sábado, 8 de março de 2025

APOSTILA VOLUME 7 ANGELOLOGIA DO ANJOS

 

Pastor Professor : Carlos Alberto C da Silva Mestre em psicologia, Psicanalise, Bacharel em Teologia, Graduado em Filosofia, Graduado em História, Graduado em Pedagogia, Pós graduado em Docência do Ensino Superior, Pós graduado em Gestão e Administração Escolar ABD...

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ASSEMBLEIA DE DEUS 2010

INTRODUÇÃO

Ao nosso redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos superiores ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso meio, de um lugar para o outro, com grande rapidez e movimentos imperceptíveis. Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar, outros, porém, estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se existem realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se encontram e o que fazem.

A palavra de Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que possui respostas para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de seres superiores ao homem. Esses seres habitam nos céus e formam os exércitos celestiais, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os anjos de Deus, os quais estão sujeitos ao governo divino, e o importante papel que têm desempenhado na história da humanidade torna-os merecedores de referência especial. Existem também aqueles, pertencentes a mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em atitude de rebelião contra seu governo.

A doutrina dos anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são fundamentalmente os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permitenos conhecer a origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e destino dos anjos.

A doutrina dos anjos é fundamentalmente o estudo dos ministros da providência de Deus (são os agentes especiais de Deus). Como em toda doutrina, há uma negligência muito grande desta, nas igrejas e entre os teólogos, que chega a ser verdadeira rejeição. Considerado pelos estudiosos contemporâneos como a mais notável e difícil das matérias, por isso tem sido marco da implantação de grandes seitas e heresias, do mundo atual.

Três aspectos de negligência desta doutrina:

Primeiro - Desde o princípio do cristianismo, os gnósticos prestavam adoração aos anjos (Cl 2.18); depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de bruxarias envolvendo culto aos anjos, e agora em nossos dias, os estudos cabalísticos personalizados no meio esotérico e místico, ensinam novamente o culto aos anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos. Sabendo que antes de tudo, a existência e ministério dos anjos são fartamente ensinados nas Escrituras, por isso, não podemos negligenciar os ensinamentos sagrados.

Segundo - A evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma veemente em nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a grande idolatria que considerava adoração a demônios (1Co 10.19-21). Nos últimos dias, esta adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante (Ap 9.20-21). A negligência deixa de existir para dar lugar à um crescente pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Não podemos negligenciar tal doutrina.

Terceiro - A prática acentuada do espiritismo que crescerá assustadoramente nos últimos dias, conduzindo homens, mulheres e crianças a profundos caminhos de trevas e cegueira espiritual (1Tm 4.1-2). E ainda a obra de satanás e dos espíritos maléficos, atrapalhando o progresso da graça em nossos próprios corações e a obra de Deus no mundo (Ef 6.12).

Deveríamos querer saber mais e mais dos ensinamentos sagrados para podermos estar firmes contra as astutas ciladas deste inimigo derrotado, Satanás, o anjo caído (Rm 16.20; Ap 12.7-9; 20.1-10).

2 - A DOUTRINA BÍBLICA DOS ANJOS

Preâmbulo

Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à conceituações erradas e falsas sobre o mundo espiritual. Nesta disciplina, procuraremos aclarar a verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada. Não poucas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordem de seres celestiais totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam uma posição exaltada acima da atual posição do homem caído. Estes seres celestiais são mencionados pelo menos 108 vezes no Antigo Testamento e 165 vezes no Novo Testamento, e a partir deste conjunto de Escrituras o estudante pode criar a sua “doutrina dos Anjos”.

Etimologia e conceito do termo

A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez derivase do grego angelos. No idioma hebraico, temos mal'ãk. Seu significado básico é “mensageiro” (para designar a idéia de ofício de mensageiro). O grego clássico emprega o termo angelos para o mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou.

O termo teológico apropriado para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo” e logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia se constitui, portanto, de doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza moral e atividades dos anjos. Quando consideramos os anjos, como nas outras doutrinas, existe campo para o uso da razão. Considerando que Deus é Espírito (Jo 4.24), que não participa de maneira nenhuma dos elementos materiais, é natural presumir que existem seres criados que se assemelham mais com Deus do que com as criaturas terrestres que combinam o elemento material com o imaterial. Há um reino material, um reino animal e um reino humano; assim, podemos presumir que há um reino angélico ou espiritual. Contudo, a Angelologia não repousa sobre a razão ou a suposição, mas sobre a “Revelação”.

Deus é autor de todas as coisas visíveis e invisíveis

O ponto de partida está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina e, conseqüentemente, a base da relação do homem com Deus. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a Pessoa de Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas são de Deus, o Pai” (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1. 15-17). O Espírito Santo participa da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13.

A obra da criação teve um começo

A criação teve um princípio tanto para as visíveis como para as invisíveis. A prova irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro versículo da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith, que literalmente significa “começo”. O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um início, um começo (Sl 90.2; 102.25). Por essas Escrituras, entende-se que, num momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a substância que antes nunca existiram. Quanto à existência do mundo espiritual, o princípio é o mesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou tudo do nada.

A criação das coisas materiais

A base dessa declaração está na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, a criação material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites, nos dá visão apenas limitada de toda a grandeza da criação material (Ne 9.6).

Na criação da terra, o Criador formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação são incluídos o homem, os animais nas mais variadas espécies, além da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos e homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações, porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida física foi criada para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida dos anjos é única e eterna; não pode propagar-se, isto é, os anjos não procriam.

A criação das coisas espirituais

Ao responder aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático e poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta Escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a rege com justiça e que, ao criar o mundo material, as estrelas da alva alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam (Jó 38.7). Na linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva” quanto “os de Deus” são figuras dos seres espirituais criados pelo Senhor.

A origem dos anjos

Dois fatos devem ser levados em conta. O primeiro é que os anjos não existem desde a eternidade. Isto por um lado é mostrado pelos versículos que falam de sua criação, Ne

9.6: “Tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército” Sl 148.2,5: “Louvai-o todos os seus anjos; louvai-o todas as suas legiões celestes... louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e foram criados”. Por outro lado está subentendido na declaração de 1Tm 6.16, onde afirma que Deus é “o único que possui imortalidade”. O outro fato diz respeito a época de sua criação. Não é indicada com precisão em parte alguma na Bíblia, contudo é mais provável que tenha se dado juntamente com a criação dos céus em Gn 1.1. Pode ser que Deus os tenha criado imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra, pois de acordo com Jó 38.4-7, “rejubilaram todos os filhos de Deus” quando Ele lançava os fundamentos da terra.

Sua existência

A existência dos anjos é claramente demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo Testamentos. São inúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto, destacar apenas os que se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17; 91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também como guerreiros. No contexto do Novo Testamento, os anjos não são apresentados

simplesmente como “mensageiros de Deus”, mas também como “ministros aos herdeiros da salvação” (Hb 1.14). Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira inequívoca no Novo Testamento. Vejamos, por exemplo, os textos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc

22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe

2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9.

A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó

38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10).

       Eles são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, incorporam em corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam.

Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.

Existem anjos bons e anjos maus

Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador. São chamados de “anjos eleitos” (1Tm 5.21) e evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes de pecar. São chamados também de “santos anjos” (2Co 11.14). Sempre contemplam a face Deus (Lc 9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2 Ap 5.11).

O número de Anjos

Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7.10; Mt 26.53; Sl 68.17; Lc 2.13; Hb 12.22), e são repetidamente mencionados como exércitos dos céus ou de Deus.

               No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos”? (Mt 26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor dos Exércitos”. Outrossim, a quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para designar “milhares de milhares”, “multidão dos exércitos celestiais”, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (Sl

148.2-5).

3 - A NATUREZA DOS ANJOS

Não são seres humanos glorificados

Em Mateus 22.30 está escrito “que seremos como anjos”, mas não diz que seremos anjos. No futuro, os crentes hão de julgar os anjos “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? (1Co 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus, isso é diferente de dizer que seremos anjos. As “incontáveis hostes de anjos” são diferenciadas dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.22,23).

Não são os filhos de Deus em Gênesis seis

Os anjos são chamados “Filhos de Deus” no Velho Testamento nas referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. Deve ser observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, os homens também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A palavra original é “Benai-Elohim” - filhos de Deus.

Que os filhos de Deus se refere aos anjos, neste texto de Gn 6, é a posição tomada por Josefo, Filo Judeus e os autores do Livro de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas. Era a posição geralmente aceita pelos judeus eruditos dos primeiros séculos da era cristã.

A impressão que geraram “gigantes” foi da Septuaginta (LXX), que também traduziu todos os manuscritos, substituindo “filhos de Deus” por “anjos de Deus” em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por “meus anjos” em Jó 38.7.

“...Estes eram os valentes que houve na antigüidade, os homens de fama” (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre “os filhos de Deus” com as “filhas dos homens”. Esta é a definição original dos textos da palavra de Deus e não “NEFILINS”, que encontramos em alguns textos traduzido e não confiáveis, conforme The Theological Workbook of the Old Testament, por Harris, Archer e Waltke.

