela da
Manhã e Filho da Alva, e lamenta a sua queda. Ez 28.15-17 semelhantemente
descreve sua queda. Não pode haver dúvidas, portanto, de que houve realmente
uma queda para alguns dos anjos.
A Época da sua Queda
A Escritura silencia quanto a este ponto; mas deixa claro
que a queda dos anjos se deu antes da do homem, já que Satanás entrou no Jardim
sob a forma de serpente e induziu Eva a pecar.
A Causa de sua Queda
Este é dos profundos mistérios da teologia. Mostramos acima
que os anjos foram criados perfeitos. Isto significa que toda a afeição de seus
corações era dirigida por Deus. A questão é: como pôde tal ser cair? Como pôde
a primeira afeição menos santa brotar em tal coração, e como pôde a vontade
receber o primeiro impulso para se afastar de Deus? Diversas soluções para o
problema têm sido propostas. Vamos ver algumas delas:
A primeira é a de
que tudo que existe se deve a Deus. Os que crêem nesta doutrina afirmam que,
portanto, Ele deve ser o autor do pecado também. Replicamos que se Deus for o
autor do pecado e aí condenar a criatura por cometer pecado, então não temos um
universo moral.
A segunda é a
crença de que o mal resulta da natureza do mundo. É assim que crêem todos os
sistemas pessimistas, do budismo até os nossos tempos. Arthur Schopenhauer,
filósofo alemão (1788-1860) afirmava que a existência do mundo era o maior de
todos os males e a fonte de todos os outros males. Eduard Von Hartmann,
filósofo alemão (18421905) chamou a criação de crime imperdoável. Mas as
Escrituras declaram repetidamente que tudo que Deus fez é bom; e positivamente
rejeitam a idéia de que a natureza é inerentemente má (Cl 2.20-22).
A terceira é a
idéia de Georg W. Friedrich Hegel, filósofo alemão (1770-1831), bem como da
maioria dos evolucionistas, a saber: que o mal resulta da natureza da criatura.
Eles afirmam que o pecado é um estágio necessário no desenvolvimento do
espírito. É simplesmente um progresso de baixíssimas origens da existência,
através do desenvolvimento evolucionário até os mais altos pontos.
As Escrituras desconhecem um tal desenvolvimento
evolucionário e vê o universo e as criaturas como originalmente perfeitas. É
bom lembrar que a criatura tinha originalmente o que os teólogos latinos
chamavam de “posse pecare et posse non pecare”, isto é, a capacidade de pecar e
a capacidade de não pecar. Ela foi colocada na posição de poder fazer qualquer
uma das duas coisas sem ser constrangida a fazer uma ou outra coisa. Em outras
palavras, sua vontade era autônoma.
A quarta idéia,
apoiada em bases bíblicas, é de que a queda do “querubim ungido” resultou de
sua própria escolha. Deus estabeleceu a sua soberana vontade para ser obedecida
e apreciada por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não seria obedecida
por força, mas livremente. É por esse princípio bíblico que podemos entender a
causa da queda. A Escritura de Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei
Nabucodonosor, um rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O que
precedeu a queda do “querubim” foi a sua ilusão e engano acerca do seu próprio
poder nas hostes angelicais. Imaginandose superior a todos os demais anjos
criados, pretendeu tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativas descritas em
Isaías 14.13,14 revelam as pretensões do “querubim”.
A primeira afirmativa
foi “eu subirei ao céu”. Uma
tentativa de estar acima de toda a criação e do próprio Deus. As expressões “eu
subirei ao céu” , e “estavas no Éden, jardim de Deus” devem ser analisadas a
luz de “como caíste do céu”, a fim de que o Éden, aqui em apreço, não seja
confundido com o Éden terrestre. Naqueles primórdios o jardim do Éden fora
preparado com tanto magnificência para o “querubim”,
“o perfeito em formosura” que
descarta a idéia de um Éden mineral. O Éden magnífico e riquíssimo do “querubim” existiu antes do Éden de Adão e Eva e com certeza, em outra dimensão
e glória, tratava-se de um Éden metafísico, espiritual. A pomposa descrição de
Ezequiel, embora nos mostre haver sido o Éden um reino mineral das pedras
preciosas, isto se dar apenas a título de conotação, ao passo que, segundo Gn
2.5-15, o Éden de Adão era de natureza vegetal e mineral. Aquele era espiritual, criado para um ser espiritual, e este
material, físico, pois seria o habitat de nossos pais, não confundamos,
portanto, os Edens.
A segunda Afirmativa, “acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”. Quando se refere às estrelas
de Deus, ele estava falando dos demais anjos criados.
A terceira Afirmativa, “no
monte da congregação me assentarei”. O monte da congregação refere-se ao
lugar do trono de Deus onde ele queria assentar-se.
A quarta Afirmativa, “subirei acima das mais altas nuvens”. Mais uma vez, ele revela sua
intenção presunçosa de superioridade.
A quinta Afirmativa
“serei semelhante ao Altíssimo”.
Aqui estava a mais grave das pretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em
posição unilateral em relação ao Criador.
Devemos, portanto, concluir que a queda dos anjos se deu
devido a sua revolta auto determinada contra Deus. Foi sua escolha, de si
próprio e seus interesses em lugar de escolherem a Deus e Seus interesses. Se
indagarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião,
parecemos obter diversas respostas das Escrituras. Grande prosperidade e beleza
parecem ser apontadas como possíveis causas. O rei de Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e diz-se que ele caiu
devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambição desmedida e o desejo de ser mais que
Deus parecem outra causa. O rei da
Babilônia é acusado de ter essa ambição, e ele também simboliza Satanás (Is
14.13,14). A queda de Lúcifer foi inevitável e conseqüente. Sua avidez
irrefreada de querer ser igual a Deus, aguçou o interesse de grande número de
anjos que resolveu acompanhálo. Por esse ato pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções
celestiais e condenado a execração eterna. Mas ele continua como o instigador do
pecado no mundo (Rm 7.14).
O Resultado de sua Queda
As Escrituras registram diversos resultados decorrentes sua
queda, entre eles alistamos que:
a) Todos
eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap
12.9);
b) alguns
deles foram lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o dia do julgamento (2Pe 2.4);
c) outros
permaneceram em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21;
Jd 9);
d) eles
serão, em um dia futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1Co 6.3), no lago de fogo (Mt
25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).
Os Anjos Maus
Eles estão divididos em duas classes distintas: os livres e os prisioneiros.
Aqueles que estão livres andam pelas regiões celestiais sob
o governo de seu príncipe e líder, Satanás, que é o único que recebe menção
específica na Bíblia (Mt 12.24; Mt 25.41). Esses espíritos malignos em
liberdade, sob o comando de Satanás, de quem são emissários e súditos (Mt
12.26), são tão numerosos que estão em todo o lugar.
Os anjos caídos que estão presos são aqueles que abandonaram
sua própria habitação, e tornaram-se tão depravados ou maus, que Deus os
encerrou no abismo (tártaro, Jd v.6; Ap 9.1,2,11).
Os
Anjos que são Mantidos Aprisionados.
Tanto o apóstolo Pedro como Judas
irmão de Tiago (2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao se referirem aos mesmos anjos.
Pedro diz que eles pecaram e que Deus os precipitou no Tártaro, entregando-os
ao abismo de trevas e reservando-os para juízo. Judas apresenta seu pecado como
sendo o de haverem abandonado seu próprio principado e domicílio. Pode ser que
Judas estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 da Septuaginta. Lá afirma que
Deus dividiu as nações “de acordo com o número dos anjos de Deus”. Assume-se
que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma das nações. O fato de que
várias nações estão assim sob um ou outro desses príncipes “angélicos” é
evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1; 12.1). Deixar seu próprio principado
poderia assim significar infidelidade no cumprimento de seus deveres; mais
provavelmente significa que eles tentaram obter um principado mais cobiçado.
Como castigo do seu pecado, Deus os precipitou no Tártaro. É só aqui que esta
palavra aparece no Novo Testamento. Para
Homero poeta grego, autor dos épicos Ilíada e Odisséia (séc. IX a.C.), o
Tártaro é um lugar sombrio abaixo do Hades. Se os homens maus descem ao Hades,
não parece improvável que Tártaro, o lugar onde os anjos maus estão confinados
seja ainda mais abaixo. Seu castigo consiste de estarem confinados em abismos
de trevas e estarem presos por algemas eternas, reservados para o juízo do
grande dia. As algemas são “eternas” (gr. aidiois), no sentido de que nunca se
desgastam. Serão usadas, entretanto, apenas até o dia do juízo, ocasião em que
serão lançados no lago do fogo.
Os
Anjos Maus que estão em Liberdade.
Estes são normalmente mencionados
em conexão com Satanás, seu líder (Mt 25.41; Ap 12.7-9). Mas, Sl 78.49; Rm
8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles separadamente. Estão, é claro,
incluído em “todo principado e potestade, e poder, e domínio” (Ef 1.21), e são
mencionados especificamente em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupação é a de
apoiar seu líder Satanás na luta dele contra os anjos bons e o povo e a causa
de Deus.
Satanás
Satanás (gr. Satã, que significa adversário), foi antes um
elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado como ministro junto ao trono
de Deus, porém num certo tempo, antes de o mundo existir, rebelou-se e
tornou-se o principal adversário de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). Satanás na
sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos
inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram
banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo
a vontade permissiva de Deus.
Satanás, também chamado “a serpente”, provocou a queda da
raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a serpente levantou-se contra Deus
através da sua criação. Declarou que aquilo que Deus dissera a Adão não era a
verdade, por fim, ela foi a causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a
raça humana que ele fizera à sua imagem. A serpente é posteriormente
identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9; 20.2). Certamente Satanás
controlou a serpente e usou-a como instrumento para efetuar a tentação (2Co
11.3,14).
Todo o Mundo está no Maligno.
Nunca compreenderemos adequadamente o Novo Testamento a não
ser que reconheçamos o fato subjacente nele de que Satanás é o deus deste
mundo. Ele é o maligno, e o seu poder controla o presente século mau (Lc 13.16;
2Co 4.4; Gl 1.4; Ef 6.12).
As Escrituras não ensinam que Deus hoje controla diretamente
este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de maldade, de crueldade, de
injustiça, de impiedade etc. Deus não deseja, nem causa, de nenhuma maneira,
todo o sofrimento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorre procede da sua
perfeita vontade. A Bíblia indica que atualmente o mundo não está sob o domínio
de Deus, mas em rebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por
causa dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com
Deus (2Co 5.18,19). Nunca devemos afirmar que “Deus está no controle de tudo”,
a fim de esquivar-nos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado,
a iniqüidade ou a mornidão espiritual.
Há, no entanto, um sentido em que Deus está no controle do
mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas as coisas acontecem de acordo
com sua vontade permissiva e controle ou, às vezes, através da sua ação direta,
de conformidade com o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era
da história, Deus tem limitado seu supremo poder e domínio sobre o mundo. Esta
limitação é apenas temporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria,
Ele destruirá toda a iniqüidade e o próprio Satanás (Ap 19.20).
Somente então é que “os reinos do mundo vieram a ser de
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap
11.15).
O império do mal sobre o qual Satanás reina é altamente
organizado e exerce autoridade sobre regiões do mundo inferior, os anjos caídos
(Ap 12.7), os homens perdidos (Jo 12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6;
2Co 4.4). Satanás não é onipresente, onipotente, nem onisciente; por isso a
maior parte da sua atividade é delegada a seus inumeráveis demônios (Ap
16.13,14).
Jesus veio à terra a fim de destruir as obras de Satanás
(1Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de livrar o homem do domínio de
Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19; 13.16; At 26.18). Cristo, pela sua morte e
ressurreição, derrotou Satanás e ganhou a vitória final de Deus sobre ele (Hb
2.14).
No fim da presente era, Satanás será confinado ao abismo
durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso será solto, após o que fará uma
derradeira tentativa de derrotar Deus, seguindo-se sua ruína final, que será o
seu lançamento no lago do fogo (Ap 20.7-10).
Satanás atualmente guerreia contra Deus e seu povo (Ef
6.11-18), procurando desviar os fiéis da sua lealdade a Cristo (2Co 11.3) e
fazê-los pecar e viver segundo o sistema do mundo (1Tm 5.15). O cristão deve
sempre orar por livramento do poder de Satanás, para manter-se alerta contra
seus ardis e tentações (Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual,
permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).
A Personalidade de Satanás
O substantivo personalidade vem do grego idiótens etos, que
significa propriedade particular, caráter próprio. Pessoa na língua grega é um
substantivo feminino referente a um homem ou uma mulher - antropos, substantivo
masculino -, e no termo gramático e teológico prósopon, que significa face,
figura, gesto, olhar, aspecto, máscara, papel, personagem. Personalidade significa forma de vida caracterizada por uma existência
alto consciente que possui intelecto, emoções e vontade. É, portanto, o
caráter essencial e exclusivo de uma pessoa; aquilo que a distingue de outra.
Na psicologia é a individualidade consciente.
O exposto supra justifica-se pelo fato de que atualmente
existe uma forte tendência, entre os professores modernistas, em eliminar a
personalidade de Satanás. Falam a respeito do que era antigamente chamado de
“diabo” como sendo simplesmente o “mal”. As Escrituras exprimem com freqüência
relativamente a personalidade de Satanás. Assim sendo, pronomes pessoais são
usados para se referir a ele (Jó 1.8,12; 2.2,3,6; Zc 3.2; Mt 4.10; Jo 8.44);
atributos pessoais lhe são consignados (Is 14.13,14 – vontade, Jó 1.9,10 –
conhecimento); e atos pessoais são desempenhados por ele (Jó 1.9-11; Mt 4.1-11;
Ap 12.7-10).
Conseqüentemente, é
bom que saibamos que Satanás não é um símbolo mitológico do mal. É um ser vivo,
real, inteligente. Não podemos esquecer que seu nome verdadeiro é Lúcifer
(heb. hekb), portador de luz. Ele foi dotado de livre arbítrio, perfeito quanto
as suas ações. Toda a sua personalidade e caráter eram perfeitos como a luz é
perfeita na sua própria essência; ele não é a luz, Deus é luz, mas na permissão
divina ele refletia, ele estava sempre participando da glória e da luz
divina.
O Estado Original de Satanás
No livro do profeta Ezequiel 28.1-2 um governador é
apresentado como o príncipe de Tiro. Ele é descrito como um homem que se tornou
tão frívolo quanto as suas riquezas e inteligência, a ponto de reivindicar ser
igual a Deus. “Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta
lamentações contra o rei de Tiro, e diz-lhe:
Assim
diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura.
Estavas no Éden, jardim de Deus, de todas as pedras preciosas te cobrias: o
sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o
carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no
dia em que foste criado foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda,
ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das
pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti” (Ez 28.11-15).
No texto supra encontramos Deus lamentando por essa pessoa;
ele – sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura, querubim da guarda,
ungido etc. Era, por conseguinte, o mais perfeito, o mais belo, e mais sábio de
toda a criação de Deus!
Estaremos em condições de entender quão perfeito é o
perfeito? Ele é chamado de
“querubim da guarda,
ungido”. Querubim é um ser angélico de elevada categoria associado com a
presença santa de Deus e sua glória. Ele é chamado “o ungido”, o que indica favor supremo de Deus. “Ungido” é a mesma palavra que se usa falando do Messias, rei ungido de
Deus. Esta pessoa era o governador e líder dos seres angélicos e
evidentemente os guiava em seu louvor a Deus e júbilo. A palavra hebraica traduzida “da guarda” em Ezequiel 28.14 e 16
significa literalmente “quem conduz”. Observamos, ainda que lhe foram dadas
todas as jóias fabulosas, indicando também sua categoria exaltada. Ele estivera
no “Éden, jardim de Deus” e “no monte santo de Deus”. Ele andava “no brilho das pedras”, o que é um
símbolo amiúde usado para indicar a presença santa de Deus. Tal descrição não
poderia aplicar-se a um mero ser humano.
Entretanto, foi perfeito até “que se achou iniqüidade nele”. Esta falta de eqüidade marcou a
queda de Lúcifer e a origem de Satanás (Is 14.12-14).
É importante observar que Deus Se dirige a Satanás mediante
a pessoa do príncipe de Tiro (Ez 28). Satanás
é a fonte invisível da arrogância e autodeificação deste príncipe. Scofield
(Bíblia de Estudo), descreve outros casos de tratamento indireto com Satanás
mediante um homem ou outra criatura: quando Deus Se dirigiu à serpente no
jardim, em Gênesis 3.14; quando Jesus falou a Satanás através de Pedro, em Mateus
16.23. “A visão não é de Satanás em sua própria pessoa, mas de Satanás em seu
desempenho num rei terreno e através desse rei que se arroga honras
divinas”.
A relação figurada com o Rei de Tiro (Ez 28.1-10)
No devido contexto, a profecia de Ezequiel contra o rei de
Tiro contém uma referência velada a Satanás como o verdadeiro governante de
Tiro e como o deus deste mundo (2Co 4.4; 1Jo 5.19). O rei é descrito como um
visitante que estava no jardim do Éden (Ez 28.13), que fora um anjo, querubim
ungido (Ez 28.14), e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que
nela se achou iniqüidade (Ez 28.15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (Ez
28.17), foi precipitado do monte de Deus (Ez 28.16,17; Is 14.13-15).
Nos primeiros dez versículos, o rei de Tiro é apresentado
literalmente como alguém conhecido na história como Thobal (ou Ithobaal II) que
reinou em 586 a.C. Naquele período, Thobal, como rei de Tiro, uma cidade-reino,
encheu-se de orgulho e presunção, imaginando-se um deus. No versículo 2, o
profeta fala do “príncipe de Tiro” e no versículo
12 fala do “rei de Tiro”. Na primeira parte quando fala do
“príncipe”, apresenta-o como um homem vaidoso e presunçoso, que se imaginava um
deus. Porém, o texto quando fala do mesmo personagem no versículo 12, passa a
ter um sentido mais espiritual, e desse modo, entende-se que se trata,
comparativamente, de outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do
príncipe literal. Thobal, o príncipe, imaginava a sua cidade como inexpugnável
por estar construída sobre uma rocha.
O pecado maior do rei de Tiro era o orgulho, que o levou a
exaltar-se qual divindade. Por isso, ele sofreria o julgamento divino e
desceria à cova como todos os mortais (Ez 28.8). Muitos hoje, especialmente os
que foram enganados pelos ensinos da Nova Era, crêem que realmente são deuses,
ou que estão se tornando deuses. Esses enganadores e suas vítimas, caso não se
convertam a Deus, receberão a mesma condenação do rei de Tiro.
Algumas características originais antes da
queda
O texto (Ez 28.12-16) indica que Lúcifer era possuidor de
elevada distinção e detentor de honrosos títulos e posições, conforme
destacaremos a seguir:
a) “o aferidor da medida” (v. 12). A
palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original hebraico, porque
significa que ele era a imagem, perfeita da criação divina e uma imagem
refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio de ser a mais bela e
inteligente criatura de Deus (v. 12). Nele se encontrava a medida perfeita da
criação daquilo que Deus queria.
b) “estavas no Éden, jardim de Deus”
(v.13). A menção sobre pedras preciosas existentes no Jardim do Éden tem um
sentido figurado para ilustrar os privilégios dessa criatura chamada Lúcifer,
personificada no texto como “o rei de Tiro”. O ornamento de pedras preciosas
desse personagem indica a grandeza e a beleza de sua aparência. Era um tipo da
glória tipificada e representada por Lúcifer antes da queda.
c) “no dia em que foste criado” (v. 13). É
importante essa expressão porque declara que Lúcifer é um ser criado por Deus.
Como criatura de Deus não lhe dava o direito de imaginar-se tão superior a
ponto de querer ser igual a Deus.
d) “querubim ungido para proteger” (v. 14).
Na descrição profética de Ezequiel, Lúcifer pertencia a mais alta classe de
seres angélicos. Sua relação com Deus
manifestava-se em sua função específica de proteger o trono de Deus. Esse
ministério de proteção dos querubins tem a ver com a incumbência de preservar
toda a criação divina (Gn 3.24; Êx 25.17-20; Sl 80.1).
e) “perfeito eras nos teus caminhos” (v.
15). A frase tem na conjugação verbal do verbo ser no passado “eras”, a
história antiga de Lúcifer, como alguém que escondia em seu interior a
iniqüidade da vaidade e do orgulho. 6.6.6. Nomes que designam Satanás
Satanás é um ser inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíblia inteira o apresenta
resistindo a Deus e perturbando a paz das nações com guerra, destruição e
misérias. As Escrituras se referem a este ser poderoso através de substantivos
próprios e pronomes pessoais diferentes, como:
a) Satanás (1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap
20.2 etc.). Esse título lhe foi dado após a sua queda da presença de Deus, e
significa “adversário” (Zc 3.1; 1Pe 5.8). Foi a partir do momento em que
Lúcifer encheu-se de iniqüidade e permitiu que a presunção o dominasse que
aconteceu a grande tragédia universal. Ele imaginou-
se poderoso o suficiente para competir ou mesmo superar o
trono de Deus. Lúcifer, então, se fez adversário e oponente constante e
implacável contra o Criador. Tornou-se, por isso, um arquiinimigo de toda a
criação viva de Deus.
b) Diabo (Mt 13.39; Jo 13.2 etc.). Este
termo aparece apenas no Novo Testamento. É uma transcrição do vocábulo grego
diabolos que significa “caluniador, acusador” (Ap 12.10). Essa característica
ele demonstrou como uma das suas tarefas mais terríveis e maléficas. Existe uma
história onde o diabo calunia e acusa um servo de Deus chamado Jó. Embora esse
homem fosse íntegro, o diabo apareceu diante do Senhor para acusá-lo (Jô
1.9-11). Portanto, a Bíblia identifica o diabo como caluniador e acusador dos
servos de Deus. Como diabo, ele é o acusador dos irmãos (Ap 12.10). Ele fala
mal de Deus para o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap
12.10. Como pai da mentira, ele tenta acusar os servos do
Senhor, como se Deus não pudesse perceber as suas mentiras (Jo 8.44). Mas a
Bíblia declara que “temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo”
(1Jo 2.1).
c) Dragão (Is 51.9; Ap 12.3,7 etc.). A
palavra “dragão” (tannin) parece significar literalmente “serpente” ou “monstro
marinho”. O dragão é considerado como a personalidade de Satanás, como o é de
Faraó em Ez 29.3; 32.2. O dragão é um animal marinho e pode apropriadamente
representar a atividade de Satanás nos mares do mundo.
d) A Antiga serpente (Gn 3.1; Is 27.1
etc.). Este termo indica sua desonestidade (Jó
26.13) e falsidade (2Co 11.3).
e) Belzebu (Mt 10.25; 12.24,27), ou mais
corretamente, Beelzebul, de acordo com a palavra grega. Não se conhece o
significado exato do termo. Em sírio, significa “senhor do esterco”. É também
sugerido que o termo significa “senhor da casa”. Esse título tinha uma relação
com um deus pagão de
Ecrom, por nome Baal-Zebub ou Baal-Zebul. No texto grego
do Novo Testamento, esse nome aparece como Belzebu, cuja atribuição dada pelos
judeus do tempo de Cristo era o de “príncipe dos demônios” (Mt 10.25; Mc 3.22).
Como os judeus usavam esse nome com um tom de escárnio, porque o mesmo
referia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nem qualquer pudor, identificou
Belzebu como Satanás (Lc 11.18,19; Mc 3.24- 27).
f) Belial ou Beliar (2Co 6.15). Este termo
é usado no Velho Testamento no sentido de “indignidade” (2Sm 23.6). Assim,
lemos a respeito dos “filhos de Belial” (Jz 20.13), os “homens de Belial” (1Sm
30.22), e dos “homens depravados”.
g) Lúcifer. Esse nome não aparece
literalmente em nossas versões bíblicas, é a forma latina traduzido por
Jerônimo na Vulgata. Na linguagem metafórica de Isaías 14.12, o nome Lúcifer
aparece vinculado a expressão “filho da alva”. Os babilônicos criam que os
astros celestes ou estrelas fossem seres angélicos, por isso, “um filho da
alva” representava a primeira luz da manhã, e Lúcifer, em seu primeiro estado
possuía esta característica. Este termo significa a estrela da manhã, um nome
dado ao planeta Vênus. Significa literalmente o que traz a luz, e é um nome
usado para Satanás na passagem de Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostrado como
um anjo de luz.
h) Maligno (Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.).
Esta é uma descrição de seu caráter e sua obra.
j) Tentador (Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc
1.13; Jo 13.2 etc.). Este nome indica seu constante propósito e esforço para
levar os homens ao pecado.
k) deus deste século (2Co 4.4). Como tal,
ele tem seus “ministros” (2Co 11.15), “doutrinas” (1Tm 4.1), “sacrifícios” (1Co
10.20), “sinagogas” (Ap 2.9). Ele patrocina a religião do homem natural e é,
sem dúvida alguma, responsável por todos os falsos cultos e sistemas que assolam
a cristandade hoje em dia.
l) Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2;
6.12). Como tal, ele é o líder dos anjos maus (Mt 25.41; Ap 12.7) e o príncipe
dos demônios (Mt 12.24; Ap 16.13,14). Ele comanda uma vasta hoste de servos que
executam suas ordens, e governa com poder despótico.
m) Príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30).
Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste mundo. Jesus
não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste planeta feita
por Satanás em Mt 4.8,9. Mas Deus é claro, estabeleceu limites definidos para
ele, e quando chegar a hora, ele será subjugado pelo governo dAquele que tem o
direito de governar, Jesus, nosso santo Senhor.
n) O Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2).
O Acusador dos filhos de Deus (Ap 12.10). O Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co
11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da mentira (Jo 8.44).
6.6.7. A atuação de Satanás
7
– Quem são os Demônios
O termo “demônio” aparece somente três vezes no Velho
Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37; Lv 17.7). No Novo Testamento, a palavra
“demônio” (gr. daimon ou daimonion) assumiu o sentido de malignidade, pois eles
são seres espirituais, inteligentes, impuros e com poder para afligir e
contaminar os homens moral e espiritualmente. O termo daimon ocorre em Mt 8.31;
e daimoniodes apenas em Tg 3.15. Mas o substantivo daimonion aparece 63 vezes,
e o verbo daimonizomai, 13 vezes. No grego clássico, os termos daimonion e
daimon se referem a deuses inferiores, tanto bons como maus.
No texto de Dt 32.17, o cântico de Moisés destaca que os
israelitas caíram em idolatria:
“sacrifícios ofereceram aos demônios (shedhim)”. Entende-se
então que o termo shedhim se identifica não só com as imagens de idolatria, mas
também relaciona o termo com seres espirituais por detrás dos que adoram as
imagens. O termo seirim, etimologicamente significa “o peludo” ou “bode
peludo”. O povo de Israel repudiava esses animais porque eram considerados
objetos de adoração (Lv 17.1-7).
Alguns teólogos entendem que os demônios e espíritos maus
são diferentes dos anjos caídos. Outros admitem que tanto anjos caídos,
espíritos malignos e demônios são apenas nomes diferentes para os mesmos seres.
Antes de apresentarmos o nosso ponto de vista exibiremos algumas teorias
enganosas.
Teorias falsas sobre os demônios
Essas teorias apresentam idéias divergentes sobre a origem
dos anjos caídos. Teóricos utilizam textos bíblicos isolados para defenderem
suas posições.
Os demônios são espíritos sem corpos de
habitantes de uma raça pré-adâmica
Acreditam os defensores dessa teoria que havia na terra uma
raça pré-adâmica que se constituía de criaturas físicas, as quais, pela
rebelião de Lúcifer, sofreram a perda de seus corpos materiais, tornando-se
espíritos sem corpos, denominados “demônios”. Esta idéia vai de encontro ao
fato de que em parte alguma das Escrituras é tal raça mencionada.
Mas como a queda de Satanás, de seus anjos e dos demônios
deve ter acontecido entre Gn 1 e 2, não é improvável que, além dos anjos,
houvesse uma raça de seres espirituais que habitava na terra, sobre quem
Satanás dominava, e que também caiu quando ele caiu. Como castigo para ele,
Deus permitiu-lhes estar aí em um estado de desincorporação até que sejam
confinados ao Geena, quando do julgamento final de Satanás e suas hostes.
Diversos escritores modernos que escrevem sobre profecias aceitam este ponto de
vista. Esta idéia parece explicar melhor o fato dos demônios buscarem possuir
seres humanos. A destruição a que se refere 2Pe 3.5,6 poderia se referir a um
julgamento sobre uma tal raça pré-adâmica, através da qual a criação perfeita
de Deus foi transformada no caos de Gn 1.2.
Satanás é um anjo, e é chamado príncipe dos demônios (Mt
12.24), indicando que os demônios são anjos e não uma raça pré-adâmica. Além
disso, Satanás tem uma hierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é
razoável supor que estes sejam demônios. Alguns demônios já estão presos (2Pe
2.4; Jd 6) e alguns estão à solta, cumprindo ordens de Satanás. Alguns pensam
que a razão para tal aprisionamento é a participação daqueles demônios no
pecado de Gn 6.1-4.
Na verdade, essa teoria não consegue se definir, porque
biblicamente, nunca existiu raça alguma pré-adâmica que tivesse habitado neste
planeta. Por essa razão, a idéia de uma raça pré-adâmica é pura conjectura, sem
nenhum apoio bíblico. Não há nenhuma raça criada anterior à raça humana de Adão
e Eva (Gn 1.26,27). A única criação de seres vivos e inteligentes existente
antes da criação da raça humana eram os anjos, e estes nunca habitaram na terra
como raça criada.
Os demônios são seres gerados da relação de anjos
com mulheres antediluvianas (Gn 6.1-4)
Não são poucos os teólogos que apóiam as doutrinas das
“testemunhas de Jeová”, ao defenderem ser “os filhos de Deus” (Gn 6.2) anjos
caídos que não guardaram o seu estado original. Essa teoria defende uma
intromissão angélica na esfera humana e como resultado uma raça de gigantes
perversos.
Os defensores dessa teoria interpretam que “as filhas dos
homens” eram realmente da descendência de Adão e Eva e que “os filhos de Deus”
eram anjos que entraram em conúbio com estas mulheres e produziram uma progênie
espantosa de filhos gigantes. Os que admitem essa teoria partem da idéia de que
“os anjos” são chamados “filhos de Deus” em algumas partes das Escrituras, mui
especialmente no Antigo Testamento. É fato que em algumas Escrituras
encontramos a expressão “filhos de Deus” para referir-se aos “anjos”, mas não
podemos omitir outro fato de que a mesma expressão “filhos de Deus” também se
encontra em outras escrituras referindo-se a “homens”. Isto só é possível
perceber à luz do contexto de cada escritura. Forçar uma interpretação
contrariando o contexto, tanto o imediato como o remoto, significa ferir a
revelação divina de cada escritura. O argumento aceitável, racional e bíblico,
é que esses “filhos de Deus” eram oriundos da linhagem piedosa de Sete e as
“filhas dos homens” eram da linhagem pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e
canônico é que os anjos são seres assexuados. Eles não possuem descendência,
nem ascendência ou família. Foram apenas criados e, tantos quantos foram
criados no princípio da criação, são tantos quantos existem.
Os Demônios são simples nomes dados a certas
enfermidades
Com o aparecimento das idéias dos atuais grupos da Confissão
Positiva e da Teologia da Prosperidade nos meios pentecostais, essa teoria tem
se espalhado como se fosse planta daninha entre o povo de Deus. Crêem e ensinam
que as doenças, de um modo geral, são “espíritos maus” ou “demônios” que
precisam ser expelidos. Essa teoria atribui certas desordens naturais a
atividade dos maus espíritos. Ao nomear as doenças como espíritos maus ou
demônios, mesmo aquelas doenças de causas naturais, estão tratando os espíritos
ou demônios como se eles não tivessem existência real. Devemos ter cuidado em
separar as causas dos seus efeitos. Nem todas as enfermidades são causadas por
demônios, e nem todas podem ser atribuídas aos demônios. Há doenças de causas
naturais como conseqüência da herança pecaminosa que todo ser humano herda, e
há doenças causadas por demônios. Não podemos tratar as doenças como demônios,
pois dessa forma todo crente quando fica enfermo estaria endemoninhado, o que é
um absurdo. Não podemos, também, tratar os demônios como se não tivessem
existência real. Os demônios não são coisas, nem meras idéias, nem doenças.
Eles são seres pessoais e espirituais que podem causar grandes danos às
pessoas. Lucas conta que uma certa mulher esteve presa por um espírito de
enfermidade por 18 anos e Jesus a libertou daquele jugo. O texto bíblico diz
literalmente que aquela mulher estava possessa de um “espírito de enfermidade”
(Lc 13.11), isto é, entende-se que um espírito maligno
aprisionava aquela mulher com uma enfermidade, mas esta não
era um espírito ou demônio. Aquele espírito provocou naquela mulher a
enfermidade que a fizera sofrer por longo tempo.
Os demônios são os espíritos de homens malvados
que já estão mortos
Outra tremenda aberração! Não há nenhum apoio bíblico para
esta idéia. Essa teoria foi se desenvolvendo através dos séculos e, em pleno
final do século 20, torna-se generalizada. Porém, a Bíblia refuta veementemente
esse falso conceito. Os demônios são apenas “anjos caídos” e são eles que
promovem todo o engano e confusão na mente humana. Os mortos continuam mortos e
seus espíritos não andam vagando por aí a perturbar a paz das pessoas.
O que a
Bíblia afirma ser os demônios
O Novo Testamento menciona muitas vezes pessoas sofrendo de
opressão ou influência maligna de Satanás, devido a um espírito maligno que
neles habita; menciona também o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho
segundo Marcos, por exemplo, descreve muitos desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39;
3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30; 9.17-29; 16.17.
Os
demônios são seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus
e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são
malignos, destrutivos e estão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10
nota).
Os demônios são a
força motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos
deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo
Testamento mostra que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás
(Jo 12.31; 2Co 4.4; Ef 6.10-12).
Os
demônios são parte das potestades malignas; o cristão tem de lutar
continuamente contra eles (Ef 6.12). Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos, e, constantemente, o fazem
(Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18) e falam através das vozes dessas pessoas.
Escravizam tais indivíduos e os induzem
à iniqüidade, à imoralidade e à destruição.
Os demônios podem
causar doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc
13.11,16), embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos
maus (Mt 4.24; Lc 5.12,13). Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia
(isto é, feitiçaria) estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente
leva à possessão demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).
Os espíritos malignos estarão grandemente ativos nos últimos
dias desta era, na difusão do ocultismo, imoralidade, violência e crueldade;
atacarão a Palavra de Deus e a sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O
maior surto de atividade demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus
seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14).
