1 Bem-aventurado o homem
que não anda no conselho dos ímpios
não se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escarnecedores.
2 Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR,
e na sua lei medita de dia e de noite.
3 Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas,
que, no devido tempo, dá o seu fruto,
e cuja folhagem não murcha;
e tudo quanto ele faz será bem sucedido.
4 Os ímpios não são assim;
são, porém, como a palha que o vento dispersa.
5 Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo,
nem os pecadores, na congregação dos justos.
6 Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios perecerá
Salmo 1.1-6
O salmista inicia declarando que Bem-aventurado é o homem que, primeiro, não anda no caminho dos ímpios, ou seja, não participa das idéias dos ímpios, suas ações não são inspiradas em princípios mundanos, maldosos e astutos; segundo, que não se detém no caminho dos pecadores, ou seja não participa dos seus projetos, não adota a linha de comportamento deles; terceiro nem se assenta na roda dos escarnecedores, ou seja, não participa do seu modo de agir, zombando de Deus e de coisas eternas. Porém, antes, tem a lei do Senhor por conselheira, tema de reflexão habitual, guia e norma de conduta. Ela é acolhida com prazer e não com pesar, é uma adesão alegre movida pela obediência e motivada pelo amor. Assim, bem-aventurado é aquele que é fiel a Deus naquilo que evita e naquilo que faz. Bem-aventurado significa que o justo desfrutará do favor e das graças especiais de Deus. Bem-aventurado não somente é a palavra pela qual este salmo se inicia, mas é também, a essência do que é prometido aos que meditam na Palavra de Deus, noite e dia. Meditar não é apenas ler como se fosse um dever, mas é procurar entender espiritualmente a lei do Senhor e, em seguida, aplicá-la à sua própria vida.
No versículo dois, a palavra em hebraico torah, traduzida por lei, pode ser interpretada como instrução e como a Palavra viva de Deus, que sai ao encontro das pessoas para manifestar-lhes a sua vontade e, assim, conduzi-las pelo caminho da vida e do bem.
A partir dos versos três, o autor faz uso de comparações campesinas para caracterizar o justo e o ímpio. O justo é visto como uma árvore bem irrigada, frondosa, bem enraizada e carregada de frutos maduros, diante da inconsistência da falta de raiz e instabilidade da palha que o vento leva.
Proposição
Diante dessas comparações podemos aprender que há dois caminhos que se contrastam e são metáforas da conduta humana. Transição: Um deles é o caminho que leva à...
I – morte, caracterizada aqui pelo ímpio que...
1. não ama a lei do Senhor, antes a odeia e dela escarnece;
2. não é como a árvore saudável, plantada ao lado de águas abundantes, porém é como a palha. O que é a palha e por que a palha? Por que será que este é comparado à palha? O que se sabe é que a palha era lançada ao vento pelo processo de joeiramento, ou seja, após a colheita, os lavradores lançavam os grãos debulhados para cima, para que o vento levasse a palha mais leve à medida que os grãos caíssem ao chão. Com essa comparação, o salmista quis mostrar que, assim como a palha é pequena, sem valor, inútil, morta, sem raiz, nem estabilidade, inconstante e facilmente levada pelo vento, semelhantemente é o perverso que não ama a Deus e a sua Palavra. As Escrituras o descrevem como aquele que prefere fazer seu próprio caminho, está sempre envolvido até o pescoço na prática do mal e aprecia arrastar outras pessoas para a sua vereda tortuosa. Desta forma, a palha ilustra de modo claro a vida do homem e da mulher sem Deus;
3. não tem fruto como o justo, antes o seu caminho é tenebroso, repleto das obras da carne: guerra, ódio, injustiça, maldade;
4. o seu fim está determinado. O seu fracasso é certo e será total e em todos os campos:
- forense, porque comparecerá perante o Tribunal de Cristo e não resistirá ao juízo de Deus;
- religioso, porque não participará da congregação do justo. O ímpio, por sua própria escolha, rejeita a comunidade dos santos e a comunhão com o povo de Deus;
- vital e prática , pois o seu caminho perecerá, no juízo será separado do justo, como o joio do trigo, como a palha do grão e, então, lançado na fornalha de fogo, para o tormento eterno,
- onde haverá pranto e ranger de dentes (segundo a Palavra de Deus). Deste modo terminam muito mal, tanto física quanto espiritualmente.
O outro caminho é o que conduz à...