Teoria equivocada de que os “filhos de Deus” eram anjos

a) As referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7.

b) A relação anormal produziu gigantes impiedosos.

c) Anjos podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou em homens (Mc 1.2326; Mc 5.13). O Dr. Henry Morris diz: “Os filhos de Deus e as filhas dos homens são homens e mulheres, mas foram possessos por demônios”.

d) Em Mt 22.30, o Senhor estava apenas explicando que os anjos não se reproduzem como os humanos. Não há prova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a palavra anjos, sempre é no gênero masculino. Alguém explica que os anjos não se reproduzem porque não existe “anjas”.

e) As referências associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6.

f) Esta teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plínio.

g) Os livros apócrifos (3 deles), asseguram esta posição.

h) É considerado que houve duas quedas dos anjos, uma quando Satanás liderou a rebelião, antes da queda do homem e outra em Gn 6 (teoria defendida por Clarence Larkin).

Teoria de que os “filhos de Deus” não eram os anjos e sim os descendentes de

Sete

Em Gênesis 6 encontramos a corrupção geral do gênero humano bem como um protesto de Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de Sete e os da linhagem ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 “E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”. Esses filhos de Deus, sem dúvida, não eram anjos como teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com as filhas dos homens, isto é, mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os filhos de Deus eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os ímpios levou à maldade do versículo 5, isto é, os justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência. Observemos alguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de Deus neste eram anjos:

a) Se anjos de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio espetacular da história que viola as normas da natureza, e não há nada na Bíblia que diga que anjos têm poderes sexuais.

b) Em Gn 6, encontramos em seu contexto a seqüência do termo “homem”, vv

1,2,3.

c) A distinção entre os “filhos de Deus” e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo que, claramente entendemos que o título “filhos de Deus” não se refere aos anjos caídos.

d) Se esta relação entre anjos e mulheres gerou os “nefilins-gigantes”, como se explica a presença destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33?

e) A linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relação entre humanos.

f) Os textos do Novo Testamento não provam que são anjos: (a) 1Pd 3.18-20 não menciona nada sobre estes “espíritos em prisão” serem anjos, pelo contrário, o contexto indica homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 e Judas 6,7 são referências de anjos, mas não provam que estiveram envolvidos em Gn 6.

g) Os livros apócrifos, provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais adotaram a interpretação angélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos, isso lhes nega toda autenticidade em termo de canonicidade. 3.3.

São seres espirituais

Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar de serem espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem (Gn 19.1-3).

São espíritos invisíveis

Os anjos são reais, mas nem sempre visíveis (Hb 12.22). Embora Deus ocasionalmente lhes conceda a visibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos invisíveis (Sl 104.4; Hb

1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: “Fazes a teus anjos ventos”, citado em Hb 1.7. Observe também Hb 1.14; “Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviços, a favor dos que hão de herdar a salvação”?

Possuem corpos espirituais

Com demasiada freqüência o problema é confundido pela imposição aos seres espirituais daquelas limitações que pertencem à humanidade. Para os santos no céu foi prometido um “corpo espiritual” (1Co 15.44). Há muitos tipos de corpos até mesmo na Terra, o Apóstolo declara (1Co 15.39,40) e prossegue dizendo que também há corpos celestiais e corpos terrestres. Não podemos dizer que não há corpos celestiais apenas porque o homem não tem poder de discernir esses corpos. Os espíritos têm uma forma definida de organização que está adaptada à lei de sua existência. Eles são finitos e espaciais. Tudo isto é verdade embora eles estejam muito afastados desta economia do mundo. Eles têm a capacidade de se aproximar da esfera da vida humana, mas o fato de maneira nenhuma lhes impõe a conformidade com a existência humana. O aparecimento de anjos pode ser, quando a ocasião exige, com a aparência de homens, de modo que eles se passam por homens. Como poderíamos explicar de outra maneira que alguns “... sem o saber acolheram anjos...” (Hb 13.2)? Por outro lado, seu aparecimento às vezes é deslumbrante e glorioso (Mt 28.2-4). Quando Cristo declarou: “...um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho...” (Lc 24.37-39), Ele não quis dizer que um espírito não tem corpo algum, mas, antes, que os espíritos têm corpos constitucionalmente diferentes dos corpos dos homens.

São exércitos e não raça

As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os anjos: “Porque na ressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos do céu” (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto, não se caracteriza uma raça. No Velho Testamento os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1; 38.7), mas nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos”. Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie (Lc 20.34-35).

As Escrituras em parte alguma ensinam que os anjos sejam seres sexuados. No fundamento genuíno criador de Deus, não foi deixada margem alguma para se acreditar na reprodução de seres da escala espiritual. Sobre este assunto, apenas nos foi revelado as leis que regem os seres naturais ou materiais. Não conhecemos nenhum texto Sagrado explícito ou sequer subjetivo que nos conduza ao pensamento de que os anjos podem se reproduzir, ou possuam sexo.

Seus nomes masculinos, não se refere em nenhum momento à uma ordem de sexualidade humana (macho e fêmea).

Acreditamos sim que os anjos não se reproduzem, pois a obra criadora de Deus revelada em Sua Palavra, se fez desse modo, e qualquer indagação ou afirmação contrária é mera especulação e apostasia da veracidade bíblica.

São seres racionais morais e imortais

Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe 2.11). Embora não sejam oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento (Mt 24.36) e por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela desobediência.

A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como “santos anjos” (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; Ap 14.10) e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8.44; 1Jo 3.8-10).

A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc 20.35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14) enquanto que os anjos maus formam o exército de Satanás empenhado em destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2Ts 2.9; 1 Pe 5.8).

Ilustrações do poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mt 28.2).

São seres inteligentes

Embora seu serviço e dignidade possam variar, não há nenhuma implicação na

Bíblia de que alguns anjos são mais inteligentes que outros. Cada aspecto da personalidade dos anjos foi declarado. Eles são seres individuais e, embora espíritos, experimentam emoções.

a) Os anjos prestam culto inteligente (Sl 148.2);

b) os anjos contemplam com o devido respeito à face do pai (Mt 18.10);

c) os anjos conhecem suas limitações (Mt 24.36);

d) os anjos reconhecem sua inferioridade para com Jesus (Hb 1.4-14).

Os Anjos são poderosos

O que se aplica a todas as criaturas em relação ao poder que têm, também se aplica aos anjos: Seu poder deriva de Deus. O seu poder, embora seja grande, é restrito. Eles não podem fazer aquelas coisas que são peculiares à Divindade: criar, agir sem os meios, ou sondar o coração do homem. Eles podem influenciar a mente humana como uma criatura pode influenciar outra. O conhecimento desta verdade é de grande importância, Até mesmo um anjo pode reivindicar ajuda divina quando em conflito com outro anjo (Jd v.9).

O poder angelical é superior, mas não supremo. Deus simplesmente lhes empresta o seu poder, pois eles são os seus agentes especiais. Os anjos, portanto, são “maiores em força e poder” do que nós (2Pe 2.11), Como “magníficos em poder, que cumpris as suas ordens,” (SI 103.20) “anjos poderosos” mediarão os juízos finais de Deus contra o pecado (2Ts 1.7).

Inferiores a Cristo

“Ainda que por um pouco de tempo, Jesus fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão e morte” (Sl 8.5; Hb 2.9). Quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, os anjos são inferiores a Ele em dois pontos.

a) Os Anjos são criaturas. Os anjos são “criaturas” de Deus, ainda que chamados “filhos de Deus”, contudo, não têm em si a condição original peculiar ao Senhor Jesus. O escritor aos Hebreus, salienta: “... feito Jesus tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles...” (Hb

1.4).

b) Os Anjos são adoradores. Em razão da adoração, os anjos são inferiores a Cristo; eles são adoradores, enquanto que Cristo é adorado! Isto é depreendido nas próprias palavras do Criador: “... e todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6b). Este direito inerente ao Filho de Deus o coloca acima deles.

As Escrituras dizem que os anjos são seres superiores em força e poder aos homens: contudo, jamais em hipótese alguma, eles aceitam adoração; em lugar de os anjos serem objeto de adoração, eles são súditos que adoram Jesus Cristo. O apóstolo Paulo advertiu:

“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos...” (CI 2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João é advertido pelo próprio ser angelical: “...Olha não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”.

Portanto, os anjos não são objetos de adoração como João chegou a supor momentaneamente. E no contexto do significado do pensamento diz Paulo: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.38,39). Ora, isto apresenta Cristo como sendo Senhor dos próprios anjos. E de fato, Ele foi feito mais excelente do que os anjos (Hb 1.4). Os anjos foram criados; Cristo é Criador: Como Criador Jesus é superior aos anjos, pois maior do que a criatura é aquele que a criou (Is 45.9). Anjos são súditos; Cristo é o Senhor.

Os Anjos tomam decisões

Os anjos tomam decisões. A desobediência de um grupo deles subentende sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com a sua iniqüidade (1Tm 4.1). Por outro lado, quando o bom anjo recusou a adoração de João (Ap 22.8,9), fica subentendida sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com o bem. Embora os anjos bons respondam com obediência ao mandamento de Deus, não são autômatos. Pelo contrário:

optam com intenso ardor a obediência dedicada.

Os Anjos possuem habitação

A habitação dos anjos também é um assunto revelado definidamente. Já falamos da insinuação de que todo o Universo encontra-se habitado por inumeráveis exércitos de seres espirituais. Esta vasta ordem de seres com todas as suas classificações tem habitações e centros fixos para as suas atividades. Com o uso da frase “os anjos no céu” (Mc 13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam as esferas celestiais.