Jesus e os demônios
Nos seus milagres, Jesus freqüentemente ataca o poder de
Satanás e o demonismo (Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; Lc
13.11,12,16). Um dos seus propósitos ao vir à terra foi subjugar Satanás e
libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc 1.27; Lc 4.18).
Jesus derrotou
Satanás, em parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da
sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo, Ele
aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus. O inferno
(gr. Gehenna), o lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios
- anjos (Mt 8.29; 25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47; Mt
10.28; 18.9.
O crente e os demônios
As
Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito
Santo, pode ficar endemoninhado; isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo corpo (2Co
6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos, emoções e
atos dos crentes que não obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt 16.23;
2Co 11.3,14).
Jesus prometeu aos genuínos crentes autoridade sobre o poder
de Satanás e das suas hostes. Ao nos depararmos com eles, devemos aniquilar o
poder que querem exercer sobre nós e sobre outras pessoas, confrontando-os sem
trégua pelo poder do Espírito Santo (Lc 4.14-19). Desta maneira, podemos nos
livrar dos poderes das trevas.
Segundo
a parábola em Mc 3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três
aspectos:
1- declarar
guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.1419);
2- ir
onde Satanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e
vencê-lo pela oração e pela proclamação da Palavra,
3- e
destruir suas armas de engano e tentação demoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se
de bens ou posses, isto é, libertando os cativos do inimigo e entregando-os a
Deus para que recebam perdão e santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22;
At 26.18).
Seguem-se
os passos que cada um deve observar nesta luta contra o mal:
- Reconhecer
que não estamos num conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças
espirituais do mal (Ef 6.12);
- Viver
diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à sua verdade e justiça (Rm
12.1,2; Ef 6.14);
- Crer
que o poder de Satanás pode ser aniquilado seja onde for o seu domínio (At
26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8)
- O
crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a destruição das
fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5);
- Proclamar
o evangelho do reino, na plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At
1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16; Ef 6.15);
- Confrontar
Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de Jesus (At 16.1618), ao
usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef 6.18), ao
jejuar (Mt
6.16; Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt 10.1; 12.28;
17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar,
principalmente, para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao
pecado, à justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.7-11); orar, - Com desejo sincero, pelas manifestações do
Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres e de maravilhas
(At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).
A natureza espiritual, intelectual e moral dos
demônios
Eles possuem uma natureza
intelectual, até mesmo porque na etimologia da palavra daimon o sentido é
conhecimento, inteligência. Portanto, os demônios não são coisas impensantes,
mas conhecem a Jesus e até falam dele como “o filho do Altíssimo” (Mc 5.6,7).
Tiago escreveu que os demônios crêem e estremecem (Tg 2.19).
Quanto à natureza
moral dos demônios é inegável que eles se corromperam indo após Lúcifer,
praticando toda a sorte de perversão e depravação espiritual. Por isso, eles
são chamados “espíritos imundos” (Mt 10.1; Mc 1.27; 3.11; Lc 4.36; At 8.7, Ap
16.13). Eles usam as pessoas, possuindo suas mentes ou influenciando-as por
outros meios a fim de que elas se tornem “instrumentos de iniqüidade” (Rm
6.13).
Na rebelião promovida por Lúcifer, este arrastou consigo uma
grande multidão de seres angelicais (Mt 25.41; Ap 12.4). Depois, ele organizou
sua própria corte com os anjos que o seguiram, distinguindo-os em “principados, potestades e dominadores das trevas e
hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Os anjos que trocaram a sua
habitação pela oferta do rebelde Lúcifer, foram banidos da presença de Deus e
seguiram a liderança de Lúcifer. E,
assim, passaram a ser identificados como “anjos caídos”.
Lugar atual e destino final dos demônios
a) Satanás
na sua rebelião inicial contra Deus (Mt 4.10) sublevou uma terça parte dos
anjos (Ap 12.4). A maioria deles está solta sob o domínio e controle de Satanás
(Mt 12.24; ]25.41; Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamente
organizados do diabo (Ef 6.11,12) que equivalem aos demônios referidos na
Bíblia;
b) Outros
desses estão algemados no poço do abismo (2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na
Grande Tribulação. “E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do
céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do
abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande fornalha e, com a
fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar” (Ap 9.1,2). Nesse texto encontramos
a estrela que cai do céu que é provavelmente um anjo que executa o julgamento
divino e o poço do abismo que é o lugar onde estão aprisionados os demônios que
não guardaram o seu principado e ali foram encerrados até que Che o tempo de
serem soltos (Ap 11.7; 17.8; 20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Do poço do abismo
saem gafanhotos que representam um vultoso número de demônios e também intensa
atividade demoníaca na terra, perto do fim da história.
c) finalmente
todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de
fogo. “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartaivos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
Introdução
O Cristianismo é Cristo, o
eterno e preexistente Filho de Deus. Ao usarmos o termo preexistente, em
relação a Cristo, nos referimos àquele período da Sua existência anterior ao
seu nascimento fisico em Belém da Judéia. Nele está o cumprimento do propósito
de Deus em derramar sua benção sobre todos os que Nele crêem, e por Ele, o
julgamento dos que não crêem. Qualquer ensinamento que acrescente ou diminua a
pessoa de Cristo é errado e herético. Infelizmente muitos cristãos simplesmente
não pensam na alta importância deste aspecto da vida de Cristo; Porém a grande
verdade é que o Cristo de Deus é preexistente, encarnado, nascido
virginalmente, totalmente humano e totalmente divino, uma pessoa particular que
morreu, ressuscitou, ascendeu aos céus e que voltará brevemente para arrebatar
a sua igreja. O autor.
1-A PREEXISTENCIA DE CRISTO.
1.
Antes que o mundo existisse.
Isto significa que ele sempre existiu e existirá,
que nunca teve começo ou terá fim. Isto é ensinado tanto no Antigo Testamento
com no Novo Testamento. O próprio Senhor Jesus, na Sua oração sacerdotal
mencionou Sua preexistência quando disse em João 17.5: "E agora
glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo
antes que o mundo existisse." Também na mesma oração Jesus disse em 17.24:
"...Porque me amaste antes da fundação do mundo".
2.
Antes de Abraão.
Eipen
autois lesous, Amen amen lego hymin, prin Abraam genesthai ego eimi.
(Jo 8.58).
O mais claro ensino bíblico a
este respeito encontra-se nas palavras do próprio Jesus Cristo, ao dirigir-se
aos fariseus. Note bem o que Jesus disse: ... antes que Abraão existisse, Eu
sou".Eu sou no texto grego aqui é: (ego eimi). O mesmo usado em Êxodo 3:14
na Septuaginta Grega, para designar o nome de Deus. Com isso, Jesus estava se
igualando ao Pai, e dizendo que ele é eterno. Os Judeus entenderam o que Jesus
estava dizendo e consideraram tal declaração uma blasfêmia, pois somente o Deus
de Israel é o grande "Eu Sou". Que significa: "0 Auto Existente
que tem vida própria e se revela". Ver também Jo 8.24;
3. O Alfa e o Omega.
"Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim,
diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso" (Ap
1.8).
Esta expressão
Alfa e Omega correspondem às letras A e Z do alfabeto grego. Tal expressão
indica que, em vez de ter início e fim, Cristo é a razão de ser do inicio de
todas as coisas.(Sendo Ele o próprio Criador de tudo).
11-CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO.
1. O anjo do Senhor.
Neste estudo sobre Cristologia, é mister fazer
menção especial ao "Anjo do Senhor", um anjo incomparável que aparece
principalmente no Antigo Testamento. Seu primeiro aparecimento foi a Agar, no
deserto (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram pessoas como Abraão (Gn
22.11-15), Jacó (Gn 31.11-13), Moises (Ex 3.2), Josué (5.13-15), etc. O anjo do
Senhor realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos em geral. As vezes
simplesmente trazia mensagens de Deus ao povo (Gn22. 15-18). Noutras ocasiões
Deus enviava o seu anjo para protegê-los do perigo (Ex 14.19; 23.20; Dn 6.22),
e, ocasionalmente, destruir os seus inimigos (Ex 23.23). A identidade do anjo
do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele freqüentemente se
dirige às pessoas. Note o seguinte fato, que está registrado em Juizes 2.1:
"E subiu o anjo do Senhor de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz
subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado e disse: Nunca
invalidarei a minha aliança convosco".
1. O anjo
do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos
pais Eu tinha jurado, Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco.
Comparando esta passagem com outras que descrevem o
mesmo evento, verifica-se que eram atos de Jeová, o Senhor Deus de Israel. Foi
ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a
terra de Canaã (Gn 13.14-17), Ele jurou que o seu concerto seria eterno (Gn
17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Ex 20. I -2), e Ele os levou à terra
prometida (JS 1 .1-2).
a.
Quando o anjo do Senhor apareceu a Moises na sarça
ardente disse:
"Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque, e o Deus de Jacó... E disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou.
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós."(Ex
3. 6 e 14).
b. Ainda mais explicitamente, o Anjo do Senhor apareceu a Josué, ao
pé de Jericó:
"E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe
do exército do Senhor. Então Josué se prostrou com o seu rosto em terra e o
adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo? Então disse o príncipe do
exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em
que estás é santo. E fez Josué assim." (JS 5.14-14).
1.0 anjo do Senhor aceita
adoração devido a Deus, o que jamais um anjo qualquer aceitaria (Ap 19. IO).
2.Seu oficio é o mesmo do
Messias, Guia e Capitão do povo.
3.Ele imediatamente assume o
comando supremo e diz como a batalha há de ser. (Js 6.110).
Portanto, nossa firme convicção é que este "Anjo do
Senhor" seja o próprio Senhor Jesus, antes da sua encarnação, que se
revelou em forma teofanica (aparições de Deus em forma Humana ou angelical) ao
seu povo, no Antigo Testamento.
2. Profecias da vida de Cristo.
1. Os três ofícios do Senhor Jesus.
As profecias messiânicas do Antigo Testamento
vaticinaram as muitas funções desempenhadas por Cristo aqui na terra. Vejamos:
a) Como profeta.
Moisés fala do papel de Cristo como profeta, quando
diz em (Dt 18.15) "0 SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de
ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás," O Senhor Jesus
confirmou o fato de ser ele o profeta prometido, dizendo em (Jo 5.46)
"Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim;
porquanto ele escreveu a meu respeito."
O profeta era o representante de Deus na terra, os
evangelhos apontam o Senhor Jesus como profeta Ele mesmo se declarou ser
profeta (pregou salvação - anunciou o reino de Deus — condenou a hipocrisia —
predisse o futuro — revelou a vontade de Deus aos homens).
b) Como
Rei
De acordo com as profecias do Antigo Testamento, o
Messias seria um grande rei da linhagem de Davi da tribo de Judá que governaria
Israel e as nações por meio de um reino eterno de paz e prosperidade: "Eis
que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei
que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu
nome, com que será chamado: SENHOR Justiça Nossa”. (Jr 23.5-6).
c) Como
Sacerdote.
O sacerdote no Antigo Testamento
era uma pessoa consagrada que representava o homem diante de deus e intercedia
por ele com sacrificios que asseguravam o favor e o perdão divino ao
transgressor (Hb 8.3).
O fato de que o sacrificio do Antigo Testamento
tinha que ser repetidos anualmente indicavam claramente que eles eram
provisórios, apontando para um tempo futuro quando então Cristo viria para
remover de modo permanente esses rituais, através de um sacrificio, superior e
eterno. (Hb 10.12). No final do livro voltaremos a falar do sacerdócio
Universal de Cristo.
111 - CRISTO REVELADO NA
TIPOLOGIA DO TABERNÁCULO
O que é tipologia bíblica!) O termo tipologia
bíblica refere-se a pessoas, eventos, objetos e instituições do Antigo
Testamento que servem de sombra ou prefiguração de pessoas e eventos do Novo
Testamento. A representação inicial chama-se "tipo",
e a realização dela,
"antítipo". Evidentemente, num estudo breve não se pode tratar
devidamente o tema da tipologia, o qual iremos fazê-lo posteriormente, porém,
vamo-nos, a ter, um pouco no tabenáculo de Moisés e suas tipologias
relacionadas a Cristo e o seu sacrificio.
1. A entrada do tabernáculo e suas tipologias.
As quatro colunas da entrada do Tabernáculo têm um
significado muito importante: "E à porta do pátio haverá uma coberta de
vinte côvados de pano azul, e púrpura, e carmesim e linho fino torcido, de obra
de bordador, as suas colunas e as suas quatro bases".
Essas quatro colunas, falam da
oportunidade que Deus da a toda as pessoas para a salvação, pois o número
quatro está relacionado com a terra.
Os quatro véus, que cobrem as quatro colunas na
entrada do Tabernáculo apontam para a revelação de Jesus Cristo, descrita nos
quatro evangelhos. Compararemos agora, essas cores, de acordo com a ordem dos
evangelhos.
l . A púrpura: Esta cor se
relaciona com a realiza, e aponta para Cristo no Evangelho de Mateus, que é o
evangelho do rei (Zc 9.9).
2. O
carmesim: Esta cor está relacionada com o sangue, e aponta para o Evangelho de
Marcos, onde Jesus é representado como servo sofredor.
3. O
linho branco: Esta cor, fala de pureza, justiça e santidade, e aponta para o
Evangelho de Lucas, onde Jesus Cristo é apresentado como Filho do homem,
perfeito e justo (Zc 6.12).
4. A
cor azul: O azul, fala do céu ou aquilo que é celeste, e aponta para o
Evangelho de João, onde o Senhor Jesus Cristo é apresentado como Filho de Deus,
o verbo Divino (Jo 1.1)
2. O pátio
do Tabernáculo e suas tipologias.
O pátio, ou átrio aponta para a
terra onde o sacrifício de Cristo foi realizado, media aproximadamente 25
metros de frente por 50 metros de frente ao fundo. O pátio separava o
Tabernáculo, da congregação por um cercado de 60 colunas de bronze, sobre os
quais apoiava-se um cortinado de linho branco de dois metros e meio de altura,
isso fala da separação entre Deus e o homem pecador (Is 59.2).
Os quatro véus que cobrem as quatro colunas da
entrada do Tabernáculo, por sua cor púrpura, carmesim, linho branco e azul
apontam para os quatro Evangelhos do Novo Testamento. As peças que estavam no
pátio são:
1. O altar,
do holocausto: Era a maior peça do Tabernáculo (Êx 27.1-7) "Farás também o
altar de madeira de acácia; de cinco côvados será o seu comprimento, e de
cinco, a largura (será quadrado o altar), e de três côvados, a altura. Dos
quatro cantos farás levantar-se quatro chifres,..." (Ex 27.1,20.
O altar era o lugar onde se
matavam os animais para o sacrificio, tanto o altar, como os milhares de
animais inocentes, que foram sacrificados no lugar do homem pecador,e apontavam
para o sacrificio do Senhor Jesus, que como cordeiro de Deus, morreu por nós na
cruz do Calvário.
3. A bacia de bronze (Êx
3.18-21 e 38.8) A bacia de bronze servia para a purificação dos sacerdotes,
antes de entrarem no santuário. Aqui, eles tinham que lavar suas mãos, e os
pés, pois no serviço cotidiano, eles sempre se contaminavam com o sangue dos
animais, e também pela poeira do deserto. Na tipologia, a bacia de bronze,
aponta para a Palavra de Deus, que tal, qual um espelho mostra a nossa
verdadeira situação diante de
Deus, e também nos lava pelo
poder purificador que ele tem. Aleluia! (Hb 4.12; SI 119.9). O cristão, já foi
perdoado e purificado no altar de bronze, que é um tipo do sacrificio de Cristo
na cruz do Calvário. E por isso se tornou um sacerdote para Deus, mas, na nossa
caminhada, muitas vezes sujamos os nossos pés com a poeira do pecado, sempre
que isto acontecer, devemos humildemente nos chegar a Deus, confessando nossos
pecados, porque ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar de todo pecado
(I Jo 1.9, IO e 21; SI 32.2).
3. O lugar
santo do tabernáculo e suas tipologias
1.
A mesa dos pães da proposição (Ex 25.23-30)
Essa mesa, que também se chamava Mesa da Presença,
tinha um metro de comprimento, por 50 centímetros de largura, e 75 centímetros
de altura. A mesa, tinha uma moldura de ouro ao redor, da largura de quatro
dedos, a qual foi feita uma bordadura de ouro. A finalidade, era evitar que os
doze pães que estavam sobre ela, que representavam as doze tribos de Israel,
caíssem ou deslizassem. Os doze pães, tanto apontam para Jesus, o pão da vida,
como também a união e comunhão entre o povo de Deus (At 2.42).
2. O
candelabro de ouro (Êx 25.31-39)
No lado esquerdo de quem entra no santuário, está
o candelabro, feito de ouro batido e pesando cerca de 34 Kg. A haste e os
braços do candelabro eram uma só peça, que davam suporte as sete lâmpadas de
azeite, as quais forneciam a luz, para iluminação do lugar Santo. As lâmpadas
eram cheias de azeite de oliva, que deveria constantemente ser abastecido pelos
sacerdotes, Na simbologia bíblica, este candelabro tem um duplo significado; as
sete lâmpadas estando à cana ou haste de ouro batido indicam a obra de Cristo,
que resultou na formação da igreja, luz do mundo pelo poder do azeite nela
contido, chamado Espírito Santo.
3.
O altar de incenso.
O altar do incenso era uma peça de madeira, toda
coberta de ouro, tinha 50 centímetros de comprimento, 50 centímetros de largura
(quadrado) e um metro de altura, ele ficava diante da Arca da Aliança, separado
apenas por um véu. Neste altar, não se ofereciam animais para sacrificios, como
no altar de bronze, que estava no pátio. Aqui se podia queimar incenso
aromático. O significado tipológico do incenso, é esclarecido em (SI 141.2 e Ap
8.3), são as orações dos santos, cada crente pode assim na condição de sacerdote,
aproximar-se de Deus em oração, louvor e adoração (Hb 13.15; II Pe 2.5),
fabricando incenso espiritual (Êx 30.34-35). A verdadeira igreja é uma i re•a
de oração.
4. O utensílio do Santíssimo
lugar e sua tipologia.
1. A Arca da Aliança (Ex
25.10,20) colocada dentro do Santo dos santos, a Arca era uma peça de madeira
de acácia, toda revestida de outro por dentro e por fora. Media 1,25
centímetros de comprimento por 0,75 centímetros de largura e 0,75 centímetros
de altura. Ela representava a base do trono de Deus, pois sobre ela ficava, o
propiciatório com os querubins da glória. O véu servia para separar a lugar
Santo. do Santíssimo. A Arca foi a primeira coisa mencionada por deus, quando
ordenou a Moisés a construção do Tabernáculo (Êx 25.10). A Arca era a peça mais
importante do Tabernáculo e isso podem ser visto pelos seus diversos nomes
encontrados no Antigo Testamento tais como:
1. A
arca (Êx 25.10)
2. A arca do
testemunho (Êx 25.22)
3. A arca do
concerto (Nu 10.33)
4. A arca do
Senhor (JS 3.13)
5. A
arca de Deus (I Sm 3.3)
Esta arca, aponta diretamente
para o Senhor Jesus, que se fez homem assumindo a natureza humana representada
pela acácia (Jo 1.14), sem, porém, perde a sua divindade representada, pelo
ouro (Jo 1. l). A Bíblia faia também da unção e da aspersão, a glória só se
manifestou no Tabernáculo após a unção e aspersão (LV 8.10,12, 13). Da mesma
forma a glória de Deus, só pode ser manifestada na igreja após o Senhor Jesus
ter sido ungido no batismo pelo Espírito Santo, e aspergido na cruz do Calvário
pelo seu próprio sangue (LC 24.49; At 2.1-10). Outra coisa importante para se
comentar é a trajetória da arca desde Siló em I Samuel cap. 4. 4; que diz:
" Mandou, pois, o povo trazer de Siló a arca do SENHOR dos Exércitos,
entronizado entre os querubins; os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam
ali com a arca da Aliança de Deus."
Até o dia em que ela repousa na
tenda de Davi em 1 Cronicas cap. 16.1-3. Que diz: "Introduziram, pois, a
arca de Deus e a puseram no meio da tenda que lhe armara Davi; e trouxeram
holocaustos e ofertas pacíficas perante Deus. Tendo Davi acabado de trazer os
holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do SENHOR". Temos
aqui nestes capítulos toda trajetória de Cristo e de seu ministério; desde o
dia em que Ele saiu do trono Até quando Ele retornou a casa do Pai.
a. O
conteúdo da arca
1.
As tábuas da lei (Ex 25.16) Aponta para Jesus
(Jo 1.1).
2.
A vara de Arão que florescera (Nu 17.8)Esta
vara que floresceu e deu flores de amêndoas e fruto, fala da ressurreição de
Cristo, e também de um ministério aprovado por Deus (Hb 5.4).
3.
O vaso contendo o maná (Êx 16.32-34)
O Senhor Jesus chamou a si mesmo de o verdadeiro
maná (pão da vida), que desceu do céu. O maná também pode simbolizar o cristão
que derrete no sol (Mundo), porém se for cozido não derrete , e por fim será
colocado dentro da arca símbolo da presença de Deus. (Ex 16 1-32).A arca do concerto
devia acompanhar o povo de Israel em todas as suas peregrinações, era a
garantia segura da presença de Deus no meio do seu povo, enquanto Israel
andasse e em obediência à Palavra de Deus.
b. Conclusão.
Da
mesma forma, a verdadeira igreja de Deus, deve ter no seu -bojo doutrinário
estas seis peças. Assim como no tabernáculo, havia seis objetos indispensáveis
para o culto divino.
1. Altar
do holocausto: Mensagem do calvário (Mc 16.16-18)
2. Bacia
de bronze: Palavra de Deus (Ef6.17; Hb 4.12)
3.
Mesa da proposição: União e comunhão do povo de
Deus (At 2.42)
4. Candeeiro
de ouro: Presença do Espírito Santo (Jo 14.16-17)
5. Altar
do incensário: Oração, louvor e adoração (Ap 5.8).
6. Arca
da aliança: O Senhor Jesus sua presença é direção na igreja, como centro das
nossas atenções (Ap 1.12-18).
5. As três
entradas ou portas do Tabernáculo
A primeira porta: Estava no átrio, tinha aproximadamente
IO m de largura, era bastante ampla. Esta primeira porta aponta para Jesus que
disse: "Eu sou o caminho" (Jo
14.6).
A segunda porta: Era fechada por um véu, era
cortina do santo lugar, por aqui só os sacerdotes podiam entrar para ministrar.
Esta porta aponta para Jesus que disse: "Eu sou a verdade" (Jo 14.6).
A terceira porta: Separava o lugar santo do lugar
Santíssimo por um véu, tendo o desenho de querubins, para assinalar que esses
seres sublimes sempre velam pela Santidade e Glória de Deus. Esta terceira
porta aponta para Jesus que disse: "Eu sou a vida" (Jo 14.6)
6. A
cobertura do tabernáculo e suas tipologias (Êx 26.1-14).
O Tabernáculo tinha que ter uma
cobertura de fácil montagem e desmontagem. Foi construído de 48 tábuas de
acácia, que constituíam a armação principal do santuário. Deus ordenará a
Moises, que o Tabernáculo fosse coberto por cortinas para proteger os seus
móveis da chuva, e do calor.
Segundo a ordem do exterior para o interior, temos as
seguintes coberturas.
1. Pele de
golfinho: O propósito desta coberta era proteger da chuva e do sol. Não era uma
coberta atraente, além de parecida com a cor da areia do deserto, cuja poeira
ela retinha, era simples, e sem beleza. Esta primeira coberta indica a obra de
Cristo, como aquele que não tinha aparência nem formosura, mas que viveu uma
vida de separação no meio dos homens perversos, porém, Ele não foi contaminado
2. Pele de
carneiro tinto de vermelho: O carneiro é símbolo de devoção e consagração, um
carneiro foi sacrificado no lugar de Isaque, demonstrando assim a devoção e o
amor de Abraão para com Deus. O Senhor Jesus demonstra igual devoção e total
entrega a Deus Pai, mesmo quando a cruz, com todo o seu horror e sofrimento
estava envolvida, a ponto de Seu sangue ser derramado no Calvário como preço do
resgate por nós (LC 22.4142).
3. Pele de
cabra: A lição principal aqui é de substituição. A cabra ou bode (macho ou
fêmea) simboliza o pecado e o transgressor. Este animal era oferecido pelos
israelitas como oferta pelo pecado (LV 4.23,27-28). Esta cobertura indica a
obra redentora de Cristo, como aquele que se tornou nosso substituto na cruz do
Calvário (Is 53.10; Gl 3.13).
4. Linho
fino: Finalmente, a quarta cobertura do Tabernáculo, era constituída de dez
cortinas de linho fino branco, com bordados primorosos em azul.
O linho é símbolo de pureza e justiça (LV 16.4). O
caráter de Cristo, demonstrado através de uma vida sem pecado, trouxe prazer a
Deus. O azul, como já comentamos é a cor do céu, indica a majestade divina de
Cristo.
OBS: Não é nossa intenção
esgotar as tipologias, em relação a Cristo, tanto em relação ao tabernáculo
como também em pessoas que serviram de tipo de Cristo, como: José, Moisés,
Arão, Melquisedeque, Mardoqueu, Davi, etc.IV A DIVINDADE DE CRISTO.
1. |
Jesus Cristo é o elemento central da nossa fé. |
Não é suficiente apenas ter fé. A
fé é válida somente se colocada em alguma coisa. Você deve colocar a sua fé no
Senhor Jesus. As seitas têm falsos objetos de fé, portanto, a fé delas é inútil
— não importa o quanto sejam sinceros. Você pode ter uma grande fé, mas só isso
não pode salvar você. Ela deve ser colocada na pessoa certa: Jesus Cristo.
2. |
A doutrina da Divindade de Cristo é composta de três
elementos básicos, que incluem: |
a. A
crença no Deus trino : Existe um Deus que subsiste em três pessoas: o Pai, o
Filho e o Espírito Santo. Eles são co-iguais, co-eternos e da mesma natureza.
b. O
monoteísmo: Existe um único Deus e nunca existiu outro (Is 43.10; 44.6,8;
45.5). Porém a Bíblia apresenta este único Deus, como sendo uma unidade
composta.
União hipostática: Jesus é tanto Deus como homem. Ele
é também singular no que diz respeito a sua pessoa. Sendo Ele Deus perfeito e
Homem perfeito, não é duas pessoas ao mesmo tempo. Ainda que seja de difícil
compreensão a unificação do ser divino com o ser humano em um único ser. Jesus
nos é apresentado dessa maneira nas páginas do NT.
l. Como Deus: Jesus deve ser Deus
para poder oferecer um sacrificio de valor superior ao de um simples homem. Ele
teve que morrer pelos pecados do mundo (I Jo 2.2). Somente Deus em forma humana
poderia fazer isso.
2.
Como homem: Jesus deveria ser homem para poder
ser um sacrificio pelo homem. Como homem, Ele pode ser o mediador entre Deus e
o homem (I Tm 2.5).
Ao Deus trino na pessoa do Senhor Jesus seja a
glória, a majestade e a honra, antes de todas as eras, agora, e por todo os
séculos. Amém!
3. As
características Exclusivas de Deus em Jesus.
Todas as características e atributos de Deus são
claramente apontados em Cristo, não podendo ser Ele tido por alguém menos que
Deus. As provas são abundantes em todo o Novo Testamento. Comecemos pela idéia
que Cristo tinha a seu próprio respeito.
1. A
Autoconsciência de Jesus.
Jesus tinha uma clara consciência
sobre sua pessoa. As alegações que Jesus fez sobre sua própria pessoa não
teriam sentido se Ele não tivesse sobre si mesmo a clara noção de divindade.
Tudo indica que Ele sabia que era Deus, pois disse:
Que os anjos eram seus, e os poderia enviar (Mt
13:41). Em LC 12:8,9 e 15; IO, os anjos são chamados anjos de Deus.
Que o reino dos Céus (Mt 3:24,31,33,44,45,47),
que é o reino de Deus (LC 17:20), é também o seu reino (Mt 13:41).
Ter autoridade para perdoar os pecados (Mc 2:
1-12), tarefa que cabe exclusivamente a Deus. Aliás, por causa disso os
fariseus o acusaram dizendo "Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados,
senão um que é Deus?". Perdoar pecados é uma prerrogativa divina.
Que julgará todos os homens, separando os bons
dos maus (Mt 25:31-46, LC 13: 2330). No AT, o Deus Todo-Poderoso, é o único
chamado de Juiz de toda a terra (Gn 18:25) e o único com prerrogativa de julgar
as nações (Jz 11:27; SI 75:7; SI 82:8; Ec 11:9 e 12:4). Só Deus pode exercer
tal autoridade e poder.
Ser o Senhor do sábado (Mc 2: 27,28). O valor do
sábado foi definido por Deus (Ex 20: 8-11), e somente alguém igual a Deus
poderia anular ou modificar essa norma.
Ter autoridade pessoal no mesmo nível que a autoridade
do AT (Mt 5:21,22,27,28). Nessas passagens, Jesus deixa claro ter autoridade
para estabelecer novos ensinamentos, no mesmo nível da autoridade que era
dispensada ao ensino de Moisés e dos profetas das Escrituras.
Ser a ressurreição e a vida (Jo
I I :25). Alegava ter poder suficiente para fazer tornar a viver qualquer que
cresse nEle, mesmo que esta morresse. Um atributo exclusivo do
Senhor Deus, |
ue Ele estava reivindicando nessa assa em. |
2. Suas afirmações com respeito ao Pai. |
Jesus alegou várias vezes possuir
um relacionamento íntimo e mesmo bastante incomum com o Pai, que soaria como
loucura, caso Ele não fosse Deus.
l . Ele afirma ser um com o Pai (Jo 10:33). 2. Afirma que quem O vê,
vê o Pai (Jo 14: 7-9).
3. Afirma
que preexistia antes de Abraão, como já estudamos. (Jo 8:58). Sua afirmação é
no presente "Eu Sou", semelhante ao nome com que o Deus Eterno se
revelou a Moisés no Sinai (Ex 3:14, 15). Isso ficou tão claro para os judeus
(sua reivindicação de divindade), que quiseram apedreja - Io por blasfêmia.
4. Afirma
que quem O honra, está honrando o Pai (Jo 5:23).
5. Afirma
ter a mesma natureza de vida que existe somente em Deus, o Pai (Jo 5:26).
3. As reações e afirmações das
pessoas que conviveram com Ele.
Várias pessoas do NT, que tiveram contacto com
Jesus, se manifestaram, uns contra, outros a favor, da clara posição e
prerrogativa que Jesus requeria e assumia para sua vida. 1. A reação do povo
comum (Jo 7:11,12:31,40,41,46): muitos acreditavam ser Ele o Messias prometido,
outros que enganava o povo. Ninguém permanecia indiferente ante a sua pessoa.
2. A
reação e declaração do sumo sacerdote à resposta franca de Jesus (Mt 26:
62-65): a clara afirmação de Jesus que se sentaria a direita do Todo-Poderoso
(o lugar de honra, que só deveria ser dada a Deus), levou o sumo sacerdote a
rasgar suas vestes (ato realizado na presença de uma grande multidão) e o
sinédrio a sancionar a pena de morte por blasfêmia, uma vez que Ele se fizera
igual a Deus. Aliás, essa passagem é uma das declarações mais claras da
divindade de Jesus.
3. De
alguns escribas e fariseus (Jo 19:7,8): que Ele se fez a si mesmo o Filho de
Deus.
4. A
declaração de Tomé (Jo 20:28): "Senhor meu e Deus meu!!". Jesus
aceita a declaração e adoração de Tomé. Caso não fosse Deus, certamente Ele
aproveitaria tal oportunidade para corrigir uma concepção errada sobre a sua
pessoa.
1.4 Vários
Testemunhos das Escrituras sobre a divindade de Jesus.
1. No
evangelho de João.
João identifica Jesus como o Verbo
pré-encarnado, a Palavra em ação. Em Jo 1.1, lemos "No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (vs.l). João deixa
claro que Jesus é um com Deus, e ao mesmo tempo o distingue de Deus (vs. 2).
Afirma que todas as coisas foram feitas por meio dEle, e sem Ele nada do que
foi feito se fez (vs. 3). A Bíblia também afirma que no princípio todas as
coisas foram criadas por Deus (Gn 1: l), e assim João estabelece uma
identificação entre Jesus e o Deus Criador. Afirma também que esse Verbo divino
se fez carne (vs. 14), e que somente Ele revela plenamente a Deus (vs. 18). É
um grande testemunho a respeito da divindade do Filho.
2. Nos
escritos de Paulo.
Paulo mostra claramente sua crença
na divindade de Jesus. Em Cl 1:15-20, Paulo afirma que Jesus é a imagem do Deus
invisível, no qual todas as coisas subsistem, e que nEle reside toda a
plenitude da divindade (veja também Cl 2:9). Paulo se refere ao julgamento de
Deus (Rm 2:3) e ao julgamento de Cristo (IITm 4: 1; IICo 5:10), de maneira
intercambiável. Em FP 2:5-11, Paulo ensina que Jesus, sendo Deus, se esvaziando
a si mesmo de seus privilégios divinos para ser reconhecido em figura humana. E
logo em seguida deixa claro que virá um dia em que todos haverão de prestar
honras e louvores a Ele, numa linguagem só permitida a alguém que crê que Jesus
seja realmente Deus.
3. Nas outras
epístolas.
1. Em
Hebreus: O autor é o que mais contrasta a divindade de Jesus com relação aos
anjos e aos homens. Em Hb 1:3, afirma que Jesus é o resplendor da glória e a
expressão exata de Deus. Não somente isso, mas também afirma que Jesus foi o
meio pelo quais todas as coisas foram feitas (vs. 2), as quais são sustentadas
pela palavra do seu poder (vs. 3). Uma afirmação clara é encontrada no vs.8, no
qual Jesus é tratado por Deus: "mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus,
é para todo o sempre, e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino". A
epístola continua argumentando que Jesus é muito superior aos anjos (Hb - 2:9),
a Moisés (3:1-6) e aos sumos sacerdotes (4:14 - 5:10). Mas o autor deixa claro
que sua superioridade não reside apenas em termos de posição hierárquica, mas
sim de natureza intrínseca, pois todos os outros são criaturas, mas o Filho é
Deus.
2. Em II Pedro
1:1: Pedro também chama a Jesus de Deus e Salvador: "Simão Pedro, servo e
apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na
justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo."