II – vida, caracterizada aqui pelo justo que...
1. ama a lei de Deus, anda em retidão, em amor e obediência à sua Palavra, não se envolve com os maus, antes, bebe dos princípios sábios de Deus;
2. é feliz e cresce, como árvore viçosa, sempre florescendo, porque próximo há água e água em abundância. Sua raiz profunda absorve todo nutriente necessário para a vida, sua folhagem não murcha e dá muitos frutos. Por que será que este é comparado à árvore? Porque a árvore é permanentemente bela e frutífera, seus galhos oferecem sombra para descansar-se nela; cresce com o sol e a chuva, esperando assim em Deus e colocando a sua vida nas mãos dele. Semelhantemente é o justo, porque o Senhor é para ele um manancial de águas vivas. Podemos dizer que as bênçãos divinas são descritas aqui em termos de água abundante, água que transmite vida e fertilidade. A expressão “plantada junto a correntes de águas” ilustra de modo belo a vida do homem cheio do Espírito;
3. no devido tempo dá o seu fruto. O fruto é algo a ser esperado e produzido no tempo devido, por haver permanentemente provisão de água. Assim, o justo descrito pelo salmista produz os frutos mencionados na carta aos Gálatas. São estes: frutos de amor, alegria, paciência, bondade, retidão, fidelidade, mansidão, domínio próprio e paz*. Hoje, não se fala em outra coisa a não ser em paz. Há até *o dia Internacional de Oração pela Paz, mas onde está a paz? Nunca houve tanta guerra, tanta morte, tanta violência. O mundo anseia e clama por paz, não obstante precisa aprender que só o Senhor pode nos dar a paz. Esta é fruto de amor e obediência à Palavra de Deus, é fruto daquele que anda no caminho do justo. Contudo, o justo sempre terá um testemunho novo e vigoroso, mesmo em meio à tribulação e à adversidade, porque as raízes de sua personalidade se molham perpetuamente nas Águas Vivas, extraindo toda força necessária para viver, de modo que sua folhagem não murcha e não cai.
4. será bem sucedido. Embora o salmista não diga explicitamente, o caminho do justo leva a bom termo, ao êxito e a plenitude em todos os campos:
- forense, porque terá sua vida aprovada, visto que o Senhor conhece os seus caminhos. O Senhor aceita o caminho dos justos porque é o seu caminho. E os protege porque confiam nele e recebem a Cristo pela fé;
- religioso, porque farão parte da assembléia dos justos já em vida e depois na eternidade;
- vital e prático, porque desfrutarão da vida eterna, ouvindo o Senhor dizer, como está escrito no evangelho de Mt 25.34: “Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Lá, “os justos resplandecerão como o sol”. Mt 13.43
Concluindo...
O salmista nos ensina que ao andarmos no caminho reto e justo do Senhor, primeiro, cuidaremos de nossa imagem, não andando, não se detendo e nem se assentando com aqueles que trilham caminhos opostos, segundo cuidaremos de nossa performance alimentando-nos com alegria na Palavra do Senhor dia e noite, de tal maneira que daremos e colheremos muitos frutos, frutos que promoverão a vida, o amor, à paz, o shalom de Deus, que tanto o mundo precisa. E, como recompensa herdaremos a vida eterna.
Por fim, este Salmo termina mostrando o caminho da vida e o da morte. A forma campesina usada para contrastá-los, lembra-nos que os ciclos da natureza são comparados com o próprio ciclo da vida e com o caráter humano. Por isso, a primavera nos recorda a vida nova que surge do seio da terra e da alma de quem se deixa encantar pelas coisas simples e belas, que a vida oferece a cada dia. Quer ocasião melhor para pensar num projeto de vida como o da primavera, que renasce, alimenta, embeleza e alegra a vida?
É momento de pensarmos que o justo floresce, sua vida se renova, assim como a natureza na primavera, enquanto o ímpio é a palha que o vento leva.
É momento de lembrarmos que o Senhor nos chama para trilhar o seu caminho, para sermos instrumentos de vida, paz e amor.
É momento de pensarmos afinal, que caminho queremos seguir? É certo que nossa vida dependerá dessa escolha. Então, que tipo de pessoa nós queremos ser? Palhas ou árvores?
Palhas, não! Árvores junto a correntes de águas, sim, devem ser todos os que amam a Deus.
Assim Deus nos ajude, nos abençoe e nos dê a paz!
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