O apóstolo Paulo escreve: “um anjo vindo do céu” (Gl 1.8) e “...toda família, tanto no céu como sobre a terra...” (Ef 3.15). Igualmente, na oração que Cristo ensinou aos Seus discípulos, eles foram instruídos a dizer: “... faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no céu...” (Mt 6.10). O Dr. A. C. Gaebelein escreve sobre a habitação dos anjos, dizendo: “No hebraico, céu está no plural ‘os céus’. A Bíblia fala de três céus, sendo o terceiro céu, o céu dos céus, o lugar da habitação de Deus, onde o Seu trono sempre esteve.”.

Sua aparência

Nas histórias que se têm colecionado, há anjos com asas e outros sem asas, anjos que se parecem com anjos e outros que se parecem com seres humanos. Parece que os anjos que aparecem como homens, e não como anjos, vão ter a aparência de quem estão visitando. Em outras palavras, se o anjo que apareceu à mãe de Sansão não se parecesse com um israelita, ela não teria chamado filho de Deus, como sendo ele um profeta israelita (Jz 13.6). Se os anjos que aparecem sem que se saiba que são anjos (Hb 13.2), então aparecem aos chineses como chineses, aos africanos como africanos, e a americanos como americanos. Isso significa que há anjos aparecendo como negros e brancos.

4 – HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS

A Bíblia faz menção de anjos bons e anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre-arbítrio. Numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás contra Deus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça, como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

O Anjo

Literalmente Mensageiro Tem um lugar muito mais importante na Bíblia do que o Diabo. Estes últimos nos atacam os primeiros nos defendem. Os anjos intervém nos assuntos das Nações (Dn 9:13-21 ; 11:1 ; 12:1)

Eles atuam depois da nossa conversão e continuam a vida toda que permanecemos na presença de Deus

- Nos Observam (1Cor 16:22)

- Influenciam em nossa conduta (Nm 22:34)

- nos recebem quando partimos desta vida física (Lc 16:22)

Um ministério Angelical a favor dos Santos

- Soltou Pedro da Prisão (At 12:7-9)

- Paulo Quando o navio ia afundar

- Consolou Jesus no Getsêmani

- Anunciou nascimento de João (lhe deu o nome)

- Anunciou nascimento de Jesus

- Em atos estavam presentes na Ascenção de Jesus

- Estarão com Jesus no fim da presente era (Mt 24:39) - Ajuntarão os eleitos no retorno de Cristo (Mt 24:31)

- Conduziram Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16:22)

- Separam os ímpios e justos por ocasião da ceifa (Mt 13:41-49)

- Feriu Herodes e morreu comido de bichos (At 12:23)

São nossos conservos de mil maneiras em Heb 1:14 enviados para servir aqueles que hão de herdar a Salvação Amém....

Guardam os que temem a Deus (Sl 34:7) – (Gn 19:12-15 ; Dn 6:22 ; At 19:20)

O Arcanjo

Literalmente Chefe de Anjo Aparece sempre no Singular na Bíblia. A Bíblia fala de Miguel, como príncipe e protetor da Nação e Israel (Dn10:13 ; 12:1 ; Jd 9)

Segundo a tradição Judaica baseado no livro de Enoque (Apócrifo) Havia sete arcanjos a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel segundo é dito no livro de Enoque a cada um Deus entregou uma província sobre a qual reina. A província de Miguel Seria autoridade, sobre a melhor porção da humanidade e sobre o caos. O nome desse arcanjo significa “Quem é semelhante ao Altíssimo?” E aparece três vezes na Bíblia

Dn 12:1 ; Jd v9 ; Ap 12:9) E por inferência é mencionado também no arrebatamento 1Ts 4:17

Gabriel:

O vocábulo Gabriel tem sua correspondente no hebraico “geber El”, e significa “homem de Deus”. Aparece quatro vezes nas Escrituras como revelador do propósito divino. No Antigo Testamento ele falou a Daniel sobre o final dos tempos (Dn 8.15-27). Semelhantemente, deu a Daniel a predição quase incomparável de Dn 9.20-27. O profeta descobriu (Jr 25.11-12) que o período que Israel tinha de permanecer na Babilônia era de setenta anos e que esse tempo estava para se completar. Então se entregou à oração pelo seu povo. A oração, conforme registrada, Gabriel passou com incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que orava na Terra. Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeová quanto ao futuro de Israel. No Novo Testamento trouxe a Zacarias a mensagem do Nascimento João (Lc 1.11-20) e foi ele que veio com a maior de todas as mensagens à Maria quanto ao nascimento de Cristo e o Seu ministério como Rei sobre o trono de Davi (Lc 1.26-33). Apresenta-se como aquele que “assiste diante de Deus” (Lc 1.19).

Serafins (Is 6.1-8)

A palavra serafins do hebraico “saraph” significa “ardentes”, “chama ardente”, “Luzeiro”.

Declaram a glória incomparável de Deus e a sua santidade suprema. O título serafins fala de adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade. Eles aparecem como tendo cada um seis asas, essas asas tem sentido simbólicos vejamos:

1 As que cobriam o rosto: Necessidade de uma atitude de reverencia diante de Deus

2 As que cobriam os pés: Santidade do andar diante de Deus

3 As que serviam para voar: Atitude de Adoração e rapidez em obedecer á voz do todo Poderoso

Se situam dentro do domínio do Criador estão ligados diretamente ao trono de Deus e a Adoração, seu louvor dirigido ao Deus Trino “Santo, Santo, Santo é o

Senhor...” Is 6:3

Querubins

Literalmente Significa “Protetor” ou “O que Cobre” ocupam uma função especial de grande responsabilidade, poder e autoridade pois guardam a Santidade de Deus. O título querubim fala de sua posição elevada e santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono de Deus como defensores de Seu caráter e presença santa.

Proteger a santidade de Deus é uma atividade importante deles. Os querubins aparecem pela primeira vez junto ao portão do Éden, depois que o homem foi expulso e como protetores para que o homem não retorne poluindo a santa presença de Deus. Aparecem novamente como protetores, embora em imagens de ouro, sobre a arca da aliança, onde Deus se comprazia em habitar. A cortina do tabernáculo separava a presença divina do povo ímpio, tinha bordados de figuras de querubins (Êx 26.1). Ezequiel refere-se a estes seres chamando-os pelo seu título dezenove vezes e a verdade relacionada com eles deriva destas passagens. Ele os apresenta com quatro rostos diferentes: de um leão, de um boi, de um homem e a face de uma águia (Ez 1.3-28; 10.1-22). Este simbolismo relaciona-se imediatamente com as criaturas viventes da visão de João (Ap 4.6-5.14). 4.5.

  Suas tipologias:

Leão: Evangelho de Mateus

Boi ou touro : Evangelho de Marcos

Homem: Evangelho de Lucas

Águia: Evangelho de João

5 - SUAS ATRIBUIÇOES

No ministério de Jesus

Na eternidade passada (Sl 90.2), adoravam a Cristo

“E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6). A expressão eternidade passada referese à existência eterna de Deus, que não tem começo nem fim. Eternidade (hb. olam) não significa em primeiro lugar que Deus transcende o tempo, mas, sim, que é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó 10.5; 36.26). As Escrituras não ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempo presente, onde não há nem o passado nem o futuro. Os trechos das Escrituras que declaram a eternidade de Deus fazem-no em termos de continuidade, e não de intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado como passado, o presente como presente e o futuro como futuro.

Anunciaram o seu nascimento

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, rachou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu marido, como era justo se a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc 1.26,28; 2.8,20. Um anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus, fato registrado tanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam em seus registros em declarar inequivocamente que Jesus nasceu de uma mãe virgem, sem a intervenção de pai humano, e que Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.34,35). A doutrina do nascimento virginal de Jesus, de há muito vem sendo atacada pelos teólogos liberais. É inegável, no entanto, que o profeta Isaías vaticinou a vinda de um menino, nascido de uma virgem, que seria chamado Emanuel , um termo hebraico que significa Deus conosco (Is 7.14). Essa predição foi feita 700 anos antes do nascimento de Cristo. A palavra virgem é a tradução correta da palavra grega parthenos, empregada na Setuaginta, em Is 7.14. A palavra hebraica significando virgem (almah) , empregada por Isaías, designa uma virgem em idade de casamento, e nunca é usada no Antigo Testamento para qualquer outra condição da mulher, exceto a da virgindade (Gn

24.43; Is 7.14). Daí, Isaías, Mateus e Lucas afirmarem a virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É de toda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus como homem impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas exigências.

(a) A única maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma mulher.

(b) A única maneira de Ele ser um homem impecável era ser concebido pelo Espírito Santo (Hb 4.15).

(c) A única maneira de Ele ser deidade, era ter Deus como seu Pai.

A concepção de Jesus, portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí, o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc 1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa divina, com duas naturezas: divina e humana, mas impecável. Por ter vivido como ser humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb

4.15,16). Como o divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do poder de Satanás (At 26.18; Cl 2.15; Hb 2.14; 4.14,15; 7.25). Como ser divino e também homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos pecados de cada um, e também como sumo sacerdote, para interceder por todos os que por Ele aproximam-se de Deus (Hb 2.918; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12). Eis a suprema importância da intervenção angelical junto a José quando este intentava deixar secretamente Maria (Mt 1.18,19).

Protegeram-no na Sua infância

“E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. ...Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel”. Esses dois avisos da parte de Deus a José, por meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama e Ele é quem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e livrar seus fiéis das mãos dos que lhes querem fazer mal.