Em Apocalipse 1:8: O Senhor Deus Todo-Poderoso é
apresentado como o Alfa e o
Omega, que representado o princípio e o fim de
todas as coisas. Mas em 1:17-18, Jesus se apresenta com os mesmos títulos
outorgados ao Deus Todo-Poderoso:
"Quando o vi, caí a seus pés como
morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o
primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno".
Também em 19:16, Jesus recebe o título de
Rei dos reis e Senhor dos senhores, uma clara alusão a sua soberania e
majestade divinas. 3. A ligação entre o Pai, Filho e o Espírito Santo
na divindade.
As Escrituras nos
apresentam como já vimos Cristo como um ser divino. Ele se identifica com o
Pai, com Espírito Santo na divindade. Como você pode observar no gráfico
abaixo, a divindade é composta de três pessoas, iguais em aspecto, poder e
glória, (embora com manifestações diferentes), que formam um só Deus,
onipresente, onisciente, onipotente e terno.
O Pai entra com
os nomes na divindade (Ex 4.14), o Filho entra com o corpo (Cl 2.9) e o
Espírito Santo entra com a união entre o Pai e o Filho. Os nomes de Deus
pertencem as três pessoas da divindade, inclusive ao Senhor Jesus, ou seja, o
Pai é o Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, e só existe um Deus, o
Pai é o Senhor, o Filho é o Senhor e o Espírito Santo é o Senhor, é só existe
um Senhor (Ef 4.5). O Pai é Jeová, o Filho é Jeová e o Espírito Santo é Jeová,
e só existe um Jeová. (Ex 3.14; Jo 8.58; II co 3.18).
4. Os
quatro atributos divinos atribuídos a Cristo.
1. Onipresença.
"Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século." (Mt 28.20)
"Porque, onde estiverem dois
ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles." (Mt 18.20).
"E eles, tendo partido, pregaram em toda parte,
cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se
seguiam". (Mc 16.20)
A
palavra onipresença deriva-se de dois vocábulos latinos "ommis", que
significa "tudo" e "praesum" que significa "estar
próximo ou presente". Ele pode estar presente em todos os lugares ao mesmo
tempo sem se dividir, e nem ocupar espaço.
2. Onisciência.
para que o coração deles seja
confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da
forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de
Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos." (Cl 2.2,3)
"Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de
João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez:
Tu me amas? E respondeulhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu
te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. (Jo 21.17)".
"Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua
perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os
que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; (Ap
2.2)"
3. Onipotência
"Jesus,
aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra. (Mt 28.18)".
"Eu
sou o Alfa e Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o
Todo-Poderoso. (Apl.8) Ver também (Ef 1.20-22).
Estes versículos nos mostram que não há nada que o
Senhor Jesus não possa fazer no céu e na terra; para Ele tudo é possível.
4. Eternidade.
'GNO
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo
1.1).
"E,
agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de
ti, antes que houvesse mundo. (Jo 17.5) Ver também (Jo 8.58).
Quando falamos da eternidade de Cristo nos referimos
ao fato de que Ele não teve início, nem fim, por participar com o Pai da mesma
eternidade.
5. Ofícios
divinos atribuídos a Cristo.
1. O Senhor Jesus como Deus é Criador.
"Todas
as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito
se fez." (Jo 1.3).
"Porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades.
Tudo foi
criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele" (Cl 16-17) Ver também (Hb 1.1-2).
Tal fato não contradiz a declaração de (Gn 1.1).
"No princípio criou Deus os céus e a terra". Pois, já está
esclarecido que Cristo é Deus, Ele é a poderosa palavra de Deus, que tudo
criou. Satanás tem tentado através dos séculos atacar esta doutrina bíblica,
tanto de modo direto como indireto, servindo-se de homens e mulheres, que se
julgam sábios, porém, a verdade tem sucumbido todos estes conceitos, e
prevalecido porque Deus vela pela sua palavra.
2.
O Senhor Jesus como Deus é sustentador de todas as
coisas.
"O
qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si
mesmo a purificação dos nossos pecados" (Hb 1.3)
Ao sustentar todas as coisas pelo seu poder, Cristo
se mostra divino. O mundo não se sustenta nem subsiste sem o auxílio e o poder
do Senhor Jesus, como diz o escritor ao (Cl I .17) "Ele é antes de todas
as cousas. Nele, tudo subsiste".
3.
O Senhor Jesus como Deus é ressuscitador.
"Portanto à vontade daquele que me enviou é esta:
Que todo aquele que vê o
Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei
no último dia" (Jo 6.40). "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá" (Jo 11.25).
Ao Cristo declarar que ele próprio era a
ressurreição, e que ressuscitará os mortos no último dia está declarando
claramente o seu poder divino.
4.
O Senhor Jesus como Deus, é juiz tanto dos vivos como
dos mortos. Ao julgar os homens, Cristo se mostra Divino. Ele declarou
em (Jo 5.22)
"E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou
todo o julgamento". O apóstolo Paulo em (II Tm 4.1), nos diz:
"conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo,
que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda
e no seu reino". Estes cinco oficios ou atividades de Cristo Jesus
comprovam claramente mais uma vez a sua divindade.
5.
O Senhor Jesus como Deus é imutável
Qualidade daquele que não é inalterável que não
muda, só Deus é imutável, porém o escritor aos Hebreus escrevendo acerca de
Cristo diz: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente"(Hb
13.8). Podemos confiar que ele nos amará eternamente e manterá suas promessas.
Evidentemente Jesus atravessou as fazes do desenvolvimento humano, mas
manteve-se imutável no que diz respeito à sua natureza.
6.
O Senhor Jesus como Deus recebeu adoração.
Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento
enfatiza que só Deus deve ser adorado. Nenhum homem ou anjo deve ser adorado
(Ap19. 20). Porém a Bíblia deixa bem claro que o Senhor Jesus por diversas
vezes recebeu adoração como um direito seu, vejamos alguns versículos, que nos
mostra claramente isso:
"E,
quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram".(Mt 28.17).
"E eis
que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se,
abraçaram-lhe os pés e o adoraram." (Mt 28.9).
"E,
novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus
o adorem".(Hb 1.6).
"proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi
morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e
louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da
terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Aquele que está
sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o
domínio pelos séculos dos séculos". (Ap5.
12,13).
Em (Ap7. 10-12,17) diz: "e clamavam em grande
voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a
salvação. Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro
seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a
Deus,dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças,
e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos.
Amém!. pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os
guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda
lágrima." Note que no versículo 10 é Deus que está sentado no trono e no
versículo 17 é o Cordeiro(Jesus) que se encontra no meio do trono.
6. Nomes e
títulos divinos atribuídos a Cristo.
1. Cristo é chamado Deus:
A palavra grega traduzida centenas de vezes no Novo
Testamento por "Deus" é Théos. Jesus é chamado por esse nome em
várias passagens no Novo Testamento. Vejamos algumas:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus". (Jo
1. 1).
"Respondeu-lhe
Tomé: Senhor meu e Deus meu!". (Jo 20.28).
"Aguardando
a bendita esperança e a manifestação da glória dos nosso grande Deus e Salvador
Cristo Jesus”, (Tt 2.13).
"Mas
acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de
equidade é o cetro do seu reino".(Hb1-8).
2. Cristo é
chamado de Emanuel.
(Is 7.14) "Portanto, o Senhor mesmo vos dará um
sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará
Emanuel." Em Mateus este título é claramente atribuído a Cristo: "Eis
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho. E chamá-loão pelo nome de
Emanuel. Que traduzido é : Deus conosco" (v. 23).
3. Cristo é
chamado de o Primeiro e o último (Alfa e Ómega).
Os termos Alfa e Omega constituem
uma descrição bela e reverente de Deus. Ele é o Eterno Gênesis 1.1 diz "No
princípio Deus..." Só Deus merece os títulos Alfa (Primeiro) e Omega
(Último).
Esses nomes expressam, portanto,
a natureza eterna de Deus que tudo criou. Ele é a fonte e o destino de toda a
criação. Nenhum ser criado teria direito de afirmar ser o primeiro e o último
de tudo que existe. Porém tanto o Senhor Jesus, como Deus Pai são chamados de
Alfa e Omega, o primeiro e o último na Bíblia.
"Quem
operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu o Senhor, o
primeiro, e com os últimos eu mesmo" (Is 41.4).
"Dá-me
ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro
e também o último. (Is 48.12)"
"Eu
sou o Alfa e Ómega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o
Todo-Poderoso". (Ap 1.8).
" Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa
e o Ómega, o Princípio e o Fim.
Eu, a quem
tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.O vencedor herdará estas
coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho." (Ap21.6,7).
Eu sou o Alfa e o Ómega, o
Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. (Ap 22.13). As passagens acima
reivindicam claramente a divindade de Cristo. Não pode haver dois primeiros e
dois últimos, os dois Alfas e dois Ómegas.
4. Cristo é chamado de Senhor.
O título Senhor é usado nas
Escrituras em ambos os Testamentos referindo-se tanto ao Pai como ao Filho. No
Antigo Testamento, a palavra hebraica para Senhor é Adonai. Na septuaginta e no
Novo Testamento, o termo traduzido por "Senhor" é Kyrios. Devido a
grande reverencias dos judeus ao nome de Deus, com o passar do tempo perdeu-se
a
pronúncia de lavé (Yhwh). Por
isso no Novo Testamento tanto a palavra Adonai como lave, foram traduzidas por
Kyrios. Daí o porquê, Kyrios tinha dois sentidos no Novo Testamento, um comum e
outro sagrado. O uso comum ocorria numa saudação amável significando
"senhor" ou "mestre". Já o sentido sagrado implicava
divindade. Por exemplo, dizer naquela época "César é senhor". Era o
mesmo que dizer "César é divino". Existem diversos exemplos bíblicos
onde Jesus é nitidamente chamado de "Senhor" no sentido divino. Paulo,
por exemplo, escreveu: "Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém
que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema e ninguém pode dizer que
Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo" (I co 12.3). Ver também (I co
2.8; SI 24.1,2; Rm 10.12; II co 4.4-5; FI 2.10-11). Mas, além disso, várias
passagens que se referem a Jesus como Senhor são na verdade citações do A. T,
onde o nome original de Deus foi traduzido por Senhor (At 2: 20,21 e Rm IO: 9,
13 e verifique JI 2: 31,32; I Pe 3:15, confira com Is 8:13). O título aqui dado
a Jesus é no mesmo sentido que o A.T. dava ao Deus Todo-Poderoso. Há outros
textos que o título Senhor é usado tanto para o Pai (Mt 1;20; 9:38; At 17;24)
quanto para 0 Filho (LC 2:11; Jo 20:28; 1 co 2:8; FP 2;11). Para o judeu,
chamar a Jesus de Senhor, seria colocá-IO na mesma posição de igualdade com o
Deus das Escrituras. Os escritores do N.T. tinham isso em mente ao se referir,
muitas vezes, a Jesus como Senhor.
5. Cristo é chamado Filho de Deus.
O fato de Jesus ser chamado de filho de Deus é
essencial para a doutrina de encarnação. Jesus é o Filho de Deus nas
Escrituras. O Pai não se tornou homem. O Espírito Santo não se tornou homem.
Portanto, o termo filho, do grego (Huios) de Deus, pode ser usado para inferir
que Cristo e o Filho Unigênito de Deus.
A UMANIDADE DE CRISTO.
Agora nós vamos estudar a luz da revelação bíblica,
o nascimento de Jesus Cristo da virgem Maria. Evidentemente tal fato carece de
explicação natural, uma vez que foi um acontecimento sobrenatural, Aceitamos
pela fé a Palavra de Deus, que diz simplesmente "...Maria...achou-se
grávida pelo Espírito Santo" (Mt 1.18). Cumprindo-se a profecia de Isaias,
que diz: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14).
Vejamos algumas considerações:
a) Um sinal: b) Conceberá e dará à luz. C) Será
Deus conosco: (Yimmanü'el).
1. O ensino do
Novo Testamento: Está mais detalhado em Mateus e Lucas, ambos relatam que:
l. Sua mãe tinha nome Maria (Mt 1.18; LC 1.27)
2.
Era virgem (Mt 1.18-23; Lc 1.27,43)
3.
Desposada com José (Mt 1.18; LC 1.27)
4.
Anunciado pelo anjo (Mt 1.20; LC 1.26)
5. Maria
não tinha coabitado com José (Mt 1.18; LC 1,27,34))
6.
A concepção foi do Espírito Santo (Mt 1.20: LC
1.35)
7.
A criança tinha o nome de Jesus (Mt 1.25; 2,21)
8.
A criança era o salvador do seu povo (Mt 1.21;
LC 2.11)
9. José
tomou para ser esposa antes do nascimento (Mt 1.24; LC 2.5) IO.Nasceu em Belém
(Mt 2.1; 1.25; LC 2.4-7; 21.11).
A crença somente no nascimento virginal não salva,
mas aquele que o nega não é de Deus, pois nega a própria humanidade de Cristo
(I Jo 4.2-3). Cristo é totalmente humano, isto é, demonstrado pelo seu
nascimento. Ele teve elementos essenciais da natureza humana, emoções e
sentimentos humanos.
2.
Ele teve crescimento e desenvolvimento humano.
1. Jesus
foi circuncidado como as crianças judaicas (LC 2.21)
2. Apresentado
no templo como as crianças judaicas de sua época (LC 2.22-24)
3.
Crescia em sabedoria, estatura e graça diante de
Deus e dos homens isto incluía desenvolvimento fisico e mental (LC 2.52).
3. Ele teve nomes humanos.
1. Jesus:
este é no grego lhooç para Josué no hebraico Yeshuâ no AT (Salvador ou salvação
de Jeová).
2. Filho
do Homem LC 19.10 e, Ez 2.1; 3.17; 33.7 — Deus usa para com Ezequiel o mesmo
título, isto significa o ser mais humano dos homens. E é o título chave de
Lucas para enfatizar a humanidade de Cristo.
3. Jesus,
o nazareno Mt 2.23; At 2.22
4.
O profeta: Mt 21.11 conferir com Dt 18.15
5.
O carpinteiro Mc 6.3
6. Cristo
Jesus, Homem I Tm 2.53.
4. Ele teve os elementos
essenciais da natureza humana.
1.
Tinha corpo (Mt 26.12; LC 24.39; Jo 2.21; Hb
2.14; 10.5,10).
2. Embora
ele fosse divino, tornou-se humano, na encarnação; pois Ele tinha emoção e
sentimentos humanos. Teve cansaço (JO 4.6), fome (Mt 4.2; 21.18), sede (Jo
19.28) e sono (Mt 8.24). Foi tentado (Mt 4.1-11; Hb 2.18; 4.15; Tg 1.13). E
chorou (Jo 11.35). Essas duas naturezas inseparavelmente unidas numa só pessoa
divinohumana constituem para nós um grande mistério. E-nos impossível explicar
a união das duas naturezas numa só pessoa, mas as provas são tantas que não
podemos duvidar desta verdade bíblica.
4. Sua
Natureza Psicológica e Intelectual.
1. Quanto ao Caráter Emotivo.
1. Sentia emoções (Mt 9:36;
14:14; 15:32; 20:34): elas demonstram a plena humanidade de Cristo, como também
deixam claro algumas reações tipicamente humanas. a. Sentia tristeza e
angústia (Mt 26:37)
b. Sentia
alegria (Jo 15:11; 17:13; Hb12:2)
c. Sentia
indignação (Mc 3:5; 10:14)
d. Sentia
ira (Mt 21: 12,13)
e. Se
surpreendia (LC 7:9; Mc 6:6): Jesus se mostra genuinamente surpreso perante a
fé do centurião e se admira da incredulidade dos habitantes de Nazaré. Não era
uma atitude falsa ou de retórica, Jesus realmente era surpreendido em algumas
circunstâncias.
f. Se
sente atribulado (Mc 14:33): No Getsêmani Jesus foi tomado de grande angústia e
pavor. Estava em conflito íntimo e se atormenta pelo fato de não querer ser
deixado só, contudo ainda assim escolhe fazer a vontade do Pai. Mesmo na cruz,
sua frase "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mc 15:34),
é uma das expressões mais humanas de solidão já registradas na história dos
homens.
g. Se
comove e chora (Jo 11 :33,35,38): Mesmo sabendo de antemão que Lázaro havia
morrido, Jesus é tomado de comoção e chora ao ver a tristeza ao seu redor e a
triste realidade humana da morte. A expressão "agitou-se no
espírito", retrata vividamente alguém gemendo no íntimo, aflito e comovido
com uma situação que trás dor e cansaço.
h. Quanto
a sua dependência de Deus Pai : Mantinha uma vida de oração (LC 6:12; 22:
41,42; Jo 6:15): várias ocasiões vemos Jesus sair para orar sozinho ou em
grupo. Sua dependência humana do Pai era total e a oração era uma prova disso.
Em todas as coisas Jesus se mostrou plenamente humano tanto no aspecto fisico,
como no mental. Não havia dúvidas para os autores do NT que Jesus era
plenamente homem.
2. Jesus, Plenamente Homem, Totalmente Singular.
Pelos tópicos
acima está claro que Jesus assumiu completamente a humanidade, sujeito a todos
os reveses que o estado de humanidade poderia lhe trazer, contudo Jesus não era
um homem qualquer, igual a todos os homens. Vários fatos em sua vida mostram
essa santa singularidade:
1. A influência sobrenatural do Espírito Santo é que
tornou possível a geração de Jesus no ventre de Maria. Isso não significa que
Jesus é o resultado de uma relação de Deus com Maria, longe de nós tal idéia. O
que Deus fez foi providenciar, por uma criação especial, tanto o componente
humano ordinariamente suprido pelo macho (e assim o nascimento ser virginal)
como um fator divino (a encarnação). Assim, o nascimento de Jesus nos aponta
algumas verdades essenciais no cristianismo:
a.
Que nossa salvação é sobrenatural (Jo 1:13): a
salvação não vem pelo nosso esforço ou realização.
b.
Que a salvação é uma dádiva da Graça (Ef 2:8):
assim como não houve nenhum mérito em Maria para que fosse escolhida, da mesma
forma acontece conosco quando somos salvos.
3. A vida sem pecado de Cristo Jesus.
Outra prova da singularidade de Jesus como homem é o
fato de não ter pecado: ... antes foi ele (Jesus) tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem Pecado (Hb 4:15) A Bíblia mostra Jesus como um sumo
sacerdote totalmente sem mancha e feito mais alto que os céus (Hb 7:26; 9:14).
Pedro nos ensina que Jesus é o Santo de Deus (Jo 6:69) e que não cometeu pecado
(II Pe 2:2). O que está de acordo com as afirmações de João, que em Jesus não
existe pecado (I Jo 3:5), e as de Paulo que Cristo não conheceu pecado (II co
5:21). As acusações de blasfêmia feitas a Jesus pelos judeus são infundadas (LC
5:21). E mesmo algumas pessoas da época deixaram bem clara a inocência de Jesus:
A esposa de Pilatos (Mt 27:19):
"Não te envolvas com o sangue deste justo".
O ladrão na cruz (LC 23:41): "este
nenhum mal fez".
Judas, o traidor (Mt 27:4):
' 'Pequei, traindo sangue inocente".
A Bíblia deixa
claro, portanto a impecabilidade de Jesus, mas isso não invalida as tentações
que ele sofreu como homem. Porém, a uma pergunta que fica no ar é: Se Jesus não
pecou, Ele era realmente humano? Se respondermos não, estaremos incorrendo em
gravíssima heresia, pois a Bíblia diz: "que o verbo se fez carne... (Jo
1.14). Uma outra pergunta é: Somos tão humanos quanto Jesus? Esta pergunta nos
remete a verdade que não temos a humanidade em toda a sua plenitude. Não somos
seres humanos genuinamente puros, assim como Jesus o foi. Do ponto de vista
bíblico só houve três seres humanos completamente humanos: Adão e Eva (antes da
Queda), e Jesus. Todo o restante da humanidade é apenas uma sombra da
humanidade original, pois, após a queda de Adão adquiridos uma natureza
pecaminosa que nos leva tanto a seremos "auto tentado" (tentação de
dentro para fora) "como allo"tentado (tentação de fora para dentro).
Nossa humanidade foi totalmente corrompida pelo pecado que tenazmente nos
assedia. Somos versões inferiores da versão adâmica original. Dessa maneira
Jesus não só é humano como nós, como também é mais humano. E sua humanidade que
deve ser padrão para nós e não o inverso.
4. A genealogia de Jesus.
Os evangelistas Mateus e Lucas proporcionam
genealogias bem detalhadas no sentido de identificarem Cristo com a raça
humana, especialmente com Abraão e Davi. Mateus também traça a linhagem de
Jesus através de José, esposo de Maria, mostrando como Jesus herdou o direito
legal de ser rei, por ser José descendente de Salomão e ter-se casado com
Maria, pouco antes do nascimento de Cristo(Mt 1.6-16). Lucas mostra também que
Maria era descendente direta de Davi; quando ele diz que José era filho de Heli
(LC 3.23), quer dizer, na realidade, que era genro de Heli, como não era
costume incluir nome de mulheres nas genealogias, ele coloca o nome de José em
vez do de Maria, Além disso, era comum entre os judeus o genro ser chamado de
filho (por afinidade).
a. Jesus o
filho de Maria e José o carpinteiro.
Desde a infância de Jesus, Maria e José guardavam
para si o segredo maravilhoso de Seu nascimento misterioso; por isso, os
habitantes da Sua cidade viam nele apenas o filho do carpinteiro José que por
sinal, tinha outros filhos. (Mt 13.55,56) mostra claramente que Jesus era
considerado membro de uma família humana.
"Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama
sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós
todas as suas irmãs..?
b. Por que
Cristo fez-se homem?
O estudo de Cristologia estaria incompleto se não
nos dirigíssemos à questão fundamental "Por que Ele fez-se homem?"
Que tremenda é esta verdade! O Verbo Eterno, criador de todas as coisas, se
esvaziou de sua glória e assumiu a forma de homem. Eis algumas respostas para
este tão grande mistério:
"E o
Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a
sua glória, como a glória do unigênito do Pai" (Jo 1.14).
"Que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz..."
(FI 2.6-8).
A declaração de que Jesus abriu
mão de sua igualdade com Deus Pai, mostra claramente que ele ocupava tal
posição (A palavra grega para igual deriva de "isos ", o mesmo termo
usado como prefixo do vocábulo isóscele, que em geometria designa o triângulo
que possui dois lados iguais). A palavra usurpação, não implica que Jesus
estava tentando igualar-se a Deus, mas sim que era igual. Ele não se agarrou ou
se apegou às suas prerrogativas divinas enquanto se achava aqui na terra,
porém, viveu pelo poder do Pai. Deus Filho, em submissão (por ordem e não por
natureza), a Deus Pai. GRANDE VERDADE É. Cristo tornou-se homem; assumiu uma
segunda natureza, para assim voluntariamente realizar a obra suprema de
redenção pelos pecados do mundo.
1.Cristo o Sacrifício.
Segundo a lei de Deus: sem derramamento de sangue não há remissão"
(Hb 9.22). Por isso era necessário, que ele que, na eternidade não possuía
corpo físico, através da encarnação, passasse a ter um corpo humano que tivesse
carne, ossos, e sangue, para se tornar o sacrifício perfeito para remissão do
pecado humano. O próprio Jesus reconheceu esta sua missão em (Mc 10.45) 'Porque
o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate de muitos". João Batista chamou-o de: Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29). Cristo foi à realização, o antítipo dos
sacrifícios transitórios do Antigo Testamento. Estes se repetiam
constantemente, mas o sacrifício de Cristo no Calvário satisfez uma vez para
sempre a justiça de Deus com relação aos que iriam crê Nele (Hb 7.27).
2.Cristo o Mediador.
Cristo fez-se homem para ser o perfeito mediador
entre Deus e o homem. Jó já desejava um tal mediador. "Não há entre nós
árbitro que ponha a mão sobre nos...' " (Jó 9.33) Nós temos tal árbitro,
digno de aproximar-se de Deus e de compadecer-se de nossa aflição! Sendo Deus,
ele pode interceder junto ao Pai; sendo homem, ele pode sentir nossas fraquezas
e enfermidades. Lembremos as palavras do apóstolo Paulo em (I Tm 2.5)
"Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus Homem" (Hb 2.18) declara também "Pois naquilo que ele mesmo
sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados".
3. Cristo o conquistador da morte.
Cristo
fez-se homem para vencer a morte. A morte é consequência do pecado (Gn 2.17),
sentença decretada para toda a humanidade. Só Cristo passou por esta vida, sem
pecado, por isso a morte não exerceu domínio permanente sobre o seu corpo. Quão
maravilhosas são as palavras de (Hb 2.14,15) "Visto, pois que os filhos
têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam
sujeitos à escravidão por toda a vida".
Não admira, pois, que o apóstolo
Paulo exclamasse em (I co 15.55) "Onde esta, ó morte a tua vitória? Onde
está, ó morte o teu aguilhão?". Para o crente em Jesus morrer é dormir em
Cristo venceu a morte em nosso lugar, não devemos lamentar a morte dos crentes
como fazem os incrédulos, que não tem esperança da vida eterna. Por haver Jesus
vindo a este mundo como homem, e vencido a morte no calvário por meio da Sua
ressurreição, sabemos que nós também ressuscitaremos e seremos congregados com
nossos entes queridos que também sejam crentes em Cristo. E por isso que Paulo
exorta os tessalonicenses, dizendo: "Não queremos, porém, irmãos, que
sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristeçais como
os demais, que não tem Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia,
os que dormem (I Ts 4.13,14).
PROFECIAS A RESPEITO DE CRISTO E O SEU CUMPRIMENTO.
l . O
nascimento de Cristo: As primeiras profecias encontram-se implícitas logo no
início do livro de (Gn 3.15), quando Deus diz a Satanás: "E porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Também no mesmo livro
encontramos a palavra profética de Jacó a respeito de Siló, que é um tipo de
Cristo, quando diz: "O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador
dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos" (Gn
49.10).
Encontremos o profeta Isaías profetizando o seu
nascimento quando disse: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome
Emanuel"(ls 7.14). Ver também (Mq 5.2).
2. A morte de Cristo: Em (Is 53), encontramos uma fascinante
descrição do Messias sofredor, enfatizando o sacrificio de Cristo em
substituição aos pecadores: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e as nossas dores levou sobre si, e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas
transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades, o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor
fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (vv. 5,6) Ver também (SI
22). Há várias teorias, as quais tentam tirar o verdadeiro significado da morte
de Cristo tais como a teoria de apenas um grande mártir, a de apenas um
exercício de influência moral, a governamental de Deus.
1.Mais o que foi mesmo a morte de
Cristo? Vejamos:
1.
Predeterminada: planejada com antecedência (At
2.23; I Pe 1.18-20).
2.
Foi voluntária (Jo 10.17-18).
3.
Vicária: em favor de outros (I Pe 3.18; I co
15.3; Rm 4.25).
4.
Foi sacrificial (I co 5.7).
5.
Foi expiatória: Isto significa que foi uma
anulação da culpa ou remoção do pecado por meio de interposição meritória de
Cristo (Gl 3.13).
6.
Propiciatória (I Jo 4.10; Rm 3.25).
7.
Redentora (Gl 4.4,5; Mt20.28).
8. Foi
substitutiva (11 co 5.21; 1 2.24).
2. 0 alcance
da Sua morte.
a.
A expiação é suficiente para todos (Jo 1.29; I
Tm 2.6; 4.10; Hb 2.9; I Jo 2.2).
b. E
eficiente para a salvação de todos os que crêem (Jo 1.12).
c.
É eficiente para o juízo dos incrédulos (Jo
3.18; 16.9).
d. A
morte de Cristo possibilitou a reconciliação de todas as coisas, nos céus e
sobre a terra (Cl l . 19,20).
3. A
ressurreição de Cristo: A mais notável profecia do Antigo Testamento com
referencia a ressurreição de Cristo encontra-se no (SI 16.10): pois não
deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja a
corrupção". Tanto Pedro (At 2.2531), como Paulo (At 13.34-37), referem-se
a este versículo como uma profecia de ressurreição de Jesus, dentre os mortos.
Ignorar a ressurreição física de
Jesus é anular a sua obra, Seu sacrifício e a nossa ressurreição. Se alguém diz
que Cristo não ressuscitou da morte no mesmo corpo em que ele morreu, então a
sua fé é inútil: "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e
vã a nossa fé" (I co 15.14). "E se Cristo não ressuscitou, é vã a
vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" (I co 5.17). Cristo
ressuscitou com muitas provas incontestáveis e infalíveis, este ensino é
imprescindível para todo aquele que tem fé em Jesus, pois sem ela não há razão
para nossa fé (I co 15.3-8). A morte de Cristo foi um ponto baixo de sua
humilhação foi o ponto alto de sua exaltação. Portanto, ela foi corpórea e
singular, manifestada de forma gloriosa (I co 15; Mt 28.5,8,9; Jo 20.1-9.26-29
At 1,13).
Os resultados da ressurreição de Cristo.
a.
A obra de Cristo aceita pelo Pai (Rm 1.4)
b. Certeza
da justificação (Rm 4.25)
c. A
ressurreição de Cristo é a garantia da nossa ressurreição (I Ts 4.14)
4. A
ascensão de Cristo: Encontramos no Salmo de Davi, também uma profecia a
respeito da ascensão de Cristo quando diz: "Tu subiste ao alto, levaste
cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para
que o Senhor Deus habitasse entre eles" (SI 68.18). Em primeiro lugar, a
natureza do corpo de Cristo exigia sua ascensão ao céu. O seu corpo glorificado
já não estava sujeito às limitações terrestres, sendo já vivificado pelo
Espírito, e não estando sujeito ao espaço, tempo e matéria. A ascensão do
Senhor Jesus fê-lo voltar à sua posição anterior à encarnação que o
condicionava aos limites humanos. Durante o Seu ministério aqui na terra, ele
fora limitado pelo tempo e espaço, próprios da humanidade, isto é, como Deus
humanizado, ele só podia estar presente em um lugar de cada vez, porém depois
da sua ressurreição ele pode cumprir a sua promessa feita em (Mt 18.20; 28.20).
Como foi a ascensão de Cristo? Corporal e visível (At 1.11).
5.0 reinado eterno de Cristo:
Muitos profetas profetizaram sobre o reinado de Cristo, tanto milenial como
eterno, entre elas destacamos: Davi, Isaías, Ezequiel, Jeremias, Daniel,
Oséias, Amós. Habacuque, Zacarias, etc. Porém, vamos dar apenas algumas referências
a esse respeito glorioso. Vejamos "Ele julgará ao teu povo com justiça e
aos teus pobres cm juízo. Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros, justiça.
Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do povo, salvará os filhos do
necessitado, e quebrantará o opressor. Temer-te-ão enquanto durarem o sol e a
lua, de geração em geração. Ele descerá como chuva sobre a erva ceifada, como
os chuveiros que umedecem a terra. Nos seus dias florescerá o justo, e
abundância de paz haverá
enquanto durar a lua. Dominará de mar a mar, e desde o
rio até as extremidades da terra" (SI 72.2-8)
"E o
Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o
seu nome". (Zc 14.9).
"Mas, nos dias desses
reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído, e este
reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas
ele mesmo subsistirá para sempre". (Dn2.44).
MISTÉRIO DE
CRISTO NO NOVO TESTAMENTO. t 10.38) " oncernente a Jesus de Nazaré, como
Deus o ungiu como Espírito Santo e com Oder; o qual andou por toda parte,
fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com
ele".
Na vida de Jesus não admiramos
somente a sua santidade, mas também o poder que se manifestou no seu
ministério. Ele fez muitos milagres e prodígios e sinais (At 2.22). ele curou
enfermos, deu vista aos cegos, ressuscitou mortos, andou sobre as águas, multiplicou
alimentos, pregou às multidões, fez discípulos e ensinou-lhes a agradar o Pai.
A grande pergunta é essa. Com que autoridade ele fez isso? A verdade é que
Cristo ocupou a primazia de todos os cinco dons do ministério, porque sobre ele
havia uma unção sem medida, para que ele exercesse esses ministérios. (Jo
3.34).
"E ele mesmo deu uns
para apóstolo, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros
para pastores e doutores" (Ef4.11).
I .Classificação do apóstolos:
a) A primeira classe de apóstolo (Jesus Cristo)
Jesus Cristo ocupou todos os cargos ministeriais em
seu ministério, sendo assim ele ocupa o primeiro lugar em cada um dos cinco
dons ministeriais.
A Bíblia chama o Senhor Jesus de
apóstolo (Hb 3.1) diz que: “Pelo que irmão santos participante da vocação
celestial considerai Jesus Cristo apóstolo e sumo sacerdote da nossa
confiança". O Senhor Jesus ocupou a primazia daqueles que foram enviados por
Deus. Ele é chamado de apóstolo porque em seu ministério, ele foi alguém
enviado e comissionado para trazer a boa-nova da salvação ao mundo perdido (Jo
20.21). só Jesus ocupa esta categoria de apóstolo, ou seja, enviado do céu pelo
Pai. b) Segunda classe de apóstolos.
Os doze apóstolos de Cristo ou apóstolos do cordeiro,
ninguém mais poderá ocupar esta classe, porque os apóstolos foram enviados para
um período e propósito específico. A Bíblia diz que eles foram enviados para
testemunhas oculares da vida, ministério e ressurreição de Cristo (At 21-22).
Esta é a razão pela qual ninguém mais poderá ocupar esta Segunda classe de
apóstolo de Jesus.
Existem alguns que insistem em afirmar que Paulo
ficou no lugar de Judas Iscariotes na classificação dos doze apóstolos de
Jesus, portanto não poderia ocupar esta classificação, a Bíblia deixa bem claro
quem foi que ocupou o lugar de Judas e que preencheu estas exigências (At
1.21-26).
c) Terceira classe de apóstolos.
São aqueles apóstolos que lançaram as doutrinas
fundamentais do Novo Testamento (Ef 2.20) "Edificando sobre o fundamento
dos apóstolos e profetas de que Jesus Cristo é a principal pedra de
esquina". O apóstolo Paulo está nesta graduação ou classe porque ele
escreveu quase todas as revelações ou doutrinas do Novo Testamento pois uma
característica dos apóstolos desta classe, é que eles também lançaram as
doutrinas fundamentais para a igreja cristã.
O apóstolo Paulo escreveu em (I co 2.10)
"segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu como sábio arquiteto, o
fundamento e outro edifica sobre ele, mas veja cada um, como edifica sobre
ele". Ninguém mais pode ocupar esta classe de apóstolo de fundação como
Paulo. Pedro. Tiago e João e os demais apóstolos que escreveram as doutrinas
fundamentais do cristianismo.
d) Quarta classe de apóstolos.
Os apóstolos não fundamentais. São aqueles que não
escreveram nenhuma doutrina do Novo Testamento. Paulo fala de Epafrodito e, (FI
2.25) como alguém enviado que é a tradução do original grego da palavra
apóstolo, mas isto não qualificou Epafrodito como apóstolo no sentido real da
palavra, porque não temos nenhuma informação de que ele tenha fundado igreja,
ou escrito nenhuma doutrina do Novo Testamento . A Bíblia também chama Barnabé
de apóstolo em (At 14.14). Muitos dos nossos missionários de hoje, estão na
quarta classe de apóstolos, se de fato são enviados pelo Espírito Santo. Como
não considerar apóstolo: Daniel Berg, Gunar Vingren ou José Satiro.
Missionários, ou apóstolos estes heróis de Deus continuam trabalhando na
expansão do evangelho do reino de Deus.
2. Profeta.
Profeta: do grego, prophetes, que
significa: porta-voz de Deus, cuja mensagem é, admoestação ou predição. Em um
certo sentido, os primeiros foram os patriarcas (Gn 20.7) no sentido restrito,
é como Samuel, que começa o ministério profético da Antiga Aliança. Entre os
grandes profetas, encontramos Isaías, Jeremias. Ezequiel e Daniel. a) O ministério
profético da Antiga Aliança.
Como a vinda de Cristo, terminou a dispensação da
lei, e dos profetas, no sentido da Antiga Aliança (LC 16.16) por isto, que é
totalmente antibíblico, consultar profetas hoje na dispensação da graça. Pois
na Antiga Aliança, as pessoas não tinham o Espírito Santo habitando no seu
espírito como hoje, nós temos. O cristão deve ser dirigido pela palavra de Deus
escrita, e pelo testemunho do Espírito Santo em seu interior (Rm 8.14). Na nova
Aliança, temos superiores promessas e assim não precisamos buscar direção para
nossas vidas indo atrás de profetas, pois se o Espírito quiser revelar algo,
ele o fará através do testemunho interior (Rm 8.11-16) ou usará até alguém para
confirmar aquilo que ele já revelou.
b) O profeta na Nova Aliança.
O Senhor Jesus ocupou este oficio em seu
ministério, pois se denominou a si mesmo de profeta: "E escandalizavam-se
nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua
pátria e na sua casa.(Mt 13.57).
1. O que vem a ser um profeta no
Novo Testamento?
Um profeta é um dom do ministério (Ef 4.11) Não
confundamos com o dom de profecia, o. dom de profecia não qualifica ninguém de
profeta no sentido ministerial. Segundo a vontade do Espírito Santo qualquer
membro no corpo de Cristo, pode receber o dom da profecia, e profetizar
mensagens para exortar, e edificar, e consolar os santos (I co 12). É o próprio
Deus que chama, e estabelece profetas na igreja. Há uma unção que acompanha
este oficio dado pelo Espírito Santo.
3.Evangelista.
Evangelista no grego, proclamador
de boas-novas.
Jesus foi o maior evangelista de
todos os tempos (Mc 1.14; LC 20.1; 19.10; 4.10). Sempre que as boas-novas são
proclamadas no poder do Espírito Santo, elas têm a autoridade de Cristo (Mt
28.18-20); revelam a justiça de Deus (Rm 1.16,17) demandam arrependimento
(Mt 3.2), convencem do pecado da
justiça e do juízo (Jo 16.8), gera fé no coração do pecador trazendo salvação
(At 24.25; Rm 10.17) , também libertam as almas do poder de
Satanás (Mt 12.28), porém, para
os que rejeitam, trazem condenação e morte eterna (Jo 3.18). Evangelista no
Novo Testamento eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Ele, para
anunciar o evangelho. A Bíblia fala de Filipe, o evangelista em (At 21.8)
retratando claramente, o perfil de um verdadeiro evangelista, segundo os
padrões do Novo Testamento.
a) Filipe,
pregou o evangelho de Cristo (At 8.4,5)
b) Muitos
foram salvos e batizados em (At 8.6-12)
c)Sinais, milagres curas e
libertações de espíritos malignos, acompanhavam suas pregações (At 8.6, 7, 13)
e o número de novos convertidos acrescentavam à igreja cada dia (At 8.12). Pastor.
Pastor. do latim, significa: apascentar, homem que
apascenta as ovelhas. Jesus o sumo pastor "Ele é o bom pastor que deu sua
vida pelas ovelhas" (Jo 10.11). Em várias passagens bíblicas, o povo é
chamado de ovelhas, e aquele que delas cuidam, são os pastores (SI 23; Jr 3.15;
Ez 34.22). No sentido espiritual pastor é um dom de Deus dado pelo Senhor Jesus
para a sua igreja (Ef 4.11). O pastor tem o dever de alimentar, guiar,
proteger, ajudar o rebanho em suas necessidades. Ele ama as ovelhas, segue à
frente delas ou coloca-se à sua retaguarda conforme o caso. Com o cajado, ele
tira a ovelha do precipício e com a vara ele disciplina as mais rebeldes mais
com amor e compreensão.
Doutores e Mestres.
Mestre no grego Rabi ou instrutor.
A Bíblia chama várias vezes Jesus de mestre, uma das
principais funções do ministério de Jesus, era o de ensinar as pessoas (Mt
9.35). Jesus está em uma classe, que revela os cinco dons do ministério.
Ninguém já foi ou será ungido como Jesus, pois ele, como já vimos, tinha o
Espírito sem medida (Jo 3.34), em outras palavras, Jesus tinha uma unção sobre
Ele e em seu ministério terrestre, que ninguém mais terá, pois a Bíblia diz,
que os crentes tem o Espírito sob medida (Rm 12.3).
O SACERDÓCIO DE CRISTO.
O Senhor Jesus não poderia ser sacerdote da linhagem
Aronica, porque não pertencia a essa tribo, porém a Bíblia nos apresenta Cristo
como sacerdote e sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque,(Sl 110.4),
que era um sacerdócio universal, do qual começou com Adão depois passou para os
patriarcas e vai até Moises, e foi restaurado por Cristo.
a. Cristo Sumo Sacerdote qualificado.
A Epístola aos Hebreus, no Novo
Testamento, trata profundamente do sacerdócio de Jesus Cristo. Em (Hb 5.1-4)
são enumeradas as características dos candidatos a sacerdotes da ordem
levítica: l . Todo sumo sacerdote era tomado dentre os homens e nomeado a favor
deles.
2. Todo
sumo sacerdote devia oferecer no altar apropriado, sacrifício pelos pecados do
povo.
3. Todo
sumo sacerdote tinha que ser aprovado por Deus para o ministério, não podendo
ele próprio tomar para si essa honra.
4. Todo
sumo sacerdote devia ser capaz de condoer-se dos ignorantes e errados.
1. Tomado dentre os homens
Vejamos como Jesus Cristo possuía
as qualidades exigidas de um sumo sacerdote.
Já estudamos a encarnação, evento
pelo qual Cristo fez-se homem. Leia (Hb 2.4-18; 5.1,6) Vemos aqui, sobre a
encarnação e o seu propósito: para ser nosso sumo sacerdote, Cristo teve que se
tornar humano como nós. Damos graças a Ele pelo amor que o motivou a deixar o
Seu lar celestial e assumir forma tão humilde para melhor interceder por nós.
a) Oferecer sacrifícios pelo pecado
Sabemos de que maneira Cristo, o supremo sacrifício
pelos pecados da humanidade, pagou o alto preço de redenção com o Seu próprio
sangue. Diferente dos sacerdotes terrestres. Cristo não tinha pecado próprio
para expiar, portanto não precisava oferecer sacrifícios por Si mesmo (Hb
4.15).
(Hb 5.8) declara que, embora sendo filho, isto é
como homem, Cristo aprendeu a obediência pelo sofrimento, sendo isto parte do
Seu preparo para o sacerdócio. Nunca poderemos entender o seu todo o
terrível sofrimento de Jesus no Getsêmani e na cruz do Calvário.
b. Chamado por Deus
A escolha divina de Jesus Cristo para o sumo
sacerdócio é anunciada profeticamente nos (SI 2.7 e 110.4), sendo relembrada em
(Hb 5.5,6) "Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se
tornar sumo sacerdote, aquele que lhe disse: Tu és meu Filho... Tu és sacerdote
para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque".
1. O sacrifício expiador de Cristo.
É dito que, para entendermos bem a Epístola aos
Hebreus, devemos ler também o livro de Levítico, pois em Hebreus vemos
plenamente realizados em Cristo o tipo de sacerdócio levítico, prefigurado nos
seus múltiplos aspectos no Antigo Testamento.
a. O dia da Expiação (LV
16.1-34).
Levítico descreve o dia da expiação como o dia mais
importante do ano judaico. Neste dia, ou seja, 10 de Tirsi, que equivale a
setembro ou outubro no nosso calendário, o sumo sacerdote vestia as vestes
sagradas, em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha
que oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois
bodes, e sobre eles lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o
outro o bode emissário que deveria ser levado ao deserto (LV 16.22).
O primeiro animal era sacrificado no altar do
holocausto, e o seu sangue era levado pelo sumo sacerdote até o santíssimo
lugar para além do véu, onde ele aspergia aquele sangue sobre a tampa do
propiciatório que estava sobre a Arca da Aliança, que representava a base da
justiça do Trono de Deus (LV 16.15-17), e assim fazia expiação pela nação
inteira. Como etapa final, o sumo sacerdote pegava o animal vivo, denominado
bode emissário, impunha as mãos sobre a sua cabeça, e confessava todos os
pecados da nação de Israel, e depois o enviava para o deserto, simbolizando
assim que os pecados foram levados para longe do arraial e aniquilado (LV
16.21,22). Após todo esse cerimonial, o povo recebia a tríplice bênção
sacerdotal (Nu 6.22-26). O dia da Expiação tem destaque especial, prefigurado a
obra da redenção por Cristo. Esses dois bodes representavam dois aspectos da
obra de Cristo em lugar do pecador.
1.
O bode morto: representa a morte de Cristo em
lugar do transgressor o salário do pecado é a morte..." (Rm 6.23). A morte
de Cristo vindicou a santidade e a justiça de Deus, satisfazendo as exigências
da Lei divina violada (Rm 3.24,25).
2.
O bode vivo: o bode expiatório é uma figura da
obra de Cristo removendo para longe as nossas iniqüidades, para que não sejam
mais lembradas por Deus (Hb 8.12). O ato do sumo sacerdote ao entrar no lugar
Santíssimo, tipifica a entrada de Jesus Cristo no céu, levando o sacrificio do
Seu próprio sangue por nós. Tão supremo sacrificio, transforma o trono de Deus,
um trono de justiça, em "propiciatório" ou "trono de
misericórdia". Lemos acerca da expiação por Cristo, na seguinte descrição
de (Hb 9.11,12): "Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens
já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por
mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e
bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos santos, uma vez por
todas, tendo obtido eterna redenção".
3. A
superioridade do sacerdócio de Cristo
A Epístola aos Hebreus mostra de maneira clara a
superioridade da obra redentora de Cristo como nosso Sumo Sacerdote; vejamos:
O caráter de Cristo: Em primeiro
lugar o caráter de Cristo é superior ao de qualquer outro sacerdote. Só Cristo
levou uma vida sem pecado, lemos em (Hb 7.26) "Porque nos convinha tal
sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito
mais sublime do que os céus".
0 perfeito sacrifício de Cristo: Em segundo
lugar, o sacrificio foi incomparavelmente superior a qualquer sacrificio
oferecido por outro sacerdote. Quando Cristo bradou na cruz: "Está
consumado". Ele estava assegurando que jamais alguém teria que morrer
pelos pecados do mundo. Esta verdade está registrada em (Hb 7.27). Aqui lemos
acerca de Cristo nosso sumo sacerdote. "Que não tem necessidade, como os
sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus
próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez,
oferecendo-se a si mesmo".
4. Uma nova
Aliança: (Hb 4.14, 16) "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus,
Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Cheguemos pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno".
(Hb 9.15) "E por isso é Mediador de uma nova
aliança, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia
deixado do primeiro testamento, os chamados receberam a promessa da herança
eterna". O sacrificio de Cristo o qualificou para ser o divino mediador de
uma nova e perfeita aliança entre Deus e os homens.
5. Um
superior santuário: "Porque Cristo não entrou num santuário feito por
mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós
perante a face de Deus". Os sacerdotes levíticos desempenhavam seu
ministério no tabernáculo terrestre. Cristo, porém, não somente ofereceu um
sacrificio, como também o ofereceu num santuário Superior, o Céu.
5.0
ministério de intercessão de Cristo também é superior. (Hb 8.1,2) "Ora, a
suma do que temos dito é que temos um sacerdote tal, que está assentado nos
céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro
tabernáculo, o qual o Senhor fundou e não o homem".
Cristo o nosso Sumo Sacerdote
que está assentado junto ao Pai é também onipresente. Podemos entrar
confiadamente na Sua presença, diante do trono da graça a qualquer hora, sem
marcar encontro com antecedência, nem ficar aguardando em sala de espera, Ele está
sempre ao nosso dispor, mediante a oração. A conclusão que chegamos é que
somente Cristo pode interceder por nós, face à face com o Pai, e pode também
nos introduzir nesse perfeito repouso de bênção e comunhão com Deus. Aleluia,
Amém.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos os chamados Profetas Menores.
Apesar de antiguíssimos, eles tratam de questões relevantes para os nossos dias
e servem de edificação espiritual a todo o povo de Deus. Entre os temas
tratados, temos: a família, a sociedade, a política e a espiritualidade. Na
atual conjuntura, os profetas são um verdadeiro esteio da sabedoria divina para
a Igreja de Cristo, pois nos encorajam a militarmos pela causa de Cristo.
I. SOBRE OS PROFETAS MENORES
Autoridade. A
coleção dos Profetas Menores compõe-se dos seguintes livros: Oseias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Essa estrutura vem da Bíblia Hebraica e, posteriormente, da Vulgata Latina. A
Septuaginta (antiga versão grega do Antigo Testamento) apresenta nos seis
primeiros livros uma disposição diferente da Hebraica, dispondo os livros
assim: Oseias, Amos, Miqueias, Joel, Obadias e Jonas.
É importante ressaltar que o valor e a autoridade dos
escritos dos Profetas Menores em nada diferem dos Profetas Maiores. Tal
classificação é puramente pedagógica, visando tão somente facilitar a
compreensão da presença de uma estrutura literária nos livros proféticos do
Antigo Testamento. Não obstante, ambas as coleções são uma só Escritura e têm a
mesma autoridade (Jr 26.18 cf. Mq 3.12; Rm 9.25-27 cf. Os 1.10; 2.23; Is
10.22,23).
Origem do termo.
A expressão “Profetas Menores” advém da Igreja Latina por causa do volume do
texto ser menor em comparação aos de Isaías, Jeremias e Ezequiel. Assim explica
Agostinho de Hipona (345-430 d.C.) em sua obra A cidade de Deus. O termo é de origem cristã, pois, na literatura
judaica, essa coleção é classificada como Os
Doze ou Os Doze Profetas. Essa
informação é confirmada desde o ano 132 a.C, quando da produção do livro
apócrifo de Eclesiástico (49.10). É também corroborada pelo Talmude (antiga
literatura religiosa dos judeus) e ratificada pela obra Contra Apion do historiador judeu Flávio Josefo (37-100 d.C.).
OSÉIAS
A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
Oseias 1.1,2; 2.14-17,19,20
INTRODUÇÃO
A mensagem de Oseias começa a partir de sua vida pessoal. O
seu casamento com Gomer e o difícil relacionamento familiar ocupam os três
primeiros capítulos do livro que leva o seu nome. Deus tinha uma mensagem para
o povo, pois a esposa e os filhos de Oseias, assim como o abandono e a
prostituição dela, e o seu sofrimento e perdão, são sinais e profecias sobre
Israel e Judá ao longo dos séculos.
ESTRUTURA DO TEXTO
Deus
ama seu povo infiel |
1.1—3.5
|
A
controvérsia de Deus com seu povo |
4.1—10.15
|
O
amor leal de Deus |
11.1—14.9
|
I. O LIVRO DE OSEIAS
Contexto histórico.
O ministério de Oseias deu-se no período da supremacia política e militar da
Assíria. Ele profetizou em Samaria, capital do Reino do Norte, durante os “dias
de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de
Joás, rei de Israel” (1.1). A soma desses anos deve ser reduzida
significativamente porque Jotão foi corregente com seu pai, Uzias, e da mesma
forma Ezequias reinou com Acabe, seu pai (2 Rs 15.5; 18.1,2,9,10,13). Esses dados fornecidos pelo profeta nos
permitem datar o seu ministério entre 793753 a.C. Jeroboão II, reinou 41 anos
num período de prosperidade econômica, mas também de apostasia generalizada (2
Rs 14.23-29).
Mensagem. O
assunto do livro é a apostasia de Israel e o grande amor de Deus revelado, que
compreende advertência, juízo divino e promessas de restauração futura
(8.11-14; 11.1-9; 14.4-9). Mesmo num contexto de decadência moral, o oráculo
descreve o amor de Deus de maneira bela e surpreendente (2.14-16; 6.1-4; 11.1-4; 14.4-8). Oseias é citado no
Novo Testamento (1.10; 2.23 cp. Rm
9.25,26; 6.6 cp. Mt 9.13; 12.7; 11.1 cp. Mt 2.15).
II. O MATRIMÔNIO
Etimologia. Os
termos “casamento” e “matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir
o gregogamos, que indica também
“bodas” (Jo 2.1,2) e “leito” conjugal (Hb 13.4). Trata-se de uma instituição
estabelecida pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se
unem em relação legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn
2.20-24; Mt 19.5,6). É no casamento que acontece o processo legítimo de
procriação (Gn 1.27,28), gerando a oportunidade para a felicidade humana e o
companheirismo.
Simbolismo. A
intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento
proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a
sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o
Antigo Testamento.
A ordem divina para o
casamento de Oseias. Considerando a santidade do casamento confirmada em
toda a Bíblia, a ordem divina parece contradizer tudo o que as Escrituras falam
sobre o matrimônio. Temos dificuldade em aceitá-la, mas qualquer interpretação
contra o caráter literal do texto é forçada. Quando Jeová deu a ordem, acrescentou: “porque a
terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR” (1.2b). Isso era literal. A
infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual (Jr 3.1,2; Tg 4.4),
ainda mais quando se trata do culto a Baal, que envolvia a chamada prostituição
sagrada (4.13,14; Jz 8.33).
III. A LINGUAGEM DA RECONCILIAÇÃO
O casamento
restaurado. O amor é o tema central de Oseias. Com ele, Israel será atraído
por Jeová (11.4; Jr 31.3). O deserto foi o lugar do julgamento (2.3) e nele
Israel achou graça, tal qual a noiva perante o noivo (Êx 5.1; Jr 2.2). A
expressão “e lhe falarei ao coração” (2.14) é a linguagem de um esposo falando
amorosamente à esposa (4.13,14; Gn 34.3; Jz 19.3). Nós fomos atraídos e
alvejados pelo amor de Deus (Rm 5.6-8).
O vale de Acor e a
porta de esperança. Há aqui uma menção do monumento erguido no vale de
Acor, onde Acã pagou pelos seus crimes e foi executado com toda a sua casa (Js
7.2-26). A promessa é que esse vale não será mais lembrado como lugar de
castigo. Será transformado em lugar de restauração (Is 65.10), cujas vinhas
serão dadas “por porta de esperança” (2.15).
A reconciliação.
A sentença de divórcio (2.2) será anulada: “desposar-te-ei comigo para sempre”
(2.19). O baalismo generalizado (2.13) virá a ser transformado em conversão
nacional e genuína. Todo o povo servirá a Jeová em fidelidade, e cada um
voltará a ter conhecimento do Deus verdadeiro (2.20).
IV. O BANIMENTO DA IDOLATRIA EM ISRAEL
Meu marido, e não meu
Baal. A fórmula “naquele dia” (2.6,18,21) é escatológica (Jl 3.18). As
expressões “meu marido” e “meu Baal”, em hebraico ishi e baali, são um jogo
de palavras muito significativo.
Significado: A
palavra ish significa “homem, marido”
(Gn 2.24; 3.6); e baal, ou baalim, no plural, quer dizer “dono,
marido” (Êx 21.29; 2 Sm 11.26). O termo também é aplicado metaforicamente a
Deus, como marido: “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is 54.5). A palavra
“baal”, como “dono, proprietário”, aparece 84 vezes no Antigo Testamento, sendo
15 delas como esposo de uma mulher, portanto “marido”.
O fim do baalismo.
Os ídolos desaparecerão da terra (Jr 10.11). Isso inclui os baalins, cuja
memória será execrada para sempre, uma vez que a palavra profética anuncia o
fim definitivo do baalismo: “os seus nomes não virão mais em memória” (2.17).
Apesar de a promessa divina ser escatológica, esses deuses são hoje repulsa
nacional em Israel.
CONCLUSÃO
O emprego das coisas do dia a dia como ilustração facilita a
compreensão da mensagem divina, e a Bíblia está repleta desses recursos
literários. O casamento é o símbolo perfeito para compreendermos o
relacionamento de Deus com o seu povo, e do Senhor Jesus Cristo com o
cristão.
JOEL
O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO Joel 1.1; 2.28-32
INTRODUÇÃO
O Movimento Pentecostal, no início do século 20, colocou o
livro de Joel em evidência, fazendo com que ele fosse conhecido como o “profeta
pentecostal”. Apesar disso, o anúncio da descida do Espírito Santo não é o tema
predominante de seus oráculos. A maior parte de suas profecias fala da praga da
locusta e do julgamento das nações no fim dos tempos.
ESTRUTURA DO TEXTO
O
dia para resposta |
1.1—2.32
|
O
dia para julgamento e salvação |
3.1-21
|
I. O LIVRO DE JOEL NO CÂNON SAGRADO
Contexto histórico.
Pouco ou quase nada se conhece sobre Joel e a sua época. As escassas
informações baseiam-se em alguns lampejos extraídos de seu livro. Era profeta
de Judá e seu pai se chamava Petuel (1.1). Isso é tudo o que sabemos de sua
vida pessoal. Nenhum rei é mencionado em seu livro, dificultando a
contextualização histórica. Ele é anterior a todos os profetas literários, pois
se tem como certo que escreveu suas profecias em 835 a.C. Tratase da época em
que Judá estava sob a regência de Joiada durante a infância de Joás (2 Cr
23.16-21). Isso explica a influência e a presença significativa dos sacerdotes
no governo de Judá (Jl 1.9,13; 2.17). O templo estava em pleno funcionamento
(Jl 1.9,13,14).
II. A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO
Sua personalidade.
O Espírito está presente em toda a Bíblia, que o mostra claramente como uma
pessoa e não como uma mera influência. Ele é inteligente (Rm 8.27), tem emoções
(Ef 4.30) e vontade (At 16.6-11; 1 Co 12.11). Há abundantes provas bíblicas de
sua personalidade.
Sua divindade. O
Espírito Santo é chamado textualmente de “Deus de Israel” (2 Sm 23.2,3). Ele é
igual ao Pai e ao Filho em poder, glória e majestade. Na declaração batismal,
somos batizados também em seu nome (Mt 28.19; Ef 4.46). Isso significa que o
Espírito Santo é objeto da nossa fé e da nossa adoração. Ele é tudo o que Deus
é (1 Co 2.10,11).
Como uma pessoa pode
ser derramada? Esta é uma das perguntas que alguns grupos religiosos fazem
frequentemente com a finalidade de “provar” que o Espírito Santo não é Deus nem
uma pessoa. Aqui, por duas vezes a palavra profética afirma “derramarei o meu
Espírito” (2.28,29), o que é ratificado em o Novo Testamento (At 2.17,18). Ao
longo da história, a divindade do Espírito Santo sempre encontrou oposição.
Após o Concílio de Niceia, surgiram os pneumatomachoi
(“opositores do Espírito”) que, liderados por Eustáquio de Sebaste (300-380),
não aceitavam a divindade do Espírito Santo.
Linguagem metafórica.
O “derramamento” do Espírito Santo é a expressão que a Bíblia usa para
descrever o revestimento de alguém com o poder do mesmo Espírito. Trata-se de
uma metáfora, figura que “consiste na transferência de um termo para uma esfera
de significação que não é a sua, em virtude de uma comparação implícita”
(Gramática Rocha Lima).
Simbolizado pela água, o Espírito Santo lava, purifica e
refrigera como reflexo de suas múltiplas operações (Is 44.3; Jo 7.37-39; Tt
3.5).
III. HORIZONTES DA PROMESSA
1.
Ponto
de partida. A profecia do derramamento do Espírito Santo começou a ser
cumprida no dia de Pentecostes, que marcou a inauguração da Igreja (At
2.
16). O apóstolo Pedro empregou
apropriadamente a expressão “nos últimos dias” (At 2.17) no lugar de “depois”
(Jl 2.28a).
Não faz sentido algum, por conseguinte, afirmar que a efusão
do Espírito Santo foi apenas para a Era Apostólica; antes, pelo contrário,
começou com os apóstolos e continua em nossos dias. Era o ponto de partida, e
não de chegada.
Comunicação divina.
Deus disponibilizou recursos espirituais para manter a comunicação com o seu
povo por meio de sonhos, visões e profecias, independentemente de idade, sexo e
posição social (2.28b,29). Todavia, cabenos ressaltar que somente a Bíblia é a
autoridade divina e definitiva na terra. Quanto aos sonhos, visões e profecias,
são-nos concedidos para a edificação individual, e não podem ser usados para
fundamentar doutrinas. A Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e
prática.
IV. O FIM DOS TEMPOS
Sinais. A
profecia de Joel fala ainda sobre aparição de sinais em cima no céu e embaixo
na terra, de sangue, fogo e colunas de fumaça, do sol convertendo-se em trevas
e da lua tornando-se sangue (2.30,31). São manifestações teofânicas de Jeová
para revelar a si mesmo e também para executar juízo sobre o pecado (Êx 19.18;
Ap 8.7). Tudo isso o apóstolo Pedro citou integralmente em sua pregação (At
2.19,20). É de se notar que tais manifestações não foram vistas por ocasião do
Pentecostes. A explicação é que se trata do começo dos “últimos dias”.
Etapas. O
primeiro advento de Cristo e o derramamento do Espírito Santo são eventos
introdutórios dos “últimos dias” (At 2.17). Os sinais cósmicos acompanhados de
fogo, coluna de fumaça etc., ausentes no dia de Pentecostes, dizem respeito à
Grande Tribulação, no epílogo da história, “antes que venha o grande e terrível
dia do Senhor” (Jl 2.31; At 2.20).
Resultado. A
vinda do Espírito Santo, além de revestir os crentes em Jesus, resulta também
em salvação a todos os que desejam encontrar a vida eterna. O apóstolo
Pedro termina a citação de Joel com estas palavras: “Todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2.21). O nome “SENHOR”, com
letras maiúsculas, indica na Bíblia Hebraica a presença do tetragrama YHWH (as
quatro consoantes do nome divino “Yahweh, Javé, Yehovah, Jeová”). O apóstolo
Paulo citou essa passagem referindo-se a Jesus, e afirmando que o Meigo
Nazareno é o mesmo grande Deus Jeová de Israel (Rm 10.13).
CONCLUSÃO
O derramamento do Espírito Santo inaugura a dispensação da
Igreja, que, acompanhado de grandes sinais, faz do cristianismo uma religião sui generis. A Igreja continua recebendo
o poder do alto e prossegue anunciando a salvação a todos os povos. Nisso,
vemos a múltipla operação do Espírito Santo, revestindo de poder os crentes em
Jesus e convencendo o pecador de seus pecados (At 1.8; Jo 16.7-11).
AMÓS
A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO
Amós 1.1; 2.6-8; 5.21-23
INTRODUÇÃO
O livro de Amós permanece atual e abrange diversos aspectos
da vida social, política e religiosa do povo de Deus. O profeta combateu a
idolatria, denunciou as injustiças sociais, condenou a violência, profetizou o
castigo para os pecadores contumazes e também falou sobre o futuro glorioso de
Israel. Amós é conhecido como o livro da justiça de Deus e mostra aos
religiosos a necessidade de se incluir na adoração dois elementos importantes e
há muito esquecidos: justiça e retidão.
ESTRUTURA DO TEXTO
As
nações estão sujeitas a Deus |
1.1—3.12
|
Betel,
símbolo do julgamento |
3.13—5.17
|
Um
chamado à justiça e retidão |
5.18-6.14
|
Visões
de julgamento e misericórdia |
7.1—9.15
|
I. O LIVRO DE AMÓS
Contexto histórico.
Amós era originário de Tecoa, aldeia situada a 17 quilômetros ao sul de
Jerusalém e exerceu o seu ministério durante os reinados de Uzias, rei de Judá,
e de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (1.1; 7.10). Foi, de acordo com
a tradição judaico-cristã, contemporâneo de Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias,
no período assírio.
Vida pessoal.
Apesar de ser apenas um camponês de Judá, “boieiro e cultivador de sicômoros”
(7.14) e de não fazer parte da escola dos profetas, foi enviado por Deus a
profetizar em Betel, centro religioso do Reino do Norte (4.4). Ali, Amós
enfrentou forte oposição do sacerdote Amazias, alinhado politicamente ao rei
Jeroboão II (7.10-16). Todo o sistema político, religioso, social e jurídico do
Reino de Israel estava contaminado. Foi esse o quadro que Amós encontrou nas
dez tribos do Norte. O profeta tornou pública a indignação de Jeová contra os
abusos dos ricos, que esmagavam os pobres. Ele levantou-se também contra as
injustiças sociais e contra toda a sorte de desonestidade que pervertia o
direito das viúvas, dos órfãos e dos necessitados (2.6-8; 5.10-12; 8.4-6). No
cardápio da iniquidade, estavam incluídos ainda o luxo extravagante, a
prostituição e a idolatria (2.7; 5.12; 6.1-3).
Estrutura e mensagem.
O livro se divide em duas partes principais. A primeira consiste nos oráculos
que vieram pela palavra (1-6) e a segunda, nas visões (79). O discurso de Amós
é um ataque direto às instituições de Israel, confrontando os males que
assolavam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação. O assunto do livro é a justiça de Deus. O
discurso fundamenta-se em denúncias e ameaças de castigo, terminando com a
restauração futura de Israel (9.11-15). Ele é citado em o Novo Testamento (Am
5.25,26 cp. At 7.42,43; 9.11,12 cp. At 15.16-18).
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL
Mau governo.
Infelizmente, alguns líderes, como Saul e Jeroboão I, filho de Nebate, causaram
a ruína do povo escolhido (1 Cr 10.13,14; 1 Rs 13.33,34). Amós encontrou um
desses maus políticos no Reino do Norte (7.10-14). Oseias, seu colega de
ministério, também denunciou esses males com tenacidade e veemência (Os 5.1;
7.5-7).
A justiça social.
É nossa responsabilidade pessoal lutar por uma sociedade mais justa. Tal senso
de justiça expressa o pensamento da lei e dos profetas e é parte do grande
mandamento da fé cristã (Mt 22.35-40). Amós foi o único profeta do Reino do
Norte a bradar energicamente contra as injustiças sociais, ao passo que, em
Judá, mensagem de igual teor aparece por intermédio de Isaías, Miqueias e
Sofonias.
O pecado. A
expressão: “Por três transgressões de Israel e por quatro, não retirarei o
castigo” (2.6) refere-se não à numeração matemática, mas é máxima comum na
literatura semítica (veja fraseologia similar em Jó 5.19; 33.29; Ec 11.2; Mq
5.5,6). Nesse texto, significa que a medida da iniquidade está cheia e não há
como suspender a ira divina.
Decadência social
(2.6). Amós condena o preconceito e a indiferença dos mais abastados no
trato aos carentes do povo, que veem seus direitos serem violados (2.7; 4.1;
5.11; 8.4,6). Vender os próprios irmãos pobres por um par de sandálias é algo
chocante. Tal ato, que atenta contra a dignidade humana, demonstra a situação
de desprezo dos poderosos em relação aos menos favorecidos. Uma vez que as
autoridades e os poderosos aceitavam subornos para torcer a justiça contra os
pobres, o profeta denuncia esse pecado mais de uma vez (8.4-6).
Decadência moral.
A prostituição cultual era outra prática chocante de Israel e mostra a
decadência moral e espiritual da nação: “Um homem e seu pai coabitam com a
mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome” (2.7 — ARA). O pior é que tal
prostituição era financiada com o dinheiro sujo da opressão que os maiorais
infligiam ao povo (2.7,8).
Decadência religiosa.
O profeta denuncia a violação da lei do penhor que ninguém mais respeitava (Êx
22.26,27; Dt 24.6,17). A acusação não se restringe à crueldade e à apropriação
indébita, mas também a prática do culto pagão, visto que a expressão “qualquer
altar” (2.8) não pode ser no templo de Jeová, e sim no de um ídolo. Amós
encerra a denúncia a essa série de pecados, condenando a idolatria, a cobrança
indevida de taxas e a malversação dos impostos no culto pagão e nos banquetes
em honra aos deuses.
CONCLUSÃO
A adoração ao verdadeiro Deus, nas suas várias formas,
requer santidade e coração puro. Trata-se de uma comunhão vertical com Deus, e
horizontal, com o próximo (Mc 12.28-33). Essa mensagem alerta-nos sobre o dever
cristão de não nos esquecermos dos pobres e necessitados e também sobre a
responsabilidade de combatermos as injustiças, como fizeram Amós e os demais
profetas.
OBADIAS
O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO
Obadias 1.1-4,15-18
INTRODUÇÃO
A soberania divina é um tema importante e atual, porque
lembra-nos que Deus está no controle de tudo e que toda ação humana está
exposta diante de seus olhos. A lei natural da semeadura ilustra o princípio da
retribuição no campo espiritual, e é justamente essa a mensagem que encontramos
no livro do profeta Obadias, em seus oráculos contra Edom.
ESTRUTURA DO TEXTO
A
libertação pelo julgamento |
1-17
|
O
reino é do Senhor |
18-21
|
I. A SOBERANIA DE DEUS
Conceito. A
soberania divina é o direito absoluto de Deus governar totalmente as suas
criaturas segundo a sua vontade (Sl 115.3; Is 46.10). Calvinistas e arminianos
concordam com esse conceito. A diferença entre ambos acerca da soberania está
apenas no exercício desta.
Segundo os calvinistas, não há limite para o exercício desse
governo, de modo que a vontade divina não pode ser anulada. Os arminianos, por
outro lado, admitem que, no exercício da soberania divina, existe uma
autolimitação suficiente para permitir o livrearbítrio humano.