Acolheram depois da tentação no deserto

“E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegandose a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.2,3). “Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram” (Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depois teve fome, e a seguir foi tentado por Satanás a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não de água. Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez que Cristo teve que enfrentar a tentação, como representante do homem ele não poderia empregar nenhum outro meio para vencêla além do de um homem cheio do Espírito Santo (Êx 34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16). Por conseguinte, esperaria na providência do Pai, não precisaria transformar pedras em pães para alimentar-se. A sua justa obediência é recompensada pelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectos principais da tentação de Jesus girou em torno do tipo de Messias que Ele seria e como empregaria a sua unção da parte de Deus.

Jesus foi tentado a utilizar sua unção e posição para servir a seus próprios interesses, obter glória e poder sobre as nações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho do sofrimento, e ajustar-se à expectativa popular de um Messias sensacional. 5.1.5. Consolaram-no em sua luta espiritual no Getsêmani Em oração no Getsêmani Jesus diz: “...Meu pai, se possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39b). “E apareceulhe um anjo do céu, que o confortava” (Lc 22.43). Sua oração, no que diz respeito ao afastamento do cálice não foi atendida, contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante um anjo do céu, que o confortava. 5.1.6. Acompanharam toda sua vida ministerial Jesus falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse poder contar com mais de 12 legiões de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53). “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3.16).

Observaram-no na Sua ressurreição

A ressurreição de Jesus Cristo (Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) é uma das verdades essenciais do evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importância da ressurreição de Cristo para os que nEle crêem? Ela comprova que Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4). Garante a eficácia da sua morte redentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a verdade das Escrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízo futuro dos ímpios (At 17.30,31). É o fundamento pelo qual Cristo concede o Espírito Santo e a vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45), e a base do seu ministério celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.2328). Garante ao crente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e sua ressurreição ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3; 1Ts 4.14ss). Ela põe à disposição do crente, na sua vida diária, a presença de Cristo e o seu poder sobre o pecado (Gl 2.20; Ef 1.1820; Rm 5.10).

A ressurreição de Cristo está bem comprovada historicamente. Depois de ressurgir, Cristo permaneceu na terra por quarenta dias, aparecendo e falando com os apóstolos e muitos outros seus seguidores. Suas aparições depois da ressurreição são as seguintes: a Maria Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres que voltavam do sepulcro (Mt 28.9,10); a Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam a caminho de Emaús (Lc 24.13-32); a todos os discípulos, exceto Tomé e outros com eles (Lc 24.36-43); a todos os discípulos num domingo à noite, uma semana depois (Jo

20.26-31); a sete discípulos junto ao mar da Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na Galiléia 1Co

15.6); a Tiago (1Co 15.7); aos discípulos que receberam a Grande Comissão (Mt 28.16-20); aos apóstolos, no momento da sua ascensão (At 1.3-11); e ao apóstolo Paulo (1Co 15.8).

E nesta ocasião tão solene, de elevada significância, anjos do Senhor se fazem presentes, testemunhando, confortando e dando orientações às visitantes do túmulo vazio: “E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste branca como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito” (Mt 28.2-7).

Na sua ascensão acompanharam

“E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém” (Lc 24.5052). “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.9,10,11).

Eles o acompanharão na Sua segunda vinda

“E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.7). Observamos que embora Deus vá retribuir aos ímpios (2Ts 1.6) no começo da grande tribulação (Ap 6), a retribuição completa (2Ts.6-9) ocorrerá somente no fim da presente era, quando o “Senhor Jesus se manifestar desde o céu, com os anjos do seu poder”, para julgar os ímpios (2Ts 710; Ap 19.11-21). Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc 9.26.

Prestam socorro sob o comando divino

Obedecendo a Deus um anjo acudiu Elias quando fugia da fúria de Jezabel. “E deitouse e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levantate e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitarse. E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias de quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1Rs 19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modo compassivo e amorável (Hb 4.14,15). Permitiu que Elias dormisse; fortaleceu-o com alimentos; propiciou-lhe uma revelação inspiradora do seu poder e presença; concedeu-lhe nova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel e fraterno. Noutras palavras, quando o filho de Deus enfrenta o desânimo, no desempenho que Deus lhe confiou, ele pode suplicar a Deus, em nome de Cristo, que lhe dê força, graça e coragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6; 7.25).

Por divina revelação Eliseu, certa manhã, viu-se cercado de anjos invisíveis aos olhos de seu criado e visíveis aos seus. “Então, enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.1417). Existe um mundo espiritual invisível, que consiste nas hostes de anjos ministradores, que estão ativos na vida do povo de Deus (Gn 32.1,2; Sl 91.11; 34.7; Is 63.9). Desse ocorrido podemos assimilar vários princípios: Não somente Deus está a favor do seu povo (Rm 8.31), como também exércitos dos seus anjos estão disponíveis, prontos para defender o crente e o reino de Deus (Sl 34.7). Por conseguinte todos os que crêem na Bíblia devem orar continuamente para Deus livrá-los da cegueira espiritual e abrir os olhos dos seus corações para verem mais claramente a realidade espiritual do reino de Deus (Lc 24.31; Ef 1.18-21) e suas hostes celestiais (Hb 1.14). Os espíritos ministradores de Deus não estão distantes, mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2), observando os atos e a fé dos filhos de Deus e agindo em favor deles (At 7.55-60; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm 5.21). Sabemos que a verdadeira batalha no reino de Deus não é contra a carne e o sangue. É uma batalha espiritual “contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef 6.11). Concluímos que há um relacionamento de causa e efeito nas batalhas espirituais; o resultado das batalhas espirituais é determinado parcialmente pela fé e oração dos santos (Ef 6.18,19; Mt 9.38).

Atuam em situações adversas

Durante o cativeiro babilônico, um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões. “O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum” (Dn 6.22). A cova dos leões era subterrânea, tendo uma abertura na parte superior. Uma pedra grande cobria a abertura, e o selo do rei significava que a cova não podia ser aberta sem a sua autorização. Daniel, por ser íntegro e ter um “espírito excelente”, era admirado pelo rei, que também honrava o seu Deus. Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu decreto, manifestou a esperança de que Deus livraria Daniel. Possivelmente ele ouvira falar do livramento que Deus concedera aos três amigos de Daniel, no caso da fornalha de fogo ardente (Dn 3.6,23-29). O rei procurou encorajar Daniel a crer no seu Deus, mas sua atitude na manhã seguinte não demonstrava confiança de que Daniel estivesse vivo. Mas o anjo de Deus fechou a boca dos leões diante do profeta fiel, e este estava são e salvo. Este livramento levou Dario a dar testemunho do poder do Deus que é maior do que o poder dos leões. Note-se também que o significado do nome de Daniel, “Deus é meu juiz”, cumpriu-se na própria experiência do profeta. Ele foi vindicado pelo Senhor, e considerado justo por sua decisão de não se contaminar, para manter a pureza da lei de Deus e por sua fidelidade na oração.

Auxiliam os filhos de Deus na produção de textos

Um anjo ajudou a Zacarias na redação de seu livro (Zc 1.9; 2.3 e 4.5). Durante todo o período da Antiga Aliança os anjos estiveram presentes na vida de muitos personagens da Bíblia. Podemos fazer outras citações, tais como; 1Rs 13.18; Jó 4.15,16; SI 34.7; Zc 3.3 etc. Ora, estas aparições ou intervenções angélicas na vida destas pessoas, são apenas manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjos estiveram presentes, porém invisíveis aos olhos humanos.

Estão presentes não dificuldades dos que prestam serviço a Deus

A Igreja Primitiva teve seu princípio de formação auxiliada e protegida por estes seres celestiais. Vejamos: dois anjos foram testemunhas da ascensão de Cristo (At 1.10,11); um anjo abriu as portas da prisão e soltou os apóstolos Pedro e João (At 5.19); um anjo encaminhou Filipe, o Evangelista, ao eunuco etíope (At 8.28); um anjo soltou Pedro da prisão (At 12.7-9); um anjo orientou o Centurião Cornélio, a chamar a Pedro (At 10.3); um anjo feriu Herodes e ele morreu comido de bichos (At 12.23); um anjo esteve com Paulo indo à Roma (At 27.23).

No final da presente era atuarão grandemente

Os anjos no livro do Apocalipse são proeminentes. Por exemplo, um anjo dirigiu a redação do livro para João (Ap 11.1; 22.6,16). Cerca de 71 vezes, os anjos são nele mencionados com missão especial. Não é imaginação, mas realidade, que os anjos são nossos conservos de mil maneiras. Nenhuma verdade está mais estabelecida pelas Escrituras do que a declaração de Hb 1.14, que diz “serem estes seres enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. Deus mandará um anjo para completar a pregação do “Evangelho do Reino”. Na passagem de Apocalipse 14.6, está pintado literalmente a missão deste mensageiro. “... e vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, para proclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda a nação, tribo, e língua, e povo”. Duas pregações deste Evangelho são mencionadas nas Escrituras, uma passada, começando com o ministério de João Batista e terminando com a rejeição do seu Rei pelos judeus. A outra ainda é futura (Mt 24.14), durante a Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda em Glória de Cristo. Isso será feito pelo anjo do presente texto. Este Evangelho será pregado logo no fim da Grande Tribulação e imediatamente como já dissemosacima, antes do julgamento das nações viventes (Mt 25.31-46). Estas

“Boas-Novas” são universais e abrangem “toda a criatura”.

6 – QUEDA E TRJETÓRIA DE SATANÁS

Introdução

Em tempos remotos, houve rebelião entre os seres espirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt 25.41; 2Pe 2.4). O mais elevado dos anjos “querubim ungido”, encabeçou essa rebelião. Por certo há muitas ordens de seres angelicais, algumas dotadas de grande poder, e outras de poder inferior aos homens, algumas elementares, talvez similares aos animais irracionais, e outras com inteligência ainda inferior aos irracionais.