Livre-arbítrio. A
vontade de Deus é que todos sejam salvos (Ez 18.23,32; Jo 3.16; 1 Tm 2.4; 2 Pe
3.9). Entretanto, não são poucos os que se perderão. Tal acontece justamente
pelo fato de sermos livres, autoconscientes e, por isso, responsáveis diante de
Deus por nossos atos (Ec 12.13,14). Isso se explica pelo livre-arbítrio, e não
significa negar a soberania divina. Trata-se da liberdade humana. Deus é
soberano em todo o Universo e, por seu amor e poder, preserva sua criação até a
consumação de todas as coisas (Ne 9.6; Hb 1.2,3).
II. O LIVRO DE OBADIAS
Contexto histórico.
A vida pessoal de Obadias é desconhecida. O profeta apresenta-se apenas com o
seu nome, sem oferecer nenhuma informação adicional (família e reinado sob o
qual viveu e profetizou). Ele simplesmente diz:
“Visão de Obadias”
(v.1).
A data em que exerceu o seu ministério é uma das mais
disputadas entre os estudiosos: vai de 848 a 460 a.C. Tudo indica que os
versículos 10 a 14 refiramse à destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, rei
de Babilônia, em 587 a.C. Portanto, qualquer data, nesse período, como 585 a.C.
por exemplo, é aceitável.
Estrutura e mensagem.
Com apenas 21 versículos, Obadias é o livro mais curto do Antigo Testamento.
Excetuando-se a introdução, o seu estilo é poético. O texto dividese em três
partes principais: a destruição de Edom (vv.1-9); a sua maldade (vv.10-14) e o
dia do Senhor sobre Edom, Israel e as demais nações (vv.15-21).
O tema do livro é o julgamento divino contra Edom. Obadias,
porém, não é o único profeta incumbido de anunciar a condenação dos filhos de
Esaú (Is 21.11,12; Jr 49.722; Ez 25.1-14; Am 1.11,12; Ml 1.2-5).
III. EDOM, O PROFANO
Origem. Os
edomitas eram descendentes de Esaú. Por causa do guisado que Jacó usou para
comprar de Esaú a sua primogenitura, o nome da tribo passou a ser “Edom” que,
em hebraico, significa “vermelho” (Gn 25.30).
Eles povoaram o monte Seir (Gn 33.16; 36.8,9,21) e,
rapidamente, transformaram-se em uma poderosa nação (Gn 36.1-43; Êx 15.15; Nm
20.14). Seu rei negou passagem a Israel por seu território, quando os filhos de
Jacó saíram do Egito e peregrinavam no deserto a caminho da Terra Prometida.
Mesmo assim, Deus ordenou aos israelitas que tratassem os edomitas como a
irmãos (Dt 23.7). Contudo, o ódio de Edom contra Israel cresceu e atravessou
séculos.
O Deus soberano.
“Assim diz o Senhor JEOVÁ a respeito de Edom” (v.1). Esta chancela destaca a
soberania de Deus sobre os povos e reis da terra. Apesar de Edom não ser
reconhecido como povo de Deus, o Eterno tinha legítima autoridade sobre ele.
Preparativos do
assédio a Edom (v.1c). A expressão: “temos ouvido a pregação” parece
indicar que Obadias falava em nome de outros profetas (Jr 49.14). Ele ouviu o
oráculo divino e soube de um embaixador que fora enviado aos povos vizinhos
para ajuntá-los em guerra contra Edom. Tal embaixador não era profeta, mas um
diplomata de alguma nação inimiga dos edomitas.
O rebaixamento de
Edom. No Antigo Testamento hebraico, existe um recurso retórico que
consiste em um acontecimento futuro, que é descrito como se já tivesse sido
cumprido. Por isso, o profeta emprega o verbo no passado: “Eis que te fiz
pequeno entre as nações” (v.2a).
Esse recurso é conhecido como perfeito profético (não se
trata de um perfeito gramatical especial). Seu emprego, aqui, indica o
cumprimento certeiro da ameaça quanto à sucessão dos dias e das noites. Ou
seja, o fato é descrito como já realizado, pois Deus reduzirá (como de fato,
reduziu) Edom a um povo insignificante e desprezível entre as nações, até que
este veio a desaparecer
(v.2b).
O orgulho leva à
ruína. Por viverem nas cavernas montanhosas de Seir (v.3), os edomitas
confiavam na segurança que lhes proporcionava a topografia de seu território —
uma fortaleza naturalmente inexpugnável. Edom não sabia que aquilo que é
inacessível ao homem é acessível a Deus (v.4). A arrogância humana é
insuportável, mas a soberba espiritual é repugnante; os que assim agem estão
destinados ao fracasso (Pv 16.18; 1 Pe 5.5).
IV. A RETRIBUIÇÃO DIVINA
O princípio da
retribuição. Retribuição significa “pagar na mesma moeda”. Tal princípio
acha-se na Lei de Moisés (Êx 21.23-25; Lv 24.16-22; Dt 19.21). Segundo Charles
L. Feinberg, a passagem compreendida entre os versículos 10 até 14 pode ser
chamada de o “boletim de ocorrência” dos crimes cometidos pelos edomitas contra
os judeus. O acerto de contas aproxima-se, e Deus fará com os edomitas o mesmo
que eles fizeram a Judá. Nessa profecia, Edom serve de paradigma para outras
nações (e até pessoas) que igualmente procedem
(v.15).
O castigo de Edom.
Os edomitas beberam e alegraram-se com a desgraça de seus irmãos. Mas, agora,
chegou a hora de eles receberem a sua paga na mesma moeda. Os descendentes de
Esaú provarão do cálice da ira divina para sempre (v.16). É bom lembrar que
esse princípio vale também para indivíduos (Jz 1.6,7; Hb 2.2). É o princípio da
semeadura (Os 8.7; Gl 6.7).
Esaú e Jacó (v.18).
Os nomes “Sião” e “Jacó” (v.17) indicam Jerusalém e Judá, respectivamente. E
“José”, o Reino do Norte formado pelas dez tribos e, muitas vezes, identificado
como “Israel” e “Efraim” (Os 7.1). José, como pai de Efraim (Gn 41.50-52), é
usado para identificar os irmãos do Norte. Assim, a profecia fala sobre a
reunificação de Judá e Israel (Os 1.1; Ez 37.19). A metáfora de Israel como
fogo que consumirá a casa de Esaú indica a destruição total de Edom. O orgulho
e o ódio dos edomitas contra os seus irmãos judeus os levaram à ruína
definitiva.
CONCLUSÃO
Assim como ninguém pode desafiar as leis naturais sem as
devidas consequências, não é possível ignorar as leis espirituais e sair ileso.
A retribuição é inevitável, pois “tudo o que o homem semear, isso também
ceifará” (Gl 6.7). Só o arrependimento e a fé em Jesus podem levar o homem a
experimentar o amor e a misericórdia de Deus (2 Co 5.17).
JONAS A MISERICÓRDIA DIVINA Jonas
1.1-3,15,17; 3.8-10; 4.1,2 INTRODUÇÃO
A história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais
conhecida por narrar a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No
entanto, esse acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de
uma cidade pagã. Os dois milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e
continuam a impressionar ao longo da história.
ESTRUTURA DO TEXTO
O
mau torna-se piedoso |
1.1-17
|
Deus
ouve os chamados aflitos |
2.1-10
|
A
compaixão segue-se ao arrependimento |
3.1-10
|
O
amor de Deus é ilimitado |
4.1-11
|
I. O LIVRO DE JONAS
Contexto histórico.
Salta aos olhos de qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio,
cuja capital era Nínive. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de
Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época,
Jeroboão II, filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do
Norte.
Vida pessoal.
Jonas se apresenta apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em
outras narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino
do Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs
14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas
proximidades de Nazaré da Galileia.
Jonas, que deveria ir para Nínive clamar contra esta cidade,
desobedeceu à ordem divina, procurando fugir para Társis. É o único profeta
bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em
direção oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla
ocidental do Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, ideia aceita pela maioria dos
pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença de Deus? (Sl
139.7-10)
Estrutura e mensagem.
O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de
começar com estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo
biográfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao
mesmo tempo em que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária
de Cristo (Mt 12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita
misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as nações.
II. O GRANDE PEIXE
Baleia ou grande
peixe? Na Bíblia Hebraica e na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para
o capítulo seguinte (2.1). A língua hebraica não dispõe de termo técnico para
“baleia”. Essa palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional
que atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam dag gadol,
“grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes
(1.17;
2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande monstro marinho”, e ketos por
“monstro marinho”, a mesma palavra usada no Novo Testamento
grego (Mt 12.40).
Interpretação.
Não há indício algum no texto para que ele possa ser interpretado como
alegoria, ficção didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de
pensamento, pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros
profetas (1.1; Jr 33.1; Zc 1.1). Além disso, o Senhor Jesus Cristo, a maior
autoridade no céu e na terra, interpretou o livro como histórico, assim como
históricos foram o ministério e a
ressurreição do Mestre. O Novo Testamento é a palavra final, e isso
encerra qualquer questão (Mt 12.39-41;
16.4).
A MISERICÓRDIA DIVINA
A conversão dos
ninivitas (3.8,9). O curto relato do livro de Jonas serve como prenúncio da
graça salvadora para todas as nações (Tt 2.11). Os ninivitas foram salvos pela
graça, pois “creram em Deus” (3.5) e “se converteram do seu mau caminho”
(3.10). As obras foram consequência da sua fé no Deus de Israel.
O arrependimento‖ de
Deus. O arrependimento humano é mudança de mente e de coração, de pior para
melhor. Quando a Bíblia fala que “Deus se arrependeu” (3.10), parece
confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e imutável, não pode mudar, nem
alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para uma declaração como essa é a
linguagem antropopática, um modo de falar em termos humanos, ou se trata de uma
questão de ordem exegética, que é o nosso caso aqui. Quem mudou, na verdade,
foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do plano divino (Jr 18.7,8).
Explicação exegética.
O texto sagrado declara que “Deus viu as obras deles, como se converteram do
seu mau caminho” (3.10a). O verbo hebraico aqui é shuv, literalmente: “voltar-se, retornar”, frequentemente usado
para indicar o arrependimento humano. A respeito do “arrependimento” de Deus,
que vem na sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam, “ter pena, arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado”
(Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr 8.18). Essas nuanças linguísticas podem ser confirmadas
por qualquer pessoa, ainda que não conheça uma única letra do alfabeto dessas
línguas, com o auxílio, por exemplo, da Bíblia
de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego (CPAD).
IV. A JUSTIÇA HUMANA
Descontentamento de
Jonas (4.1). Jonas foi bem-sucedido em sua missão. Qualquer profeta de
Israel, ou mesmo algum pregador de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito
com o resultado do trabalho. A Bíblia não revela a razão do descontentamento de
Jonas, senão o que o ele mesmo afirma, ao dizer que sabia que Deus é “piedoso e
misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal” (4.2b).
Jonas esperava
vingança? O império assírio foi um dos mais cruéis da história e tinha
domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas esperava uma vingança como
retaliação por terem os assírios massacrado o seu povo? O certo é que, ainda
hoje, há crentes que se incomodam com o retorno à Igreja dos que se acham
afastados do rebanho. Quem não se lembra do irmão mais velho do filho pródigo?
(Lc 15.25-32). Às vezes, a bondade divina incomoda alguns (Mt 20.15).
Compreendendo a
misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a
natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive da destruição,
prorrogou a sua ruína, e perdoou os seus moradores. O próprio Jonas, na
qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de Deus.
CONCLUSÃO
Jonas transmite-nos uma importante lição prática. O relato
em si mostra a diferença abissal entre a bondade divina e a justiça humana. Aos
ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus,
que continua a salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At
4.12). Ele mesmo disse: “E eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt
12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro
antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo
assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a
incredulidade dos seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem
ouvido a pregação do profeta e arrependido de seus pecados.
MIQUÉIAS
A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA
Miqueias 1.1-5; 6.6-8
INTRODUÇÃO
O problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem
não era falta de liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao
Senhor. Embora cometesse toda a sorte de injustiças sociais, a geração
contemporânea do profeta Miqueias oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos
os rituais levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e
ao próximo.
ESTRUTURA DO TEXTO
Deus
julga o pecado |
1.1—2.13
|
Os
falsos líderes sofrem destruição |
3.1-12
|
A
estratégia de Deus para Israel |
4.1-13
|
Belém
é novamente considerada |
5.1-15
|
As
maldições divinas ligadas à aliança |
6.1-16
|
O
amor leal traz esperança |
7.1-20
|
O LIVRO DE MIQUEIAS
Contexto histórico.
Miqueias era de Moresete-Cate (1.1,14; Jr 26.18), cidade localizada a 32
quilômetros a sudeste de Jerusalém. Miqueias, assim como os demais profetas de
Judá, não cita reis do Reino do Norte na introdução de seus oráculos. Seu
ministério, porém, aconteceu no período dos reinados “de Jotão, Acaz e
Ezequias, reis de Judá” (1.1). Essas datas estão entre 750 e 686 a.C, mas a
soma desses anos deve ser reduzida significativamente por causa das
corregências.
O profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miqueias foi
entregue no reinado de Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e
os primeiros de Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710
a.C.
Estrutura e mensagem.
Trata-se de uma coleção de breves oráculos agrupados em sete capítulos
divididos em três partes principais (1,2; 3-5; 6,7). Cada uma das partes marca
o imperativo: “Ouvi” (1.2; 3.1; 6.1), que é fraseologia similar a de Isaías
(4.1-5; Is 2.2-4).
O assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de
Samaria e de Jerusalém. Miqueias dirigiu seu discurso contra a idolatria,
censurou com veemência a opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça
nacional (1.5; 2.1,2; 3.9-11). Além disso, anunciou, de antemão, o local do
nascimento do Messias, em Belém (5.2 cp. Mt 2.1,46). O profeta chegou a ser
citado pelo Senhor Jesus (7.6 cp. Mt 10.35,36).
II. A OBEDIÊNCIA A DEUS
O conceito bíblico de
obediência. O verbo hebraico shemá:
“ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer”, não significa apenas receber uma
comunicação ou informação. O seu real sentido é mais forte e imperioso:
obedecer é acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar. O referido
verbo é empregado no Antigo Testamento para “obedecer” em 1 Samuel 15.22 e
Jeremias 42.6. É usado, também, em seis das nove vezes em que shemá aparece em Miqueias (1.2; 3.1,9;
6.1,2,9). A mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15; 13.43). Por
conseguinte, a obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso
acatamento da mensagem divina (Mt 7.24,26). Nesse sentido, ela pode ser
definida como a prova suprema da fé e do nosso amor a Deus.
A desobediência das
nações. O Senhor não é uma divindade tribal, que habita em quatro paredes.
Ele é o Deus de toda a terra e o Soberano de todo o Universo. Justamente por
isso, Ele apresenta-se como juiz e testemunha não apenas contra seu povo,
Israel e Judá (1.2,5), mas também contra todas as nações da terra (1.2).
A ira de Deus sobre o
pecado (1.3-5). O profeta descreve de forma pitoresca a reação divina
contra o seu povo. Numa linguagem antropomórfica, o Senhor desce de seu santo
templo, o céu, para julgar Samaria, capital de Israel e, da mesma forma,
Jerusalém, capital de Judá, cujo pecado influencia todo o país. O quadro da sua
majestosa e terrível presença lembra a ação dos terremotos e dos vulcões (Jz
5.4; Sl 18.7-10; Is 64.1-3; Hc 3.6,7).
III. O RITUAL RELIGIOSO
O diálogo de Deus com
o povo (6.6). O Senhor, através do profeta, convida o seu povo para uma controvérsia.
O que Deus fez de mal para Israel rejeitá-lo? (6.1-3). Em seguida, o Eterno
traz à memória da nação os seus benefícios desde o princípio, quando remiu a
Israel do Egito e protegeu seu povo no deserto contra os inimigos (6.4,5). Em
uma pergunta retórica, o próprio Deus antecipa a resposta da nação. A lei
estabelecia sacrifícios de animais como provisão pelo pecado (Lv 9.3) e o
azeite para certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15; 7.12). O problema de
Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão
a Deus.
Sacrifício humano
(6.7). Oferecer o primogênito pela transgressão e o fruto do ventre pelo
pecado era sinal de completo desatino do povo. A lei de Moisés condena tal
prática sob pena de morte (Lv 18.21; 20.2-5) e em todo o Israel era repulsa
nacional (2 Rs 3.27). Esse tipo de sacrifício só foi praticado por aqueles que,
em todo Israel e Judá, apostataram-se da fé (2 Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos a oferecer
até mesmo o que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero arrependimento
e mudança de vida.
CONCLUSÃO
A lição para todos nós é esta: O que importa para Deus não é
o que fazemos na Igreja, mas a nossa vivência com a família, o que fazemos no
trabalho e como relacionamo-nos com a sociedade. Sem o verdadeiro
arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as práticas religiosas
não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de valor
espiritual.
NAUM
O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA
Naum 1.1-3,9-14
INTRODUÇÃO
Quando Naum anunciou o seu oráculo contra Nínive, já fazia
um século e meio que Deus havia dispensado a sua misericórdia à grande,
poderosa e perversa cidade. No tempo de Jonas, o Senhor compadecera-se dos
ninivitas, poupandoos de iminente destruição. Infelizmente, o tempo passou e
eles vieram a se esquecer do perdão divino, voltando a pecar contra Deus. Por
isso, o profeta Naum proclama a ruína inevitável de Nínive. Agora, o juízo
divino é irreversível!
ESTRUTURA DO TEXTO
De
frente para o Deus soberano |
1.1-15
|
A
campanha militar contra Nínive |
2.1-13
|
A
maldição contra Nínive |
3.1-19
|
O LIVRO DE NAUM
Contexto histórico.
Naum, à semelhança de outros profetas menores, não possui biografia. Ele
apresenta-se apenas como o “elcosita”. O reinado no qual profetizou não é
mencionado (v.1b). As escassas informações de que dispomos ainda não são
conclusivas. As opiniões dos eruditos são divergentes. Elas variam entre o
assédio de Jerusalém, em 701 a.C, por Senaqueribe, rei da Assíria (2 Rs 18.13)
até as reformas religiosas protagonizadas por Josias, rei de Judá, em 621 a.C.
(cf. 2 Rs 22.1-23.37; 2 Cr 34.1-35.27).
a)
Origem
do profeta. Alguns estudiosos acreditam que “elcosita” (v.1c) refere-se a
uma cidade da Assíria, situada a 38 quilômetros de Nínive, em Alkush, ao norte
do atual Mossul, Iraque. Tal informação é a menos provável, visto que, desde a
antiguidade, a cidade de Cafarnaum — na Galileia, casa de Jesus (Mt 9.1; Mc
2.1), cujo nome significa “aldeia de Naum” — é apontada como local de
nascimento do profeta.
b)
Período
aceitável. Em 612 a.C. a cidade de Nínive foi destruída. A profecia
menciona também o desmoronamento de Nô-Amon como fato comprovado historicamente
(3.8-10). O rei assírio, Assurbanipal, destruiu a cidade egípcia de Nô em 663
a.C. De acordo com essas informações, podemos considerar 663 a 612 a.C. como um
período histórico significativo para situarmos o ministério profético de
Naum.
c)
Nínive
(v.1). Nínive era a antiga capital do império assírio. Suas ruínas estão
localizadas ao norte do Iraque. É uma das cidades pós-diluvianas fundada por
Ninrode, descendente de Cuxe (Gn 10.8-11), por volta de 4500 a.C. — tornando-se
proeminente antes de 2000 a.C. O rei assírio, Senaqueribe (705 - 681 a.C),
fortificou a cidade, garantindo assim o apogeu da capital assíria.
O Senhor refere-se a ela como a “grande cidade” (Jn 1.2;
3.2). A crueldade do povo ninivita era indescritível e essa foi a fama que os
acompanhou durante toda a história.
Estrutura. O
“Livro da visão de Naum” (v.1b) consiste em três breves capítulos. O capítulo 1
divide-se em duas partes principais: a
primeira é um salmo de louvor a Jeová (vv.2-8); a segunda, num estilo poético, anuncia o castigo dos seus inimigos
(vv.9-14), sendo que o versículo 15 é parte do capítulo 2 na Bíblia Hebraica. O
segundo capítulo anuncia o assédio e a destruição de Nínive. E o terceiro o
“boletim de ocorrência” dos motivos de sua queda.
Mensagem. O tema
do livro é a “queda de Nínive”. A expressão “peso de Nínive” (v.1a) proclama o início de sua ruína. O
substantivo hebraico para “peso” é massa que significa “carga, fardo,
sofrimento” (Êx 23.5; Nm 11.11,17) bem como “sentença pesada, oráculo,
pronunciamento, profecia” (Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). Ela aponta para a proclamação
de um desastre (Is 14.28; 23.1; 30.6).
O CASTIGO DOS INIMIGOS
1. Quem são os ―inimigos‖? Os assírios
eram os “inimigos” e a expressão “peso de Nínive” (v.1) — referindo-se à
capital da Assíria — o confirma. A ausência da indicação desse povo (vv. 9-14)
também ensina as nações, ao longo da história, que sentenças similares às da
Assíria são aplicáveis a qualquer povo que se levantar contra Deus. Por essa
razão a queda dos assírios foi definitiva (v.9).
2. O estilo de Naum. O livro do profeta
Naum é rico em metáforas. O exército assírio é comparado a um emaranhado de
espinhos e aos bêbados embriagados com vinho (v.10), significando que Deus
enfraqueceu o poder de Nínive e que os ninivitas são uma “presa fácil”. Por
esse mesmo motivo, Nabopolassar, rei de Babilônia e pai do rei Nabucodonosor,
entrou na cidade em 612 a.C. sem resistência alguma dos assírios.
3. Reminiscências históricas? Alguns
expositores bíblicos pensam que o
“conselheiro de Belial” (vv.11,12) é uma referência a
Senaqueribe (2 Rs 18.13). É verossímil que o versículo 14 pareça aplicar-se a
ele (2 Rs 18.36,37), pois a reminiscência histórica é comum em muitas mensagens
proféticas. Entretanto, não é o que parece aqui, pois provavelmente a expressão
“mais ninguém do teu nome seja semeado” (v.14), aluda à falta de herdeiro no
trono, denotando o fim do império. Tal sentença indica o caráter definitivo do
castigo divino.
4. A consolação de Judá. Assim como a
profecia de Obadias era contra Edom, mas a mensagem era para Judá,
semelhantemente ocorre aqui, conforme a declaração profética: “serão
exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais” (v.12).
Essa abrupta mudança da terceira para a segunda pessoa indica a mensagem de
esperança para Judá. O castigo de Judá é corretivo. O povo ainda achará o favor
divino (v.13). Mas o juízo dos assírios é final, por haverem eles rejeitado a
misericórdia que o Deus de Israel, gratuitamente, lhes havia oferecido através
de Jonas.
CONCLUSÃO
Assim como o juízo divino puniu a capital da perversa
Assíria, assim também acontecerá no dia da ira de Deus, quando Ele punirá a
todos, indivíduos e nações, que, rejeitando a sua misericordiosa graça,
perseveraram na prática do mal.
Nesse dia, todos prestarão contas de seus atos diante dEle.
É o que adverte o próprio Senhor através de seus profetas. Contudo, a porta da
graça está aberta, oferecendo gratuitamente, a toda as nações, ampla
oportunidade de arrependimento e salvação através de Jesus Cristo (2 Pe 3.9).
HABACUQUE
A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
Habacuque 1.1-6; 2.1-4
INTRODUÇÃO
No diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma
singular beleza teológica e literária. Ao longo do livro de Habacuque,
deparamo-nos com uma das mais notáveis declarações doutrinárias: “O justo, pela
sua fé, viverá” (2.4). Este oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das
mais importantes temáticas, em o Novo Testamento (Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos
mais tarde, inspirou Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.
ESTRUTURA DO TEXTO
O
profeta perplexo |
1.1-17
|
A
fé sobrevive |
2.1-20
|
Um
salmo de confiança |
3.1-19
|
O LIVRO DE HABACUQUE
Contexto histórico.
Habacuque exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente
pelo Oriente Médio (1.6). Tal marcha iniciou-se em
627 a.C. e foi concluída com a vitória sobre Faraó Neco, do
Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr 46.2). Tempo em que, de fato,
os caldeus tornaramse um império pujante. Isso mostra que o profeta era
contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1). Ele menciona ainda a
opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça nacional (1.2-4) e
descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim, rei de Judá, entre
605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18).
Vida pessoal. Não
há informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque.
Apenas temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também
encontrado em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A partir dessas poucas
informações e pela finalização de seu livro (3.19), muitos estudiosos entendem
que Habacuque era um profeta bem aceito pela sociedade e — há quem afirme —
oriundo de família sacerdotal. A literatura rabínica apoia essa ideia.
Estrutura e mensagem.
No estudo passado, aprendemos que o termo “peso” indica uma “sentença pesada e
profecia”. A exemplo do livro de Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na
forma de visão (1.1). A profecia divide-se em três capítulos. O primeiro
denuncia a corrupção generalizada da nação e a consequente resposta divina
(1.2-17); o segundo, outra resposta do Eterno (2.120); e a terceira, a oração
de Habacuque (3.1-19). O oráculo divino, que possui a mesma estrutura dos
Salmos, tem como principal ênfase a fé.
HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
O clamor de
Habacuque. O que ocorria em Judá ia de encontro ao conhecimento que
Habacuque possuía a respeito do Deus de Israel. Mas como é possível Aquele que
é justo e santo tolerar tamanha maldade? O profeta expressa sua perplexidade na
forma de lamentos: “Até quando, SENHOR [...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque
[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas perguntas indicam que, há tempos, Habacuque orava
a Deus em busca de solução.
A descrição do
pecado. Assim, o profeta resume o quadro desolador do seu povo: iniquidade
e vexação; destruição e violência; contenda e litígio (1.3). A
Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo
“opressão”. A Bíblia
TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de
“vexação”. A estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o
abuso opressor das autoridades em relação aos pobres.
O colapso da justiça
nacional. A frouxidão da lei era consequência da corrupção generalizada. Na
esfera judiciária, a sentença não era pronunciada, ou quando dado o veredicto,
este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A sociedade sequer lembravase da
lei. Esta era o poder coercitivo para manter a ordem pública, garantir a
segurança e os direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19; 33.4; Js 1.8). Mas a
influência das autoridades piedosas não foi suficiente para mudar o estado das
coisas. Somente o Senhor onipotente de Israel é quem pode fazer plena
justiça.
A RESPOSTA DIVINA
O juízo divino é
anunciado. Antes de Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que
está no controle de todas as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para
agir e mostrar a razão de sua intervenção. Tudo estava nos planos do Senhor. O
profeta e todo o povo de Judá precisavam prestar mais atenção aos
acontecimentos mundiais, pois o Eterno realizaria, naqueles dias, uma obra que
eles não creriam, quando lhes fosse contada (1.5). Essa obra era um novo
império que Deus estava levantando no mundo. Não obstante, esse oráculo também
diz respeito à vinda do Messias (At 13.40,41).
Os caldeus e a questão
ética (1.6). O império dos caldeus crescia e agigantavase sob a liderança
do rei Nabucodonosor. Ele estava a caminho de Jerusalém para invadir a
província de Judá. No entanto, Habacuque ficou desapontado com essa resposta.
Como um povo idólatra, sem ética e respeito aos direitos humanos, poderia
castigar o povo de Deus? Ele pergunta: “por que, pois, olhas para os que
procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo
do que ele?” (1.13). Trataria o Senhor os filhos de Judá como os animais?
(1.14). Permitiria à Babilônia fazer o que desejasse com o povo?
(1.15-17).
DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ
A espera de Habacuque
(2.1). Sabedor de que Deus lhe responderá, o profeta prepara-se para ser
arguido por Deus. Ele se posiciona como uma sentinela — figura comumente
empregada para descrever os profetas bíblicos. Sua função era ficar alerta para
escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo (Is 21.8; Jr 6.17; Ez
3.17).
A visão. A
resposta divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade
e nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse
(2.2), pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era
claríssima: A Babilônia desaparecerá da terra para sempre! No entanto, Judá,
apesar do castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio era crer na mensagem!
Ainda que seu cumprimento tardasse, Deus é fiel para cumprir a sua palavra
(2.3; Jr 1.12). Assim como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa
da incredulidade e por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22;
16.9; 2 Co 4.4).
O justo viverá da fé.
A expressão “alma que se incha” (2.4) refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10;
Is 13.19). O justo é aquele que crê no julgamento de Deus sobre a Babilônia
(2.8). Ele sobreviverá à devastação de Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o
justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas ao mesmo tempo é uma mensagem de
profundo significado para a fé cristã (Rm 1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo
Testamento, o “justo” é quem, proveniente de todas as nações, acolhe a mensagem
do Evangelho e é justificado pela fé em Jesus.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus é suficiente para corrigir o caminho
tortuoso de qualquer pessoa. Apesar de a resposta divina nem sempre ser o que
esperamos, ela é sempre a melhor. Quem não se lembra do fato ocorrido na vida
de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e os pensamentos de
Deus são infinitamente mais elevados que os nossos (Is 55.8,9). Vivamos, pois,
pela fé!
SOFONIAS O JUÍZO VINDOURO
Sofonias 1.1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o oráculo de Sofonias. Ele se
destaca pela intrepidez do juízo divino contra Judá e os gentios. O profeta
anuncia o julgamento universal descrito como a reação de Deus aos pecados
cometidos pelos moradores de toda a terra. Sofonias, porém, aborda o julgamento
divino numa perspectiva escatológica de restauração.
ESTRUTURA DO TEXTO
Um
julgamento para todos |
1.1-18
|
A
assembléia justa |
2.1-15
|
Esperar
em Deus |
3.1-20
|
O LIVRO DE SOFONIAS
Contexto histórico.
Sofonias exerceu o seu ministério “nos dias de Josias, filho de Amom, rei de
Judá” (v.1). Josias reinou entre 640 e 609 a.C. A reforma religiosa do rei de
Judá aconteceu em 621 a.C, “no ano décimo oitavo” do seu reinado (2 Rs 22.3).
Quando ocorreu a reforma, Jeremias exercia o ofício de profeta há cinco anos. O
seu chamado deu-se “no décimo terceiro ano do [...] reinado” de Josias (Jr
1.2). Esse período corresponde a 627 a.C. É possível que, na reforma, o rei
fora encorajado por esses profetas. Evidências internas apontam para um tempo
de pré-reforma em Judá, denunciando os desmandos dos reis Manassés e Amom (2 Rs
21.16-24).
Genealogia. É
comum a menção do nome paterno nos livros dos profetas. Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Oseias, Joel e Jonas, trazem essa informação.
Sofonias, porém, descreve a sua genealogia: “Sofonias, filho
de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias” (v.1). A
citação do nome do pai estabelecia o direito tanto à herança quanto à posição
social ou aquisição de poder. A ausência de paternidade demonstra que tal
profeta não adveio de família tradicional. Sofonias era trineto de Ezequias,
que também fora rei de Judá. Isso lhe garantia livre acesso no governo real,
bem como noutros segmentos da sociedade.
Estrutura e mensagem.
Os meios de comunicação dos oráculos divinos aos profetas eram a palavra e a visão. Os porta-vozes do Eterno deixam isso claro no prólogo de
seus livros (v.1a). O estilo poético predomina em todo o livro de Sofonias. O
oráculo está organizado em três partes principais: a primeira anuncia o juízo
contra as nações da terra, incluindo Judá (1.1-2.3). A segunda especifica os
povos nesse julgamento global — Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria
(2.4-15). E a terceira parte trata do castigo de Jerusalém e da restauração dos
remanescentes fiéis (3.1-20). O tema do “Dia do Senhor” ocupa todo o oráculo
divino.
O JUÍZO VINDOURO
Toda a face da terra será consumida (v.2).
Após o dilúvio, Deus prometeu não mais destruir a terra com água (Gn 9.11-16).
Desde então, a palavra profética anunciou o juízo vindouro pela destruição
através do fogo (1.18; 3.8; Jl 2.3; 2 Pe 3.7; Ap 16.8). A declaração
“inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2) refere-se à tragédia
global referida em 3.6-8. Note que a expressão “face da terra” é igualmente
usada no anúncio da tragédia do dilúvio (Gn 6.7; 7.4).
A linguagem de
Sofonias. A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste em dar à sua
significação uma ênfase exagerada. Ela, porém, aparece na Bíblia e, por isso,
alguns expositores veterotestamentários defendem o uso de uma linguagem
hiperbólica para o livro de Sofonias. Eles consideram forte demais a descrição
do aniquilamento natural de aves, peixes, animais, seres humanos, nações e
cidades
(1.3; 3.6).
Descrição detalhada.
É verdade que na Bíblia há o emprego de hipérbole (Mt 11.23; Jo 12.19, etc.). Mas não é o caso,
aqui, em Sofonias! A descrição “os homens e os animais, consumirei as aves do
céu, e os peixes do mar” (v.3) representa o reverso da criação registrada em
Gênesis (1.20-26). Ela corresponde à destruição universal e literal da criação
(Ap 16.1-21). O dilúvio, por exemplo, foi literal e global, mas a família cie
Noé foi salva (1 Pe 3.20), assim como os filhos de Israel foram poupados das
pragas do Egito (Êx 9.4; 10.23; Nm 3.13).
OBJETIVO DO LIVRO
Sincretismo dos
sacerdotes. A expressão “quemarins com os sacerdotes” (v.4) aponta para o
sincretismo da religião de Israel com o paganismo. “Quemarins” é o plural do
hebraico komer usado para “sacerdote
pagão” e aparece apenas três vezes no Antigo Testamento (2 Rs 23.5; Os 10.5).
Apesar da origem levítica, os sacerdotes estavam envolvidos no sincretismo
religioso pagão.
Sincretismo do povo.
Sabeísmo é a prática pagã dos sabeus; o povo da rainha de Sabá. Seu culto
resumia-se na prática de adivinhação e na astrologia. Judá envolveuse nesse
tipo de paganismo (2 Rs 23.5; Jr 8.2; 19.13). Malcã ou Milcom (ARA e TB), ou
ainda Moloque (NVI), era o deus nacional dos amonitas (1 Rs 11.5-7). Sofonias
denunciou o povo por adorar a Jeová numa cerimônia comum com essa asquerosa
divindade (v.5). Isso exemplifica a realidade do ritual sincrético no meio do
povo escolhido.
O modismo do povo e a
violência dos príncipes. Não havia nada de errado em alguém vestir a roupa
do estrangeiro. O problema da “vestidura estranha” (v.8) era o compromisso
religioso de tal indumentária com o paganismo (2 Rs 10.22). Os príncipes de
Judá, provavelmente filhos de Manassés ou Amom (pois Josias era bem novo para
ter filhos nessa idade), serão duramente castigados por causa da violência e do
engano (v.9). O objetivo do castigo divino é exterminar o baalismo, o
sincretismo, as práticas divinatórias e as injustiças sociais.
O DIA DO SENHOR‖
Significado bíblico.
O termo hebraico para “dia” é yom,
que pode ser “dia” no sentido literal (Jó 3.3) ou período de tempo (Gn 2.4).
Assim, “o dia do SENHOR” (v.7) ou as fraseologias similares “dia da ira do
SENHOR” (2.2,3) e “naquele dia” (1.10), indicam o período reservado por Deus
para o acerto de contas com todos os moradores da terra (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl
1.15; 2.1). Esse período também é chamado de Grande Tribulação (Ap 7.14). O
julgamento de Judá e das nações vizinhas é o prenúncio do juízo vindouro.
O sacrifício e seus
convidados. A profecia afirma que Jeová “preparou o sacrifício e santificou
os seus convidados” (v.7). Aqui, essa sentença é chamada de “sacrifício”, uma
metáfora usada pelos profetas para indicar o juízo (Is 34.6; Jr 46.10; Ez
39.1720). O verbo hebraico para “santificar” é qadash, cuja ideia básica consiste em “separar, retirar do uso
comum” (Lv 10.10). Assim, os babilônios foram separados por Deus para a
execução da ira divina sobre o povo de Judá (v.10).
CONCLUSÃO
O juízo vindouro não é assunto descartável. Os profetas
trataram dele, bem como o Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos. Fica aqui um
alerta para os promotores da teologia da prosperidade (Fp 3.19-21).
Infelizmente, entre muitos cristãos, os assuntos escatológicos são motivos de
chacotas e risos. No entanto, Deus não se deixa escarnecer. O seu juízo é certo
e verdadeiro e virá sobre todos os que praticam a iniquidade.
AGEU O COMPROMISSO DO POVO DA ALIANÇA
Ageu 1.1-9
INTRODUÇÃO
De Joel até Ageu passaram-se mais de 300 anos. A hegemonia
política e militar, nessa fase da história mundial, estava com os persas, pois
os assírios e babilônios não existiam mais como impérios. Quanto ao pecado de
Judá, este não era a idolatria, pois o cativeiro erradicara de vez essa
prática. O problema agora, igualmente grave, era a indiferença, a mornidão e o
comodismo espiritual dos judeus em relação à obra de Deus.
ESTRUTURA DO TEXTO
O
ressurgimento do materialismo |
1.1-11
|
A
motivação para o povo de Deus |
1.12-15
|
A
palavra emergente de Deus |
2.1-9
|
O
momento decisivo |
2.10-23
|
O LIVRO DE AGEU
Contexto histórico.
No livro de Esdras, encontra-se o relato das primeiras décadas do período
pós-exílio. Por isso, é fundamental ler os seis primeiros capítulos do referido
livro, para compreendermos o profeta Ageu. O rei Ciro, da Pérsia, baixou o
decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C. Pouco tempo depois, a
primeira leva dos hebreus partiu da Babilônia de volta para Judá. a) Cambises.
Ciro reinou até 530 a.C, ano em que faleceu. Cambises, identificado na Bíblia
como Artaxerxes (Ed 4.7-23), reinou em seu lugar até 522 a.C. Este, por dar
ouvidos a uma denúncia dos vizinhos invejosos e hostis a Judá, decidiu embargar
a construção da Casa de Deus em Jerusalém (Ed 4.23). b) Dario
Histaspes. Após a morte de Cambises, Dario Histaspes assumiu o trono da
Pérsia (reinando até 486 a.C), e autorizou a continuação da obra do Templo. Ele
é citado nas Escrituras Sagradas simplesmente como “Dario” (Ed 6.1,12,13).
Vida pessoal. Não
há, além do profeta, outro Ageu no Antigo Testamento. O seu nome aparece nove
vezes na profecia e duas no livro de Esdras (Ed 5.1; 6.14).
Ageu foi o primeiro profeta a atuar no pós-exílio. Seu
chamado ocorreu cerca de dois meses antes de Zacarias receber o primeiro
oráculo: “no ano segundo do rei Dario” em 520 a.C (1.1; Zc 1.1). O fato de Ageu
apresentar-se como “profeta” (vv.1,3,12; 2.1,10) demonstra que os
contemporâneos reconheciam-lhe o ofício sagrado. Além dele, apenas Habacuque e
Zacarias mencionam o ofício profético em suas apresentações (Hc 1.1; Zc
1.1).
Zorobabel. A
profecia de Ageu foi dirigida “a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de
Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote”
(v.1). Sob a sua liderança e a do sacerdote Josué, ou Jesua, filho de
Jozadaque, os remanescentes judeus retornaram da Babilônia para Jerusalém (Ed
2.2; Ne 7.6,7; 12.1). A promessa divina dirigida a Zorobabel é messiânica
(2.21-23), sendo que a própria linhagem messiânica passa por ele (Mt 1.12; Lc
3.27). Dessa forma, Jesus é o “Filho de Davi”, mas também de Zorobabel.
Estrutura e mensagem.
O livro consiste de quatro curtos oráculos. O primeiro foi entregue “no sexto
mês, no primeiro dia do mês” (v.1) [mês hebraico de elul, 29 de agosto]; o
segundo, “no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês” (2.1) [mês de tisrei, 17
de outubro]; o terceiro e o quarto oráculos vieram no mesmo dia, o “vigésimo
quarto dia do mês nono” (2.10,20) [mês de quisleu, 18 de dezembro]. A revelação
foi dada diretamente por Deus (vv.1,3). Apenas Ageu apresenta com tamanha
precisão as datas do recebimento dos oráculos. O tema do livro é reconstrução
do Templo. Dos a 38 versículos divididos em dois capítulos, dez falam da Casa
de Deus, em Jerusalém (vv.2,4,8,9,14;
2.3,7,9,15,18). Em o Novo Testamento, Ageu é citado uma
única vez (2.6; Hb 12.26,27).
RESPONSABILIDADE E OBRIGAÇÕES
A desculpa do povo.
Ageu inicia a mensagem com a fórmula profética que aponta para a autoridade
divina (v.2). O povo, em débito que estava com o Eterno (v.2b), em vez de
reivindicar o decreto de Ciro para continuar a construção do Templo, usou a
desculpa de que não era tempo de construir. Por isso, o Senhor evita chamar
Judá de “meu povo”, referindo-se a eles como “este povo”. Em outras palavras,
Deus não gostou da desculpa da nação (Jr 14.10,11).
Inversão de
prioridades (vv.3,4). O oráculo volta a dizer que a Palavra de Deus veio a
Ageu (v.3). Ênfase que demonstra ser o discurso do profeta uma mensagem advinda
diretamente do Senhor que, inclusive, trouxera Judá de volta a Jerusalém para
construir a sua Casa. Mas o povo preocupou-se mais em morar nas casas forradas,
enquanto que o Templo, cujo embargo havia ocorrido há 15 anos, continuava em
total abandono (v.4). Era uma opção insensata. Os judeus negligenciaram uma
responsabilidade que, através do rei Ciro, o Altíssimo lhes atribuíra (Ed
1.8-11; 5.1416). O desprezo pela Casa do Altíssimo representa o gesto de
ingratidão do povo judeu (veja o reverso em Davi: 2 Sm 7.2).
Um convite à
reflexão. No versículo cinco, vemos um apelo à consciência e ao bom senso,
pois é o próprio Deus quem fala. Tal exemplo mostra que devemos parar e
refletir, avaliando a situação à nossa volta, percebendo, inclusive, o agir do
Senhor.
III. A EXORTAÇÃO DIVINA
Crise econômica.
O profeta fala sobre o trabalhar, o comer, o beber e o vestir como necessidades
básicas, pois garantem a dignidade do ser humano. Mas temos aqui um quadro
deplorável da economia do país. A abundante semeadura produzia muito pouco. A
quantidade de víveres não era suficiente para saciar a fome de todos. A bebida
era escassa, a roupa de baixa qualidade e o salário não tinha a bênção de Deus
(v.6). Tudo isso “por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós
corre à sua própria casa” (v.9). Era o castigo pela desobediência (Dt
28.38-40). Era o resultado da ingratidão do povo. Por isso, o profeta convida a
todos a refletir (v.7).
O Segundo Templo.
Enquanto isso, na Pérsia, o novo rei Dario Histaspes pôs fim ao embargo. Ele
colheu ofertas para a construção e deu ordens para não faltar nada durante o
andamento da obra. Ele ainda pediu oração ao povo de Deus em seu favor (Ed
6.7-10). Finalmente, o Templo foi inaugurado em 516 a.C, “no sexto ano de
Dario” (Ed 6.15). Esse é o segundo e o último Templo de Jerusalém na história
dos judeus. E assim, a presença de Deus no Templo fez da glória da segunda Casa
maior que a da primeira (2.9).
CONCLUSÃO
A lição de Ageu tem muito a ensinar-nos. Não devemos encarar
a nossa responsabilidade e compromisso como fardos pesados, mas recebê-los como
algo sublime. É honra e privilégio fazer parte do projeto e do plano divinos,
mesmo em situação adversa (At 5.41). Assim, somos encorajados por Jesus a atuar
na seara do Mestre a fim de que a nossa luz brilhe diante dos homens e Deus
seja glorificado (Mt 5.16).
ZACARIAS O REINADO MESSIÂNICO Zacarias
1.1; 8.1-3,20-23
INTRODUÇÃO
Nessa lição, veremos que o livro de Zacarias apresenta os
eventos do porvir como o epílogo da história. O oráculo do profeta não fala a
respeito de acontecimentos enigmáticos, mas de fatos reais e compreensíveis.
Qualquer observador atento à época atual verificará que as demandas do nosso
tempo apontam para um desfecho divinamente escatológico.
ESTRUTURA DO TEXTO
Os
caminhos de Deus são justos |
1.1-6
|
A
promessa de prosperidade |
1.7-17
|
A
opressão é punida |
1.18-21
|
A
presença gloriosa de Deus |
2.1-13
|
Deus
deseja perdoar |
3.1-10
|
Os
dois Messias |
4.1-14
|
A
purificação do templo |
5.1-11
|
A
estabilidade política |
6.1-8
|
O
chamado para o Renovo |
6.9-15
|
A
justiça, não o ritual |
7.1—8.23
|
A
conversão dos inimigos |
9.1-8
|
A
chegada da salvação |
9.9-17
|
Explica-se
o julgamento |
10.1-12
|
O
fracasso da aliança |
11.1-17
|
O
Senhor é o Deus de Jerusalém |
12.1-14
|
O
remanescente receptivo |
13.1-9
|
O
dia do reinado universal de Deus |
14.1-21
|
O LIVRO DE ZACARIAS
Contexto histórico
(1.1). Zacarias e Ageu receberam os oráculos divinos no segundo ano do
reinado de Dario, rei da Pérsia, em 520 a.C. Conforme estudado anteriormente, a
situação espiritual de Judá é a mesma descrita no livro de Ageu. A indiferença
religiosa e o avanço do secularismo colocavam Deus em último plano. Por isso,
tal como a história dos antepassados dos judeus, o Senhor estava desgostoso
daquela geração (1.2,3).
Vida pessoal.
Zacarias era de uma família sacerdotal, assim como Jeremias (Jr 1.1) e Ezequiel
(Ez 1.3). Seu avô, Ido (1.1), era sacerdote e veio do exílio à Jerusalém no
grupo liderado por Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque
(Ne 12.1-4). Parece que “Baraquias”, seu pai, faleceu quando o profeta ainda
era criança. Assim, Zacarias fora então criado por seu avô. Isso pode
justificar a omissão do seu nome em Esdras, que o chama apenas de “filho de
Ido” (Ed 5.1). O ministério profético de Zacarias foi mais extenso que o
de Ageu, pois ele menciona os oráculos
entregues dois anos após o seu chamado
(7.1).
Unidade literária.
A respeito da unidade literária de Zacarias, as opiniões mais populares estão
divididas em três grupos principais: os que defendem a unidade literária; os
que consideram os capítulos 9-14 provenientes do período pré-exílio babilônico;
e os que apontam para o período pós-exílio (os liberais). Esta última ideia é
descartada pelos críticos conservadores.
A diferença de estilo literário é natural. Um autor pode
mudar seu estilo com o tempo e com o assunto a ser tratado. Em relação à
passagem de Zacarias 11.13 — onde o evangelista Mateus atribui autoria do seu
conteúdo ao profeta Jeremias (cf. Mt 27.9) — há pelos menos duas
explicações:
a)
Combinação
profética. Jeremias comprou um campo (Jr 32.6-9) e visitou a casa do oleiro
(Jr 18.2). O Antigo Testamento é rico em detalhes para narrar a obra redentora.
Ele não se restringe apenas às profecias diretas. Os escritores do Novo
Testamento reconhecem a presença de Cristo e sua obra na história da redenção
(Jr 31.15 cf. Mt 2.16,17; Os 11.1 cf. Mt 2.15). Nesse caso, a citação de
Zacarias 11.13 seria dos dois profetas. Entretanto, somente Jeremias é
mencionado, porque ele é o profeta mais antigo e importante. Desse modo, temos
a unidade literária.
b)
Coletânea
de profecias. A outra explicação é apenas hipotética. Seria uma coleção de
oráculos entregues a Jeremias após a conclusão de seu livro. Eles teriam sido
preservados pelo povo e, mais tarde, incluídos por Zacarias na segunda parte
dos seus oráculos.
PROMESSA DE RESTAURAÇÃO
Sião. Zacarias
introduz o oráculo com a usual fórmula profética (8.1). O discurso começa com a
chancela de autoridade divina: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos” (8.2-4,6,7).
Sião era originalmente a fortaleza que Davi conquistara dos Jebuseus,
tornando-se, a partir daí, a sua cidade (2 Sm 5.6-9). Com o passar do tempo,
veio a ser um nome alternativo de Jerusalém semelhante à descrição de Zacarias
8.3.
O zelo do Senhor
(8.2). Jeová declara a si mesmo como Deus “zeloso” (Êx 20.5), e este é um
dos seus nomes (Êx 34.14). Tal zelo diz respeito à sua santidade, cuja violação
não pode ficar impune (Js 24.19). O zelo do Senhor ainda é manifestado como
indignação quando o seu povo é trucidado por estrangeiros. Aos opressores, Deus
há de açoitar (1.14,15).
Restauração
de Jerusalém. A palavra profética anuncia: “Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém” (8.3b). Após
a lição dos 70 anos de cativeiro, o
Senhor se volta com zelo ao seu povo.
Mas a promessa é para o futuro, quando
Jerusalém tornar-se uma “cidade de verdade [...] monte de
santidade” (8.3b). Temos aqui, uma reiteração do que disseram Zacarias (1.16;
2.10) e os demais profetas antes dos cativeiros assírio e babilônico (Is 1.16;
Ez 36.35-38; Sf 3.1317).
III. O REINO MESSIÂNICO
A pergunta pela paz.
Quando de um atentado terrorista no Iraque, que matou um diplomata brasileiro,
o então secretário geral das Nações Unidas, Koff
Annam, declarou: “Já não existe mais lugar seguro no mundo”.
Diante disso, podemos perguntar: “É possível viver num mundo de justiça, paz e
segurança?”. A Bíblia assevera que sim! O profeta Zacarias, mostrando a
trajetória da humanidade, descreve a história espiritual de Israel e o futuro
glorioso de Jerusalém no Milênio (14.11,16,17).
A paz universal.
As Escrituras Sagradas falam de um período conhecido como Reino Messiânico (ou
Milênio), em que o próprio Senhor Jesus Cristo reinará por mil anos. Tribos,
cidades, povos e nações achegar-se-ão a Deus pelo anúncio do evangelho. O
contexto bíblico permite-nos dizer que essa profecia (8.20-22) é escatológica e
aponta para a restauração de Jerusalém no Milênio (2.11; 3.10; Is 2.24; Mq
4.1-4). Nessa época, Israel estará plenamente restaurado tanto nacional quanto
espiritualmente.
A orla da veste de um
judeu (8.23). A expressão “naquele dia” é escatológica (2.11; Os 2.16; Jl
3.18). Aqui, ela refere-se ao Milênio. O número dez indica quantidade
indefinida (Nm 14.22; 1 Sm 1.8; Ne 4.12). O termo “judeu” no Antigo Testamento
aparece frequentemente nos livros de Esdras e Neemias. Fora deles, só aparece
em Ester e também em Jeremias. A vestimenta do judeu era de fácil identificação
(Nm 15.38; Dt 22.12). E “agarrar-se à orla de sua veste” indica o desejo e o
anseio do mundo gentio em desfrutaras bênçãos e os privilégios de Israel.
Portanto, se a queda de Israel representou a riqueza do mundo, qual não será a
glória dos gentios na sua plenitude? (Rm 11.11-14).
CONCLUSÃO
Diante do exposto, podemos concluir: se todas as profecias
sobre os impérios passados e acerca da primeira vinda do Messias cumpriram-se
fielmente, as profecias escatológicas igualmente se cumprirão. Os
acontecimentos atuais por si só começam a confirmar essa realidade.
MALAQUIAS
A SACRALIDADE DA FAMÍLIA
Malaquias 1.1; 2.10-16
INTRODUÇÃO
No presente estudo, veremos que a mensagem de Malaquias
enfoca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a família. Durante
o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá fora definitivamente erradicada. A
questão agora era outra: o relacionamento do povo com Deus e com a família. E
tais relacionamentos precisavam ser encarados com mais piedade e temor.
ESTRUTURA DO TEXTO
Não
duvidar do amor de Deus |
1.1-5
|
Deus
merece honra |
1.6-14
|
O
julgamento de ministros infiéis |
2.1-7
|
A
fidelidade no casamento |
2.10-16
|
O
enfado de Deus |
2.17
|
O
amor resoluto |
3.1-15
|
Eles
são meus |
3.16-18
|
Salvação
nas suas asas |
4.1-6
|
O LIVRO DE MALAQUIAS
Contexto histórico.
O livro não menciona diretamente o reinado em que Malaquias exerceu seu
ministério. Também não informa o nome do seu pai, nem o seu local de
nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e Habacuque. Não
obstante, há evidências internas que permitem identificar o contexto político,
religioso e social do livro em apreço.
a)
O
governador de Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de origem acádica traduzida por “príncipe” na ARC
(Almeida Revista e Corrigida), ou “governador”, na ARA e TB (1.8). O termo
indica um governador persa e é aplicado a Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente
na língua persa é tirshata (“tirsata,
governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo
de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada
(1.7-10).
b)
A
indiferença religiosa. As principais denúncias de Malaquias são contra a
lassidão e o afrouxamento moral dos levitas (1.6); o divórcio e o casamento com
mulheres estrangeiras (2.10-16); e o descuido com os dízimos (3.7-12). Tudo
isso aponta para o período em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne
13.413,23-28). O primeiro período de seu governo deu-se entre os anos 20 e 32
do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.
Vida pessoal de
Malaquias. A expressão “pelo ministério de Malaquias” (1.1) é tudo o que
sabemos sobre sua vida pessoal. A forma hebraica do seu nome é mal’achi, que significa “meu
mensageiro”. A Septuaginta traduz porangelo
sou (“seu mensageiro, seu anjo”). O
termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1).
No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum
livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria
diferente?
Estrutura e mensagem.
A profecia começa com a palavra hebraica massa
— “peso, sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc
9.1; 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que formam
uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois
seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo
três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa: prática
generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno de Jesus
(Mt 23.2-7).
O JUGO DESIGUAL
A paternidade de Deus
(2.10). A ideia de que Deus é o Pai de todos os seres humanos é
biblicamente válida. O Antigo Testamento expressa que essa paternidade
refere-se a Israel (Êx 4.22,23; Jr 31.9; Os 11.1). A criação divina dá base
para isso, embora não garanta uma relação pessoal com Ele (At 17.28,29). Jesus,
porém, feznos filhos de Deus por adoção. Por isso, temos liberdade e direito de
chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl 4.6).
A deslealdade. O
termo “desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,1416). Trata-se do
verbo hebraico bagad, que significa
“agir traiçoeiramente, agir com infidelidade”. Não profanar o concerto dos pais
— estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial com cônjuges
estrangeiros (Dt 7.1-4) — é uma instrução ratificada em o Novo Testamento (2 Co
6.14-16,18). O profeta retoma essa questão em seguida.
O casamento misto
(2.11). É a união matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém
descrente. O profeta chama isso de abominação e profanação. Os envolvidos são
ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família
(2.12).
a)
Abominação.
O termo hebraico para “abominação” é toevah
e diz respeito a alguma coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A
Bíblia aplica-o à idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas
homossexuais, etc. (Dt 7.25; 12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se de um termo
muito forte, mas o profeta coloca todos esses pecados no mesmo patamar
(2.11).
b)
Profanação.
Profano é aquele que trata o sagrado como se fosse comum
(Lv 10.10; Hb 12.16). A “santidade do SENHOR”, que Judá
profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois em seguida o oráculo
explica: “a qual ele ama”. A violação do altar já fora denunciada antes
(1.7-10). Mas aqui Malaquias considera o casamento misto como transgressão da
Lei de Moisés: “Judá [...] se casou com a filha de deus estranho” (2.11b). A
expressão indica mulher pagã e idólatra. E mais adiante inclui também o
divórcio (2.13-16).
DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
O relacionamento
conjugal (2.11-13). Malaquias é o único livro da Bíblia que descreve o
efeito devastador do divórcio na família, na Igreja e na sociedade. As
lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas judias
repudiadas. Elas eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem
substituídas por mulheres idólatras e profanas. As israelitas não tinham a quem
recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por essa
razão, o Eterno não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso vale para os
nossos dias. Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu
cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja
(Ef 5.25-29).
O compromisso do
casamento. Os votos solenes de fidelidade mútua entre os noivos numa
cerimônia de casamento não são um acordo transitório com data de validade, mas
“um contrato jurídico de união espiritual” (Myer Pearlman). O próprio Deus
coloca-se como testemunha desse contrato. Por isso, a ruptura de um casamento é
deslealdade e traição (2.14). A reação divina contra tal perfídia é
contundente.
CONCLUSÃO
A sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em
consideração por todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério, pois o
casamento é de origem divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser honrado e
venerado.
INTRODUÇÃO AOS
PROFETAS
O conceito de profecia é introduzido no Antigo Testamento
pelo relacionamento entre Moisés e Arão. Quando Moisés se recusou a falar, Arão
foi designado por Deus como o porta-voz de Moisés
(Êx 4.12-16); Arão seria a “boca” de Moisés para falar por
ele. Mais tarde, o papel de Arão é descrito como o de “profeta” de Moisés (Êx
7.1-2).
Da mesma forma, o profeta de Deus é aquele que transmite as
palavras de Deus. Embora Deus não seja incapaz de falar, como o demonstram os
episódios da sarça ardente; da entrega da Lei no Sinai e da voz suave ouvida
por Elias, ele escolheu enunciar as suas palavras ao seu povo através da voz de
seres humanos, que são os seus agentes de revelação.
A profecia do Antigo Testamento não é obscura ou caótica e
não conduz o povo por caminhos egoístas, ocultos e destrutivos. Como a voz de
Deus, os profetas exortavam, ameaçavam e encorajavam as pessoas.
A história da profecia do Antigo Testamento é geralmente
dividida em três períodos principais.
1- Os
profetas que exerceram o seu ministério durante os primeiros anos da monarquia
em Israel e em Judá nos são
conhecidos somente pelo que deles se registrou nos livros históricos.
2- Profetas
muito importantes para a história de Israel, como Samuel,
Natã, Elias e Eliseu, pertencem a esse período
“pré-clássico” da profecia israelita. Como eles não registraram suas
profecias em livros separados, esses profetas são, em geral, lembrados mais
pelos seus feitos do que por suas palavras, o período “clássico” da profecia
israelita, compreendido entre os séculos VIII e VII a.C., conheceu as primeiras
coleções de oráculos registrados, durante esse período, os profetas parecem
agrupar-se ao redor de duas grandes crises: A queda de Israel diante dos assírios (Amós
e Oséias, em Israel; Isaías e Miquéias, em Judá e a queda de Judá) diante dos babilônios (Sofonias, Naum,
Habacuque e Jeremias).
3- Por
último, os profetas “exílicos” e “pós-exílicos” proclamaram a palavra de Deus
ao povo durante os obscuros anos do exílio na Babilônia (Ezequiel e Daniel) e
durante o período da restauração de Judá na Palestina (Ageu, Zacarias e
Malaquias).
Da mesma forma que João Batista tinha seus discípulos (Lc
7.19; Jo 1.35-37; cf. At 19.1-5), os profetas do Antigo Testamento eram
igualmente assistidos por servos (1Rs19.19-21; 2Rs 5.20) e acompanhados por
grupos proféticos chamados de “os
discípulos dos profetas” (2Rs 2.3-7,15; 4.38;
6.1-3; 1Sm 10.10-12).
Um fato notável dos livros proféticos é que eles, muitas
vezes, se constituem em coletâneas de passagens curtas, cuja conexão única
advém do fato de terem sido proferidas pelo mesmo profeta. Há pouca narrativa
ou escritos que fazem a transição no texto, e a sua referência histórica
original pode ser difícil, se não impossível, de ser recuperada.
Os livros proféticos foram originalmente escritos em
pergaminhos individuais, muito antes que a produção de livros extensos numa
única unidade física fosse possível. Não é de surpreender, portanto, que a
ordem dos livros proféticos no cânon final das Escrituras apresente alguma
variação. O cânon do Antigo Testamento aceito pelas igrejas protestantes é
idêntico em conteúdo à Bíblia
Hebraica, apesar das diferenças quanto à ordem dos livros.
Na Bíblia Hebraica,
Lamentações de Jeremias e Daniel (o último dos “profetas
maiores” no cânon protestante) estão incluídos entre “os Escritos”, juntamente
com Jó, Salmos e outros livros, especialmente Esdras e Neemias, que se ocupam
do mesmo período histórico.
Em geral, como os livros do Novo Testamento, a ordem dos
livros proféticos é um consenso de considerações quanto à extensão, data e
autoria dos livros.
Isaías, Jeremias e Ezequiel, obviamente os “profetas
maiores”, são listados em ordem cronológica no início da coleção. Os livros
relativamente curtos dos doze “profetas
menores” (tidos, em conjunto, como um único livro na Bíblia Hebraica) seguem os
primeiros sem uma ordem cronológica rígida.
Capítulo 1 Introdução ao Estudo do Livro de Isaías
1.1 Isaías, o Homem
Entre a “santa companhia dos profetas”, Isaías destaca-se
como uma figura majestosa. Pela elevação e originalidade do seu pensamento, bem
como pela qualidade superlativa do seu estilo, é único no Velho Testamento.
Nenhum outro profeta há tão digno como ele de ser chamado “o profeta evangélico”. O seu nome significa “Jeová Salva” ou
“Jeová é Salvação” e, em dias de crise e catástrofe sem precedentes na história
do seu povo, exortava constantemente à fé n'Aquele que é o único que nos pode
livrar. Em horas em que a esperança parecia morta, era uma inspiração e um
repto para a coragem desfalecida dos homens de Judá: O seu ministério foi
longo, desde a sua chamada à missão
profética no reinado de Uzias, rei de Judá, através dos reinados de
Jotão, Acaz e Ezequias, com um possível interlúdio de serviço no tempo de
Manassés. Durante todos estes anos revelou-se um estadista que lia o
significado geral dos acontecimentos nos grandes problemas políticos da época e
também um profeta verdadeiramente designado e escolhido pelo Senhor para
proclamar o propósito divino com convicção inabalável e coração ardente.
O nome de seu pai era Amós (Is 1.1; 2.1), segundo uma
tradição judaica irmão do rei Amazias; nesse caso, Isaías seria primo do rei
Uzias. Influências Formativas
A influência mais destacada e mais perdurável na vida de
Isaías foi, sem dúvida, a sua chamada pessoal e direta ao ministério profético
dentro do recinto do templo depois da morte de Uzias. Este acontecimento é
registrado com uma beleza e um brilho tais que indicam claramente a forte
influência que essa visão exerceu sobre ele através de todo o seu
ministério.
Provavelmente nada há em toda a literatura dos povos do
Oriente que exceda a grandeza e dignidade deste trecho imortal, em Is 6. Ao
entrar no recinto do templo, depara-se, de súbito, ao jovem Isaías esta visão
solene e aterrorizadora: o Senhor nas alturas, o séquito celeste, os místicos
serafins, o “chequiná” da santidade,
a voz anunciando ao profeta, prostrado perante a majestade, assim revelada a
missão de que era incumbido. No meio duma cena política conturbada e incerta,
ele contempla, com todo o poder de uma revelação direta, o Senhor Deus
entronizado nas alturas, e doravante pousa sobre ele o selo da Sua ordem. Não
havia que fugir daí. Embora isso significasse que o profeta iria levar aos
povos do seu tempo uma mensagem que não receberiam, não havia que fugir à
glória da revelação assim outorgada. Foi deste modo que Isaías saiu do templo
com uma nova visão e uma nova noção dos altos e santos perigos da missão que
lhe fora confiada e da incumbência que ficava a seu cargo.
Isaías pôde trazer à tarefa que foi chamado a desempenhar um
dom extraordinário, uma felicidade de expressão e uma penetração que, sob a mão
de Deus, se deveriam transformar no veículo das verdades mais íntimas e
profundas da revelação. Assim, equipado de forma única para o ministério a que
era chamado, e preparado na escola da experiência para a prova que se
avizinhava, no ano em que o rei Uzias morreu e em que o trono havia tanto
ocupado com tal distinção, vagou uma vez mais, o profeta estava pronto para a
alta missão do Senhor transcendente nas alturas, e não desobedeceu à visão
celestial.
Os Reis da Judéia Durante a Vida de Isaías
Isaías nasceu no reinado do bom rei Uzias, e foi no último ano da vida
desse monarca que recebeu a chamada ao ministério profético. Por consenso geral, o caráter de Uzias era
exemplar, mostrando em tudo um espírito de verdadeira piedade e desejo de
honrar as coisas de Deus, embora, nos seus últimos anos, o rei fosse atacado de
lepra devido a um ato de orgulho
(II Cr 26.16-21).
Depois dele, subiu ao trono Jotão, seu filho, que já fora regente durante o isolamento de
Uzias. Trilhou as mesmas veredas que seu
pai, e sob o seu cetro o povo
continuou a adorar o Senhor Jeová de acordo com os mandamentos, embora se
permitisse que continuassem os “aserim”
e locais onde se praticava a idolatria. Um observador superficial julgaria ver
provas de devoção verdadeira e profunda, mas, na realidade, não era assim. Por
toda a parte alastravam rápida e espontaneamente o luxo e a sensualidade, não sendo
de surpreender que, em tal ambiente, o espírito da verdadeira piedade entrasse
em rápido declínio.
Seguiu-se-lhe Acaz, cujo reinado foi, de princípio a fim,
uma autêntica crônica de catástrofes e de destruição (II Rs 16).
Impetuosamente, Acaz empenhou-se em derrubar a forma estabelecida de adoração,
quebrou os mandamentos em quase todos os seus pormenores, impediu a adoração no
templo e acabou por fechar as portas da Casa de Deus.
Depois, veio Ezequias. Ao contrário de seu pai, Ezequias
procurou de muitas formas restaurar a adoração no santuário; fez todos os
esforços para abolir a idolatria e para libertar o povo que governava do poder
do domínio estrangeiro. No seu reinado, começou-se a fazer justiça a Isaías,
que passou a ser considerado com grande favor, sendo-lhe dadas todas as
oportunidades de aplicar as suas penetrantes e divinamente inspiradas
faculdades de discernimento à análise dos fatos da situação sua contemporânea. Mas
as sementes da loucura passada da nação começavam agora a dar fruto, e era já
tarde demais para pôr em prática reformas eficazes e salutares. Estava próximo
o derrubamento de Judá, acontecimento havia muito profetizado par Isaías e que
nada poderia deter.
A glória da vida de Isaías é que não se esquivou ao problema
quando recebeu a chamada. Através de todos aqueles anos sombrios, enquanto a
nação caminhava sem parar e com rapidez crescente para o abismo e para a
catástrofe, ele continuou a proclamar a mensagem do Senhor, mantendo-se firme
como uma rocha da verdade no meio das marés e redemoinhos da infidelidade e
irreligião do mundo.
Sumário da evidência
A favor de uma autoria dividida, vimos que o livro não
contém qualquer evidência diretamente explícita que prove ter sido inteiramente
escrito pelo próprio profeta; que os capítulos 40 a 66 em parte alguma
reivindicam a autoria de Isaías, e que apresentam o exílio, não só como um
acontecimento transato, mas também como próximo do seu fim, com Ciro prestes a
provocar a queda da Babilônia. Além disso, a restante evidência existente, como
linguagem e estilo, teologia e ponto de vista da mensagem do profeta, de forma
alguma entra em conflito com a teoria de uma data ulterior. Há um outro
problema para o qual alguns estudiosos chamaram a atenção, o de uma teoria
demasiado mecânica da inspiração, que põe o profeta a escrever acerca de coisas
sem relação com o seu tempo e a falar do Servo sofredor de Deus como Alguém
muito distante da cena contemporânea.
Embora seja assim, permanece o fato que “a aceitação quase
unânime, durante vinte e cinco séculos, da autoria de Isaías para todo o livro
conhecido pelo seu nome só pode ser explicada pelo fato de tal opinião estar
plenamente de acordo com o conceito da profecia apresentado na Bíblia em geral”
(O. T. Allis, “The Unity of Isaiah”, página
122). Se aceitar a predição como elemento fundamental da mensagem do profeta;
se ao dirigir-se aos seus contemporâneos, ele aponta para Aquele que deveria
nascer; e se, para ilustrar os poderosos movimentos providenciais da história,
Deus o faz ver antecipadamente o que vai suceder para que ele possa pregar com
maior efeito ao seu povo, e também para que a crônica de épocas subsequentes
possa autenticar a mensagem profética então é inevitável concluir que o livro
de Isaías é indivisível. Características
e Temas
Isaías serviu a Deus desempenhando o papel de promotor de
justiça da aliança. A sua mensagem é constituída de acusações, condenações e
julgamentos, pois ele declara a maldição
de Deus sobre Israel, Judá e as nações (1.2-31; 1323; 56-57; 65). O relato
autobiográfico de Isaías do seu chamado para tornarse um mensageiro da corte
celestial de Senhor encontra-se no capo 6.