O Fato de sua Queda

Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição. Quando nos referimos ao relato da criação em Gn 1, lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom. No último versículo desse capítulo, lemos “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados. Não poucos teólogos acham que Ez 28.15 se refere a Satanás. Assim sendo, então ele é definitivamente mostrado como tendo sido criado perfeito. Todavia, diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus (Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11; 12.7-9), isto se deve ao fato de terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2Pe 2.4). Não há dúvida que Lúcifer tenha sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se refere a ele como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva, e lamenta a sua queda. Ez 28.15-17 semelhantemente descreve sua queda. Não pode haver dúvidas, portanto, de que houve realmente uma queda para alguns dos anjos.

A Época da sua Queda

A Escritura silencia quanto a este ponto; mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da do homem, já que Satanás entrou no Jardim sob a forma de serpente e induziu Eva a pecar.

A Causa de sua Queda

Este é dos profundos mistérios da teologia. Mostramos acima que os anjos foram criados perfeitos. Isto significa que toda a afeição de seus corações era dirigida por Deus. A questão é: como pôde tal ser cair? Como pôde a primeira afeição menos santa brotar em tal coração, e como pôde a vontade receber o primeiro impulso para se afastar de Deus? Diversas soluções para o problema têm sido propostas. Vamos ver algumas delas:

A primeira é a de que tudo que existe se deve a Deus. Os que crêem nesta doutrina afirmam que, portanto, Ele deve ser o autor do pecado também. Replicamos que se Deus for o autor do pecado e aí condenar a criatura por cometer pecado, então não temos um universo moral.

A segunda é a crença de que o mal resulta da natureza do mundo. É assim que crêem todos os sistemas pessimistas, do budismo até os nossos tempos. Arthur Schopenhauer, filósofo alemão (1788-1860) afirmava que a existência do mundo era o maior de todos os males e a fonte de todos os outros males. Eduard Von Hartmann, filósofo alemão (18421905) chamou a criação de crime imperdoável. Mas as Escrituras declaram repetidamente que tudo que Deus fez é bom; e positivamente rejeitam a idéia de que a natureza é inerentemente má (Cl 2.20-22).

A terceira é a idéia de Georg W. Friedrich Hegel, filósofo alemão (1770-1831), bem como da maioria dos evolucionistas, a saber: que o mal resulta da natureza da criatura. Eles afirmam que o pecado é um estágio necessário no desenvolvimento do espírito. É simplesmente um progresso de baixíssimas origens da existência, através do desenvolvimento evolucionário até os mais altos pontos.

As Escrituras desconhecem um tal desenvolvimento evolucionário e vê o universo e as criaturas como originalmente perfeitas. É bom lembrar que a criatura tinha originalmente o que os teólogos latinos chamavam de “posse pecare et posse non pecare”, isto é, a capacidade de pecar e a capacidade de não pecar. Ela foi colocada na posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas sem ser constrangida a fazer uma ou outra coisa. Em outras palavras, sua vontade era autônoma.

A quarta idéia, apoiada em bases bíblicas, é de que a queda do “querubim ungido” resultou de sua própria escolha. Deus estabeleceu a sua soberana vontade para ser obedecida e apreciada por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não seria obedecida por força, mas livremente. É por esse princípio bíblico que podemos entender a causa da queda. A Escritura de Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei Nabucodonosor, um rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O que precedeu a queda do “querubim” foi a sua ilusão e engano acerca do seu próprio poder nas hostes angelicais. Imaginandose superior a todos os demais anjos criados, pretendeu tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativas descritas em Isaías 14.13,14 revelam as pretensões do “querubim”.

A primeira afirmativa foi “eu subirei ao céu”. Uma tentativa de estar acima de toda a criação e do próprio Deus. As expressões “eu subirei ao céu” , e “estavas no Éden, jardim de Deus” devem ser analisadas a luz de “como caíste do céu”, a fim de que o Éden, aqui em apreço, não seja confundido com o Éden terrestre. Naqueles primórdios o jardim do Éden fora preparado com tanto magnificência para o “querubim”, “o perfeito em formosura” que descarta a idéia de um Éden mineral. O Éden magnífico e riquíssimo do “querubim” existiu antes do Éden de Adão e Eva e com certeza, em outra dimensão e glória, tratava-se de um Éden metafísico, espiritual. A pomposa descrição de Ezequiel, embora nos mostre haver sido o Éden um reino mineral das pedras preciosas, isto se dar apenas a título de conotação, ao passo que, segundo Gn 2.5-15, o Éden de Adão era de natureza vegetal e mineral. Aquele era espiritual, criado para um ser espiritual, e este material, físico, pois seria o habitat de nossos pais, não confundamos, portanto, os Edens.

A segunda Afirmativa, “acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”. Quando se refere às estrelas de Deus, ele estava falando dos demais anjos criados.

A terceira Afirmativa, “no monte da congregação me assentarei”. O monte da congregação refere-se ao lugar do trono de Deus onde ele queria assentar-se.

A quarta Afirmativa, “subirei acima das mais altas nuvens”. Mais uma vez, ele revela sua intenção presunçosa de superioridade.

A quinta Afirmativa “serei semelhante ao Altíssimo”. Aqui estava a mais grave das pretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em posição unilateral em relação ao Criador.

Devemos, portanto, concluir que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta auto determinada contra Deus. Foi sua escolha, de si próprio e seus interesses em lugar de escolherem a Deus e Seus interesses. Se indagarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião, parecemos obter diversas respostas das Escrituras. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveis causas. O rei de Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e diz-se que ele caiu devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambição desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem outra causa. O rei da Babilônia é acusado de ter essa ambição, e ele também simboliza Satanás (Is 14.13,14). A queda de Lúcifer foi inevitável e conseqüente. Sua avidez irrefreada de querer ser igual a Deus, aguçou o interesse de grande número de anjos que resolveu acompanhálo. Por esse ato pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais e condenado a execração eterna. Mas ele continua como o instigador do pecado no mundo (Rm 7.14).

O Resultado de sua Queda

As Escrituras registram diversos resultados decorrentes sua queda, entre eles alistamos que:

a) Todos eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap 12.9);

b) alguns deles foram lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o dia do julgamento (2Pe 2.4);

c) outros permaneceram em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21; Jd 9);

d) eles serão, em um dia futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1Co 6.3), no lago de fogo (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).

Os Anjos Maus

Eles estão divididos em duas classes distintas: os livres e os prisioneiros.

Aqueles que estão livres andam pelas regiões celestiais sob o governo de seu príncipe e líder, Satanás, que é o único que recebe menção específica na Bíblia (Mt 12.24; Mt 25.41). Esses espíritos malignos em liberdade, sob o comando de Satanás, de quem são emissários e súditos (Mt 12.26), são tão numerosos que estão em todo o lugar.

Os anjos caídos que estão presos são aqueles que abandonaram sua própria habitação, e tornaram-se tão depravados ou maus, que Deus os encerrou no abismo (tártaro, Jd v.6; Ap 9.1,2,11).

Os Anjos que são Mantidos Aprisionados.

Tanto o apóstolo Pedro como Judas irmão de Tiago (2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao se referirem aos mesmos anjos. Pedro diz que eles pecaram e que Deus os precipitou no Tártaro, entregando-os ao abismo de trevas e reservando-os para juízo. Judas apresenta seu pecado como sendo o de haverem abandonado seu próprio principado e domicílio. Pode ser que Judas estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 da Septuaginta. Lá afirma que Deus dividiu as nações “de acordo com o número dos anjos de Deus”. Assume-se que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma das nações. O fato de que várias nações estão assim sob um ou outro desses príncipes “angélicos” é evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1; 12.1). Deixar seu próprio principado poderia assim significar infidelidade no cumprimento de seus deveres; mais provavelmente significa que eles tentaram obter um principado mais cobiçado. Como castigo do seu pecado, Deus os precipitou no Tártaro. É só aqui que esta palavra aparece no Novo Testamento. Para Homero poeta grego, autor dos épicos Ilíada e Odisséia (séc. IX

a.C.), o Tártaro é um lugar sombrio abaixo do Hades. Se os homens maus descem ao Hades, não parece improvável que Tártaro, o lugar onde os anjos maus estão confinados seja ainda mais abaixo. Seu castigo consiste de estarem confinados em abismos de trevas e estarem presos por algemas eternas, reservados para o juízo do grande dia. As algemas são “eternas” (gr. aidiois), no sentido de que nunca se desgastam. Serão usadas, entretanto, apenas até o dia do juízo, ocasião em que serão lançados no lago do fogo.

Os Anjos Maus que estão em Liberdade.

Estes são normalmente mencionados em conexão com Satanás, seu líder (Mt 25.41; Ap 12.7-9). Mas, Sl 78.49; Rm 8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles separadamente. Estão, é claro, incluído em “todo principado e potestade, e poder, e domínio” (Ef 1.21), e são mencionados especificamente em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupação é a de apoiar seu líder Satanás na luta dele contra os anjos bons e o povo e a causa de Deus.

Satanás

Satanás (gr. Satã, que significa adversário), foi antes um elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado como ministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo, antes de o mundo existir, rebelou-se e tornou-se o principal adversário de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). Satanás na sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo a vontade permissiva de Deus.

Satanás, também chamado “a serpente”, provocou a queda da raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a serpente levantou-se contra Deus através da sua criação. Declarou que aquilo que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, ela foi a causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raça humana que ele fizera à sua imagem. A serpente é posteriormente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9; 20.2). Certamente Satanás controlou a serpente e usou-a como instrumento para efetuar a tentação (2Co 11.3,14).

Todo o Mundo está no Maligno.

Nunca compreenderemos adequadamente o Novo Testamento a não ser que reconheçamos o fato subjacente nele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno, e o seu poder controla o presente século mau (Lc 13.16; 2Co 4.4; Gl

1.4; Ef 6.12).

As Escrituras não ensinam que Deus hoje controla diretamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade etc. Deus não deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo o sofrimento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorre procede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica que atualmente o mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por causa dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com Deus (2Co 5.18,19). Nunca devemos afirmar que “Deus está no controle de tudo”, a fim de esquivar-nos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado, a iniqüidade ou a mornidão espiritual.

Há, no entanto, um sentido em que Deus está no controle do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas as coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e controle ou, às vezes, através da sua ação direta, de conformidade com o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era da história, Deus tem limitado seu supremo poder e domínio sobre o mundo. Esta limitação é apenas temporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá toda a iniqüidade e o próprio Satanás (Ap 19.20).

Somente então é que “os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).

O império do mal sobre o qual Satanás reina é altamente organizado e exerce autoridade sobre regiões do mundo inferior, os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos (Jo 12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2Co 4.4). Satanás não é onipresente, onipotente, nem onisciente; por isso a maior parte da sua atividade é delegada a seus inumeráveis demônios (Ap 16.13,14).

Jesus veio à terra a fim de destruir as obras de Satanás (1Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de livrar o homem do domínio de Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19; 13.16; At 26.18). Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás e ganhou a vitória final de Deus sobre ele (Hb 2.14).

No fim da presente era, Satanás será confinado ao abismo durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso será solto, após o que fará uma derradeira tentativa de derrotar Deus, seguindo-se sua ruína final, que será o seu lançamento no lago do fogo (Ap 20.7-10).

Satanás atualmente guerreia contra Deus e seu povo (Ef 6.11-18), procurando desviar os fiéis da sua lealdade a Cristo (2Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o sistema do mundo (1Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livramento do poder de Satanás, para manter-se alerta contra seus ardis e tentações (Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual, permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).

A Personalidade de Satanás

O substantivo personalidade vem do grego idiótens etos, que significa propriedade particular, caráter próprio. Pessoa na língua grega é um substantivo feminino referente a um homem ou uma mulher - antropos, substantivo masculino -, e no termo gramático e teológico prósopon, que significa face, figura, gesto, olhar, aspecto, máscara, papel, personagem. Personalidade significa forma de vida caracterizada por uma existência alto consciente que possui intelecto, emoções e vontade. É, portanto, o caráter essencial e exclusivo de uma pessoa; aquilo que a distingue de outra. Na psicologia é a individualidade consciente.

O exposto supra justifica-se pelo fato de que atualmente existe uma forte tendência, entre os professores modernistas, em eliminar a personalidade de Satanás. Falam a respeito do que era antigamente chamado de “diabo” como sendo simplesmente o “mal”. As Escrituras exprimem com freqüência relativamente a personalidade de Satanás. Assim sendo, pronomes pessoais são usados para se referir a ele (Jó 1.8,12; 2.2,3,6; Zc 3.2; Mt 4.10; Jo 8.44); atributos pessoais lhe são consignados (Is 14.13,14 – vontade, Jó 1.9,10 – conhecimento); e atos pessoais são desempenhados por ele (Jó 1.9-11; Mt 4.1-11; Ap 12.7-10).

Conseqüentemente, é bom que saibamos que Satanás não é um símbolo mitológico do mal. É um ser vivo, real, inteligente. Não podemos esquecer que seu nome verdadeiro é Lúcifer (heb. hekb), portador de luz. Ele foi dotado de livre arbítrio, perfeito quanto as suas ações. Toda a sua personalidade e caráter eram perfeitos como a luz é perfeita na sua própria essência; ele não é a luz, Deus é luz, mas na permissão divina ele refletia, ele estava sempre participando da glória e da luz divina.

O Estado Original de Satanás

No livro do profeta Ezequiel 28.1-2 um governador é apresentado como o príncipe de Tiro. Ele é descrito como um homem que se tornou tão frívolo quanto as suas riquezas e inteligência, a ponto de reivindicar ser igual a Deus. “Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta lamentações contra o rei de

Tiro, e diz-lhe:

Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus, de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda, ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti” (Ez 28.11-15).

No texto supra encontramos Deus lamentando por essa pessoa; ele – sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura, querubim da guarda, ungido etc. Era, por conseguinte, o mais perfeito, o mais belo, e mais sábio de toda a criação de Deus!

Estaremos em condições de entender quão perfeito é o perfeito? Ele é chamado de

“querubim da guarda, ungido”. Querubim é um ser angélico de elevada categoria associado com a presença santa de Deus e sua glória. Ele é chamado “o ungido”, o que indica favor supremo de Deus. “Ungido” é a mesma palavra que se usa falando do Messias, rei ungido de Deus. Esta pessoa era o governador e líder dos seres angélicos e evidentemente os guiava em seu louvor a Deus e júbilo. A palavra hebraica traduzida “da guarda” em Ezequiel 28.14 e 16 significa literalmente “quem conduz”. Observamos, ainda que lhe foram dadas todas as jóias fabulosas, indicando também sua categoria exaltada. Ele estivera no “Éden, jardim de Deus” e “no monte santo de Deus”. Ele andava “no brilho das pedras”, o que é um símbolo amiúde usado para indicar a presença santa de Deus. Tal descrição não poderia aplicar-se a um mero ser humano.

Entretanto, foi perfeito até “que se achou iniqüidade nele”. Esta falta de eqüidade marcou a queda de Lúcifer e a origem de Satanás (Is 14.12-14).

É importante observar que Deus Se dirige a Satanás mediante a pessoa do príncipe de Tiro (Ez 28). Satanás é a fonte invisível da arrogância e autodeificação deste príncipe. Scofield (Bíblia de Estudo), descreve outros casos de tratamento indireto com Satanás mediante um homem ou outra criatura: quando Deus Se dirigiu à serpente no jardim, em Gênesis 3.14; quando Jesus falou a Satanás através de Pedro, em Mateus 16.23. “A visão não é de Satanás em sua própria pessoa, mas de Satanás em seu desempenho num rei terreno e através desse rei que se arroga honras divinas”.

A relação figurada com o Rei de Tiro (Ez 28.1-10)

No devido contexto, a profecia de Ezequiel contra o rei de Tiro contém uma referência velada a Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo (2Co 4.4; 1Jo 5.19). O rei é descrito como um visitante que estava no jardim do Éden (Ez 28.13), que fora um anjo, querubim ungido (Ez 28.14), e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que nela se achou iniqüidade (Ez 28.15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (Ez 28.17), foi precipitado do monte de Deus (Ez 28.16,17; Is 14.13-15).

Nos primeiros dez versículos, o rei de Tiro é apresentado literalmente como alguém conhecido na história como Thobal (ou Ithobaal II) que reinou em 586 a.C. Naquele período, Thobal, como rei de Tiro, uma cidade-reino, encheu-se de orgulho e presunção, imaginando-se um deus. No versículo 2, o profeta fala do “príncipe de Tiro” e no versículo

12 fala do “rei de Tiro”. Na primeira parte quando fala do “príncipe”, apresenta-o como um homem vaidoso e presunçoso, que se imaginava um deus. Porém, o texto quando fala do mesmo personagem no versículo 12, passa a ter um sentido mais espiritual, e desse modo, entende-se que se trata, comparativamente, de outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do príncipe literal. Thobal, o príncipe, imaginava a sua cidade como inexpugnável por estar construída sobre uma rocha.

O pecado maior do rei de Tiro era o orgulho, que o levou a exaltar-se qual divindade. Por isso, ele sofreria o julgamento divino e desceria à cova como todos os mortais (Ez 28.8). Muitos hoje, especialmente os que foram enganados pelos ensinos da Nova Era, crêem que realmente são deuses, ou que estão se tornando deuses. Esses enganadores e suas vítimas, caso não se convertam a Deus, receberão a mesma condenação do rei de Tiro.