Quando Isaías foi convocado a representar a corte celeste
junto à corte terrena de Jerusalém, ele descobriu, para a sua própria
consternação, que Deus não o estava enviando para salvar Israel, mas para
endurecer os seus corações impenitentes (6.9-10). Isaías devia apresentar ao
povo a acusação do Senhor de que eles eram infiéis e rebeldes (1.2-3; 31.1-3;
57.3-10).
O povo de Deus havia se tornado como as demais nações em seu
orgulho, sarcasmo e egoísmo. Eles haviam perdido a perspectiva de justiça, de
amor e de paz, características do reino
de Deus, e tentaram estabelecer o seu próprio reino. O profeta também
desempenha o papel de advogado.
Ele exorta os piedosos a buscarem o Senhor, a aguardarem
pelo reino de Deus, a experimentarem eles mesmos a paz de Deus e a responderem
com fé aos novos atos divinos de redenção. A aliança do Senhor termina com
bênçãos sobre Israel, não maldições (Dt 30.1-10). Ao final, um remanescente
piedoso sobreviverá ao julgamento.
A primeira parte
do livro, caps. 1-35, enfoca o julgamento de Deus sobre Israel através da
Assíria; a segunda, cap. 40-66, o
retorno do remanescente do exílio na Babilônia e sua libertação final no futuro
distante (36.1-39.8 para uma conexão entre essas duas partes). A segunda parte, como a primeira,
iniciase com uma visão da corte celestial. Isaías ouve furtivamente Deus
enviando mensageiros para anunciar que o castigo de Israel já foi pago e que
terá fim (40.1-8). A visão que Isaías
tem do reino de Deus é grandiosa, pois inclui a história da redenção desde os
seus dias até alcançar a plenitude da salvação. Ela abarca o exílio, à volta
dos judeus do exílio, a missão, o ministério e o reino de Jesus Cristo, a
missão e a esperança da Igreja, o governo atual de Jesus sobre este mundo e a
restauração de todas as coisas em santidade e justiça.
Isaías era mestre em sua língua e utilizou imagens e
vocabulário muito ricos: Muitas das palavras e expressões de que faz uso não
são encontradas em nenhuma outra parte do Antigo Testamento. As imagens
retóricas do seu livro mostram que ele conhecia as tragédias da guerra
(63.1-6), as injustiças da alta sociedade (3.1-17) e os fracassos da
agricultura (5.1-7).
Isaías era um pregador de talento. Através de sua imaginação
poética e estilo retórico, ele expôs a loucura de fiar-se nas estruturas
humanas em contraste com a sabedoria de confiar no reino de Deus. Embora os
infiéis sejam insensíveis ao Senhor (6.10), os oráculos proféticos de Isaías
levam os piedosos a responderem a Deus com reverência e louvor. O
Livro de Isaías ante o Novo Testamento
Isaías profetiza a respeito de João Batista como aquele
destinado a ser o precursor do Messias (Is 40.3-5; Mt 3.1-3).
Seguem-se muitas de suas profecias messiânicas sobre a vida
e ministério de Jesus Cristo:
•
sua encarnação e divindade (Is 7.14; Mt 1.22,23
e Lc 1.34,35; Is 9.6,7; Lc
1.32,33; 2.11);
•
sua juventude (Is 7.15,16 e 11.1; Lc 3.23,32 e
At 13.22,23);
•
sua missão (Is 11.2-5; 42.1-4; 60.1-3 e 61.1; Lc
4.17-19,21);
•
sua obediência (Is 50.5; Hb 5.8);
•
sua mensagem e unção pelo Espírito (Is 11.2;
42.1; e 61.1; Mt 12.15-21); • seus
milagres (Is 35.5,6; Mt 11.2-5);
•
seus sofrimentos (Is 50.6; Mt 26.67 e 27.26,30;
Is 53.4,5,11; At 8.28-33);
•
sua rejeição (Is 53.1-3; Lc 23.18; Jo 1.11 e
7.5);
•
sua humilhação (Is 52.14; Fp 2.7,8);
•
sua morte expiatória (53.4 - 12; Rm 5.6);
•
sua ascensão (Is 52.13; Fp 2.9 -11); e,
•
sua segunda vinda (Is 26.20,21; Jd v. 14; Is
61.2,3; 2Ts 1.5-12; Is 65.1725; 2Pe 3.13).
Profecia
Acerca do Nascimento de Cristo e Acerca do Reino (9.1-7).
Estas palavras constituem o ponto culminante de tudo o que
as precede e, nesta visão de um Rei justo e próspero que domina um povo
emancipado e liberto de terrível servidão, temos uma realização apropriada e
comovente dos quadros precedentes de castigo e queda. No meio do castigo, como
Isaías sempre lembra aos seus ouvintes, Existe promessa e a certeza de
livramento enviado pelo próprio Deus, tanto assim que até as regiões que mais
sofreram são as que mais se regozijarão na salvação do Senhor (1-2). Trata-se
de uma das passagens mais comoventes das Escrituras.
Começando com a chamada ao povo para que se regozije por
raiar um novo dia para as nações oprimidas da terra (3-4), o profeta passa a
mostrar como isto se realizará. O rei desejado e esperado por todo Israel vem
encetar o Seu reino e toda a terra conhecerá o poder do Seu domínio e a
inspiração do Seu governo salvador e redentor (6-7). A paz (7) será o traço
dominante desse reinado; os adereços e armas de guerra “servirão de pasto ao
fogo” (5). Tão grande e poderoso é este rei futuro que um único título de majestade
não basta para descrevê-lo, e entre os muitos nomes significativos que Lhe são
dados figura o de “Deus Forte” (6). Estas palavras encontram-se no próprio
âmago de uma das maiores profecias messiânicas.
Zebulom... Naftali (1),
distritos do norte de Israel assolados por Tiglate-Pileser em 734 a.C. É nestas
trevas de cataclismo e calamidade que deverá brilhar a luz da salvação do
Altíssimo. Os pretéritos perfeitos utilizados neste primeiro versículo são
proféticos, isto é, têm um sentido futuro.
No dia dos midianitas (4);
ver Jz 6-8. Nessa ocasião, os midianitas foram vencidos pelas forças poderosas
dos filhos de Israel sob a chefia de Gideão, forças essas que eram a própria
manifestação do Senhor Deus. A súbita destruição então infligida aos inimigos
do Senhor será típica da destruição daqueles que se opõem à vinda do Príncipe
da paz.
Porque um menino nos
nasceu... (6). É manifestamente impossível relacionar estas palavras de
majestosa profecia com qualquer outra pessoa que não seja o próprio Messias, e
através dos séculos a Igreja cristã encontrou aqui os atributos iniludíveis do
Rei vivo e vitorioso no coração dos homens, o único capaz de libertar e salvar
a alma na sua situação desesperada e de conduzir o homem a um novo e melhor
caminho de acordo com os mandamentos de Deus.
Maravilhoso,
Conselheiro (6); estas duas palavras deveriam ser lidas sem vírgula. Deus forte (6); Aquele que havia de vir
não era um simples homem: ostentaria o selo autêntico da divindade. Pai da eternidade (6), Aquele Cuja
paternidade do Seu povo nunca terá fim. Mas há aqui mais do que isso, esta
expressão significa Aquele que é eterno no Seu próprio ser e que, assim, pode
conceder o dom da vida eterna aos outros. Como nesta passagem temos uma alusão
Àquele que intervirá na vinda da criança anunciada, é clara e decisiva a
referência à encarnação e à união do divino e do humano na pessoa de Cristo. Príncipe da Paz (6). É este o ponto
culminante dos títulos dados e o maior de todos os grandes dons que o Filho de
Deus traz no homem, “paz com Deus”.
Capítulo 2 Introdução ao Estudo do Livro
de Jeremias
Ambiente Histórico
Quando Deus chamou Jeremias ao ministério profético em 626 a.C., a Assíria, senhora do mundo,
sujeitara Judá ao seu domínio, cobrando-lhe tributo. Todavia, a própria Assíria
gradualmente enfraqueceu, após a morte de Assurbanipal em 633 a.C. Certas
províncias do império perderam-se em 614 a.C., e outras no cerco final de dois
anos. Assurubalut foi o último monarca reinante, conservando-se em Harran
durante, pelo menos, dois anos após a destruição de Nínive em 612 a.C.
Potencialmente, o trono da Assíria estava aberto a qualquer
cabo de guerra do tempo. Neco, do Egito, conduziu as suas forças até ao norte
da Palestina, defrontando e matando Josias, rei de
Judá, em Megido em 609 a.C., subjugando a Síria e pondo-se
novamente em marcha até ao Eufrates. Foi, porém, enfrentado por Nabucodonosor
da Babilônia, que desbaratou os seus exércitos na histórica batalha de
Carquemis e o obrigou a recuar para as suas próprias fronteiras, pondo, assim,
termo temporário à ambição egípcia de dominar o Oriente. Foi deste modo que
Judá, até ali sujeito à Assíria, passou automaticamente para o controle da
Babilônia.
Depois da morte trágica de Josias, o seu povo ungiu Jeoacaz,
seu filho, rei em seu lugar. Neco, porém, o depôs a favor de Jeoaquim, seu
irmão, pensando que ele serviria melhor os interesses egípcios. Que esta
convicção tinha bons fundamentos, prova-o claramente com tratamento a que
Jeoaquim sujeitou o profeta Jeremias.
Depois de Carquemis, Nabucodonosor interessou-se menos por Judá, possivelmente
pelo descontentamento da Babilônia exigir o seu regresso imediato após ter sido
desferido um golpe decisivo contra o Egito. Entretanto, Jeoaquim, confiante nas
promessas egípcias de auxílio maciço, fez uma tentativa de sacudir o jugo de
Babilônia. Em resultado disso, em 596 a.C., Nabucodonosor, consolidado o seu
poder na pátria, atacou Jerusalém, prendeu Jeoaquim, filho do rebelde e agora
seu sucessor, e levou-o com algum do seu povo para o cativeiro. Ao mesmo tempo,
pôs Zedequias no trono.
Jeremias opunha-se vigorosamente a estes funcionários da
corte. Como portavoz de Jeová, denunciava-os como falsos profetas, afirmando
que as suas atividades pró-Egito eram contrárias à Sua vontade e teriam um
resultado trágico. Sem dúvida se consideravam verdadeiros patriotas, e é
evidente que o seu ódio feroz a Jeremias se fundamentava no fato de, na opinião
deles, o profeta ser um traidor confesso. Chamando-lhes falsos profetas,
Jeremias não implica necessariamente que fossem homens cruéis, mas antes que a
sua intuição ou critério não eram inspirados por Iavé. A sua acusação contra os
seus adversários é que não fora Iavé quem os mandara, mas que eles se destacam
por iniciativa própria, pelo que as suas predições não se realizarão. Era,
pois, aí que residia à falsidade. Falavam em nome de Iavé quando, afinal, Ele
não lhes tinha ordenado que o fizessem. De tudo isto se depreende que a
sinceridade não basta; só a inspiração divina é que faz de alguém um
profeta.
É impossível dizer se Nabucodonosor tinha recebido um aviso
direto do descontentamento que grassava, ou apenas boatos, mas o certo é que
Zedequias foi intimado a avistar-se com ele e a descrever as condições na sua
pátria. O seu regresso implica que deu garantias de fidelidade. É pena que, ao
que parece, ele não tivesse a coragem e a força moral para resistir à
influência de conspiradores pró-egipcistas como Ananias e os seus
confederados.
Jeremias instava constantemente com o rei para que
permanecesse fiel ao seu compromisso, mas quando Hofra se tornou faraó em 589
a.C., sucedendo a Psamatique II, a influência egípcia na corte acentuou-se
ainda mais e, em resultado de tramas urdidas em segredo, Zedequias foi
finalmente induzido a faltar à sua palavra para com Nabucodonosor. O Egito foi
lento no seu socorro, e o monarca babilônio tornou a pôr cerco a Jerusalém em
587 a.C. Por fim, apareceu o exército egípcio e os babilônios levantaram o cerco
temporariamente. Foi nessa altura que Jeremias foi preso como desertor que
procurava fugir para os caldeus (37.11-15).
Costuma-se dizer que Zedequias era um fraco, incapaz de
tomar uma decisão e enfrentar as consequências. Percebe-se que Jeremias não o
conseguiu influenciar de forma a fazê-lo manter-se firme no seu juramento de
fidelidade para com Nabucodonosor. A batalha foi ganha pelos falsos profetas
e Zedequias arriscou a sua sorte, mas
pagou amargamente a sua decisão e delongas. O Egito revelou-se uma cana
quebrada; o segundo cerco foi coroado de êxito, os babilônios comportavam-se de
forma desapiedada e, com grande desgosto seu, Jeremias assistiu à amarga
realização da sua profecia.
Este livro dá-nos pormenores referentes à vida de Jeremias
até à sua partida forçada para o Egito. Depois, abatem-se as trevas sobre o
profeta, atenuadas, se porventura o são, apenas por vagas tradições. Nada há
que permita chegar a conclusões definitivas quanto à sua sorte. Segundo uma
tradição cristã, alguns cinco anos depois da queda de Jerusalém, foi lapidado
em Tahpanhes pelos judeus, que, mesmo então, se recusavam a comungar na sua
visão e na sua fé.
A Mensagem e Ensino de Jeremias
Politicamente, como vimos, o profeta perdeu, mas
espiritualmente obteve retumbante vitória. Com Amós e Oséias, confiava em como,
apesar da idolatria e a infidelidade a Iavé acarretaram necessariamente o
castigo, Israel e Judá não seriam destituídos definitivamente da graça de Deus.
Com esses profetas, comungava também na fé que o exílio seria como disciplina,
não totalmente, trágico, mas uma
experiência corretiva. O estado, como estado, estava condenado, mas a fé em
Iavé e a fé de Iavé no Seu povo escolhido permaneceriam e sobreviveriam àquele
choque crucial.
Viu também que o antigo concerto centralizado no templo e no
seu cerimonial era ineficaz. Assim, acabou por descortinar que Iavé escreveria
um novo concerto no coração do “remanescente”, através do qual a religião vital
se manteria dinâmica e seria um veículo de bênção para além das fronteiras da
nação.
Quando o livro da Lei
encontrado por Hilquias nas ruínas do templo provocou a reforma do reinado
de Josias em 621 a.C., parece evidente que, de princípio, Jeremias vibrou no
mesmo entusiasmo que o monarca, emprestando a este a sua influência e auxílio.
Parece igualmente evidente, porém, que, mais tarde, a sua confiança nesse
avivamento começou a enfraquecer, considerando o profeta demasiado fácil e
superficial para satisfazer os requisitos de Iavé. A grande necessidade era de
uma mudança de coração, só possível num povo que depositasse a sua fé tão somente
em Iavé. Ora, a geração de Jeremias recusava-se a conceder essa centralidade de
fé. Autoria
O próprio livro diz que Baruque, o
escriba, escreveu as profecias que
Jeremias pronunciou (ver especialmente 36.32), e declara que
“ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes”. Duma maneira
geral, Baruque parece ter sido fiel
amanuense de Jeremias e, note-se, acompanhouo até ao Egito (Jr 43.6).
As próprias profecias não vêm em ordem cronológica, o que
pode causar confusão numa mentalidade ocidental, habituada a encarar tais
problemas de uma maneira lógica. Em The
New Bible Handbook, de G. T. Manley, o leitor encontrará um esquema das
datas prováveis correspondentes aos vários capítulos. O problema resulta ainda
mais complicado por haver grandes diferenças entre o texto hebraico e o dos
Setenta deste livro, fenômeno que se verifica mais nele do que em qualquer
outro. Estas diferenças não dizem respeito apenas às palavras, mas afetam a
ordem de apresentação do conteúdo.
O Caráter do Profeta
Jeremias era, de fato, um homem de Deus, sensível a toda a
influência espiritual, suscetível de profunda emoção, dotado de visão clara e
critério cristalino. Não podia ser comprado nem cavilosamente convencido.
Seguia o caminho traçado pelo seu espírito, este sempre apoiado no sentimento
de adoração que vivia dentro dele. Foi um homem de Deus do princípio ao fim e,
portanto, um patriota fiel até à tragédia.
Não era cego para o pecado e loucura do seu povo.
Descortinou com profunda amargura o nexo férreo entre o pecado e o castigo, e
previu o exílio como uma punição inevitável e irrevogável, a não ser que se
verificasse uma conversão. Foi para a provocar que despendeu sem reservas todo
o seu esforço.
Essencialmente, foi um mediador impelido pelo patriotismo e
pela fé em Deus. Daí a veemência das suas emoções e mensagens, ora contra o seu
povo, ora intercedendo junto do Senhor. Daí também o seu isolamento, a sua
agonia de espírito, os seus cruciais conflitos íntimos. A sua paixão
iluminava-lhe os passos, o que facilitou a sua tarefa, embora a tornando
desagradável.
Viu a condenação, mas não a tragédia final. Tanto Israel
como Judá tinham um futuro em Deus, o Qual seria a sua justiça. Haveria um novo
concerto. Em Deus leu promessas, não futilidade, pelo que “ficou firme como
vendo o invisível”. Neste vulto descarnado, clamante, vemos o que Deus ousa
pedir ao homem, e o que um homem assim pode dar. A descoberta do Jeremias
autêntico pode bem constituir o renascimento de quem o descobre.
A Inaudita Calamidade que Assolará o País (4.5-31)
A invasão futura (5-18). Jeremias implorava um
arrependimento profundo, mas a sua esperança foi desiludida. Não se verificou
qualquer sinal externo de um regresso íntimo a Deus, e o profeta não teve outro
remédio senão pronunciar a sentença. O
flagelo designado proveniente do norte (6) espera já no limiar da porta.
As profecias relacionadas com estes agentes da vingança de
Jeová prolongamse até ao final do capítulo 6.
•
Tocai a
trombeta (5), em hebraico shophar. O
toque de trombeta era sinal de perigo grave.
•
O leão sai
do seu covil (7), feroz destruidor de nações e cidades. Provavelmente uma
referência a Nabucodonosor.
•
Um vento (12),
outra metáfora de destruição, o siroco do deserto, um vento quente, escaldante,
ciclônico, desapiedado. Assim seria também a ação de Iavé exercida sobre o país
culpado.
O mesmo grave castigo transparece em várias metáforas:
nuvens, tormenta, carros, cavalos, águias (13). A sentença de desolação é
anunciada de Dã, o limite setentrional do país; e de Efraim, apenas a 15
quilômetros de Jerusalém (15), soa a voz de aviso.
Nos vers. 19-22 o profeta tem uma visão extraordinária de
castigo inevitável que excede os seus limites de resistência. Nota-se a dor da
sua alma (19-20), a pergunta que ecoa no seu espírito (21) e a resposta do seu
Deus (22). As suas palavras
estorcem-se na agonia que o tortura. Ah,
entranhas minhas, entranhas minhas! Estou ferido no meu coração (19). O
coração é a sede da inteligência,
enquanto que as entranhas, segundo a psicologia hebraica, são a sede das
emoções. Mas Jeremias não tem quaisquer ilusões; o castigo é justo, a marca
negra do pecado sobre um povo abandonado.
O Assalto a Jerusalém
(6.1-5)
A conclusão da segunda mensagem de Jeremias sublinha a
catástrofe inevitável que ameaça tão de perto uma nação impenitente e
incorrigível. O agente destruidor designado por Deus vai atacar Jerusalém, e
soa novamente a nota de alarme. O mal espreita do norte a ruína em toda a sua
tragédia. O profeta personifica aqui a destruição que paira sobre a cidade. O
toque de trombeta de aviso soará de Tecoa e também de Bete-Haquerém (1).
•
Filhos de
Benjamim (1); pode tratar-se de uma chamada aos membros da sua própria
tribo, dos quais devia haver muitos na capital, ou talvez o profeta se
dirigisse a toda a cidade de Jerusalém.
•
Tecoa (1),
local situado a uns dezoito quilômetros ao sul de Jerusalém.
Parece haver aqui um trocadilho com as palavras “bater” e
“tocar”, que têm as mesmas letras que a palavra “Tecoa”.
•
O facho (1),
literalmente, uma chama, isto é, um sinal que assumia talvez a forma de uma
espécie de farol.
•
Bete-Haquerém
(1), localidade mencionada apenas aqui e em Ne 3.14. O nome significa,
traduzindo à letra, “casa da vinha”; agora geralmente identificado com um local
chamado “montanha franca”, que oferece uma iminência conspícua muito apropriada
para se erguer ali um facho de sinalização.
À medida que o inimigo se aproxima do norte, estas
localidades ao sul de Jerusalém deverão
preparar-se para orientar os fugitivos na sua fuga da capital. Preparai a guerra (4), ou,
literalmente,
“santificai a guerra”, isto é, oferecei sacrifícios para
assegurar a vitória. A exortação visa ao começo das hostilidades, e é o inimigo
fora das muralhas da cidade que assim se anima à refrega. A sua persistência é
tal que, se se malograr o ataque durante o dia, a noite dar-lhe-á a vitória
(4-5). O profeta prediz em nome do Senhor que a vitória será absoluta e
definitiva.
Capítulo 3 Introdução ao Estudo do Livro de
Lamentações
Título O
título mais completo, “As Lamentações de Jeremias” é encontrado nos manuscritos
gregos e na Septuaginta. Mas o Talmude e os escritores rabínicos se referem a
ele simplesmente como “Lamentações” (qinoth)
ou como “Como!”
('ekhah), a
palavra inicial no hebraico. Autoria e Data
A tradição que Jeremias compôs esses poemas recua até à
posição e ao título do livro na Septuaginta, onde é introduzido mediante as
palavras: “E sucedeu, após Israel ter sido levado cativo, e Jerusalém ter
ficado desolada, que Jeremias se assentou a chorar, e lamentou com esta
lamentação por causa de
Jerusalém e disse...”. Também é asseverado no Targum Siríaco
e no Talmude (Baba Bathra) que: “Jeremias escreveu seu próprio livro, Reis, e
Lamentações”. Em II Cr 35.25 é feita
referência às lamentações desse profeta por causa da morte do rei Josias, e ali
se acha escrito que tal lamentação foi registrada e ficou como “estatuto em
Israel”; com isso Lm 4.20 e 2.6. Porém, nosso presente livro gira não tanto em
torno da morte de um rei como em torno da destruição de uma cidade, e 4.20 com
igual justiça poderia referir-se a Zedequias, a despeito de sua falta de
dignidade (o sentimento em II Sm 1.14,21).
Não obstante, na qualidade de profeta chorão (Jr 9.1;
14.17-22; 15.10-18 etc.), Jeremias bem poderia ser concebido como autor,
igualmente, do livro de Lamentações, não fosse o fato de existirem certas
dificuldades para que se aceite essa opinião. O estilo é muito mais elaborado e
artificial que o do próprio livro de Jeremias e, nos capítulos 2 e 4, é mais
parecido com o estilo de Ezequiel. O
capítulo 3 faz lembrar Sl 119 e 143. A atitude para com os poderes estrangeiros, subentendida em 4.17,
certamente não é a do “colaboracionista” Jeremias e não reflete a própria
experiência do profeta. A desolação de Jerusalém (1.1-7)
As palavras iniciais desse “hino político funerário”
(Gunkel) apresentam Jerusalém como mulher privada de seu marido e de seus
filhos, da qual foi-se toda a sua glória (6)
por causa de melancolia permanente. Assim foi que, muitos anos depois, uma
moeda romana, que comemorava a destruição dessa mesma cidade por Tito, em 70
d.C., representa-a como mulher assentada debaixo de uma palmeira e traz a
inscrição “Judaea capta” (vers. 3). Ela, a quem coubera tão gloriosa herança de
uma religião espiritual e profética, fora agora levada a um estado de total
desolação por causa da multidão das suas
prevaricações (5). Aquelas nações circunvizinhas entre as quais havia
procurado auxilio, tinham-na decepcionado miseravelmente, e suas ruas e lugares
de assembléia, quer para o comércio (suas portas), quer para as alegres
solenidades da adoração, agora se achavam desertos (4). Pecado
produz sofrimento (1.8-
11)
A indicação, dada no verso 5 é agora abordada e
desenvolvida, e eventualmente se torna um dos principais temas do livro. Jerusalém... fez-se instável (8). Ela
“se tornou impura”, dizem outras versões. E isso porque ela gravemente pecou (8). Seus sofrimentos
eram bem merecidos. Ela não se havia lembrado de seu fim (9), isto é, falhara em considerar as consequências de suas
ações, até quando já era tarde demais. Incontáveis advertências tinham deixado
de ser atendidas, e agora estava a colher o fruto de sua iniqüidade. Mas, mesmo
enquanto sua porção estava sendo assim graficamente descrita, ela é pintada
como alguém que já havia começado a clamar a Deus, e seus clamores se
intrometem nas meditações do poeta (9b, 11b).
Um grito pedindo compaixão
(1.12-22)
Os primeiros soluços suplicantes de Sião já tinham sido
ouvidos de passagem na seção anterior.
Mas agora, não apenas os passantes casuais (12), mas todas
as nações (18) e, finalmente, o Senhor mesmo (20), são solicitados a ponderar,
com simpática compreensão, sobre as tremendas aflições que haviam caído contra
ela.
As palavras do verso 12 há muito têm sido associadas a nosso
Senhor, em Sua paixão. Embora Cristo tenha rejeitado a simpatia para Consigo
mesmo (Lc 23.28), Ele se identificou tão intimamente com o pecado humano e com
suas consequências (II Co 5.21) que, conforme sugerem essas palavras
proféticas, Ele deseja que consideremos o significado dessa identificação.
A linguagem do verso 15 relembra a dos grandes festivais do
ano judaico. Mas, em lugar de ser convocado o povo favorecido de Israel, são
convocados os seus inimigos para uma
festa cujo objetivo não é louvar a Deus por Sua abundância na vindima ou na
colheita, mas é comemorar o esmagamento dos próprios judeus no lagar da
aflição. Não obstante, não há queixa alguma contra a justiça divina, não
aparece nenhum problema de teodicéia, como no livro de Jó. Por isso o apelo é
feito a Ele, pois toda ajuda humana é ineficaz (17, 19, 21). Ele pode castigar,
mas acabará consolando aqueles que são levados a reconhecer os motivos de tal
punição. E até os próprios instrumentos do julgamento divino serão por sua vez
julgados por Aquele cujo caminho é perfeito (Sl 18.30). Aqui temos uma vívida
demonstração de fé no poder soberano, na sabedoria e na graça de Deus.
O Senhor é um inimigo (2.1-9)
Fornecendo detalhes repulsivos sobre as cenas que ele mesmo
havia testemunhado, o poeta descreve, nesta elegia, o dia da ira do Senhor (22). Até parecia que o próprio Deus se havia
tornado inimigo figadal de Judá (5), pois todos aqueles terríveis
acontecimentos eram apenas operações de Sua ira. Ele, e não meramente algum
adversário humano, era o responsável por tais acontecimentos. O templo (a
glória de Israel) e a arca com seu propiciatório (escabelo de seus pés; I Cr 28.2), bem como
os fortes e os palácios e as habitações humildes do povo, haviam sido
derrubados por terra e destruídos
(1-2).
Os horrores da fome (2.10-13)
A situação das crianças inocentes (11-12) é um tema que se
repete nos versos 19-21 e em 4.4,10. O escritor evidentemente não podia afastar
da mente as cenas macabras. Os anciãos ou cabeças das famílias, que
compartilhavam da administração, eram impotentes para fazer qualquer coisa.
Graves magistrados e jovens mulheres entristecidas foram igualmente reduzidos a
um silêncio forçado devido à tristeza (10). Sofrimento tal como esse é sempre
um profundo mistério; mas nem mesmo uma criança pode ser considerada isoladamente.
“É uma monstruosidade acusar a providência de Deus por causa das consequências
das ações que Ele tem proibido” (W. F. Adeney).
Considere-se, igualmente, as palavras do próprio Cristo, em
Lc 13.1-5. O sentido do verso 13 é que a tribulação se tinha abatido sobre Sião
como o mar, o qual forçara entrada por uma brecha no dique; e nada lhe podia
resistir. Profetas falsos e verdadeiros (2.14-17)
Teus profetas (14).
Parece que essas palavras não se referem a Jeremias ou Ezequiel, os quais,
presumivelmente, se encontrariam, respectivamente, no Egito e na Babilônia, mas
aos profetas deixados atrás, na Judéia, os quais, diferentemente daqueles, eram
destituídos de visão (9) e tinham medo de expor a verdadeira causa da
calamidade que se abatera contra Sião.
Eram os homens que tinham anunciado o acontecido como “má
sorte”, em lugar de terem lançado o grito: “Arrependei-vos!” Suas palavras eram
zombarias, pouco diferentes dos insultos dos espectadores hostis em vista da
desolação da cidade (15-16) e totalmente diferentes das destemidas mensagens
pregadas pelos verdadeiros profetas, de conformidade com as quais mensagens
Deus estava agora a cumprir a sua
palavra, que ordenou desde os dias da Antigüidade (17). Aqueles otimistas
superficiais, com suas cargas vãs (14),
ou seja, falsos anúncios, não tinham luz para derramar sobre a presente
situação. O clamor dos aflitos (3.1-21)
Este capítulo, com seu acróstico de três em três versículos
se concentra em torno dos sofrimentos pessoais do escritor, embora ele aqui
fale, sem dúvida alguma, “como o representante típico do povo” (T. H. Gaster).
Através de todas as suas agonias respira um espírito de quieta resignação e
confiança especialmente na segunda seção (22-39). Trata-se de um produto
terminado de arte literária, embora seja possível descobrir uma falta de coesão
aqui ou acolá devido às exigências da moldura alfabética. Porém, em mais de uma
maneira este poema não conduz ao coração mesmo do livro. Como uma previsão
sobre a paixão de Cristo, tem afinidades com Is 53 e Sl 22. Uma
chamada à conversão (3.40-42)
“A benignidade de Deus
te leva ao arrependimento” (Rm 2.4). Com verdadeira veia profética o poeta
elegíaco se coloca lado a lado com seus compatriotas e suplica-lhes que
retornem ao Senhor e busquem reconciliação com Ele. Que se examinassem a si
próprios (40) à luz de Seus mandamentos, que haviam transgredido (42), e que o
levantar de suas mãos para Deus no céu fosse
acompanhado também pela elevação de seus corações, isto é, que suas orações
rogando perdão fossem autênticas e sinceras. Que então soubessem, igualmente,
qual o sentimento de quem ainda não está perdoado, estar ainda sob o julgamento
de Deus (42b), pois assim viriam a apreciar ainda mais a maravilha de Seu
perdão.
As tristezas do pecado (3.43-54)
O senso de culpa que precede cada conversão genuína é
descrito em seguida. Desce sobre a alma uma dolorosa apreensão sobre a ira de
Deus contra o pecado e sobre a barreira que o pecado erigiu entre si e Ele
(44). Os efeitos do pecado são plenamente reconhecidos, e segue-se uma tristeza
sincera de coração. Porém, não mais Deus é considerado como inimigo implacável.
Suas ternas misericórdias são percebidas e são ansiosamente aguardadas (50) por
aquele que antes parecia além do alcance de qualquer auxílio (52-54). Estes
últimos comoventes versículos sugerem uma real experiência física da parte do
escritor; mas, se assim foi o caso, tratou-se de uma experiência diferente daquela por que passou Jeremias, que foi
posto numa cova seca por seu próprio povo (Jr 38.6).
Consolo e maldição (3.55-66)
Das profundezas do auto-desespero sai a oração do pecador
arrependido e chega até às alturas do céu. Invocando o nome ou caráter de Jeová
(55), o pecador arrependido descobre que Deus está a seu lado, como advogado e
redentor; e que de Seus lábios graciosos saem palavras de consolação (5658).
Com isso Sl 69.
Mas, apesar de admitir a validade dos juízos de Deus, não
podemos descobrir em seu coração disposição para desculpar aqueles que foram os
instrumentos desses julgamentos. Tais instrumentos, do mesmo modo, devem ser
punidos: “Tu lhe darás... maldição” (65). Uma imprecação nesta conjuntura
pode fazer soar uma nota dissonante, mas é bom relembrar que o sofrimento
imposto a outro homem pode, na providência de Deus, levar aquele homem a
reconhecer seus próprios pecados e a buscar ao Senhor; mas não será por isso
que o instigador de tais sofrimentos será considerado menos responsável perante
as leis de Deus. O escritor parece estar falando sob considerável
provocação. As consequências do pecado (4.13-20)
Os profetas e sacerdotes que haviam falhado, não proclamando
a verdadeira Palavra de Deus, estavam envolvidos numa temível vingança. Eram
tratados como leprosos, e haviam fugido da cidade. Até mesmo aos pagãos fora
solicitado que não lhes dessem abrigo (15), pois eram homens culpados, contra
quem o profeta Jeremias tão frequentemente havia falado (Jr 6.13;8.10;
23.11,14), e haviam ajudado a derramar o
sangue dos justos (13; Jr 26.20-23). O povo, igualmente, fora levado a
perceber que a confiança em um aliado terreno (tal como o Egito, Jr 37.7)
estava condenada ao desapontamento (17); e nem mesmo a possessão do reino
davídico podia servir de garantia da bênção e da proteção divinas (20). O ungido do Senhor (20) era Zedequias, o
último infeliz rei de Judá, cuja sorte é descrita em 2Rs 25.4-7. Dessa maneira,
os líderes eclesiásticos, os políticos, o próprio rei - todos se tinham
mostrado impotentes para desviar os julgamentos de Deus da nação culpada da
qual foi dito: é vindo o nosso fim (18).
Edom não escapará (4.21-22)
Por ocasião da captura de Jerusalém Edom procurara
enriquecer-se às expensas de seu povo irmão (Ob 10-16), e sua conduta, nessa
oportunidade, foi amargamente ressentida pelos judeus (Ez 25.12-14; Sl
137.7-9). Os judeus, porém, podiam conciliar-se com o pensamento que, enquanto
que sua punição já se tinha realizado (22; cfr. Is 40.2), a de Edom ainda era
futura: o cálice chegará também para ti (21).
E quando isso acontecesse seria sinal de que a
misericórdia divina havia retornado para Judá. Uz (21), o lar de Jó, é provavelmente mencionado aqui para mostrar
a extensão dos domínios dos edomitas. Ele
visitará a tua maldade (22). No original, visitar ou “descobrir” é o oposto de “cobrir”, sendo esta última a
palavra geralmente usada para
“perdoar”.