Algumas características originais antes da queda

O texto (Ez 28.12-16) indica que Lúcifer era possuidor de elevada distinção e detentor de honrosos títulos e posições, conforme destacaremos a seguir:

a) “o aferidor da medida” (v. 12). A palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original hebraico, porque significa que ele era a imagem, perfeita da criação divina e uma imagem refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio de ser a mais bela e inteligente criatura de Deus (v. 12). Nele se encontrava a medida perfeita da criação daquilo que Deus queria.

b) “estavas no Éden, jardim de Deus” (v.13). A menção sobre pedras preciosas existentes no Jardim do Éden tem um sentido figurado para ilustrar os privilégios dessa criatura chamada Lúcifer, personificada no texto como “o rei de Tiro”. O ornamento de pedras preciosas desse personagem indica a grandeza e a beleza de sua aparência. Era um tipo da glória tipificada e representada por Lúcifer antes da queda.

c) “no dia em que foste criado” (v. 13). É importante essa expressão porque declara que Lúcifer é um ser criado por Deus. Como criatura de Deus não lhe dava o direito de imaginar-se tão superior a ponto de querer ser igual a Deus.

d) “querubim ungido para proteger” (v. 14). Na descrição profética de Ezequiel, Lúcifer pertencia a mais alta classe de seres angélicos. Sua relação com Deus manifestava-se em sua função específica de proteger o trono de Deus. Esse ministério de proteção dos querubins tem a ver com a incumbência de preservar toda a criação divina (Gn 3.24; Êx 25.17-20; Sl 80.1).

e) “perfeito eras nos teus caminhos” (v. 15). A frase tem na conjugação verbal do verbo ser no passado “eras”, a história antiga de Lúcifer, como alguém que escondia em seu interior a iniqüidade da vaidade e do orgulho. 6.6.6. Nomes que designam Satanás

Satanás é um ser inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíblia inteira o apresenta resistindo a Deus e perturbando a paz das nações com guerra, destruição e misérias. As Escrituras se referem a este ser poderoso através de substantivos próprios e pronomes pessoais diferentes, como:

a) Satanás (1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap 20.2 etc.). Esse título lhe foi dado após a sua queda da presença de Deus, e significa “adversário” (Zc 3.1; 1Pe 5.8). Foi a partir do momento em que Lúcifer encheu-se de iniqüidade e permitiu que a presunção o dominasse que aconteceu a grande tragédia universal. Ele imaginou- se poderoso o suficiente para competir ou mesmo superar o trono de Deus.

Lúcifer, então, se fez adversário e oponente constante e implacável contra o Criador. Tornou-se, por isso, um arquiinimigo de toda a criação viva de Deus.

b) Diabo (Mt 13.39; Jo 13.2 etc.). Este termo aparece apenas no Novo

Testamento. É uma transcrição do vocábulo grego diabolos que significa

“caluniador, acusador” (Ap 12.10). Essa característica ele demonstrou como uma das suas tarefas mais terríveis e maléficas. Existe uma história onde o diabo calunia e acusa um servo de Deus chamado Jó. Embora esse homem fosse íntegro, o diabo apareceu diante do Senhor para acusá-lo (Jô 1.9-11). Portanto, a Bíblia identifica o diabo como caluniador e acusador dos servos de Deus. Como diabo, ele é o acusador dos irmãos (Ap 12.10). Ele fala mal de Deus para o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap

12.10. Como pai da mentira, ele tenta acusar os servos do Senhor, como se Deus não pudesse perceber as suas mentiras (Jo 8.44). Mas a Bíblia declara que “temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).

c) Dragão (Is 51.9; Ap 12.3,7 etc.). A palavra “dragão” (tannin) parece significar literalmente “serpente” ou “monstro marinho”. O dragão é considerado como a personalidade de Satanás, como o é de Faraó em Ez 29.3; 32.2. O dragão é um animal marinho e pode apropriadamente representar a atividade de Satanás nos mares do mundo.

d) A Antiga serpente (Gn 3.1; Is 27.1 etc.). Este termo indica sua desonestidade (Jó

26.13) e falsidade (2Co 11.3).

e) Belzebu (Mt 10.25; 12.24,27), ou mais corretamente, Beelzebul, de acordo com a palavra grega. Não se conhece o significado exato do termo. Em sírio, significa “senhor do esterco”. É também sugerido que o termo significa “senhor da casa”. Esse título tinha uma relação com um deus pagão de

Ecrom, por nome Baal-Zebub ou Baal-Zebul. No texto grego do Novo Testamento, esse nome aparece como Belzebu, cuja atribuição dada pelos judeus do tempo de Cristo era o de “príncipe dos demônios” (Mt 10.25; Mc 3.22). Como os judeus usavam esse nome com um tom de escárnio, porque o mesmo referia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nem qualquer pudor, identificou Belzebu como Satanás (Lc 11.18,19; Mc 3.24- 27).

f) Belial ou Beliar (2Co 6.15). Este termo é usado no Velho Testamento no sentido de “indignidade” (2Sm 23.6). Assim, lemos a respeito dos “filhos de Belial” (Jz 20.13), os “homens de Belial” (1Sm 30.22), e dos “homens depravados”.

g) Lúcifer. Esse nome não aparece literalmente em nossas versões bíblicas, é a forma latina traduzido por Jerônimo na Vulgata. Na linguagem metafórica de Isaías 14.12, o nome Lúcifer aparece vinculado a expressão “filho da alva”. Os babilônicos criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angélicos, por isso, “um filho da alva” representava a primeira luz da manhã, e Lúcifer, em seu primeiro estado possuía esta característica. Este termo significa a estrela da manhã, um nome dado ao planeta Vênus. Significa literalmente o que traz a luz, e é um nome usado para Satanás na passagem de Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostrado como um anjo de luz.

h) Maligno (Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.). Esta é uma descrição de seu caráter e sua obra.

j) Tentador (Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc 1.13; Jo 13.2 etc.). Este nome indica seu constante propósito e esforço para levar os homens ao pecado.

k) deus deste século (2Co 4.4). Como tal, ele tem seus “ministros” (2Co 11.15), “doutrinas” (1Tm 4.1), “sacrifícios” (1Co 10.20), “sinagogas” (Ap 2.9). Ele patrocina a religião do homem natural e é, sem dúvida alguma, responsável por todos os falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em dia.

l) Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2; 6.12). Como tal, ele é o líder dos anjos maus (Mt 25.41; Ap 12.7) e o príncipe dos demônios (Mt 12.24; Ap 16.13,14). Ele comanda uma vasta hoste de servos que executam suas ordens, e governa com poder despótico.

m) Príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30). Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste mundo. Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste planeta feita por Satanás em Mt 4.8,9. Mas Deus é claro, estabeleceu limites definidos para ele, e quando chegar a hora, ele será subjugado pelo governo dAquele que tem o direito de governar, Jesus, nosso santo Senhor.

n) O Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2). O Acusador dos filhos de Deus (Ap 12.10). O Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co 11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da mentira (Jo 8.44).

6.6.7. A atuação de Satanás

7 – Quem são os Demônios

O termo “demônio” aparece somente três vezes no Velho Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37; Lv 17.7). No Novo Testamento, a palavra “demônio” (gr. daimon ou daimonion) assumiu o sentido de malignidade, pois eles são seres espirituais, inteligentes, impuros e com poder para afligir e contaminar os homens moral e espiritualmente. O termo daimon ocorre em Mt 8.31; e daimoniodes apenas em Tg 3.15. Mas o substantivo daimonion aparece 63 vezes, e o verbo daimonizomai, 13 vezes. No grego clássico, os termos daimonion e daimon se referem a deuses inferiores, tanto bons como maus.

No texto de Dt 32.17, o cântico de Moisés destaca que os israelitas caíram em idolatria:

“sacrifícios ofereceram aos demônios (shedhim)”. Entende-se então que o termo shedhim se identifica não só com as imagens de idolatria, mas também relaciona o termo com seres espirituais por detrás dos que adoram as imagens. O termo seirim, etimologicamente significa “o peludo” ou “bode peludo”. O povo de Israel repudiava esses animais porque eram considerados objetos de adoração (Lv 17.1-

7).

Alguns teólogos entendem que os demônios e espíritos maus são diferentes dos anjos caídos. Outros admitem que tanto anjos caídos, espíritos malignos e demônios são apenas nomes diferentes para os mesmos seres. Antes de apresentarmos o nosso ponto de vista exibiremos algumas teorias enganosas.

Teorias falsas sobre os demônios

Essas teorias apresentam idéias divergentes sobre a origem dos anjos caídos. Teóricos utilizam textos bíblicos isolados para defenderem suas posições.

Os demônios são espíritos sem corpos de habitantes de uma raça pré-adâmica

Acreditam os defensores dessa teoria que havia na terra uma raça pré-adâmica que se constituía de criaturas físicas, as quais, pela rebelião de Lúcifer, sofreram a perda de seus corpos materiais, tornando-se espíritos sem corpos, denominados “demônios”. Esta idéia vai de encontro ao fato de que em parte alguma das Escrituras é tal raça mencionada.

Mas como a queda de Satanás, de seus anjos e dos demônios deve ter acontecido entre Gn 1 e 2, não é improvável que, além dos anjos, houvesse uma raça de seres espirituais que habitava na terra, sobre quem Satanás dominava, e que também caiu quando ele caiu. Como castigo para ele, Deus permitiu-lhes estar aí em um estado de desincorporação até que sejam confinados ao Geena, quando do julgamento final de Satanás e suas hostes. Diversos escritores modernos que escrevem sobre profecias aceitam este ponto de vista. Esta idéia parece explicar melhor o fato dos demônios buscarem possuir seres humanos. A destruição a que se refere 2Pe 3.5,6 poderia se referir a um julgamento sobre uma tal raça préadâmica, através da qual a criação perfeita de Deus foi transformada no caos de Gn 1.2.

Satanás é um anjo, e é chamado príncipe dos demônios (Mt 12.24), indicando que os demônios são anjos e não uma raça pré-adâmica. Além disso, Satanás tem uma hierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é razoável supor que estes sejam demônios. Alguns demônios já estão presos (2Pe 2.4; Jd 6) e alguns estão à solta, cumprindo ordens de Satanás. Alguns pensam que a razão para tal aprisionamento é a participação daqueles demônios no pecado de Gn 6.1-4.

Na verdade, essa teoria não consegue se definir, porque biblicamente, nunca existiu raça alguma pré-adâmica que tivesse habitado neste planeta. Por essa razão, a idéia de uma raça pré-adâmica é pura conjectura, sem nenhum apoio bíblico. Não há nenhuma raça criada anterior à raça humana de Adão e Eva (Gn 1.26,27). A única criação de seres vivos e inteligentes existente antes da criação da raça humana eram os anjos, e estes nunca habitaram na terra como raça criada.