Capítulo 4 Introdução ao Estudo do Livro
de Ezequiel Autoria, Data e Circunstâncias
Esses três problemas estão ligados no que diz respeito a
este livro. O livro foi composto principalmente na primeira pessoa e propõe ter
sido escrito pelo profeta Ezequiel, que é identificado como um dos exilados
judeus deportados em companhia do rei Joaquim, em 597 a.C. (1.1 e segs.). A
narrativa é pontilhada por avanços progressivos de tempo, começando pelo quinto
ano do cativeiro, 593 a.C. (1.2), e continuando até o vigésimo quinto ano do
cativeiro, quando foram escritos os capítulos 40-48 (40.1; 29.17 e segs.),
escritos no ano vigésimo sétimo do cativeiro, foram mais tarde inseridos pelo
profeta, nesse ponto, por uma razão especifica.
Até tempos recentes a autenticidade deste livro era aceita
em geral; porém, no século atual, ele tem provido oportunidade de muitos
eruditos demonstrarem seus engenhos. Seus trabalhos, por outro lado, têm
servido para apresentar claramente a natureza dos problemas exibidos por esse
livro e têm capacitado seus sucessores a abordarem-no com mais
inteligência.
Das duas principais dificuldades que aparecem no caminho da
aceitação da autenticidade de Ezequiel, a primeira pode ser tratada de modo
sumário. É afirmado que este profeta, como seus antecessores, foi pregador de
condenação. Todos os profetas pré-exílicos se declararam contra a escatologia
popular de seus dias e pronunciaram apenas julgamentos contra Israel. Como, é
interrogado, poderia um profeta proclamar numa ocasião a vinda de julgamento
contra os pecados, e na próxima falar de maravilhosas promessas a um povo
pecaminoso? Alguns mantêm, além disso, que a idéia de uma era abençoada se
originou na Pérsia, pelo que todas as passagens que falam dessa era devem
necessariamente datar de um período posterior ao exílio, quando os israelitas
estiveram em contato com aquela nação.
Segundo esse ponto de vista uma considerável porção de
Ezequiel tem que ser reputada como interpolação posterior, e tal é a posição de
Hölscher. Seu discípulo, Von Gall, aplicou o mesmo critério a todos os
profetas; o processo postulado de edições graduais dos livros proféticos, nas
quais eram feitos “acréscimos”
sucessivos ao texto em gerações sucessivas, evoca grande admiração em vista da engenhosidade do
esquema, mas é por demais complicado para ser real. A maioria dos eruditos
rejeita a noção de que a esperança de um reino de Deus era propriedade
exclusiva da nação persa; essa esperança também era indígena em Israel.
É difícil de compreender por qual motivo os profetas não
poderiam ter predito uma restauração após o julgamento; não se deve inferir que
viam apenas o caos em vista de suas profecias de condenação, como também não se
pode dizer que Jesus via apenas a ruína para o povo escolhido, quando predisse
a destruição de Jerusalém (Mc 13.2). Partindo da evidência bíblica é difícil
resistir ao ditado de Gressmann: “Renovação mundial necessariamente se segue à
catástrofe mundial”. O próprio Ezequiel provê a melhor resposta para essa
questão: “Como pôde um profeta ligar ameaça com promessas para que essa
combinação surtisse algum efeito sobre os seus
ouvintes?”
À parte do desenvolvimento observável na tendência geral de
sua profecia [primeiro o julgamento (1-32), e então a consolação (33-48)] ele
mistura os dois elementos de tal maneira que cria um senso de vergonha no
momento mesmo em que é apresentada a promessa. Ver especialmente Ez 20.42 e
segs.: “E sabereis que eu sou o Senhor,
quando eu vos fizer voltar à terra de Israel... E ali vos lembrareis de vossos
caminhos, e de todos os vossos atos com que vos contaminastes, e tereis nojo de
vós mesmos, por todas as vossas maldades que tendes cometido”. (A passagem
inteira de 20.33-44 deve ser
cuidadosamente lida, pois aqui também se pode observar uma espécie de
doutrina sobre a remanescente). Pode-se adicionar que essa posição geral está
sendo adotada por um número cada vez maior de eruditos do Antigo Testamento;
quanto a detalhes maiores, o estudante poderá examinar as obras padrões sobre a
teologia e a escatologia do Antigo Testamento.
A segunda consideração principal é mais importante e tem
ocasionado a maior parte das teorias mais recentes a respeito do livro de
Ezequiel. Apesar de que o profeta vivia na Babilônia, dirigia-se constantemente
aos judeus deixados em Jerusalém. Expedia profecias simbólicas para benefício
deles, as quais não obstante, não podiam ver; conhecia perfeitamente a situação
deles; descrevia acontecimentos que testemunhara suceder em Jerusalém e suas
circunvizinhanças, como, por exemplo, as idolatrias dos anciães no templo
(capítulo 8), a súbita morte de um deles (11.13), a tentativa de Zedequias para
escapar de Jerusalém à noite (12.3-12), o fato de Nabucodonosor ter consultado
sortes em encruzilhadas de estradas a caminho daquela cidade (21.18 e segs.) e
o fato de mais tarde haver-se acampado fora de Jerusalém (24.2).
Que um homem que vivia na Babilônia pudesse testemunhar
acontecimentos dessa ordem em lugar tão remoto como Jerusalém parece falta de
bom senso para uma época científica como a nossa; por conseguinte, alguns
argumentam que deve ser procurada outra solução. Ou Ezequiel realmente vivia em
Jerusalém, e não na Babilônia, e seu livro incorpora suas profecias genuínas
com as de um redator posterior que se dizia viver como exilado (conforme
opinião de Herntrich); ou a situação inteira é fictícia e a obra é comparável
aos escritos apocalípticos pseudônimos do judaísmo posterior, e pertenceria, em
realidade, à época de Alexandre (segundo opinião de Torrey). Dessas duas
alternativas dificilmente alguém leva a sério a segunda, mas a primeira merece
considerável atenção e é aceita por Oesterley (Introduction to the Old
Testament, págs. 324-325). Cooke, entretanto, é o porta-voz dos sentimentos de
muitos críticos ao dizer que é tão difícil acreditar num redator altamente
imaginário como aceitar as declarações contidas no texto (I. C. C., pág.
23).
Consequentemente, ele aceita a autenticidade do livro nos
seus aspectos principais; e o consenso da erudição moderna está de seu lado.
Guillaume tem, além disso, relacionado esse extraordinário dom de segunda vista
possuído por Ezequiel a outros fenômenos semelhantes do Antigo Testamento, e
até mesmo no moderno mundo beduíno. Mediante suas pesquisas ele nos tem
capacitado a compreender melhor um tipo de mente que tem pouco em comum com a
moderna civilização ocidental. Se essa controvérsia não tiver servido para
outro propósito, portanto, do que de destacar o caráter verdadeiramente
extraordinário de Ezequiel, mesmo assim não terá sido vã.
4.2 Conteúdo
Conforme demonstra o esboço do conteúdo, o livro foi
construído segundo um plano claramente definido, e o escritor aderiu firmemente
aos assentos de cada seção. Após a visão introdutória dos capítulos 1-3,
Ezequiel se concentra quase exclusivamente em desnudar a iniqüidade de seu
povo.
Sem dó arrasta seus pecados para debaixo da luz e pronuncia
contra eles o julgamento de Deus. Por meio de ações simbólicas, parábolas,
oratória inflamada e declarações lógicas ele reitera seu tema que versa sobre a
iniqüidade da nação e sobre sua inevitável destruição. A repetição da denúncia
e da ameaça de condenação é tão constante a ponto de fazer o leitor recuar
horrorizado, especialmente em vista do fato que, enquanto que outras obras
proféticas iluminam suas ameaças com promessas, este elemento falta quase
inteiramente na primeira seção do livro de Ezequiel. E quando ele permite que
brilhe algum raio de esperança, este usualmente se torna vermelho como fogo,
pelo que a restauração referida se torna algo vergonhoso e não algo que
causasse alegria (por exemplo, 16.53-58;20.43-44).
4.3 Características
Duas características da personalidade de Ezequiel já têm
sido mencionadas, a saber, a vivacidade de sua imaginação e seus poderes sem
paralelo de telepatia, clarividência e prognóstico. Essas coisas se combinavam
com um senso avassalador sobre a transcendência de Deus que pode produzir
passagens de literatura que, de muitos modos, parecem estranhas para a mente
moderna, mas que são ricamente recompensadoras para o investigador. Por
exemplo, quantos são os que têm ficado tão perplexos pelo relato de Ezequiel
sobre sua visão inaugural, no capítulo primeiro, a ponto de não continuarem a
leitura de seu livro? No entanto, uma vez compreendido esse capítulo fica
percebido que ele é altamente significativo e dotado de grande valor
espiritual, como os próprios judeus reconheciam. (Uma afirmação do Mishnah
registra que a Carruagem, isto é, Ez 1, e a Criação, isto é, Gn 1, são dois
particulares que devem ser expostos apenas para uma pessoa prudente; Ag 2.1,
citado por Cooke, pág. 23). Observações semelhantes poderiam ser feitas no
tocante a muitas passagens obscuras e negligenciadas de Ezequiel.
Em certas direções Ezequiel foi o pioneiro de movimentos de
pensamento que estavam destinados a se desenvolverem como características do
judaísmo posterior. Ele foi o primeiro a declarar, com clareza dogmática, a
verdade da responsabilidade individual. Mediante a freqüência de suas visões e
a natureza de êxtase de muitas de suas afirmações, e especialmente mediante
suas profecias concernentes a Gogue e o reino futuro, ele moldou um tipo de
profecia que, no tempo devido, conduziu ao movimento apocalíptico.
Em todas essas questões, a saber, a responsabilidade
individual, a profecia apocalíptica e o esquecimento dos gentios na
contemplação de reino de Deus, o judaísmo foi muito além de Ezequiel e, em
certas direções produziu, realmente, uma caricatura de seu ensinamento.
É injusto, todavia, culpar Ezequiel desses desenvolvimentos
infelizes, como é injusto culpar Daniel por causa das puerilidades de alguns
escritos apocalípticos. É infeliz em alto grau, por conseguinte, que muitos
eruditos bíblicos depreciem Ezequiel como retrógrado em sua doutrina. Pelo
contrário, seu livro faz importantíssima contribuição, na providência de Deus,
para o desdobramento da revelação de Deus na Bíblia. Precisa ser estudada com
maior simpatia do que alguns estudiosos modernos estão presentemente inclinados
a fazê-lo. Finalmente, poderia ser
talvez mencionado que em alguns lugares o texto de Ezequiel tem sofrido muito
devido à transmissão do texto. Indicar cada uma dessas dificuldades exigiria
mais espaço do que é permitido num comentário desta extensão. Somente as
correções mais importantes têm sido salientadas na exposição.
A chamada e a comissão do profeta (2.1-3.3)
O título Filho do homem (1,3, etc.), aplicado a si mesmo, é
característica de Ezequiel e salienta sua posição de mera criatura em
comparação com a majestade do Criador. Foi título usado por Deus ao dirigir-se
ao profeta, e não por Ezequiel a si mesmo, aparentemente para mostrar que seu
dever era servir de porta-voz da vontade divina. Deus se refere a Ezequiel mais
de noventa vezes como filho do homem. Este título ressalta a humildade e a
fragilidade do profeta, e servia para lembrar-lhe da sua dependência do poder
do Espírito Santo para capacitá-lo a cumprir o seu ministério. Jesus também empregava
este título em alusão a si mesmo (Mt 8.20; 9.6; 11.19; Mc 2.28; 8.31,38; 9.9;
Lc 5.24; Jo 3.13), salientando o seu relacionamento com a raça humana e sua
dependência do Espírito Santo (Dn 8.17).
“Hão de saber que
esteve no meio deles um profeta” (2.5) encontra paralelo na expressão
frequentemente repetida: “saberão que eu sou Jeová”. Ambas essas verdades
tonar-se-iam evidentes quando Deus cumprisse as predições do profeta; 33.32-33;
Dt 18.21 e segs. Deus precisa de servos autênticos e fiéis para proclamar a sua
Palavra ao povo. Servos que falem tudo quanto Ele quer, sem medo e sem
transigência com o erro. Sua mensagem não é determinada pela reação dos
ouvintes, mas, sim, entregue com total lealdade a Deus e à sua verdade (v. 7).
Se alguns ouvintes decidem resistir a Deus e à sua lei, que o façam, porém
esses profetas vão continuar a entregar a mensagem de Deus, repreendendo o
pecado e a rebeldia, e conclamando o povo a ser fiel ao Senhor.
Ao profeta é ordenado que não compartilhe da rebeldia de sua
nação ocultando do povo as mensagens que Deus lhe declarasse (8). O fato que
Deus tocou diretamente na boca de Jeremias (Jr 1.9), mas deu um rolo de livro a
Ezequiel (9) ilustra a diferença entre os dois profetas; o primeiro caso
declara a imanência de Deus, e o segundo a Sua transcendência. O escrito sobre
o livro, por dentro e por fora (10), contrário ao uso normal, indica a
plenitude de seu conteúdo. Lamentações e suspiros e ais (10) forma uma justa
descrição da maior parte da profecia de Ezequiel.
Sua mensagem não foi alterada até que, de conformidade com a
promessa do verso 5, Deus cumpriu Suas palavras mediante a destruição de
Jerusalém (33.21 e segs.). Come este rolo
(3.1). Não há nada de mecânico nesse modo de inspiração; o fato que
Ezequiel devia mastigar o rolo mostra que ele devia tornar sua a mensagem. A
despeito da natureza da mensagem, para o profeta seu gosto foi doce como o mel
(3), pois “é doce fazer a vontade de Deus e ser incumbido de tarefas em Seu
serviço” (McFadyen). Note-se a variação na experiência do escritor apocalíptico
do Novo Testamento (Ap 10.10).
A comissão é destacada (3.4-15)
O profeta não foi enviado a uma nação estrangeira (5), nem
ao mundo pagão em geral (6); pois, se assim tivesse acontecido, tê-lo-iam
ouvido. Israel, entretanto, não ouviria nem o profeta nem o próprio Deus (7).
Um povo “profundo de lábios e pesado de
língua” (5, como diz certa versão) indica “um povo cuja fala soava gutural
e confusa para os ouvidos hebreus” (Cooke). A obstinaria tradicional de Israel
é referida por nosso Senhor em Mt 11.21-24; Lc 4.24-27. Cfr. Is 1.7 e Jr
1.17-19 com os vers. 8 e 9.
“Aos do cativeiro” (11).
A missão de Ezequiel embora dirigida a todo o Israel (4), fica agora
demonstrada como visando especifica e imediatamente a seus companheiros de
exílio. Isso seria necessário em vista de suas circunstâncias; mas o escrito do
livro, ou mesmo de suas seções separadas, tornaria sua mensagem à disposição da
nação inteira. A partida da carruagem gloriosa deixa o profeta com uma
realização de tristeza, no ardor do meu espírito (14). Porém, foi compelido a
dar início a seu ministério profético. Ele se mudou para TelAbibe,
“a casa das espigas verdes”, um dos principais centros dos
exilados.
Foram necessários sete dias para que ele se recuperasse dos
efeitos da visão
(15).
O profeta como vigia – atalaia de Israel (3.16-21)
“Eu te dei por
atalaia” (17). O trabalho de um vigia era avisar a cidade de algum perigo
iminente; assim também Ezequiel deveria avisar seu povo a respeito do desastre
que estava preste a desabar sobre eles. A passagem tem em mente a catástrofe
que estava a ponto de sobrevir a Jerusalém, mas o profeta não hesitou em
aplicá-la de modo geral. Sua importância jaz na relação a ser estabelecida
entre Ezequiel e seus ouvintes; ele se sentia responsável por eles individualmente e precisava advertir cada
qual na qualidade de fiel pastor (18,20); eles eram individualmente
responsáveis por suas ações e seu destino, pois Deus trataria com eles como
pessoas morais, e não como uma unidade (19). Tratava-se de uma concepção
revolucionária e marcou um passo significativo no processo da revelação. Ordenado
o silêncio (3.22-27) A Ezequiel foi ordenado permanecer em sua casa
(24), talvez devido a alguma ameaça de violência
(25). A mudez viria sobre ele (26), exceto quando Jeová
abrisse sua boca em declaração profética (27). Caso este episódio esteja aqui
no lugar que lhe convém, o ministério de Ezequiel foi, portanto, um ministério
particular, que só recebia aqueles que vinham à sua casa (8.1), até que
chegaram a ele as notícias da queda de Jerusalém (33.21-22). Alguns sentem que
isso aparece de modo estranho, em vista da comissão anterior; sugerem que este
parágrafo talvez esteja deslocado e talvez pertença a um período posterior do
ministério de Ezequiel. Se esse for o caso, o verso 27 está ligado a uma
ocasião específica quando Deus faria
cessar a mudez do profeta (33.21-22).
O exílio (4.4-8)
Deus ordenou que Ezequiel simbolizasse o cerco de Jerusalém
e o exílio subsequente, por meio de atos específicos. Retratou estes eventos
com uma miniatura de cerco da cidade. A assadeira de ferro (v. 3) talvez
represente a força resistente dos babilônios. Mediante este ato figurativo,
Ezequiel gravou na mente dos exilados o fato de que o próprio Deus ia enviar os
babilônios contra Jerusalém. (4) Deus mandou Ezequiel suportar, de modo
simbólico, o castigo que Ele determinara sobre Israel e Judá. Cada dia que
Ezequiel ficava deitado sobre o seu lado, representava um ano de pecado da
nação hebréia como um todo.
Ele não ficava o dia inteiro deitado sobre o seu lado, pois
tinha outras tarefas a cumprir (vv. 9-17). O número de dias determinados a
Ezequiel para ficar deitado sobre o seu lado correspondia aos anos de pecado de
Israel e de Judá. Os 390 anos parecem abranger o período da monarquia de
Salomão à queda de Jerusalém. Os quarenta anos a mais atribuídos a Judá (v. 6)
podem representar o reinado extremamente ímpio de Manassés, que influenciou
Judá pelo resto da sua história (2Rs 21.11-15).
O julgamento de Jerusalém (9.1-11)
Se certas versões forem seguidas quanto ao verso 1, aos
executores é dito diretamente: “Aproximai-vos, executores da cidade!” Seis
homens com um homem vestido de linho (2) perfaziam um grupo de sete pessoas;
indubitavelmente eram seres angélicos. Os sete anjos que estão sempre, defronte de Deus (Ap 8.2,6) e que ali também
aparecem como executores da ira de Deus.
“E marca” (4). Os
justos foram marcados (a palavra significa, estranhamente, uma marca em forma
de cruz) para serem distinguidos dos idólatras e para lhes ser garantidas as
proteções de Jeová. Êx 12.23; Ap 7.3-8; 13.16-18; 14.1.
Comecei pelo meu santuário (6); 1Pe 4.17. O restante de
Israel (8) denota os habitantes de Jerusalém. O reino do norte já tinha sido
levado para o cativeiro, em 722. a.C., e Judá já tinha sofrido um cativeiro
parcial, em 597 a.C. Em contraste com seu grito, em 6.11, e com sua usual
atitude de completa simpatia com os julgamentos divinos contra Israel, aqui
Ezequiel pleiteia por misericórdia para com seus compatriotas errantes. A
resposta é dada nos versos 9 e 10; a culpa da terra é tão repugnante que o castigo
não pode ser desviado. O Senhor deixou a terra (9; isto é, a terra santa), ou
seja, Jeová havia abandonado Seu povo, conforme era evidenciado por suas
contínuas tribulações. Por conseguinte, da parte deles não havia ocorrido
àqueles apóstatas que a adversidade de
que sofriam era um julgamento justo de Jeová contra sua iniqüidade.
O incêndio de Jerusalém (10.1-22)
O trono (1) estava vazio (9.3); os querubins aguardavam Jeová
para alçar vôo e partir. O destruidor da cidade era o homem, vestido de linho
(2) que anteriormente havia feito uma marca nos fiéis separando-os para a
preservação; todos os sete anjos, dessa forma, eram ministros vingativos, como
em Ap
8.111.15. Querubim (2; no original no singular) é um termo
coletivo que inclui os quatro querubins, como em 9.3. Nada nos é informado
sobre a destruição da cidade, senão que o anjo comissionado para isso tomou o
fogo dentre os querubins (Is 6.6) e saiu (7).
A visão profetizava os incêndios que efetivamente destruíram
Jerusalém, em 586 a.C. (2Rs 25.9); porém, mais significativa que a predição foi
a revelação da identidade do Destruidor - o próprio Deus. O propósito da
repetição dos versos 9-22 é somente impressionar o leitor com esse mesmo fato;
pois a descrição da glória de Deus e da carruagem já fora dada no capítulo
primeiro. Sua recorrência aqui, de modo detalhado, sublinha o espantoso fato
que Deus, que os homens julgavam estar inseparavelmente ligado ao Seu santuário
e à Sua cidade, é Quem haveria de destruir ambas essas coisas e abandonar suas
ruínas. Devido à fantasia de alguns copistas de séculos posteriores, algo da
descrição dos versos 9-22 se encontra de modo confuso e difícil de seguir. Por
exemplo, 11a fala sobre as rodas, 11b evidentemente tem os querubins em mente;
o verso 13 ficaria melhor se coloca do após o verso 6; o primeiro rosto, no
verso 14 deveria ser rosto de “boi” e não de querubim como em 1.10 (a não ser
que sigamos o rabino Resh Lakish: “Ezequiel buscou o Misericordioso a respeito
dele (do rosto de boi) e Ele o transformou em querube”); o verso 15 interrompe a sequência e antecipa
os versos 19-20. Saiu a glória do Senhor (18). Jeová abandonou o templo pela
entrada da porta oriental (19); 11.22-23 registra o fato que Ele se afastou
completamente da cidade.
Oolá e Oolibá (23.1-49)
Este capítulo se divide em duas partes. Os versos 1-35 dão a
alegoria sobre duas irmãs, Samaria e Jerusalém, mediante o uso de figuras
semelhantes às empregadas no capítulo 16. Porém, enquanto o poema anterior
tinha em mente as más influências da religião dos cananeus, aqui o que é
condenado são os pactos com as nações estrangeiras. Os versos 36-49 formam um
apêndice, desenvolvendo essa alegoria de modo diferente, possivelmente com uma
situação diferente em mente. Aqui as duas irmãs são vistas juntas, e são
acusadas por adorarem a Moloque e por profanarem o santuário e o sábado
(37-39); as alianças com nações estrangeiras parecem ter sido feitas com
aqueles povos que bordejavam Israel (42), e não com impérios distantes.
Os dois nomes (4) são idênticos quanto ao seu significado,
sendo formas femininas de ohel, uma “tenda”. Talvez tenham em vista as tendas
associadas com a adoração falsa (16.16). Com todos os seus ídolos se contaminou
(7). As alianças políticas usualmente envolviam a adoção dos cultos do poder
superior. Samaria havia estabelecido alianças com a Assíria (5 e segs.) e com o
Egito (8); Jerusalém foi ainda mais
além, e se aproximou também da Babilônia (14-
18).
A adoração assíria (12) foi popularizada por Manassés e
permaneceu na cidade até sua queda (2Rs 21.1-9; Jr 44.15-19). Mandou-lhes
mensageiros à Caldéia (16). A Ocasião disso é desconhecida, a não ser que seja
a que é registrada em 2Rs 24.1. No verso 20 está em mente a solicitação de
ajuda egípcia contra a Babilônia, Jr 37.7 e segs. Pécode, Soa e Coa (23) eram
as tribos que ficavam a leste do rio Tigre. Nua e despida (29). Esse tirar as
vestes de Oolibá representa a devastação de Jerusalém. Oolá e Oolibá serão
julgadas como adúlteras (47; ver Dt 22.23- 24). Profecias
Contra Tiro (26.1-28.26)
Os fatos da situação contemporânea explicam a proeminência
dada por Ezequiel para Tiro. Os babilônios estavam prestes a pôr cerco na
cidade. Qual seria o resultado? “Baseados em terreno patriótico e religioso, os
judeus exilados sentiam-se envolvidos na questão. Ezequiel não duvidava que
isso resultaria na queda e na extinção de Tiro (26); ele antecipa sua ruína
numa magnífica lamentação fúnebre (27); e ameaça seu rei de justa retribuição
(28)” (Cooke).
A queda de Tiro (26.1-21)
Tiro exultava no que acontecera a Jerusalém, pois ela tinha
sido a porta dos povos (2). O tráfico das caravanas, vindas do norte ou do sul,
eram sujeitas a impostos pelos judeus. Como se o mar fizesse subir as suas
ondas (3). Tiro estava edificada numa ilha rochosa, “no coração dos mares” (27.4), uma posição que facilitava o comércio
e a tornava aparentemente inexpugnável. Suas filhas que estão no campo (6) eram
as cidades do continente que dela dependiam. No original, Ezequiel sempre
escreve o nome do monarca babilônico (7) da maneira mais aproximada possível do
original babilônico, Nabukudurri-usur, “Nebo protege minhas fronteiras”.
Essa descrição da campanha, nos versos 8-12, pressupõe a
ereção de um molhe que partia do continente à ilha, um procedimento
provavelmente adotado por Nabucodonosor (29.18), e que certamente foi seguido
por Alexandre, com sucesso completo, em 332 a.C. As colunas da tua força (11)
seriam aqueles associados ao culto a
Melcarte, o deus de Tiro. As ilhas (15) são as costas e as ilhas do
Mediterrâneo com as quais comerciava Tiro. Farei-te descer com os que descem à
cova (20). Tiro seria rebaixada até o Seol. Em lugar de estabelecei a glória na
terra dos viventes (20), a Septuaginta diz: “não permanecerá na terra dos
vivos”, o que está mais de conformidade com o contexto.
Lamento sobre Tiro (27.1-36)
A elegia propriamente dita (3-9,25-36) assemelha Tiro a um
navio equipado luxuosamente, carregado de mercadorias, que naufragou devido a
uma tempestade e que foi lamentado por aqueles que tinham investido capital
nele. A seção central (9-25), que descreve o comércio de Tiro, não mantém essa
imagem; porém, isso não é razão suficiente para negarmos sua autenticidade. O
capítulo inteiro muito influenciou o autor do livro de Apocalipse, que aplica
suas imagens ao império anticristão de seus próprios dias (Ap 18).
Nos versos 25-27 é retomada a imagem principal do poema; o
ótimo navio que é Tiro naufraga e toda a sua tripulação perece. Quanto ao vento
oriental (26) Sl 48.7; mas talvez seja uma alusão à Babilônia. Os versos 29-34
descrevem a lamentação dos marinheiros em vista da perda de Tiro. Ap 18.17-19.
Os moradores das ilhas (35) é frase que pode referir-se particularmente aos
mercadores dentre os povos (36); vers. 3. Quanto às lamentações dos reis e dos
negociantes, Ap 18.9-17. Lamento pelo rei de Tiro (28.1-19)
O príncipe de Tiro (Itobal II) é invocado aqui (2) como
representante da cidade; sua auto-exaltação ao estado de divindade é típica do
orgulho do povo. A posição inexpugnável da cidade, sobre uma rocha, relembra-o
sobre o monte místico de Deus (14,16); assim como Deus reina supremamente ali,
tão seguramente sentia-se o rei ali, entronizado no meio dos mares (2). A morte
(no original, plural intensivo) dos traspassados (8) não seria acompanhada de
sepultamento. Visto que os fenícios praticavam a circuncisão, a morte dos
incircuncisos (10) era algo vergonhoso, envolvendo uma posição desonrosa
no
Seol.
No devido contexto, a profecia de Ezequiel contra o rei de
Tiro parece conter uma referência velada a Satanás como o verdadeiro governante
de Tiro e como o deus deste mundo (2Co 4.4; 1Jo 5.19). O rei é descrito como um
visitante que estava no jardim do Éden (v. 13), que fora um anjo, querubim
ungido (v. 14), e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que nela
se achou iniqüidade (v. 15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (v. 17), foi
precipitado do monte de Deus (vv. 16,17; Is 14.13-15).
Capítulo 5 Introdução ao Estudo do Livro de
Daniel Introdução
Daniel, ainda muito jovem, começou servindo fielmente a Deus
em terra estranha. Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e
ocultismo da corte babilônica. Foi semelhante a José em piedade e pureza.
Seguiu para Babilônia como cativo, na primeira leva de exilados de Judá, em 606
a.C., quando tinha entre 14 e 16 anos de idade.
Ali viveu no palácio de Nabucodonosor, como estudante,
estadista e profeta de Deus, atravessando o reinado de todos os reis
babilônicos, exceto o primeiro deles - Nabopolassar, pai de Nabucodonosor,
fundador do neo-Império Babilônico. Chegou ao Império Persa, sob Ciro (6.28;
10.1). Prestou cerca de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao
próximo.
Posição no “Cânon”
Na Bíblia hebraica o livro de Daniel se encontra na terceira
divisão, os Hagiographa, e não na segunda, na qual aparecem os livros
proféticos. A razão disso não é que Daniel tenha sido escrito depois dos livros
proféticos. Em algumas listas, pode-se observar, Daniel é incluído na segunda
divisão do “cânon”. Entretanto, o motivo pelo qual Daniel veio a ser colocado
na posição que atualmente ocupa depende da posição de seu escritor na economia
do Antigo Testamento.
Os autores dos livros proféticos eram homens que ocupavam a
posição técnica de profeta; isto é, eram homens especialmente levantados por
Deus para servir de mediadores entre Deus e a nação, declarando ao povo as
palavras idênticas que Deus lhes tinha revelado. Daniel, porém, não foi profeta
nesse sentido restrito e técnico. Foi
antes um estadista na corte de monarcas pagãos. Na qualidade de estadista,
possuía realmente o dom profético, embora não tenha ocupado o ofício profético,
e é nesse sentido, aparentemente, que o Novo Testamento o chama de profeta (Mt
24.15).
Portanto, Daniel foi estadista, inspirado por Deus para
escrever o livro que tem seu nome, pelo que também esse livro aparece no
“cânon” do Antigo Testamento na terceira divisão, entre os escritos de outros
homens inspirados que não ocuparam o ofício profético. Propósito
No monte Sinai, no deserto, o Deus do céu e da terra
depositou Sua afeição de modo peculiar sobre Israel, escolhendo essa nação para
ser Seu povo e declarando que Ele seria seu Deus. Dessa maneira entrou em
relação de concerto com Israel, manifestando tal relação por um poderoso ato
de livramento. Seu propósito para com
essa nação era que ela fosse um “reino de sacerdotes” e que Deus fosse seu
governante. Assim foi estabelecida a teocracia (governo de Deus). Israel
deveria ser uma nação santa, uma luz para iluminar os gentios e dar testemunho
do conhecimento salvador do verdadeiro Deus a todos.
Israel, todavia, não foi fiel a esse alto propósito. Depois
que já se achava por algum tempo na Terra Prometida, exibiu insatisfação com os
princípios fundamentais da teocracia ao solicitar um rei humano, para que fosse
semelhante às nações ao seu derredor. Em primeiro lugar lhe foi dado um homem
mau como rei, e então um homem segundo o próprio coração de Deus. Davi,
entretanto, era homem de guerra, pelo que não foi senão durante o reinado
pacífico de Salomão, em que o templo, o símbolo externo do reino de Deus, foi
edificado. Após a morte de Salomão rebelaram-se as tribos do norte, renunciando
às promessas da aliança. Dessa ocasião em diante, tanto nos reinos do norte
como do sul, a iniqüidade passou a caracterizar o povo, pelo que Deus anunciou
Sua intenção de destruí-los (Os 1.6; Am 2.13-16; Is 6.11-
12, etc.).
Os instrumentos que o Deus soberano empregou para realizar
Seu propósito de fazer um ponto final na teocracia foram os assírios e
babilônios. Sob o poder dessas nações o povo teocrático foi levado em
cativeiro, e o exílio ou período de “Indignação” foi iniciado (Is 10.25; Dn
8.19).
O próprio exílio foi seguido por um período de expectativa e
preparação para a vinda do Messias. Foi revelado que um período de setenta
vezes sete tinha sido determinado por Deus para a materialização da obra
messiânica (Dn 9.24-27). O livro de Daniel, um produto do exílio, serve para
mostrar que o próprio exílio não seria permanente.
Pelo contrário, a própria nação que havia conquistado Israel
desapareceria da cena da história para ser substituída por outra e, de fato,
por três outros grandes impérios humanos. Enquanto esses impérios estivessem em
existência, entretanto, o Deus do céu erigiria outro reino que, diferentemente
dos reinos humanos, seria ao mesmo tempo universal e eterno. O propósito de
Daniel, por conseguinte, é ensinar a verdade que, embora o povo de Deus esteja
escravizado em uma nação pagã, o próprio Deus é seu soberano e aquele que em
última análise dispõe dos destinos, tanto dos indivíduos como das nações.
Essa verdade é ensinada por meio de um rico uso de símbolos
e comparações, e o motivo dessa característica se encontra no fato que as
revelações feitas a Daniel tiveram a forma de visão. O livro de Daniel, pois,
pode assim ser chamado de obra apocalíptica, mas se eleva muito acima dos
apocalipses póscanônicos. A única obra que pode com justiça ser-lhe comparada é
o livro neotestamentário do Apocalipse.
Essencialmente, Daniel exibe as qualidades de um livro verdadeiramente
profético e suas comparações são usadas tendo em vista um propósito
didático. Autor
O livro de Daniel é um produto do exílio e foi escrito pelo
próprio Daniel. Podese notar que Daniel fala na primeira pessoa do singular e
assevera que as revelações foram feitas a Ele (Dn 7.2,4 e segs.; 8.1 e segs.
8.15 e segs.; 9.2 e segs. etc.). Visto, entretanto, que esse livro forma uma
unidade, segue-se que o autor da segunda porção (capítulos 7 a 12) deve também
ter composto a primeira (capítulos 1 a 6). O segundo capítulo, por exemplo, é
preparatório para os capítulos 7 e 8, que desenvolvem seu conteúdo de modo mais
completo e claramente o pressupõem. As idéias do livro refletem um ponto de
vista básico e essa unidade literária tem sido reconhecida por eruditos de
diferentes escolas de pensamento.
Na Igreja Cristã tem sido tradicionalmente mantido, devido
às reivindicações do próprio livro, que o Daniel histórico foi seu autor. A
primeira dúvida conhecida a ser lançada sobre esse ponto de vista veio da parte
de Porfírio de Tiro (nascido cerca de 232-233 a.C.), um vigoroso oponente do
Cristianismo, que sustentava que essa obra era produto de um judeu que vivera
no tempo dos macabeus. Durante os séculos XVIII e XIX, particularmente este
último, a opinião de Porfírio parece ter ocupado posição proeminente no mundo
erudito. Foi largamente mantido que o livro de Daniel fora escrito por um judeu
desconhecido, que vivera no tempo de Antíoco Epifânio.