Os demônios são seres gerados da relação de anjos com mulheres antediluvianas

(Gn 6.1-4)

Não são poucos os teólogos que apóiam as doutrinas das “testemunhas de Jeová”, ao defenderem ser “os filhos de Deus” (Gn 6.2) anjos caídos que não guardaram o seu estado original. Essa teoria defende uma intromissão angélica na esfera humana e como resultado uma raça de gigantes perversos.

Os defensores dessa teoria interpretam que “as filhas dos homens” eram realmente da descendência de Adão e Eva e que “os filhos de Deus” eram anjos que entraram em conúbio com estas mulheres e produziram uma progênie espantosa de filhos gigantes. Os que admitem essa teoria partem da idéia de que “os anjos” são chamados “filhos de Deus” em algumas partes das Escrituras, mui especialmente no Antigo Testamento. É fato que em algumas Escrituras encontramos a expressão “filhos de Deus” para referir-se aos “anjos”, mas não podemos omitir outro fato de que a mesma expressão “filhos de Deus” também se encontra em outras escrituras referindo-se a “homens”. Isto só é possível perceber à luz do contexto de cada escritura. Forçar uma interpretação contrariando o contexto, tanto o imediato como o remoto, significa ferir a revelação divina de cada escritura. O argumento aceitável, racional e bíblico, é que esses “filhos de Deus” eram oriundos da linhagem piedosa de Sete e as “filhas dos homens” eram da linhagem pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e canônico é que os anjos são seres assexuados. Eles não possuem descendência, nem ascendência ou família. Foram apenas criados e, tantos quantos foram criados no princípio da criação, são tantos quantos existem.

Os Demônios são simples nomes dados a certas enfermidades

Com o aparecimento das idéias dos atuais grupos da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade nos meios pentecostais, essa teoria tem se espalhado como se fosse planta daninha entre o povo de Deus. Crêem e ensinam que as doenças, de um modo geral, são “espíritos maus” ou “demônios” que precisam ser expelidos. Essa teoria atribui certas desordens naturais a atividade dos maus espíritos. Ao nomear as doenças como espíritos maus ou demônios, mesmo aquelas doenças de causas naturais, estão tratando os espíritos ou demônios como se eles não tivessem existência real. Devemos ter cuidado em separar as causas dos seus efeitos. Nem todas as enfermidades são causadas por demônios, e nem todas podem ser atribuídas aos demônios. Há doenças de causas naturais como conseqüência da herança pecaminosa que todo ser humano herda, e há doenças causadas por demônios. Não podemos tratar as doenças como demônios, pois dessa forma todo crente quando fica enfermo estaria endemoninhado, o que é um absurdo. Não podemos, também, tratar os demônios como se não tivessem existência real. Os demônios não são coisas, nem meras idéias, nem doenças. Eles são seres pessoais e espirituais que podem causar grandes danos às pessoas. Lucas conta que uma certa mulher esteve presa por um espírito de enfermidade por 18 anos e Jesus a libertou daquele jugo. O texto bíblico diz literalmente que aquela mulher estava possessa de um “espírito de enfermidade” (Lc 13.11), isto é, entende-se que um espírito maligno

aprisionava aquela mulher com uma enfermidade, mas esta não era um espírito ou demônio. Aquele espírito provocou naquela mulher a enfermidade que a fizera sofrer por longo tempo.

Os demônios são os espíritos de homens malvados que já estão mortos

Outra tremenda aberração! Não há nenhum apoio bíblico para esta idéia. Essa teoria foi se desenvolvendo através dos séculos e, em pleno final do século 20, torna-se generalizada. Porém, a Bíblia refuta veementemente esse falso conceito. Os demônios são apenas “anjos caídos” e são eles que promovem todo o engano e confusão na mente humana. Os mortos continuam mortos e seus espíritos não andam vagando por aí a perturbar a paz das pessoas.

O que a Bíblia afirma ser os demônios

O Novo Testamento menciona muitas vezes pessoas sofrendo de opressão ou influência maligna de Satanás, devido a um espírito maligno que neles habita; menciona também o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho segundo Marcos, por exemplo, descreve muitos desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30; 9.17-29; 16.17.

Os demônios são seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos e estão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10 nota).

Os demônios são a força motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo Testamento mostra que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás (Jo 12.31; 2Co 4.4; Ef 6.10-12).

Os demônios são parte das potestades malignas; o cristão tem de lutar continuamente contra eles (Ef 6.12). Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos, e, constantemente, o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18) e falam através das vozes dessas pessoas. Escravizam tais indivíduos e os induzem à iniqüidade, à imoralidade e à destruição.

Os demônios podem causar doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc 13.11,16), embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos maus (Mt 4.24; Lc 5.12,13). Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia (isto é, feitiçaria) estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente leva à possessão demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).

Os espíritos malignos estarão grandemente ativos nos últimos dias desta era, na difusão do ocultismo, imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra de Deus e a sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O maior surto de atividade demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14).

Jesus e os demônios

Nos seus milagres, Jesus freqüentemente ataca o poder de Satanás e o demonismo (Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; Lc 13.11,12,16). Um dos seus propósitos ao vir à terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc 1.27; Lc 4.18).

Jesus derrotou Satanás, em parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo, Ele aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus. O inferno (gr. Gehenna), o lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios - anjos (Mt 8.29; 25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47; Mt 10.28; 18.9.

O crente e os demônios

As Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito Santo, pode ficar endemoninhado; isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo corpo (2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos, emoções e atos dos crentes que não obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt 16.23; 2Co 11.3,14).

Jesus prometeu aos genuínos crentes autoridade sobre o poder de Satanás e das suas hostes. Ao nos depararmos com eles, devemos aniquilar o poder que querem exercer sobre nós e sobre outras pessoas, confrontando-os sem trégua pelo poder do Espírito Santo (Lc 4.14-19). Desta maneira, podemos nos livrar dos poderes das trevas.

Segundo a parábola em Mc 3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três aspectos:

1- declarar guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.1419);

2- ir onde Satanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e vencê-lo pela oração e pela proclamação da Palavra,

3- e destruir suas armas de engano e tentação demoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se de bens ou posses, isto é, libertando os cativos do inimigo e entregando-os a Deus para que recebam perdão e santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22; At 26.18).

Seguem-se os passos que cada um deve observar nesta luta contra o mal:

- Reconhecer que não estamos num conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças espirituais do mal (Ef 6.12);

- Viver diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à sua verdade e justiça (Rm 12.1,2; Ef 6.14);

- Crer que o poder de Satanás pode ser aniquilado seja onde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8)

- O crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a destruição das fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5);

- Proclamar o evangelho do reino, na plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At

1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16; Ef 6.15);

- Confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de Jesus

(At 16.1618), ao usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef

6.18), ao jejuar (Mt

6.16; Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt 10.1; 12.28; 17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar, principalmente, para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao pecado, à justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.711); orar, - Com desejo sincero, pelas manifestações do Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres e de maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).

A natureza espiritual, intelectual e moral dos demônios

Eles possuem uma natureza intelectual, até mesmo porque na etimologia da palavra daimon o sentido é conhecimento, inteligência. Portanto, os demônios não são coisas impensantes, mas conhecem a Jesus e até falam dele como “o filho do Altíssimo” (Mc 5.6,7). Tiago escreveu que os demônios crêem e estremecem (Tg 2.19).

Quanto à natureza moral dos demônios é inegável que eles se corromperam indo após Lúcifer, praticando toda a sorte de perversão e depravação espiritual. Por isso, eles são chamados “espíritos imundos” (Mt 10.1; Mc 1.27; 3.11; Lc 4.36; At 8.7, Ap 16.13). Eles usam as pessoas, possuindo suas mentes ou influenciando-as por outros meios a fim de que elas se tornem “instrumentos de iniqüidade” (Rm

6.13).

Na rebelião promovida por Lúcifer, este arrastou consigo uma grande multidão de seres angelicais (Mt 25.41; Ap 12.4). Depois, ele organizou sua própria corte com os anjos que o seguiram, distinguindo-os em “principados, potestades e dominadores das trevas e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Os anjos que trocaram a sua habitação pela oferta do rebelde Lúcifer, foram banidos da presença de Deus e seguiram a liderança de Lúcifer. E, assim, passaram a ser identificados como “anjos caídos”.

Lugar atual e destino final dos demônios

a) Satanás na sua rebelião inicial contra Deus (Mt 4.10) sublevou uma terça parte dos anjos (Ap 12.4). A maioria deles está solta sob o domínio e controle de Satanás (Mt 12.24; ]25.41; Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamente organizados do diabo (Ef 6.11,12) que equivalem aos demônios referidos na Bíblia;

b) Outros desses estão algemados no poço do abismo (2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na Grande Tribulação. “E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar” (Ap 9.1,2). Nesse texto encontramos a estrela que cai do céu que é provavelmente um anjo que executa o julgamento divino e o poço do abismo que é o lugar onde estão aprisionados os demônios que não guardaram o seu principado e ali foram encerrados até que Che o tempo de serem soltos (Ap 11.7; 17.8; 20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Do poço do abismo saem gafanhotos que representam um vultoso número de demônios e também intensa atividade demoníaca na terra, perto do fim da história.

c) finalmente todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de fogo. “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartaivos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).


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